Leituras Feministas acolhe o lançamento do livro “Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau” de Joacine Katar Moreira.
Um livro que coloca em fricção o conceito de “matchundadi” e a política e o Estado guineenses.
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10.05.2021 | por vários
Diz-se que há cerca de dois séculos os habitantes de São Brás de Alportel, perante a aproximação de uma frota invasora e do perigo do saque, da destruição e da morte, socorreram-se de um ardil: à noite, ao longo da costa de frente ao mar, de tochas acesas nas mãos e outras enfileiradas cravadas no chão, convenceram o inimigo de que eram muitos e preparados, levando-o a cancelar o desembarque e a seguir caminho.
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09.05.2021 | por Sara Goulart Medeiros e Vasco Célio
A peça procura evocar, de forma minimal mas realista, o período e circunstâncias da acção, dos conservadores anos sessenta em Portugal, cujo epicentro da acção é a Casa dos Estudantes do Império (que foi pensada para apoiar e controlar estudantes colónias, acabando por ter um papel fundamental para as lutas pela independência) aos anos noventa em Luanda, passando pela guerra e os guerrilheiros que se encontram junto da fronteira com a Zâmbia.
Palcos
09.05.2021 | por Marta Lança
Face a uma degradação progressiva que representa a evolução das atitudes actuais mascaradas da globalização relativamente às culturas e, consequentemente, relativamente às religiões africanas e outras não europeias, tal culminou na negação absoluta da religiosidade das populações dessas imensas regiões ou no reconhecimento dessa religiosidade, embora seja um reconhecimento tímido, mesmo nos nossos dias.
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06.05.2021 | por Rafael Mouzinho
Caro amigo branco, quando eu falo que Portugal é racista, não estou a dizer que tu és racista, nem que todos os portugueses são racistas, mas estou a dizer que o sistema é racista e está construído sobre princípios racistas e de supremacia divisionista.
Mukanda
06.05.2021 | por Marinho de Pina
Falar de moçambicanidade é ao mesmo tempo falar do Estado e da Nação, na medida em que ela constitui o seu complemento, vértice de suporte, enquanto estereótipo representativo de base hegemónica da diversidade étnica, racial, linguística, cultural, religiosa, identitária, etc., que foi construído para gerar o sentimento de semelhanças e a partir das quais se pode pensar Moçambique e sentir-se moçambicano.
A moçambicanidade está em construção. Nesse sentido, afirmar a moçambicanidade no contexto contemporâneo equivale a afirmar, por identificação ou mapeamento, uma cultura que represente o mosaico nacional não apenas no seu elemento racial, como também nas dimensões multiculturais iniciadas pela empresa colonizadora e que constituem o Moçambique atual.
Cara a cara
04.05.2021 | por Alícia Gaspar
Francisco Ricardo vive em Manaus desde sua infância e desde então vem desenvolvendo um olhar sensível e crítico para a arte. Em conversa com o artista conheci um pouco da sua trajetória no cinema como diretor de arte que culmina recentemente com o Kikito do Festival de Gramado de 2020 com o filme O barco e o rio (2019). A arte de Francisco conflui dentro de um cenário pulsante de artistas não brancos do norte brasileiro que questionam nossas relações étnico-raciais contemporâneas.
Cara a cara
04.05.2021 | por Marco Aurélio Correa
A insistência em repetir que a guerra colonial carece de registos visuais tende a desprezar o facto de que a imprensa portuguesa a apresentou ao público com a maior das campanhas de imagens de choque. E isto foi determinante na forma como o conflito foi travado, narrado e como viria a ser relembrado. Foram precisos 60 anos, e apenas uma fotografia em sentido contrário, para que se questionasse esta exposição.
Afroscreen
04.05.2021 | por Afonso Dias Ramos
O jornalismo deve ser um instrumento que permita aos cidadãos serem cidadãos, serem cidadãos participativos e informados e, portanto, poderem tomar decisões. Todos os papéis que a cidadania abrange, entende-se que isso seja feito por pessoas informadas e não por pessoas desinformadas. Isso sempre deve funcionar. Para a imigração, deve-se fazer o mesmo.
Jogos Sem Fronteiras
02.05.2021 | por Cátia Miriam Costa e Lisa Moroni
Nos anos 70, o livro “As Veias Abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano, foi uma bofetada às ditaduras da Operação Condor. A obra esmiúça 400 anos de saqueio dos recursos da região, desde a conquista europeia até à segunda metade do século XX. Uma história de depredação para explicar o ciclo de pobreza e exclusão da América Latina.
A ler
01.05.2021 | por Pedro Cardoso
Os primeiros filmes brasileiros são realizados em 1897. Nove anos antes, o Brasil fora o último país ocidental a abolir a escravatura. Os portugueses começam o tráfego negreiro pouco após a descoberta e, durante 350 anos, deportam no mínimo 5 milhões de africanos, número que não inclui os desaparecidos no oceano. Soldados da conquista, mão-de-obra no campo e na cidade, empregados e artesãos, os africanos edificam o Brasil. Quando D. Pedro, herdeiro da coroa portuguesa e rei do Brasil, proclama a independência, em 1822, dois terços dos brasileiros são afro-descendentes, na sua maioria alforriados e livres. No entanto, durante décadas, o cinema oculta esse passado fundador, o cinema apaga a escravidão.
Afroscreen
30.04.2021 | por Ariel de Bigault
A lâmina avançou, cortante e gélida, com a parteira, a daya, a dizer-lhe que agia assim por vontade de Deus, que fora Ele quem ordenara, lá do alto, que lhe arrancassem aquele minúsculo pedaço de carne, aquela pecaminosa víscera que trazia entre as pernas. Tinha então seis anos, não mais, ficou banhada num mar de sangue. A ferida no corpo, horrível, levou dias ou semanas a sarar. O golpe na alma, esse, permaneceu até ao final da vida, ocorrido há pouco, aos 89 anos.
Corpo
28.04.2021 | por António Araújo
"António Ole: Matéria Vital" reúne obras de diversos períodos do multifacetado percurso artístico de mais de cinquenta anos de António Ole (Luanda, 1951). Realizadas em vários meios, da escultura à fotografia, do desenho ao vídeo, estas obras colocam em evidência a atenção que Ole tem dedicado à natureza e aos seus elementos e matérias vitais. A terra, a água, o fogo e o ar assumem aqui inúmeras formas que, no seu conjunto, convidam a uma percepção planetária e a uma consciência ecológica não só da coabitação, mas, sobretudo, da interdependência entre formas de vida humana e não humana (animal, vegetal, mineral) – assunto vital, para cuja premência e urgência a própria realidade pandémica veio, mais do que nunca, alertar.
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27.04.2021 | por Ana Balona de Oliveira
É assim, os tugas disseram que o 25 de Abril de 1974, foi o dia da Revolução d’Escravos, que os capitães do Abril foram tomar o poder lá na Grândola da Vila Morena, porque o povo ordena. Na verdade, o povo nada ordena, o povo é ordenado, porque os tugas não conseguem fazer nada por si mesmos, precisam sempre e têm mania de capitães, os quais adoram e até lhes fazem estátuas. Quando chegaram ao Brasil tinham um capitão, à Guiné, outro capitão, ao Moçambique, mais um capitão, e na Madeira é o Cristão Ronaldo o capitão.
A ler
26.04.2021 | por Marinho de Pina
Se repararmos nas entrelinhas «do viver», a Morte não tem um padrão, embora, ao longo dos tempos, Ela tenha sido usada como arma para assassinar, sobretudo, corpos pretos nos mais distintos lugares e situações! Tentar padronizá-la e dominá-la é um ato falho, mas é possível percebê-la nos discursos políticos! Somos muito novos neste lar que chamamos de Terra. Eu tento lembrar disto todos os dias. Tento mesmo! Embora eu esqueça, muitas vezes, da minha insignificância e ignorância diante desta grandeza terráquea que não consigo mensurar.
Corpo
26.04.2021 | por Lauro José Cardoso
Exposição que olha e interroga a cidade, como um gesto de escavação da matéria de que ela é feita, para revelar os diferentes estratos que nela se justapõem, as configurações menos visíveis dos seus traçados e assim desemaranhar as tensões que a atravessam. A exposição reúne artistas com diferentes percursos, linguagens e formas de expressão que, através da fotografia, da imagem em movimento, do som e da palavra, reflectem e reformulam a vivência do tempo e a espacialidade da cidade, questionando as lógicas de organização que a regulam.
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26.04.2021 | por Ana Jara e Joana Braga
Por ocasião do lançamento da página web do projeto ReMapping Memories Lisboa e Hamburgo, Lugares de Memória (Pós)Coloniais, levado a cabo pelo Goethe-Institut, têm lugar uma série de discussões abertas sobre a cidade. Iremos debater temas como as marcas coloniais visíveis na cidade e nos corpos de quem a habita; a luta anti-colonial e a inscrição africana e afrodescendente no espaço metropolitano; ou, de um modo mais global, políticas, abordagens e desafios do processo de “descolonização” nas cidades europeias. Os debates contarão com estudiosos, ativistas e jornalistas.
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23.04.2021 | por vários
Se logo na primeira cena do filme vemos Ventura levado em braços, numa rua junto ao cemitério, só o ouvimos depois, já morto, e ele diz “a vela cai no colchão”, mas soa “a vela cai no caixão”. Nessa cena, Joaquim Ventura afirma a dificuldade da vida que levou, da fome, da exploração, questiona o seu lugar de corpo, o lugar de homem, na casa, no trabalho, no beco… Sem lugar, está-se vivo ou morto? No colchão, ou no caixão? Pois o filme é delimitado temporalmente por duas mortes: a de Ventura e a de Marina, ambas num colchão, ambas apontando para o adormecimento como morte, um sono sem sonhos, morte simbólica.
Afroscreen
21.04.2021 | por Joana Lamas
Thó Simões, artista plástico angolano, acabou de apresentar em Luanda a sua mais recente exposição intitulada “Entre Homens e Monstros”. As imagens criadas pretendem alargar o debate sobre as microviolências de uma cidade em constante mutação. O artista foi um dos percursores da arte urbana em Angola com uma trajetória com passagem por Linda-a-Velha, Oeiras, Malanje e Luanda. A prática profissional em agências de publicidade e depois a rua trouxeram-lhe a vontade de intervir politicamente através do mural e da arte urbana. Nesta conversa questiona a forma como a arte pode mudar as vivências de uma cidade e um país em crise económica e social e ainda com os estilhaços da guerra civil e a ocupação colonial.
Cara a cara
19.04.2021 | por André Soares
Sem desprimor para quem pensa o contrário, eu considero essa discussão importantíssima em Angola. Isso porque a maioria das pessoas desta terra que é Angola, ainda se vê presa pela matriz colonial e pela razão imperial. Na construção dos meus textos eu tento passar a ideia de que precisamos de virar os conteúdos de cabeça para baixo. É necessário rever o que se pensa sobre o saber, como se pensa a história ou as estórias e recuperar os modelos de conhecimento, de produção do saber, de transmissão de experiências de uma geração para outra e incluir outras vozes para escrever outras histórias. Só assim vamos deixar de perpetuar o modelo imposto pelo Estado colonial e o sujeito branco burguês.
Cara a cara
16.04.2021 | por André Soares