Não é, pois, na sequência de uma evolução dos espíritos que o racismo perde a sua virulência. Nenhuma revolução interior explica esta obrigação de o racismo se matizar, de evoluir. Por toda a parte há homens que se libertam, abalando a letargia a que a opressão e o racismo os tinham condenado.
Mukanda
07.06.2011 | por Frantz Fanon
48 anos de ditadura, 37 anos de democracia, um filme – “48”, da realizadora portuguesa Susana de Sousa Dias – sobre a tortura nas prisões da PIDE. Cinco dos participantes de “48” contam histórias de antes e depois da tortura, vidas inteiras que fizeram a história do país tal como o conhecemos hoje.
Afroscreen
07.06.2011 | por Susana Moreira Marques
Com ousadia, embora em condições bem diferentes, cada vez mais jovens brancos se aventuram na África do século XXI. Ignorando pacotes de férias que trancam os turistas em resorts esterilizados, deambulam nas suas próprias explorações, num improviso preparado com informação das redes e guias de bolso. Mochila às costas, circulam por países em paz que admitem algum atrevimento. Esta forma de viajar permite conhecer de perto os africanos e as suas vidas, em vez de se ficar apenas pela convivência com o mar cristalino e os animais selvagens.
Vou lá visitar
04.06.2011 | por Nuno Milagre
Do mesmo modo pode falar-se de uma grande família de culturas africanas que merece a designação de civilização negro-africana e que cobre as diferentes culturas próprias a cada um dos países da África. E sabe-se que as transformações históricas fizeram com que o campo dessa civilização, a área dessa civilização, exceda em muito a África; e é nesse sentido que se pode dizer que há no Brasil ou nas Antilhas, tal como no Haiti e nas Antilhas Francesas ou mesmo nos Estados Unidos, se não focos, pelo menos franjas, dessa civilização negro-americana.
Mukanda
04.06.2011 | por Aimé Césaire
O que mais impressiona a quem sobrevoa o continente africano é a força e variedade da sua natureza, nas cinco “categorizações geográficas” claramente apresentadas por David Adjaye na sua exposição e aqui sublinhadas por Cristina Salvador - a floresta, o deserto, a savana, o prado, a montanha, bem como todas as situações híbridas, entre umas e outras. As cidades moldam-se a estas distintas paisagens, mais concentradas na linha do litoral africano, e esboçam, elas próprias, novas paisagens territoriais, também elas diversificadas e crescentes.
Cidade
02.06.2011 | por Isabel Raposo
Este esboço reproduz – numa versão bastante reformulada, mas marcada, contudo, pelas suas circunstâncias de origem – uma exposição, seguida de discussão, realizada a 7 de Março de 1950 na Associação dos Trabalhadores Científicos (secção das ciências humanas) perante um auditório composto, sobretudo, de estudantes, investigadores e membros do corpo docente.
Mukanda
02.06.2011 | por Michel Leiris
Como vão as relações da arte portuguesa com o passado colonial de Portugal e o pós-colonialismo? "Carlos Cardoso - directo ao assunto", a exposição de Ângela Ferreira na Galeria Filomena Soares , não oferece respostas, mas reaviva uma velha e por vezes esquecida discussão. Muito bem-vinda numa altura em que o país suspira de novo pela sua Europa.
Vou lá visitar
02.06.2011 | por José Marmeleira
Detém-se no Brasil enquanto caso de estudo e de pasmo, exímio na “produção social do inédito”, onde tantos se pasmaram “diante do inédito, da anarquia e do escândalo da exuberância da flora brasileira” e de outras questões, tendo sido o deslumbramento a causa do enriquecimento (e provavelmente enviesamento) das investidas científicas (e românticas), dos exploradores e observadores do século XIX e demais.
Ruy Duarte de Carvalho
02.06.2011 | por Marta Lança
Creio que tenho um discurso distinto sobre a noção de habitar e de espaço público, mesmo inconscientemente. Foi através da pesquisa que me tornei mais consciente das minhas próprias práticas. Tenho uma necessidade constante de tornar coisas públicas, uma noção aberta de espaço público, mesmo quando isso não está lá, e isso é uma característica da minha sensibilidade africana. Uma ideia de um espaço público aberto. Ver. Não esconder, ver! Isso está presente no meu trabalho. Outra coisa - não sei se é uma característica africana ou não - é um certo encanto com o potencial dos materiais. Há muitas maneiras de entender isto. Por exemplo, quando vejo certos bairros de lata, fico impressionado com o encanto da materialidade.
Cara a cara
01.06.2011 | por Rita Palma
E estes vestígios da minha prodigiosa ascendência! / Aqueles que não inventaram nem a pólvora nem a bússola que nunca souberam domar o vapor ou a electricidade / que não exploraram os mares nem o céu / mas conhecem os mais ínfimos recantos da terra do sofrimento / que das viagens só conheceram as de desenraízamento / que foram amansados com humilhações / que foram domesticados e cristianizados / e contagiados de degeneração / tam-tam de mãos vazias
Mukanda
31.05.2011 | por Aimé Césaire
O Haiti teve de encontrar um factor de união nacional. Procuraram-no no único local onde poderia ser encontrado, em casa, ou mais precisamente, no seu próprio quintal. Descobriram aquilo que hoje é conhecido como negritude. É a ideologia social predominante entre políticos e intelectuais de toda a África. É tema de acaloradas elucubrações e disputas, sempre que se discute a África e os africanos. Mas, no que respeita à sua origem e evolução, a negritude é caribenha e não poderia ter sido senão caribenha, resultado peculiar da sua história peculiar.
Mukanda
31.05.2011 | por C.L.R. James
Um negro das Caraíbas que empreenda uma viagem semelhante a África está menos seguro. A sua relação com esse continente é mais pessoal e mais problemática. Mais pessoal, porque as suas actuais condições de vida e o seu estatuto como homem indicam claramente as razões que levaram os seus antepassados a abandonar aquele continente. Essa emigração não foi um acto voluntário, foi uma deportação comercial cujas consequências deixaram marcas profundas em todos os aspectos da vida das Caraíbas. Estas consequências sentem-se de um modo mais profundo na sua vida pessoal e na sua relação com o ambiente que o rodeia: as políticas raciais e coloniais que constituíram o fundamento e o marco da sua passagem da infância à adolescência. A sua relação com África é mais problemática, porque ao contrário do Americano, ninguém lhe deu a conhecer a história desse continente.
Mukanda
31.05.2011 | por George Lamming
Estas novas leituras da urbanidade em África obrigam-nos a reequacionar novos paradigmas, novos modelos de urbanismo como propõe Adjaye, e novas formas de intervenção nas áreas urbanas, que levem em conta a multiplicidade e complexidade que ocorre em cada cidade e que só poderão ser encontradas e geridas localmente. Isto é válido tanto para o que ocorre nos antigos centros das cidades, os seus “corações” que nalguns casos ainda batem, como para as suas réplicas que nasceram posteriormente.
Cidade
30.05.2011 | por Cristina Salvador
O Novo Negro não passa despercebido ao sociólogo, ao filantropo, ao líder racial, incapazes de o explicar através das suas fórmulas limitadas. Pois a geração mais jovem vibra com uma nova psicologia, um novo espírito anima as massas e está a transformar, sem que os observadores profissionais disso se dêem conta, aquilo que tem sido um problema constante nas diferentes fases da vida negra contemporânea.
Mukanda
30.05.2011 | por Alain Locke
Que o Negro já esteja presente na elaboração do novo mundo não o demonstra o envolvimento de tropas africanas na Europa; elas provam apenas que ele participa na demolição da antiga ordem, da velha ordem. O Negro revela a sua presença efectiva em algumas obras singulares de escritores e artistas contemporâneos; e também noutras, menos perfeitas, porventura, mas não menos emocionantes, oriundas de homens negros.
Mukanda
30.05.2011 | por Léopold Sédar Senghor
Os textos aqui publicados apontam para um modo alternativo de utilizar a diferença, na medida em que sublinham outros momentos distintivos, anti-coloniais, face a discursos legitimadores – na pós-colonialidade – de processos de interdependência inevitável, embora geradores de desigualdades económicas, sociais, políticas e raciais. Nesse sentido, os actuais debates em torno do multiculturalismo, da interculturalidade ou da hibridização/mestiçagem não transcendem, em parte, as premissas que enformaram os discursos coloniais e as reacções – anti-coloniais – a estes.
A ler
29.05.2011 | por Manuela Ribeiro Sanches
Contribuirá a lusofonia para o aprofundamento da democracia nesse espaço que se quer supranacional? A cidadania destes moradores é global, é multicultural, várias nacionalidades cruzam-se numa resposta a um problema que atravessa o globo e que afecta determinadas classes em qualquer parte do mundo, em qualquer tipo de regime político em qualquer tipo de cultura.
Cidade
28.05.2011 | por Rui Estrela
Pretendemos divulgar aspectos mais dispersos da obra de Ruy Duarte de Carvalho através deste arquivo digital que disponibiliza alguns textos do autor e sobre autor, fotografias e audiovisuais, facilitando a acessibilidade a conteúdos diversificados que intersectam a sua obra. Uma obra que permanece intensa, por ler e descobrir, pensar e relacionar.
Ruy Duarte de Carvalho
24.05.2011 | por Buala
O BUALA iniciou actividade a 25 de Maio de 2010, dia de África, e faz agora um ano de existência. Os comentários positivos e a vasta adesão dos leitores e colaboradores, de todos os países de língua portuguesa e de muitos outros lugares do mundo, tem sido um sinal de que esta é uma plataforma necessária e desejada, afirmando-se como um canal de reflexão e divulgação importante no âmbito da cultura africana contemporânea.
Cara a cara
24.05.2011 | por Buala
"Disidentes, rebeldes insurgentes. Resistência indígena y negra em América Latina. Ensayos de historia testimonial" é sobre a rebelião contra o sistema instaurado por Espanha e Portugal no continente americano, firmado na servidão das populações autóctones – transformadas em índios – e na escravidão dos negros importados da África. O conceito central é a rebeldia; a dissidência remete a um antes da rebeldia aberta ou a uma rebeldia em estado latente; enquanto a insurgência, o estado supremo da rebeldia, remete para as suas manifestações mais radicais.
A ler
20.05.2011 | por Jeferson Bacelar