É preciso voltar a olhar para o que está presente e ver os futuros que brotam, a abundância da qual pode provir o futuro. Para deixar em aberto as suas possibilidades, instalemo-nos no presente quotidiano, naquilo que está mais à mão de semear. Sejamos permeáveis ao que vive, quer viver e contraria a ausência de futuro. O que pode romper com o “realismo”, essa espessa cortina que oculta as possibilidades de futuro.
A ler
14.09.2024 | por Liliana Coutinho
A divulgação das circunstâncias do combate travado na floresta é uma chamada à mobilização global pela Amazónia, no sentido de equilibrar as forças para que este bioma deixe de ser a região com o maior nível de conflitos e assassinatos no Brasil e para que documentários como O Território e Somos Guardiões, gravados em pontos geográficos distantes e com povos indígenas distintos, não tenham guiões tão semelhantes.
Afroscreen
05.08.2024 | por Anabela Roque
O sufocamento de vozes insurgentes está todo aqui. Nesses arquivos, fotografias, pedaços de jornal, projetos sociais e manifestações populares. São todos parte da cartografia proposta por Ícaro Lira. Dos estopins causadores das revoltas - não deixando silenciar seus respectivos processos sociais de ruptura – ao esmagamento violento por parte do Estado.
Mukanda
15.11.2022 | por Beatriz Lemos
Vinte de janeiro de 1973, Conacri: Amílcar Cabral é assassinado a tiro por um grupo de homens armados. Vinte de janeiro de 2010, Praia: um grupo de jovens ativistas do hip-hop assinalam a data do assassinato deste herói bissau-guineense e cabo-verdiano através de um ato de insubordinação simbólica que acabou por inaugurar uma importante manifestação cultural de resistência e resgate da história denominada de Marxa Cabral, chamada na altura também de Marxa do Hip-Hop.
A ler
19.01.2022 | por Redy Wilson Lima
Além de poeta, performer e arte-educadora, Raquel Lima é doutoranda do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra onde desenvolve a sua investigação sobre a oratura são-tomense. Aqui se fala sobre o seu percurso, a construção da identidade. diaspórica, bem como sobre o primeiro livro, que inaugura uma voz poética arguta, pulsante e lúdica.
Cara a cara
20.07.2021 | por Raquel Lima , Doris Wieser e Paulo Geovane e Silva
Este tipo de elaboração é em grande parte viabilizada pelo trabalho desenvolvido no âmbito do projeto Vídeo nas Aldeias. A abrangência destas ações atua em vários sentidos: não só permite pensar o universo indígena através da sua auto-representação, como igualmente promove uma inversão do olhar que nos oferece a possibilidade de percebermos como, nós, brancos, somos vistos na perspetiva ameríndia. Coloca-nos ao espelho e mostra-nos o que muitas vezes evitamos ver.
Afroscreen
30.05.2021 | por Anabela Roque
A produção social não criteriosa de subalternidades e lugares de fala, tal como o entendimento de silêncios como silenciamentos, desperdiça o potencial emancipador e revolucionário que esses conceitos transportam, adiando o aprofundamento interseccional das lutas feministas. A solução poderá passar pela auto-reflexão das nossas práticas enquanto sujeitos implicados na manutenção da escala de opressões e pela identificação e estudo das causas e sujeitos que geram deliberadamente essas subalternidades.
A ler
13.12.2020 | por Raquel Lima
Não podemos entender a resistência às ditaduras ibéricas ou à ocupação da Croácia da Segunda Guerra Mundial, sem a pensarmos no quadro de uma crítica mais vasta à modernidade ocidental e em como esta se impôs através do fascismo e do colonialismo. A crise humanitária atual é um palimpsesto dos legados do colonialismo europeu em várias partes do mundo e na própria Europa. É por isso que quando insistimos em diversificar o arquivo da humanidade de que falava há pouco, temos de ter em conta a desconstrução desses legados. Tudo isto é trabalho arqueológico.
Cara a cara
08.12.2020 | por Alícia Gaspar e Rui Gomes Coelho
Uma maneira de resistir a este esvaziamento do âmago daquilo que significa ser-se humano é manter a memória e não deixar que a morte imponha o silêncio. Quando George Floyd, Marielle Franco, Bruno Candé, e tantos outros, são assassinados abertamente, temos que resistir ao medo, invocar as memórias de resistência, e falar. Tal como Morrison também assevera, o fascismo acaba por destruir todos, passo a passo. Mesmo que as nossas bocas estejam cheias de sangue ao testemunhar as violências sistemáticas sobre os nossos companheiros seres humanos, ao assistir à sua degradação, à sua desumanização, e ao seu assassínio, temos de continuar a falar.
A ler
19.10.2020 | por Paulo de Medeiros
A carta que hoje traz o assunto da remoção dos símbolos esclavagistas e colonialistas, à qual acrescento o fim da reprodução da prática morgadia em modo de instalação de placas de ostentação da fulanização do poder, enquadra-se na terceira vaga de protestos antirracistas e anticolonialistas com séculos de história, mas materializado em parte com a declaração simbólica da independência.
Cidade
17.06.2020 | por Redy Wilson Lima
Do Haiti mobilizado esse semestre todo pela destituição do seu presidente às jovens do Extinction Rebellion interpelando a Europa rica. E nas lutas pela vida de corpos coletivos no Brasil, que sobrevivem à guerra colonial em curso (Canudos é reencenada desde sempre, clama Zé Celso no barco pirata em Paraty), lutando e criando, resistindo e construindo, em territórios livre e libertos, permanentes e fugazes.
Mukanda
23.07.2019 | por Jean Tible
Marchas, grupos, associações, festas, hortas, ocupações, ações e criações mil constituem a irrupção singular de novas subjetividades preta, LGBTQ+, trabalhadora, periférica, feminista, indígena, múltiplas que desperta medo (todos os levantes brasileiros foram seguidos de uma brutal repressão – a revolta do malês de 1835 como um dos inúmeros exemplos). O golpe (que segue) como uma peculiar contra-revolução, desencadeada pelo temor da exuberância vital dos corpos livres, insubmissos, descolonizados, não domesticados. Daí as reações identitárias (branca, masculina, heteronormativa) que pululam e os ataques constantes às principais esferas de atuação (cultura e educação) dessas emergências.
A ler
12.12.2018 | por Jean Tible
No Brasil, em outros contextos, parte da esquerda tentava opor classe e diferença e isso está muito preso no debate político nacional. O que, a meu ver, nos ajuda a pensar é o seguinte: a classe sempre foi preta, a classe sempre foi mulher, a classe sempre foi indígena. O conceito de multidão pode nos ajudar a entender justamente isto: como essas questões se colocam, ou seja, muitas vezes ficamos nos opondo a questões que estão muito mais conectadas. Inclusive, os adversários dos “de baixo” percebem isso.
A ler
28.06.2018 | por Jean Tible
A masculinidade se define necropoliticamente (pelo direito dos homens de dar a morte), ao passo que a feminilidade se define biopoliticamente (pela obrigação das mulheres de dar a vida). Pode-se dizer que a heterossexualidade necropolítica é algo como a utopia da erotização do acoplamento entre Robocop e Alien, pensando que, com um pouco de sorte, um dos dois se satisfaça.
Mukanda
18.01.2018 | por Paul B. Preciado
Há ainda quem questione a importância da representatividade. É chover no molhado, mas vale repetir que, certamente, essas são as pessoas que sempre se viram pelas revistas, filmes e novelas; cuja pele está no sinônimo estrutural daquela palavrinha: beleza! É, também, dizer do óbvio, mas vale repetir que é justamente na infância que construímos os significados do que é desejável, confiável, do que é ser bom e que esses adjetivos estão historicamente associados às pessoas brancas.
Mukanda
27.07.2016 | por Daisy Serena
Dois relatórios da PIDE, de Março de 1966 e 1967, são bem reveladores do poder da literatura, tal como era protagonizada por Luandino. Apesar de se encontrar preso, ter suscitado uma onda de repressão, violência e censura, em 1965, quando lhe foi concedido o prémio da Sociedade Portuguesa de Escritores, a obra de Luandino, ao lado da de outros escritores angolanos, continuava a ser um instrumento de poder ao serviço dos que procuravam resistir à dominação colonial.
A ler
19.04.2016 | por Diogo Ramada Curto
Os “afrodescendentes” que se encontram na América, nas Antilhas, na Europa e na Índia, são os conservadores de valores do continente africano, por via da religião, dos sentimentos de solidariedade, da visão do futuro, das resistências. Nas minhas aulas de história africana, no que diz respeito à Diáspora africana, considero que a África de fora joga um papel muito importante para o interior do continente. Na década de 1950 e 1960, nota-se que a Diáspora, de fora e a do interior do continente, tiveram uma forte ligação.
Cara a cara
11.03.2016 | por Cláudio Fortuna
Devendo o seu nome ao programa de televisão Jeux Sans Frontières, a mais longa co-produção da história da televisão Europeia, a acção desta plataforma – sem fronteiras de linguagens – tem-se pautado pelo seu carácter situado e relacional, em articulação estreita com o contexto e o momento histórico em que ocorre. Neste quadro, tem vindo a privilegiar uma abordagem curatorial e de convite/encomenda à realização de trabalhos artísticos e teóricos (que por vezes se traduz numa abordagem editorial) temática, agrupando sob conjuntos de ideias-chave uma série propostas que incluem muitas vezes a criação de conteúdos originais, em diversos suportes – e sua posterior tradução e itinerância. REVISTA JSF#2
Jogos Sem Fronteiras
07.03.2016 | por Ana Bigotte Vieira, Nuno Leão e Sandra Lang
O mundo rebenta pelas costuras, tomando a expressão em sentido literal: hipótese que não pretende ser sociológica nem crítica mas prática, imediata e evidente. A essas costuras, que rebentam permanentemente e à vista desarmada, JSF chama “fronteiras”. Não apenas aquelas que repudiam o estranho e o estrangeiro que esperamos manter afastado do nosso espaço exclusivo e territorial; mas ainda as que definem uma única crise, de tudo e por todo o lado.
Jogos Sem Fronteiras
29.10.2015 | por vários
Arnaldo Santos é autor de dois livros editados pela Casa dos Estudantes do Império na década de 60, apesar de nunca ter estudado em Portugal. O escritor recorda os tempos em que nas férias levou mensagens de Lisboa para Paris, fazendo a ponte entre Amílcar Cabral e Mário Pinto de Andrade que urdiam as independências africanas.
A ler
13.11.2014 | por Joana Simões Piedade