Com "Chaves das portas do social (notas de pesquisa e reflexão)", Carlos Serra, um dos mais intervencionistas sociólogos, revisita as manifestações de 2008 e 2010, que para ele são merecedoras de pesquisa aturada. Nesta viagem pelo “político-social”, que incidiu sobre os “cismos sociais”, passando pelos linchamentos, desafios dos nossos políticos e intelectuais, assim como pela questão da insegurança e direitos humanos, Serra esclarece que as suas abordagens não consistem em defender as “massas” acusando os governantes.
Cara a cara
17.07.2011 | por Celso Ricardo
Use sempre as palavras "África':"escuridão" ou "safari" no título. Os subtítulos podem incluir termos como "Zanzibar", "massai", "zulu","zambezi","Congo, "Nilo,"grande, "céu", "sombra" "tambor" "sol" ou "antigo".
Mukanda
15.07.2011 | por Binyavanga Wainaina
Angola porém, mesmo que até aqui não se tenha manifestado muito nos terrenos da análise social, existe ainda assim e também em relação a tal esfera de interesses. Só que à sua própria medida, quer dizer, "em grande" e sempre imprevisivelmente. É desta forma que, na sequência da constituição de uma associação de antropólogos e de sociólogos angolanos, está em curso em Luanda a criação de uma revista de ciências sociais. Chamado naturalmente a filiar-me na primeira, acedi também a integrar o conselho editorial da segunda. Como antes, e inapelavelmente, estou inserido no processo. De facto, embora possa contestar o bem fundado das verdadeiras intenções que terão levado à instituicionalização da associação, matéria que não desenvolverei aqui, nada tenho, em boa verdade, contra o aparecimento de uma tal formação de classe.
Ruy Duarte de Carvalho
11.07.2011 | por Ruy Duarte de Carvalho
Falar de zona de contacto, equivale a falar de distância e de proximidade, mas, sobretudo, do caracter precário e político das fronteiras culturais e das suas desigualdades. A forma como estes conceitos são articulados determina o modo como se define e interroga teorias e práticas de diálogo intercultural, questões de multiculturalismo e cidadania.
Jogos Sem Fronteiras
09.07.2011 | por Manuela Ribeiro Sanches
A meta-narrativa de "Filhos de Assassinos" ecoa na nossa história de país pós-colonialista que teve uma ditadura de quase cinquenta anos. E nisso (a meu ver) as suas encenações foram tanto mais interessantes quanto a dramaturgia se orientou para o comum, para a linguagem simples, para a vida de todos os dias, e não em direcção a uma ideia exoticizada de África e do Outro, ou a uma melodramatização de pendor trágico dos acontecimentos retratados.
Palcos
09.07.2011 | por Ana Bigotte Vieira
O presidente do Ruanda está a libertar os assassinos. Anos depois do genocídio tutsi, os perpetradores começam a regressar ao campo a conta-gotas, de volta às suas aldeias. Três amigos – nascidos durante o rescaldo sangrento do genocídio – preparam-se para conhecer os homens que lhes deram vida. Mas à medida que o dia do regresso se aproxima os rapazes são assombrados pelos crimes dos pais. Quem nos podemos tornar quando a violência é a nossa herança?
Palcos
09.07.2011 | por Katori Hall
Os temas que o Jornal Português – produzido de 1938 a 1951 com patrocínio do Estado Novo – abordou clarificam como o regime quis projectar a nação e pensou a relação do cinema com o público. Salazar vai ao cinema - O Jornal Português de actualidades filmadas não pôde desenvolver a análise desses temas nem tão pouco dar conta do caso de intercâmbio noticioso com o congénere espanhol, NO-DO. Salazar vai ao cinema - A “Política do Espírito” no Jornal Português propõe-se complementar, assim, a abordagem a essa colecção de actualidades cinematográficas.
Afroscreen
08.07.2011 | por Maria do Carmo Piçarra
Ao lado de expressões já consagradas, como expanded cinema, migração das imagens, film exposé e mesmo terceiro cinema, a noção de “passagens da imagem” foi usada, num determinado momento, para descrever o movimento da imagem cinematográfica para fora da sala, constitutiva e definidora do dispositivo clássico. A partir dos anos 1970, o cinema não só conquistou espaços (museus, galerias, centros de arte), como adquiriu novas formas. Uma das importantes exposições que iluminam esse processo intitulava-se justamente Passages de l'image.
Afroscreen
07.07.2011 | por Lúcia Ramos Monteiro
Olhando para trás, para a história do hip hop, iniciada nos States nos anos sessenta, da herança dos griots - os contadores de histórias, da tradição africana da oralidade - muita coisa mudou. É normal. Vivemos hoje na era alter-moderna, parafraseando Nicolas Bourriaud.
Palcos
07.07.2011 | por Redy Wilson Lima
Desde tempos remotos que cidadãos indianos de cultura hindu se estabeleceram em Moçambique, dinamizando o comércio e influenciando a cultura através da gastronomia, da música e do cinema. Oriundos em grande parte do estado de Gujarat, contam com importantes templos em Maputo, Inhambane e Ilha de Moçambique. Existe ainda o mítico «mandir» de Salamanga, erguido em homenagem ao santo Kalidas.
Cidade
06.07.2011 | por Cristiana Pereira
Texto de apresentação do livro "Baltasar Lopes, um homem arquipélago na linha de todas as batalhas", de autoria de Leão Lopes.
A ler
05.07.2011 | por Rui Figueiredo Soares
...incorporo a lusofonia como um debate, algo que se distancia de qualquer substância, um foco virtual que, tendo como referência a língua portuguesa, adquire uma dinâmica própria em distintos contextos nacionais. Longe de estarmos diante de um pensamento consensual, a lusofonia paira sobre situações de tensão que colocam estes distintos contextos em contato.
A ler
03.07.2011 | por Omar Thomaz Ribeiro
O filme "Mueda, Memória e Massacre" (1979), de Ruy Guerra, definido oficialmente como a primeira longa-metragem de ficção moçambicana, poderia ser considerado, numa primeira leitura, como uma reconstituição cinematográfica.No dia 16 de Junho de 1960, a administração portuguesa de Mueda reprimiu violentamente uma manifestação pacífica em prol da melhoria das condições de vida e de trabalho. As circunstâncias do Massacre permanecem ainda hoje ambíguas, particularmente no que respeita ao número de vítimas - 14, segundo o relatório oficial português; mais de 600, de acordo com a Frelimo.
Afroscreen
02.07.2011 | por Raquel Schefer
A lembrança da Praça Tahrir alimenta as esperanças da oposição e fomenta os receios do governo. Para muitos dos oposicionistas, o Egipto acabou por significar a terra prometida, no sentido proverbial. Para muitos dos governantes, o Egipto representa um desafio fundamental ao poder, que exige que se lhe resista a todo o custo. As coisas chegaram a um ponto em que o mínimo sinal de protesto desencadeia a máxima reacção do governo. A tal ponto que o governo, que há apenas poucas semanas chegou ao poder com uma maioria arrasadora, parece agora carecer não só de flexibilidade mas também de estratégia de saída.
Mukanda
02.07.2011 | por Mahmood Mamdani
Consumimos histórias sobre África no tempo antigo e o velho Portugal: branco. Os negros com quem nos cruzamos todos os dias ainda não chegaram à ficção portuguesa. Fomos conhecer dois actores portugueses nascidos em Angola que querem contar histórias do novo Portugal
Cara a cara
01.07.2011 | por Susana Moreira Marques
Um dos acontecimentos mais marcantes da história recente da humanidade é a expansão da maior parte povos europeus pelo mundo. Trata-se de uma expansão que conduziu à submissão – quando não ao desaparecimento – da quase totalidade dos povos ditos atrasados, arcaicos ou primitivos. A acção colonial, ao longo do século XIX, foi o aspecto mais importante da expansão europeia e aquele que teve maiores consequências. Abalou brutalmente a história dos povos que submeteu; ao estabelecer-se, impôs a esses povos uma situação muito particular. Este facto não pode ser ignorado.
Mukanda
01.07.2011 | por Georges Léon Émile Balandier
Deixemo-nos de rodeios: K3, de Nuno Dempster, é um dos melhores livros de poesia publicados em Portugal nos últimos anos e a mais espantosa aproximação ao horror da Guerra Colonial desde Catalabanza, Quilolo e Volta, de Fernando Assis Pacheco (1976). Poema longo e de fôlego épico, K3 narra a experiência militar do autor na Guiné e procura arrancar às trevas do esquecimento os «anti-heróis» que combateram a seu lado, esses representantes involuntários das «gerações vencidas a quem coube / fechar impérios», homens usados como carne para canhão por um regime caduco.
A ler
29.06.2011 | por José Mário Silva
Os autores africanos que eu lia, ou pelo menos assim eu os li, iam murmurando verdades suaves: que a literatura se fazia dos lugares, das geografias, das cores e das gentes, mas que os lugares eram, também, coisas internas; que o escritor, africano ou outro, podia falar do seu lugar e partir das suas tradições para se reinventar na sua ficção, mas não esquecendo que no ato sagrado da escrita, as geografias que mais gritam, são as de dentro; as que abordam a sua proveniência, que fazem falar criativamente sobre as verdades do continente com a habilidade de não ferir a dignidade da nossa casa e dos nossos mais-velhos.
Mukanda
28.06.2011 | por Ondjaki
Os primeiros filmes contra o colonialismo português em Moçambique foram feitos por realizadores estrangeiros a convite da FRELIMO, transformando o país em um laboratório de experiências para Ruy Guerra, Jean Rouch, Jean-Luc Godard, Murilo Salles, José Celso Martinez Corrêa, Santiago Alvarez, e muitos outros cineastas. Uma reflexão sobre um capítulo da história do cinema moçambicano apresentada no seminário 'Terceira Metade', no Museu de Arte moderna do Rio de Janeiro.
Afroscreen
24.06.2011 | por Alessandra Meleiro
Na minha comunicação parto do princípio de que a literatura está impregnada de ideologia e que a literatura, em particular dos países emergentes, foi e continua a ser o lugar de articulação da imagem da identidade nacional, literária, mas não só. Vários autores, insistem no poder de influência dos intelectuais sobre a construção/renovação e mesmo invenção da identidade nacional.
A ler
24.06.2011 | por Nazaré Torrão