O episódio mais controverso de "Aventura e rotina" foi a breve visita realizada por Gilberto Freyre a três ilhas do arquipélago, S. Vicente, Santiago e Sal. Esta visita era aguardada com grande expectativa por parte da intelectualidade cabo-verdiana aglutinada em torno da revista Claridade. (...) Pouco tempo depois da publicação de Aventura e rotina, Baltasar Lopes refutou ponto por ponto as observações feitas por Gilberto Freyre nas questões do Criolo, a identidade cultural cabo-verdiana, gastronomia, arte popular, a caracterização do tipo de mestiçagem que houve no arquipélago, assim como a comparação cultural feita por Freyre entre Cabo Verde e as Antilhas.
A ler
16.05.2010 | por Fernando Arenas
“Cinco Áfricas/Cinco Escolas”, a representação portuguesa na 8ª Bienal de Arquitectura de São Paulo, reflecte as diferentes realidades dos países africanos cuja língua oficial é a portuguesa. Para cada um deles, um protótipo de escola desenvolvido por outras tantas equipas de arquitectura. Para a Guiné-Bissau, Pedro Maurício Borges projectou uma Escola Básica na cidade de Cacheu. Num contexto de pobreza extrema, a possibilidade de construir uma escola será uma acção suficiente para suspender qualquer outro tipo de consideração crítica. Não obstante, para lá do eventual valor humanitário da iniciativa, fica a arquitectura. Num lugar onde ela se cinge – como tudo o resto – ao limiar do que existe, é necessário fazer com pouco. Mas também com muitas outras coisas: com as memórias de um país que interessou o mundo.
Cidade
16.05.2010 | por Diogo Seixas Lopes
O que Mónica de Miranda se propõe é “criar espaço para que os fluxos migratórios e transnacionais sejam vistos como uma realidade diversificada e multi-facetada, como uma plataforma criativa de oportunidades e um lugar de trânsitos para mudanças pessoais, culturais e sociais.” No centro da sua estratégia está o princípio da interculturalidade, que deveria implicar uma promoção sistemática e gradual de espaços e processos de interacção positiva, possibilitadora de uma generalização de relações de confiança, de reconhecimento mútuo, de debate, de aprendizagem e de troca.
Cara a cara
16.05.2010 | por José António Fernandes Dias
Os corpos estão fechados, quase fechados. Os corpos são ilhas fantásticas isoladas na matéria. As ilhas são sérias à força de fixarem o horizonte. O horizonte, linha curva e cruel que nos interdita o que está para lá. no Mindelo...
Cidade
16.05.2010 | por Mattia Denisse
Alguns países de África começaram a reconhecer o potencial do setor cultural para a diminuição da pobreza e criação de empregos, e envolveram governos visando apoio a estes setores. Na Conferência Ministerial que ocorreu em Moçambique, em 2000 - sobre o papel e lugar da cultura na agenda de integração regional - os estados membro concordaram em “tomar passos decisivos em direção à promoção das indústrias culturais como forma de explorar sua potencialidade no sentido de diminuição da pobreza, geração de empregos e contribuição ao crescimento econômico”. Nollywood, por exemplo, dá trabalho direta ou indiretamente a 2 milhões de pessoas.
Afroscreen
15.05.2010 | por Alessandra Meleiro
A Vª edição da Bienal Internacional de Arte e Cultura, em Julho 2008, deu um salto: partiu para a internacionalização e expandiu as áreas de intervenção. Uma Bienal “em construção, com patamares de exigência que a colocam no mapa das bienais do mundo para transformar S.Tomé e Príncipe num entreposto cultural que consiga fazer o diálogo entre culturas e continentes”, diz João Carlos Silva, o seu director.
Vou lá visitar
15.05.2010 | por Marta Lança
Temas como o racismo, discriminação — seja pela cor da pele, posição social ou género — violência, guerra e os media encontram lugar no trabalho desta artista. A força no feminino e da projecção das mulheres no mundo: “Fui ganhando consciência que o meu corpo de mulher negra é, em si, uma afirmação.”
Cara a cara
15.05.2010 | por Joana Simões Piedade
Como qualquer casa ocupada tem as suas regras de convivência e de organização. Ali a ordem tem os seguintes representantes: o secretário de unidade, o de corredor, quarteirão e bloco (andar), os quais se reúnem para resolver problemas dos inquilinos, e dirigem o tribunal de moradores numa ex-suíte do hotel, onde se discute quem tem mais direito à casa (uma mulher com crianças leva vantagem) ou que fulano anda a atirar água suja para a varanda de sicrano. Duas regras são fundamentais: “manter a limpeza e o respeito”.
Cidade
14.05.2010 | por Marta Lança
Como praticar o cosmopolitismo, se a cidade persiste em criar barreiras entre aqueles que pertencem e os que dela são excluídos? Se os bairros lisboetas tradicionais têm vindo a acolher imigrantes recentes, estes também são rapidamente imobilizados em territórios específicos, como o Martim Moniz, a Praça de S. Domingos, os Restauradores, algumas partes de Alfama, antigo gueto mouro e judeu. Algo que testemunha o carácter sempre multicultural da cidade; tanto os seus momentos mais tolerantes como racistas. Mas, por sua vez, aqueles que vivem há mais tempo em Portugal e cujos filhos já nasceram em Lisboa parecem ter sido relegados, banidos, para não-lugares, as banlieues, locais de ostracismo, bairros sociais que fornecem a matéria-prima que apimenta as noticias sensacionalistas que os repórteres gostam de inventar em torno da criminalidade, violência e diferença.
Cidade
13.05.2010 | por Manuela Ribeiro Sanches
Novembro de 1975, num relâmpago milhares de pessoas abandonam a cidade. Termina a colónia, recomeça a contagem. Luanda, capital de Angola, na costa ocidental de África é agora um espaço vazio e aguarda, ansiosa, pelos novos inquilinos. Novos habitantes, nova liberdade. Tal como “ocupas” hoje dentro de edifícios marcados por momentos, recordações, odores de outrora, Luanda antecipa o conceito e recebe de portas abertas os novos ocupantes.
Cidade
13.05.2010 | por Kiluanji Kia Henda
No livro ficamos a conhecer detalhes sobre vários aspectos da vida da Rainha Nzinga adolescente: a relação com o seu pai Kiluanji e com os outros membros da família, a sua sede de saber, a sua formação no domínio dos provérbios, a aprendizagem para ajustar flechas, o conhecimento sobre plantas curativas, as consultas de previsão ao seu futuro político, as primeiras preferências amorosas, a sua concepção da resistência e a atenção acordada com a defesa militar do Ndongo.
A ler
16.04.2010 | por Simão Souindoula
Criticando ou combatendo o paradigma humanista e prognosticando a recuperação de políticas do equilíbrio, os neoanimistas pretendem antes recolocar o desempenho e a livre existência das pessoas em equilíbrio, precisamente, com os interesses comuns das pessoas, de todas as pessoas e de toda a criação.
Ruy Duarte de Carvalho
15.04.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho
Para um crítico brasileiro não deixa de ser interessante visitar a exposição de um angolano – Yonamine – na galeria 3 + 1 arte contemporânea em Lisboa. Vislumbram-se afinidades poéticas pouco exploradas e recalcadas historicamente. Soma-se a isto, o nome do artista que lembra uma das principais etnias ameríndias que ainda sobrevive no Brasil: a Yanomami. Em um mundo globalizado, onde circulam livremente o capital e as ideias, mas se constrange impiedosamente fluxos migratórios, o contacto entre diferenças culturais se torna um fato político por excelência. Por um lado, há uma tendência a homogeneização, que mede todas as produções artísticas e todas as formações culturais a partir de um mesmo metro poético e social. Em um sentido inverso, na ânsia de se preservar o Outro, acaba-se inviabilizando a tensão das diferenças na defesa de um multiculturalismo sem conflitos e sem trocas. O importante, a contrapelo do politicamente correcto, é fazer com que o heterogéneo se afirme nas suas dissonâncias, revelando o quanto há de convivência e antagonismo neste refluxo pós-colonial da Europa contemporânea.
Cara a cara
12.04.2010 | por Luiz Camillo Osório
No início dos nos 50 a cidade de Dakar fica sobrepovoada. O Estado colonial decide deslocar as famílias dos bairros populares de Dakar: trata-se de verdadeiros "despejos" enquadrados nos projectos de planeamento urbano. Cria-se o Departamento de Pikine que reagrupa "todos os excluídos de Dakar". Conta-se hoje em dia perto de um milhão de habitantes: fala-se de "Pikine-Pequim".
Afroscreen
12.04.2010 | por Rosa Spaliviero
Lily vai à igreja, reza o mais que pode, depois pergunta a si própria quando é que, finalmente, este filho da p*** de Jesus se vai decidir a bater à sua porta: truz, truz, truz...
Mukanda
12.04.2010 | por Barthélémy Toguo
Aos arquitectos ocidentais que, como é o meu caso, têm vindo a desenvolver trabalho como projectistas ou como investigadores em Angola, a questão que ressalta é a aparente clivagem entre Luanda e o restante território angolano.
Ruy Duarte de Carvalho
12.04.2010 | por Cristina Salvador