As histórias nunca se esgotam perto dele, exercendo um encantamento que não nos deixa arredar pé. À boa maneira angolana, a excitação de viver, a variedade de perspectivas, a teatralidade, o riso em vez do choro, convergem para a singularidade de Raul Rosário.
Cara a cara
25.07.2010 | por Marta Lança
O percurso do músico e poeta angolano que cativou os europeus tem muita determinação. Soube evidenciar em Lisboa o que ainda não estava à vista: a riqueza cultural de origens africanas em forma de novos sons. Pegar naquilo que traz e lhe vem de Angola e sintonizar com os tempos que correm nas cidades europeias, falar das novas tendências e ser um cidadão do mundo, são alguns dos segredos da sua singularidade.
Cara a cara
22.07.2010 | por Marta Lança
Foi depois da libélula que reparou na mulher encostada ao seu portão, de olhos fechados, pareceu-lhe, a ouvir a música de Adriana: “tenho por princípios nunca fechar portas, mas como mantê-las abertas o tempo todo...”.
Mukanda
22.07.2010 | por Ondjaki
A Regla Conga é uma prática tribal e animista, e uma das religiões secretas que se praticam em Cuba. Guiada por um dos tatas mais respeitados do bairro Buenavista, Carla Isidoro viveu a experiência da religião maldita, também conhecida por Palo Monte.
Vou lá visitar
19.07.2010 | por Carla Isidoro
O reconhecimento efectivo do seu talento chega em 1966, ano em que ganha o prémio de interpretação no Festival da Canção de Luanda, com a famosa “Maria Provocação”, de Ana Maria de Mascarenhas e Adelino Tavares da Silva. As recordações são ainda intensas: “Nessa noite de Setembro de 1966, no cinema Aviz, ouviu-se música tipicamente angolana. O sucesso foi estrondoso, assim como estrondosa foi a decepção quando anunciaram que ‘Maria Provocação’ não podia ser considerada concorrente ao festival, porque a organização não autorizava que os instrumentos típicos do Ngola Ritmos fossem integrados na orquestra.
Palcos
18.07.2010 | por Mário Rui Silva
Reflexões em torno da entrevista e da conferência CIUDAD SUR apresentada por Pablo Brugnoli no Próximo Futuro. Conforme então afirmou, CIUDAD SUR é a revisão de ideias, práticas e projectos de colectivos de arquitectos e artistas, com trabalhos recentes de reinterpretação de cidades do cone sul da América (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai) que apostam na valorização da reconstrução comunitária, tanto nos processos como nas dinâmicas sociais e culturais.
Cidade
12.07.2010 | por Cristina Salvador
Toda a audiência expectante e especada à espera do início do espectáculo. Penso na tarde que passei. Convidam-nos para uma selva evocando, estereofonicamente, Tarzan. A selva da vida, pensa-se; o imaginário colonialista, evoca-se. Os actores reais espreitam na porta depois das funcionárias ultra-reais darem o mote do início do espectáculo. Bebo o meu último gole de água, da garrafa de um dia muito quente. Entramos com a mostragem de uma placa a sinalizar o capítulo: “todos os dias”.
Palcos
08.07.2010 | por Ricardo Seiça Salgado
O Congo envia as suas estrelas mais brilhantes, mas o Mali é o país africano com mais representantes no FMM Sines 2010: Tinariwen, Cheick Tidiane Seck feat. Mamani Keita e Founé Diarra Trio (neste caso, juntamente com o quarteto do bretão Jacky Molard).
Palcos
08.07.2010 | por Câmara Municipal de Sines
A obra de Délio Jasse pode ser lida sob o prisma algo complexo da teoria dos discursos pós-coloniais na medida que as suas imagens imanam uma identidade da figura de alteridade. Contudo, esta simplificação pode ser redutora se entrar em dissonância com o discurso artístico onde as suas imagens, obviamente, se inserem.
Cara a cara
08.07.2010 | por Hugo Dinis
O conceito de literaturas emergentes surgiu nas últimas décadas como consequência das chamadas teorias pós-coloniais e alargou-se, por influência da poderosa academia norte-americana, tanto às denominadas literaturas de minorias (étnicas, de género, de orientação sexual), como às literaturas formadas no interior dos processos de colonização e descolonização, independentemente das características destes.
A ler
06.07.2010 | por Fátima Mendonça
Será, pois, necessário ter tempo para se tornar um país. É uma tarefa longa, mas outros flamingos virão. São tão numerosos como naquele primeiro plano do filme. Eles guiam os vivos. Na região de Tizangara, os pescadores chamam-lhes “salva-vida”: basta seguir a sua voz para alcançar a terra quando se está perdido. A doce e bela música de Omar Sosa convida a dar tempo ao tempo.
Afroscreen
06.07.2010 | por Olivier Barlet
No Brasil, a gente vive um momento em que se colocam objetivos para serem alcançados e a sociedade vai caminhando. Não acho exagerado optar por políticas de afirmação, através de cotas.(...) Existe um desgaste imenso da democracia representativa no Brasil. Temos democracia ativa nas comunidades, nas organizações, e os negros estão ligados a estes movimentos, às associações de moradores, culturais, comunidades de candomblé, agremiações religiosas, grupos de música. Acho que cada vez mais as ONGs, as associações de bairro e de moradores, têm peso.
Cara a cara
05.07.2010 | por Ariel de Bigault
Os Monstros tiveram um impacto bastante grande entre a juventude negra a nível das mentes. A sua auto-estima e os seus índices de confiança melhoraram bastante, pois, ao cantar Soul Music, música do negro norte-americano, estes passavam a mensagem de luta dado que aqueles eram conhecidos pelo uso da música como instrumento de luta, de denúncia e contestação ao sistema. Isto era feito de uma forma tão subtil e com uso de linguagem metafórica, que o poder colonial não se sentiu em nenhum momento confrontado, daí que o grupo tenha sido largamente aceite pelo establishment.
Palcos
05.07.2010 | por Rui Guerra Laranjeira
Toda a ambiguidade da ajuda ocidental às cinematografias africanas decorre do fato de que ela carrega boa parte das contradições que cercam as relações do ocidente com o Outro e com as culturas do Outro. (...) O cinema africano continua sendo feito com grande dificuldade, mas festivais dedicados exclusivamente a filmes africanos se multiplicam nos quatro cantos do mundo. Estes festivais internacionais, que poderiam alavancar o lançamento comercial dos filmes realizados por cineastas africanos, acabam funcionando apenas como única oportunidade de exibição pública.
Afroscreen
04.07.2010 | por Mahomed Bamba
Com uma larga e continuada experiência de apoio a projectos de residência em todo o mundo, a “Triangle Art Trust” é um projecto voltado para os artistas que trabalham no local, para as suas necessidades, e encoraja a mobilidade, a troca e o “fresh thinking”, com ênfase no processo e no desenvolvimento. Uma rede em contínua expansão e mutação, com mais de 3000 artistas participantes nos últimos 25 anos.
Cara a cara
02.07.2010 | por Marta Mestre
Do exposto se infere qual é a nossa posição relativamente ao cinema que escolhemos fazer. O profissional de cinema tem plena consciência de que para fazer um trabalho de acordo com a realidade nacional deve munir-se de instrumentos de reflexão que lhe permitam escolher o que deve filmar e como fazê-lo. Ele sente-se autoconduzido à escolha de temas que legitimem o emprego do seu tempo de trabalho, e do da sua equipa, numa actividade não directamente produtiva e numa conjuntura em que a reabilitação da economia e da organização se impõe a todos como tarefa prioritária.
Ruy Duarte de Carvalho
02.07.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho
"Acho que a única coisa que realmente existe é a vontade de o fazer, visível na grande adesão da juventude a essa prática artística." José Mena Abrantes dirige o Elinga Teatro e já faz teatro há trinta anos, conversámos sobre o grupo, fazendo o ponto da situação do teatro em Angola.
Cara a cara
02.07.2010 | por Marta Lança
Imagine-se Boris Vian em português e em mucubal, língua de uma etnia do sul de Angola que vive entre o deserto do Namibe e do Kalahari. Além da experiência semântico-linguística, que convoca o espectador para duas culturas com significados diferentes, o diálogo em conflito e as sonoridades e tradução das duas línguas constroem o próprio material dramático da peça. A complexidade começa logo aí. As Formigas que o encenador Rogério de Carvalho e os actores Meirinho Mendes e Dulce Baptista apresentam no Festival de Almada, não faz nem uma ilustração do texto nem particulariza o acontecimento da guerra.
Palcos
01.07.2010 | por Marta Lança
A morte só existe se há ausência. Para uns, como Saramago, não haverá nunca ausência. O escritor semeou-se tanto e por tantos outros que ele apenas mudou de presença. Não falo da escrita. Mas dos momentos em que ele se distribuiu, pessoa entre pessoas. Em mim, essa permanência faz-se de indeléveis momentos. Relembro aqui alguns desses episódios.
Cara a cara
30.06.2010 | por Mia Couto
Na África do Sul, por esta altura, não se joga apenas futebol. Joga-se uma oportunidade única para chamar a atenção para um país e um continente. De 16 a 20 de Junho, enquanto na África do Sul se jogava à bola, do outro lado do mundo, na Suíça, decorria a mais importante feira de arte mundial – a Art Basel – e discutia-se, numa sessão com a dupla de artistas sul-africanas, Rosenclaire, e a directora da galeria sul-africana Goodman, Liza Essers, a arte da África do Sul e o mercado emergente africano.
Vou lá visitar
29.06.2010 | por Susana Moreira Marques