Os críticos de jazz têm sido, na sua maioria, americanos brancos, mas os músicos mais importantes não. — LeRoi Jones
MÚSICA NEGRA é um dos mais livres e radicais exercícios de crítica musical. Nesta reunião de ensaios, recensões, crónicas e considerações pessoais, Amiri Baraka retrata a florescente cena do free jazz norte-americano dos anos 60. Num registo vívido e electrizante, Baraka traduz em palavras a liberdade de improvisação de um género que só pode ser entendido enquanto expressão de uma atitude sobre o mundo, e não apenas como uma forma de fazer música. É dessa expressão única e autêntica da cultura afro-americana que surgem músicos singulares e revolucionários como John Coltrane, Thelonious Monk, Miles Davis, Ornette Coleman, Cecil Taylor, Archie Shepp e Sun Ra.
Já disponível na nossa loja online e nas livrarias de todo o país.
LeRoi Jones, mais tarde Amiri Baraka (1934-2014), foi poeta, dramaturgo, crítico de música, professor, activista político e uma das vozes proeminentes da cultura norte-americana da segunda metade do século XX. Figura central do movimento beatnik dos anos 50 e do Black Power nas décadas posteriores, Amiri Baraka evidenciou-se pelo seu estilo inflamado e controverso, tendo contribuído para uma nova consciência do que significava ser negro nos Estados Unidos. Publicou numerosos artigos e ensaios sobre racismo, colonialismo e música afro-americana. Entre as suas obras, destacam-se Blues People: Negro Music in White America e Música Negra.
O Alkantara Festival 2021 arranca já no próximo sábado, dia 13 de novembro, com espetáculos de Cherish Menzo, Chiara Bersani, Clara Amaral e Faustin Linyekula, para além da festa de abertura MEIOFIO. Convidamos todas as pessoas a juntar-se a nós de 13 a 28 de novembro, para uma programação que se espalha por vários palcos.
The 2021 Alkantara Festival starts this Saturday, 13 November, with shows by Cherish Menzo, Chiara Bersani, Clara Amaral and Faustin Linyekula, and MEIOFIO, the festival opening party. We invite everyone to join us from 13 to 28 November, and enjoy a programme at theatres around the city.
Mais cedo, no mesmo dia, Clara Amaral apresenta o seu She gave it to me I got it from her, um livro que é uma coreografia, sobre três gerações de mulheres na sua família e o que transmitem entre elas.
Earlier, on the same day, Clara Amaral performs She gave it to me I got it from her, a piece where she presents a book that is a choreography about three generations of women in her family, and what they pass on to each other.
Conversa pós-espetáculo 15 novembro, com Cherish Menzo e Chong Kwong, mediada por Carla Fernandes
No Centro Cultural de Belém, recebemos a Jezebel de Cherish Menzo, uma mulher que se assume como protagonista de um universo musical controlado por homens, o hip hop, para desconstruir estereótipos. Jezebel desacelera a batida do hip hop, apropria-se das suas imagens e das suas letras, para se redefinir.
Post show talks 15 November, talk with Cherish Menzo and Chong Kwong, moderated by Carla Fernandes
At Centro cultural de Belém, we will welcome Cherish Menzo’s Jezebel, a ‘hip hop honey’ who deconstructs the stereotypes in 90s music videos. She navigates the landscape of hip hop culture, looking for ways to reclaim her own image, beyond those stereotypes.
@ ALICE BRAZZITI
CHIARA BERSANI Gentle Unicorn
TNDMII - SALA ESTÚDIO 13,15,16 NOV 19H 14 NOV 16H30
No Teatro Nacional D. Maria II, podemos observar o Gentle Unicorn de Chiara Bersani que, sozinha em cena, dá corpo a um unicórnio. Lentamente, Bersani permite-nos observar os seus gestos, a sua delicadeza e rever o que achamos que sabemos sobre ela.
At Teatro Nacional D. Maria II, we will have the chance to observe Chiara Bersani’s Gentle Unicorn. In this solo, Bersani dedicates her body to the figure of the unicorn. Slowly, she allows us to observe her gentle gestures and reconsider what we think we know about her.
Hoje, 12 de Novembro, o poeta, escritor e jornalista angolano João Melo traz a público o seu novo livro de poemas, «Diário do Medo», em edição da Editora Urutau, na Livraria Snob, Travessa de Santa Quitéria, 32-A, em Lisboa, pelas 18h30m.
A apresentação estará a cargo do escritor português Rui Zink.
Entrada livre.
O autor assume que este livro “constitui uma tentativa pessoal de descrever e, sobretudo, de posicionar-me, ao mesmo tempo como poeta e indivíduo, perante tais dramáticos acontecimentos”.
20.11 2021, sábado, 19h30 TERRA BATIDA Vídeo Performance - 180 Min Conversa Performance - 60 Min
Nesta vídeo-performance transmitida em direto via Internet, o artista visual Irineu Destourelles reflete sobre a ausência ideológica e histórica dos corpos negros na cidade de Lisboa, contraposta à exacerbação da vídeo-vigilância e da punição.
À vídeo-performance, segue-se uma conversa performance, intitulada “Leituras dos desassossegos de Tarantode: performance”, entre Irineu Destourelles e Gio Lourenço, do Teatro Griot, sobre desmemorização, violência, vigilância, e ‘animalização’ do corpo negro.
Dizem que Tarantode é a feia alma penada de João de Sá Panasco que anda pela nossa cidade sem segredo. Outrora, por desígnio real, nobre cavaleiro ao serviço da Ordem de Santiago. O “Preto da casa do Rei” com língua sanguinária e desdenhado pela corte. Morreu infeliz e só. Seguido à distância, Irineu Destoureles na pele de Tarantode, meio-pessoa, meio-animal, percorre Lisboa à procura de borboletas. Uma vídeo-performance transmitida em directo via internet.
— Irineu Destourelles
Nota biográfica
Irineu Destourelles é um artista visual cuja prática artística é sublinhada por um tratamento especulativo do impacto da violência discursiva sobre a personalidade. Trabalhando predominantemente com a imagem em movimento e com particular atenção ao conceitos que constroem categorias sociais ele propõem estados de ser problemáticos. Os seus trabalhos tem sido apresentados no Museu Calouste Gulbenkian (Lisbon, 2019), MAMA Showroom (Rotterdam, 2019), Goodman Gallery (Cidade do Cabo, 2019), Transmission (Glasgow, 2017), Transmediale (Berlim, 2015), Videobrasil 18 (São Paulo, 2013) entre outros. Estudou Belas artes na Willem de Kooning Academy (Roterdão) e Central Saint Martins (London). Nascido em Santo Antão, Cabo Verde em 1974 e vive em Edimburgo, Reino Unido.
Os primeiros dias do festival são marcados pelas criações de Cherish Menzo, Chiara Bersani, Clara Amaral e Faustin Linyekula.
O Alkantara Festival – Festival Internacional de Artes Performativas, que este ano decorre entre 13 e 28 de novembro, arranca no próximo sábado (13 de novembro) com quatro espetáculos, que serão apresentados em quatro palcos lisboetas, nomeadamente da Culturgest, Centro Cultural de Belém (CCB), Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII) e Teatro do Bairro Alto (TBA). O arranque do festival será assinalado pela festa de abertura Meio Fio, com curadoria de Cigarra, que se realiza no Estúdio Time Out (no Time Out Market), a partir das 21h00.
O primeiro momento do festival está a cargo da artista portuguesa Clara Amaral, que apresenta She gave it to me I got it from her na Biblioteca Palácio Galveias, nos dias 13, 14, 16 e 17 de novembro, uma coprodução do Alkantara com o Teatro do Bairro Alto e a Veem House for Performance (Amesterdão). Clara Amaral tem desenvolvido um trabalho feminista, interseccional e interdisciplinar para explorar o aspeto performativo da leitura e da linguagem. Nos dias 13 e 14 de novembro há sessões às 15h, 16h30, 18h30 e 20h. Na terça e quarta-feira, 16 e 17 de novembro, as sessões decorrem às 17h, 18h30, 20h30 e 22h. No dia 13 de novembro às 18h30 e no dia 16 de novembro às 16h30 as sessões terão interpretação em Língua Gestual Portuguesa. She gave it to me I got it from her, de Clara Amaral @The Book Photographer Também com apresentação no primeiro dia do festival, a coreógrafa holandesa Cherish Menzo leva Jezebel ao CCB nos dias 13, 14 e 15 de novembro, às 19h. Aqui, a criadora e intérprete assume-se como protagonista de um universo musical controlado por homens, o hip hop, para desconstruir estereótipos associados ao corpo hipersexualizado da mulher. No dia 15 de novembro, após o espetáculo, haverá, na Black Box do CCB, uma conversa (falada em inglês) com Cherish Menzo e a rapper Chonk Kwong mediada pela tradutora, jornalista e ativista cultural angolana Carla Fernandes.
Jezebel, de Cherish Menzo @Bas De Brouwer
Já no Teatro Nacional D. Maria II, estará Chiara Bersani com Gentle Unicorn de 13 a 16 de novembro (sábado, segunda e terça-feira, às 19h; domingo às 16h30). A artista italiana reflete sobre o significado político do seu próprio corpo, assumindo-se como agente na criação da imagem que o mundo terá dela. Após a sessão de domingo, dia 14, haverá na Sala Estúdio do TNDMII, uma conversa entre Chiara Bersani e a artista portuguesa Diana Niepce, com moderação de Carla Fernandes. A conversa será em inglês.
Gentle Unicorn, de Chiara Bersani @Alice Brazzit
Ainda no primeiro dia do festival, às 21h00, já na Culturgest, dá-se o espetáculo de abertura oficial do festival, com o bailarino e coreógrafo congolês Faustin Linyekula. Linyekula, que em 2016 foi o artista convidado da Bienal Artista na Cidade, em Lisboa, estreia em Portugal História(s) do Teatro II, peça que revisita a nação congolesa nos anos 70 e a criação do Ballet National du Zaïre com três dos seus membros originais. O espetáculo pode também ser visto no sábado, dia 14 de novembro, às 19h00.
Na noite de sábado, 13 de novembro, o Time Out Market acolhe a festa de abertura da edição deste ano do Alkantara Festival, com curadoria de Cigarra (Ágatha Barbosa) e intitulada Meio Fio. Durante 5 horas, Meio Fio será mais do que uma festa ou pista de dança, assumindo-se como espaço performativo. O programa inclui música, performances, instalações e “degustações sinestésicas” preparadas por Cigarra, Jajá Rolim, Kurup, Jaçira, Eubrite, Muleca XIII, Judas, Paulo Fluxuz_, entre outros artistas. A festa acontece no espaço do Estúdio Time Out, entre as 21h e as 02h. A entrada é livre.
Até ao dia 28 de novembro, a programação do Alkantara Festival vai circular pelas salas dos habituais parceiros do festival, como o Centro Cultural de Belém, a Culturgest, o São Luiz Teatro Municipal, o Teatro do Bairro Alto e o Teatro Nacional D. Maria II, assim como pelo Espaço Alkantara, em Santos, e a Casa da Dança, em Almada.
Os bilhetes para os espetáculos, cujos preços variam entre os 7 e 16 euros, podem ser adquiridos nas bilheteiras, físicas e online, dos teatros parceiros. Há ainda várias atividades de entrada livre, como performances ou ensaios abertos. A programação completa encontra-se disponível no site do Alkantara Festival: https://alkantara.pt
Os Estúdios Victor Córdon, plataforma criativa pertencente ao OPART, reafirmam o seu diálogo com o Camões – Centro Cultural Português em Maputo, e alargam a sua colaboração na co-produção de um programa exclusivamente dedicado à internacionalização e circulação da dança. Itinerários é um programa de incentivo à criação artística, dirigido a criadores moçambicanos e pretende criar uma ponte entre países de expressão portuguesa em África e a Europa, promovendo iniciativas que correlacionem os territórios.
Desafiado a propor um coletivo de artistas, o coreógrafo moçambicano Horácio Macuácua traz-nos a esta 1ª edição do programa - Mai-Júli Machado, Osvaldo Passirivo e Yuck Miranda. Estes artistas desenvolvem uma criação durante duas semanas de residência artística, que culmina com uma apresentação de resultados do trabalho realizado a artistas e operadores culturais convidados, no dia 13 de novembro, nos EVC. Segue-se uma conversa moderada pelo coreógrafo David Marques, que enquanto facilitador desta iniciativa em Lisboa, criou um programa de atividades durante o período de residência, possibilitando a interação e contacto direto com artistas e atividades culturais. São exemplos Anaísa Lopes, Marco da Silva Ferreira, Tiago Cadete e David Zambrano. O programa inclui também, uma aula aberta à comunidade da dança de acesso gratuito, orientada pelos três artistas moçambicanos, no dia 12 de novembro, das 18 horas às 20 horas, nos EVC. São Luiz Teatro Municipal, TBA - Teatro do Bairro e Teatro Nacional D. Maria II juntam-se a este projeto, possibilitando o acesso a espetáculos das suas programações.
O programa termina em Maputo com uma apresentação no Kinani - Plataforma Internacional de Dança Contemporânea, no final de novembro.
Lugar: Recreios Desportivos da Trafaria – Casino – R. Guedes Coelho nº7, Trafaria, Almada
Máximo 12 participantes
A partir de um arquivo do tempo colonial em Angola e Moçambique, o KPerrom prepara uma revista anti-racista, em que se encontram as provas do crime. A partir deste material, queremos incluir outras pessoas num workshop, para construirmos uma outra revista juntos. Tem uma visão crítica ou técnica que queira partilhar? Oferecemos apoio para deslocação e alimentação. Para inscrição enviar algumas palavras que expliquem porque quer participar (máximo 30 palavras) ou, se tiver mais à vontade com vídeo ou expressão gráfica, envie resposta por vídeo (máximo 3 minutos) ou em desenho/ ilustração.
NKAKA “KPERROM” BUNGA SESSA (Angola, 1994) é músico (compositor, contrabaixo, rapper). Um dos impulsionadores do projeto 2825 | 2GTO que trabalha a emancipação da imagem e voz da comunidade da Trafaria. É estudante de Contabilidade no ISCAL, Lisboa. A sua relação com a arte impressa começa com a sua exploração independente de serigrafia têxtil.
CANTO DO CURIÓ ASSOCIAÇÃO CULTURAL
Canto do Curió é uma associação cultural que faz intervenção sócio-cultural a partir dos bairros da Trafaria, em Almada nos domínios de emancipação e participação social nas ciências, nas artes e na política. Em 2021 trabalha com três projectos principais: O “2T/2825”, que ensaia uma resposta integrada e de base comunitária a diferentes necessidades e riscos (saúde, ambiente, cultura) com financiamento do Programa Nacional Bairros Saudáveis e Junta de União de Freguesias de Caparica e Trafaria; O projecto independente “2GTO 2825” de rap/hiphop e serigrafia comunitárias; O projecto de ciência cidadã “Novos Decisores” que estuda galgamentos marítimos durante tempestades, financiado pela Fondation de France e Câmara de Almada.
Esta iniciativa resulta de uma proposta desenvolvida pela associação Canto do Curió e o projecto de investigação Photo Impulse(ICNOVA) em parceriacoma Universidade NOVA de Lisboa, no âmbito do projecto europeu T-Factor. Este projecto visa desbloquear o potencial transformador do uso temporário na regeneração urbana e envolver a população local na sua dinâmica criativa, bem como locais emblemáticos representantes da história da Trafaria numa relação directa com a comunidade.
Parceiro: Universidade de Lisboa/Museu de História Natural e da Ciência (colecçõesdo Instituto de Investigação Ciêntifica Tropical – IICT)
***EN***
WORKSHOP
ANTIRACIST ZINE – PROOF OF CRIME
Date: Saturday, December 11, 14h-20h
Location Recreios Desportivos da Trafaria – Casino – R. Guedes Coelho nº7, Trafaria, Almada
Maximum 12 participants
From an archive of colonial times in Angola and Mozambique, KPerrom is preparing an anti-racist magazine in which the evidence of the crime is found. From this material, we want to include other people in a workshop, to build another magazine together. Do you have a critical or technical view that you want to share? We provide support for travel and food. For registration, send a few words that explain why you want to participate (maximum 30 words) or, if you are more comfortable with video or graphic expression, send a response by video (maximum 3 minutes) or a drawing/illustration.
NKAKA “KPERROM” BUNGA SESSA (Angola, 1994) is a musician (composer, bass player, rapper). One of the drivers of the 2825|2GTO project that works the emancipation of the image and voice of Trafaria’s community. He is a student of Accounting at ISCAL, Lisbon. His connection with printmaking began with his independent exploration of textile silkscreen.
CANTO DO CURIÓ CULTURAL ASSOCIATION
Canto do Curió is a cultural association that carries out socio-cultural intervention from the neighborhoods of Trafaria, Almada in the fields of emancipation and social participation in the sciences, arts and politics. In 2021 it works with three main projects: 1) The “2T/2825”, which attempts an integrated and community-based response to different needs and risks (health, environment, culture) with financial support from the National Program “Bairros Saudáveis” and from the Municipal council of Caparica and Trafaria; 2) The independent project “2GTO 2825” of community rap/hiphop and silkscreen; The citizen science project “Novos Decisores” (“New Stakeholders”) which studies maritime flooding during storms, with financial support by the Fondation de France and the City Hall of Almada.
This initiative is the result of a proposal developed by Canto do Curió and the research project Photo Impulse (ICNOVA) in partnership with Universidade NOVA de Lisboa, within the scope of the European project T-Factor, aimed at unlocking the transformative potential of temporary use in urban regeneration and involve the local populations in its creative dynamics, as well as emblematic places representing the history of Trafaria in a direct relationship with the community.
Partner: University of Lisbon/Museum of Natural History and Science (IICT, Instituto de Investigação Tropical archive)
O Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra dá início em 27 de novembro ao programa da sua quarta edição, intitulada Meia-Noite pelas curadoras Elfi Turpine Filipa Oliveira.
Organizada desde 2015 pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), a Câmara Municipal de Coimbra e a Universidade de Coimbra, a Bienal apresenta pela primeira vez um programa que acontece em dois momentos e se prolonga até 2022: Meia-Noite. Parte 1, de 27 de novembro de 2021 a 15 de janeiro de 2022, e Meia-Noite. Parte 2, em curso entre 9 de abril e 26 de junho de 2022.
O Anozero’21–22 tem como curadoras convidadas Elfi Turpin e Filipa Oliveira. O título Meia-Noite parte da observação da «noite» como «espaço de fluidez e quebra de normas, lugar aberto a outras possibilidades de visão, de conhecimento, de interação, aberto a outros corpos». Para as curadoras, «a noite» é também «um espaço que sempre foi muito contestado, e ultimamente altamente politizado».
A partir desta ideia, Turpin e Oliveira propõem «trabalhar com outros territórios, ou metodologias que ajudam a pensar neste conceito de fluidez de pensamento que tenta dsfazer e encontrar outras possibilidades para as dicotomias impostas pela cultura ocidental». No Anozero’21–22, pretendem assim aplicar metodologias curatoriais que visam atuar, simultaneamente, como zonas de investigação: relações interpoéticas — entre diferentes espécies; depois do patriarcado — para englobar uma visão feminista interseccional; e formas alternativas de produção de conhecimento.
Meia-Noite. Parte 1 inicia-se já em 27 de novembro com uma exposição-conversa que estará patente até 15 de janeiro de 2022 na Sala da Cidade. A exposição apresenta uma instalação do artista Carlos Bunga (Portugal, 1976) e um programa de filmes que ambiciona explorar com a participação do público as zonas de investigação propostas: La cabeza mató a todos, de Beatriz Santiago Muñoz (Porto Rico, 1972), Les mains negatives, de Marguerite Duras (Vietname, 1914),À Bissau, le Carnaval, de Sarah Maldoror (França, 1929)e Shadow-Machine, de Elise Florenty (França, 1978) & Marcel Türkowsky (Alemanha, 1978).
Meia-Noite. Parte 1 lança assim, para a cidade de Coimbra e para o País, um desafio à participação e discussão no âmbito da quarta edição do Anozero. Todos os dias, diferentes grupos da cidade, e de fora desta, serão convidados pelas curadoras e pelo Serviço Educativo do CAPC a visionar os filmes e a iniciar conversas sobre diversidade, igualdade, justiça social, produção de conhecimento, relações poéticas entre espécies e a noite como espaço de resistência. Às quintas-feiras, entre 2 de dezembro e 13 de janeiro, às 18 h, estarão sempre presentes convidados para discutir com o público o filme do dia.
O segundo momento do Anozero’21–22 — Meia-Noite. Parte 2— tem lugar entre 9 de abril e 26 de junho, com o habitual circuito expositivo por espaços emblemáticos de Coimbra. É da própria cidade que emergem os propósitos da proposta curatorial de Elfi Turpin e Filipa Oliveira. Veja-se o caso concreto da Biblioteca Joanina, do século XVIII: nesta fortaleza do conhecimento, reside uma colónia de morcegos, animais notívagos que encontram o seu alimento nos insetos e lagartas presentes nos 55 mil livros da biblioteca barroca. De relações poéticas como estas, emergirão os paralelismos necessários para pensar na noite como criadora de conhecimento que dilui as margens e convida a outras leituras do mundo.
Anozero’21–22 Meia-Noite integra a Temporada Cruzada Portugal-França, uma iniciativa do Institut Français, avançada em julho de 2018 pelo Presidente Emmanuel Macron e o Primeiro-ministro António Costa.A temporada decorrerá entre fevereiro e outubro de 2022 e visamostrar a excelência de artistas, pensadores, cientistas e empresários, com vista a fortalecer, ou até mesmo renovar, os alicerces da cooperação entre os dois países. A Bienal é um dos momentos altos da temporada em Portugal e promove múltiplos cruzamentos artísticos entre os dois países, como o são a curadoria a cargo da dupla luso-francesa, a criação da identidade pelo ateliê de design Charles Mazé & Coline Sunier, a parceria com o Centre Régional d’Art Contemporain Occitanie/Pyrénées Méditerranée e a participação de vários artistas franceses no programa.
A UNIVERSIDADE, O JORNALISMO E A ARQUITETURA NA PROGRAMAÇÃO CONVERGENTE
Como prova do trabalho contínuo do Anozero, e de forma a acentuar a reflexão central desta quarta edição, a bienal volta a apresentar propostas no âmbito da sua Programação Convergente. Estão já agendados três momentos, dedicados ao Jornalismo, à Arquitetura e à Curadoria de uma exposição que concretiza o desejo desta edição da Bienal de trabalhar em proximidade com a Universidade de Coimbra.
O primeiro momento acontece em 9 de novembro, com a realização do workshop «Mahalla: Journalisms of the South», no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. Organizado por Stefan Candea e moderado por Irina Velicu, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, este workshop irá debater os modos como a investigação jornalística está a reproduzir problemas sistémicos, alimentando estruturas de poder patriarcais, racistas e capitalistas e excluindo aqueles que se encontram nas margens. Os jornalistas Micael Pereira, do Expresso, e Cândida Pinto, da RTP, juntam-se à discussão.
Já em 16 e 17 de novembro, o auditório do Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha acolhe o colóquio «COIMBRA 30-2030», organizado por José António Bandeirinha, Luís Miguel Correia e Carolina Coelho. Especialistas na área da arquitetura procurarão traçar uma renovada perspetiva da evolução da cidade de Coimbra, da presença romana à contemporaneidade. No âmbito do colóquio, estará também patente, entre 17 de novembro e 17 de janeiro de 2022, no CAPC Sereia, a exposição fotográfica Pharmakon: Remédio-veneno-bode expiatório, de Jorge das Neves. Pharmakon surge de um convite lançado ao autor para o confronto com um conjunto de obras de arquitetura identificadas durante o curso de dois dias.
Nesta fase da Programação Convergente, dá-se também espaço a novos nomes no campo da curadoria, com a exposição No sonho do homem que sonhava, o sonhado acordou — patente no Círculo Sede do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), com a curadoria dos alunos do segundo ano do mestrado em Estudos Curatoriais do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, a convite da dupla de curadoras do Anozero’21–22 e em colaboração com a UmbigoLAB. A exposição convida a refletir nos círculos viciosos do pensamento e convoca a noite — que oculta e revela — a partir de trabalhos de Alberto Carneiro, Bárbara Bulhão, Zé Ardisson, Marilá Dardot, Hector Zamora, Margarida Alves, Clara Imbert, Pedro Pedrosa da Fonseca e Rita Gaspar Vieira. A mostra também estará patente até 15 de janeiro de 2022 e conta com um programa de atividades que envolve o lançamento da revista Umbigo e a projeção de filmes 16 mm pertencentes ao acervo do CAPC, na Sala das Caldeiras em parceria com o TAGV.
A Programação Convergente do Anozero contará com novas propostas no decorrer de 2022, que serão oportunamente anunciadas. A permanência e a pertinência deste pilar programático comprovam-se inclusive com os trabalhos apresentados entre edições.
Mais informações sobre Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra:
A bienal foi criada com o objetivo de promover uma reflexão acerca do significado simbólico e efetivo da classificação da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, e tem colocado em diálogo a arte contemporânea e o património conimbricense, explorando os espaços mais emblemáticos da cidade.
Ao longo dos últimos anos, vários artistas têm sido convidados a realizar peças específicas para o contexto da Bienal, debruçando-se sobre a história da cidade e as suas idiossincrasias. As diferentes equipas curatoriais têm também procurado um cruzamento entre artistas portugueses e o circuito internacional, visando facilitar a integração da arte portuguesa neste último contexto.
Uma constante releitura da cidade tem sido possível devido à renovação do leque de artistas participantes. Esta diversidade consolida a discussão bem como a participação e o envolvimento da população, princípios fundadores e orientadores do projeto, no sentido da construção de um legado cultural atuante e transformador de Coimbra e da própria Região Centro.
Com foco na qualidade, as propostas curatoriais têm resultado de uma investigação continuada de dois anos, onde se estabelecem pontes entre a produção académica, o universo da arte e da arquitetura e a própria sociedade civil. Este poder modificador é notório na crescente adesão não só dos residentes mas também daqueles que seguem de perto o universo da arte contemporânea.
A edição de 2019 contou com mais de 81 mil registos de participação nas diferentes componentes da programação: Programa Expositivo, Programação Convergente, Programa de Ativação, Publicações e Voluntariado.
Edições anteriores:
2015 |UM LANCE DE DADOS Curadores Gerais: Carlos Antunes, Luís Quintais, Pedro Pousada | Curadora Executiva: Luísa Santos
2017 | CURAR E REPARAR Curador Geral: Delfim Sardo | Curadora Adjunta: Luísa Teixeira de Freitas
2019 | A TERCEIRA MARGEM Curador Geral: Agnaldo Farias | Curadores Adjuntos: Lígia Afonso, Nuno de Brito Rocha
The event aims to present its field work in dialogue with members of its consultants, advisory board, and other stakeholders. Its team will thus discuss findings and published insights with activists, journalists, artists, early career scholars and intellectuals from the five case studies: Portugal, Italy, Germany, France and the UK. In this conference, organised with the collaboration of ITM (the Inter-Tematic research group on Migrations at CES), the first day – entirely online – is dedicated to the internationalisation of the project’s research, and the second – mixed format: hosted by the CIUL Lisboa and also accessible online – is dedicated to Portugal.
De 15 de novembro a 15 de dezembro, tem lugar a 13a edição do InShadow decorre no Museu da Marioneta, Teatro do Bairro, Cinemateca Portuguesa, Espaço Santa Catarina, Espaço Cultural Mercês, Cisterna da Faculdade de Belas Artes, Livraria Ler Devagar, Biblioteca de Alcântara, Fnac Chiado, Museu das Comunicações, Galeria Note e conta com várias propostas e encontros imprevisíveis entre cinema, dança e tecnologia.
Esta edição teve o seu início no Museu da Marioneta, nos dias 7, 8 e 12 de outubro com o LittleShadow, que consistiu na exibição dos filmes de animação e o LAC – Laboratório de Atividades Criativas, com todas as sessões esgotadas.
Num ano em que o número de inscrições aumentou e a qualidade dos filmes fez-se notar, a Competição Internacional de DOCUMENTÁRIO decorre no Museu das Comunicações a 30 de novembro a 2 de dezembro, às 11h e às 15h, com a exibição de várias sessões de filmes que retratam percursos documentais em torno da relação do corpo com a dança, tecnologia e performance. Já a Competição Internacional de VÍDEO-DANÇA decorre no Teatro do Bairro de 6 a 10 de dezembro.
A cerimónia de entrega de prémios será no Teatro do Bairro no dia 11 de dezembro, junto com a performance Dance is my heroine da coreógrafa espanhola Cristina Gomez. A 10 de dezembro a coreógrafa dará um workshop onde relaciona a dança e o vídeo ao espaço público e às redes sociais.
Contaremos ainda com a presença da coreógrafa Salud Lopez nos dias 26 e 27 de novembro com a performance Danzáfono na Biblioteca de Alcântara, e realizará 2 workshops de escrita coreográfica a 24 e 25 de novembro. Performances inseridas na programação da Mostra de Espanha em Portugal.
Rita Vilhena apresenta a 24 de novembro, na Cisterna FBAUL a performance e vídeo instalativo do projecto Pele a nossa Pele. Na Livraria Ler Devagar a 8 dezembro às 17h a artista italiana Madalena Ugulini irá apresentar a sua nova performance com o colectivo Dança Imaginal.
Esta edição do Festival contará com uma Mostra de filmes Argentinos, centrada no conceito do festival parceiro Movimiento en Foco, uma sessão do Panorama América em parceria com a Mostra Internacional de Vídeo-Dança de São Carlos (Brasil) e uma curadoria em parceria com o Festival Choreoscope de Barcelona.
De 2 a 4 de dezembro, na Cinemateca Portuguesa, uma homenagem a Jorge Salavisa, figura incontornável da dança, que nos deixou no ano passado, e teve uma relação pessoal com o InShadow, contribuindo também para o seu nascimento. Celebraremos a dança através do cinema, com a exibição do Documentário Keep Going, de Marco Martins, o filme Hotel Müller, de João Salaviza e Lissabon Wuppertal Lisboa, de Fernando Lopes e uma sessão retrospetiva do InShadow, fazendo uma simbólica homenagem a Rolf Hepp com o filme realizado pela Nicola Hepp (filha), Echo. Serão 3 sessões seguidas de conversas com convidados que partilharão as suas experiências com a arte de programar do Jorge Salavisa.
InShadow destaca-se internacionalmente na área do vídeo-dança e performance assumindo um caminho essencialmente de risco no cruzamento de áreas artísticas do corpo e da imagem.
InShadow, o corpo imagina-se na sombra.
Toda a programação estará disponível em breve no site da VOARTE e no novo site InShadow.
– A Vo’Arte, projeto inovador que em 1998 nasceu da vontade de produzir, promover e valorizar a criação contemporânea, através do cruzamento de linguagens artísticas, que se desenvolvem em projectos nacionais e internacionais. Promove o diálogo, o intercâmbio e a transdisciplinaridade na criação entre artistas emergentes e consagrados e a descentralização cultural, com vista ao estreitamento das relações entre comunidades e à formação e desenvolvimento de novos públicos. Com direcção artística de Ana Rita Barata (coreógrafa) e Pedro Sena Nunes (realizador).
9, 10 e 11 de novembro de 2021. Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória | Centro de Literatura Portuguesa
Assinala-se este ano o 70.º aniversário do lançamento, em Luanda, da revista Mensagem, que veio agitar as águas da cultura e da literatura em Angola, criando as bases para a afirmação de uma verdadeira literatura angolana. Aconteceu também, em maio do ano passado, o 70.º aniversário do Professor, ensaísta e poeta Pires Laranjeira, cuja jubilação da Universidade de Coimbra não pôde ser devidamente assinalada devido à crise pandémica que então se vivia.
Pretende-se agora, numa iniciativa conjunta das Faculdades de Letras do Porto e de Coimbra, destacar este duplo aniversário, abrindo espaço para uma reflexão alargada sobre as literaturas africanas de língua portuguesa.
9 de novembro
Faculdade de Letras da Universidade do Porto Sala de Reuniões (piso 2)
9h30 – 1.a sessão – Vida e obra de Pires Laranjeira – I
Rita Olivieri-Godet (ERIMIT / U. Rennes 2 / IUF) e Pauline Champagnat (ERIMIT / U. Rennes 2) – A dimensão internacional do ensino e da investigação de Pires Laranjeira: um pensamento em constante ebulição
Bárbara dos Santos (LAM / Girlufi – U. Bordeaux Montaigne) – Uma perceção do pensamento de Pires Laranjeira desde a França
Lola Geraldes Xavier (I. P. Macau / I. P. Coimbra) – Pires Laranjeira: cartografia de uma obra, mensagem de uma vida
11h00 – Pausa para café
11h30 – 2.a sessão – Vida e obra de Pires Laranjeira – II
Maria de Lurdes Sampaio (U. Porto) – Horizontes incertos, ideias claras: notas de leitura em torno de algumas lições do mestre Pires Laranjeira
Iris Maria da Costa Amâncio (U. Federal Fluminense) – Ensino e divulgação das literaturas africanas de língua portuguesa no Brasil
Andreia Oliveira – Caminhos desbravados: o projeto “Sexualidades e género nas literaturas africanas e a língua portuguesa”
13h00 – Intervalo para almoço
15h15 – 3.a sessão – Pires Laranjeira no abraço dos escritores angolanos: “Vida, irmão, sempre não é lição de estudar – se aprende é primeiro, o estudo só depois…”
José Luandino Vieira João Melo
José Luís Mendonça Carlos Ferreira
17h00 – Pausa para café
17h30 – 4.a sessão – Nos 70 anos de “Mensagem”
Carmen Lucia Tindó Secco (U. Federal Rio de Janeiro) – Ressonâncias de Agostinho Neto e Mensagem na poesia angolana contemporânea
Sílvia Brunetta – (Re)escrever a nação nos versos: o impulso da revista ‘Mensagem’ para a formação do cânone literário angolano
Francisco Topa (U. Porto) – O projeto da ‘Mensagem’ de Luanda e o seu número de estreia
16h00 – Inauguração da exposição de obras de Pires Laranjeira – Sala do Instituto de Estudos Brasileiros (5.o piso) – presencial
Membro da Comissão Organizadora, Doris Wieser
Casa de Angola em Coimbra, Bento Monteiro
Secretário-Geral da União dos Escritores Angolanos, David Capelenguela Diretor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas, Osvaldo Silvestre
Leitura de poesia de Pires Laranjeira
Beatriz Laranjeira Coimbra Maria João Simões (U. Coimbra)
17h30 – Doris Wieser (U. Coimbra) – Exibição do documentário Viver e escrever em trânsito: entre Angola e Portugal (Doris Wieser, 2021, 60 min.) – Anfiteatro III (4.o piso)
20h00 – Jantar no Restaurante Papa (inscrições prévias)
11 de novembro
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – Sala do ILLP (7.o piso)
9h00 – Sessão de abertura
Membro da Comissão Organizadora, Doris Wieser Diretor do CLP, Carlos Reis
Diretor da FLUC, Albano Figueiredo
9h30 – 5.a sessão – Vida e obra de Pires Laranjeira – III
Vergílio Alberto Vieira – Quando a ocasião se põe em obra: Louvor & Simplificação de J. L. Pires Laranjeira
António Jacinto Pascoal – Pires Laranjeira: o pensador no seu labirinto
Jane Tutikian (U. Federal do Rio Grande do Sul) – O vento que passa: o fim das certezas herdadas
11h00 Pausa para café
11h30 – 6.a sessão – Representações de heróis e da nação
Luís Kandjimbo (U. Óscar Ribas) – Herói épico e personagens autoexistentes nas literaturas orais africanas. Para uma filosofia dos nomes próprios ficcionais
Fátima Mendonça (U. Eduardo Mondlane) – Modelos de herói na moderna narrativa africana
Inocência Mata (U. Lisboa) – Literatura Angolana: a materialidade da escrita da nação
13h00 – Intervalo para almoço
15h00 – 7.a sessão – O ensino das literaturas africanas de língua portuguesa
Catarina Rodrigues – Alcance pedagógico das literaturas africanas de língua portuguesa
Maria Nazareth Soares Fonseca (U. Federal de Minas Gerais) – Ensino e divulgação das literaturas africanas de língua portuguesa no Brasil: notas sobre um período singular
Majda Bojic (U. Zagreb) – (Para além dos) ecos de Angola na Croácia: desdobramentos pedagógico-literários
Solange Luís (ISCED – Lubango) – Aprender e ensinar através do manual de Literaturas
Africanas de Expressão Portuguesa
17h00 – Pausa para café
17h30 – 8.a sessão – As literaturas africanas num mundo em expansão
Ana T. Rocha – “Literaturas africanas de expressão portuguesa”, de Pires Laranjeira: manual e história da literatura
Fabíola Guimarães Mourthé (CEFET-Minas Gerais) – 2 X 70 (septuagésimo duplo de cultura e angolanidade): Pires Laranjeira e a revista “Mensagem”
Alberto Sismondini (U. Coimbra) – Diálogos austrais, a revista ‘Sul’ e a publicação de autores africanos lusófonos
19h00 – Sessão de encerramento, com intervenção de José Luís Pires Laranjeira
Após um ano de leitura coletiva de A queda do céu, livro de Bruce Albert e Davi Kopenawa, a Rede Internacional de grupos de pesquisa “Cosmoestéticas do Sul” convida ao Colóquio Internacional Sonho, mercadoria, mundo: três hipóteses para pensar A queda do céu, a decorrer nos dias 8 e 9 de novembro de 2021.
Mesa 1 - 14h às 16h Difrações preliminares sobre os desenhos em A queda do céu Luís Hirano
Mesa 2 - 16h às 18h Hipóteses para pensar A queda do céu: imagem Carla Damião, Gabriela Milone, Guadalupe Lucero Noelia Billi, Paula Fleisner, Pedro Hussak e Salomé Coelho
9 de novembro
Mesa 3 - 13h às 15h Entrevista com Mariana Lacerda sobre o seu filme Gyuri
Mesa 4 - 15h às 17h Hipóteses para pensar A queda do céu: diplomacia Carla Damião, Gabriela Milone, Guadalupe Lucero Noelia Billi, Paula Fleisner, Pedro Hussak e Salomé Coelho
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Evento de cooperação científica Brasil-Argentina
Universidad de Buenos Aires Universidad Nacional de Córdoba Universidad Nacional de las Artes CONICET Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Universidade Federal de Goiás
Sediados no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o projeto MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação e o projeto MAPS – Pós-memórias Europeias: uma cartografia pós-colonial, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, coordenados por Margarida Calafate Ribeiro, desenvolvem investigação pioneira sobre o impacto das heranças coloniais nas segunda e terceira gerações em Portugal, França e Bélgica, ou seja, nas gerações que não viveram diretamente os processos coloniais, mas os herdaram através das memórias familiares e da memória pública. O questionamento destas heranças está a diversificar o debate europeu, a renovar a literatura e a arte europeias, a museografia e a curadoria, e a enriquecer as formas de intervenção individual e coletiva.
Através da apresentação de resultados em vários suportes e de mesas redondas com investigadores, artistas, curadores e diretores de museus, este colóquio constituirá um espaço de debate internacional sobre este tema e anunciará uma das próximas etapas, a exposição internacionalEuropa Oxalá, que estará a decorrer em França (Marselha, MUCEM, outubro 2021 a janeiro de 2022) e, em 2022 e 2023, em Portugal (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian) e na Bélgica (Tervuren, Museu Real da África Central – AfricaMuseum), com curadoria de António Pinto Ribeiro, Aimé Mpane e Katia Kameli.
PROGRAMA
Manhã:
10h00 – Abertura
10h30 – 11h30 – Margarida Calafate Ribeiro (CES-UC) –– Pós-memórias: o passado colonial no presente europeu
11h30 – 12h30 – Fernando Cabral (Sistemas do Futuro) –– Apresentação da plataforma digital de artistas e obras na condição da pós-memória
12h30 – 13h00 – Lançamento de livros coleção Memoirs Pausa para almoço
Tarde:
14h30 – 15h30 – Mesa redonda –– Transmitir a memória
António Sousa Ribeiro (Diretor do CES-UC), Fátima da Cruz Rodrigues (CES-UC), Graça dos Santos (Universidade de Paris-Nanterre), Hélia Santos (CES-UC), Margarida Calafate Ribeiro (CES-UC)
Moderação: Sandra Inês Cruz
15h30 – 16h30 – Mesa redonda –– Representar a memória
Katia Kameli (artista visual), Aimé Mpane (artista visual), Paulo Faria (escritor), Zia Soares (atriz e encenadora), António Pinto Ribeiro (CES-UC e programador cultural)
Moderação: Vitor Belanciano
Intervalo
17h00 – 18h00 – Mesa redonda –– Expor a memória
António Pinto Ribeiro, Katia Kameli, Aimé Mpane; Guido Gryssels (Diretor do Museu Real de África Central/ AfricaMuseum, Tervuren); Miguel Magalhães (Diretor, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa); Jean François Chougnet (Presidente do MUCEM, Marselha)
Moderação: Liliana Coutinho
18h00 – 19h30 – Conferência de encerramento e debate
Michael Rothberg (UCLA-Universidade da Califórnia, Los Angeles) – Cidadania da Memória: Legados Polémicos do Colonialismo e do Genocídio
Em 2011, Yasemin Yildiz e eu publicámos o ensaio “Memory Citizenship: Migrant Archives of Holocaust Remembrance in Contemporary Germany” num número especial da revista Parallax sobre “Memória Transcultural”. Nesse ensaio, recorremos ao conceito de “atos de cidadania” de Engin Isin, especialista do tema da cidadania, para demonstrar como as performances da memória elaboradas pelos imigrantes podem transformar o modo de entender a pertença coletiva. A categoria de “cidadania da memória”, no entanto, permaneceu indefinida. Nesta conferência, vou desenvolver esta categoria em três momentos. Primeiro, irei acrescentar alguma precisão conceptual à noção de cidadania da memória, recorrendo ao trabalho adicional de Isin, bem como ao de Jenny Wüstenberg. Em seguida, irei fazer um levantamento do campo atual da cidadania da memória, com particular referência à Alemanha, mas apontando para as suas implicações transnacionais mais vastas. Na parte final, investigarei a natureza contestada da cidadania da memória, recorrendo ao vídeo da escritora Priya Basil Locked In and Out (2020), estreado na inauguração virtual do controverso Fórum Humboldt, em Berlim. O vídeo de Basil estabelece explicitamente uma ligação entre memória e cidadania numa constelação multidirecional, que envolve o Holocausto e o colonialismo. O vídeo oferece uma oportunidade para refletir sobre as possibilidades e os limites da cidadania como modelo para pensar políticas da memória.
A conferência final está a cargo de Michael Rothberg, da Universidade da Califórnia, um dos mais destacados investigadores da área de estudos comparados, de estudos da memória e do Holocausto e da representação da violência na literatura e na arte.
O colóquio decorre em português, em francês e em inglês. Tradução simultânea de português - francês e francês - português estará disponível.
Notas Biográficas
Aimé Mpane é artista visual e curador. Partilha o seu tempo entre Kinshasa e Bruxelas, e a sua prática artística alicerça-se nas viagens entre a sua África natal e a sua Europa de adoção. Estudou escultura no Instituto de Belas Artes e pintura na Academia de Belas Artes de Kinshasa e na École Nationale Supérieure des Arts Visuels de La Cambre, Bruxelas. A par da escultura, trabalha a instalação e a pintura. Em obras como Congo: Shadow of the Shadow (2005), Ici on crève (2006), J‘ai oublié de rêver (2017), o artista explora as marcas do colonialismo belga e o sofrimento do povo congolês, numa reflexão sobre as heranças do colonialismo e a relação África-Europa. Mpane apela à solidariedade do género humano e à consciência coletiva. As suas obras falam de dignidade humana, de esperança, de coragem, de empatia e perseverança.
António Pinto Ribeiro é investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Foi diretor artístico e curador responsável em várias instituições culturais portuguesas, nomeadamente da Culturgest e da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi comissário-geral de “Passado e Presente – Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura 2017”. Os seus principais interesses de investigação desenvolvem-se na área da arte contemporânea, especificamente africanas e sul-americanas. Das suas publicações destacam-se: Novo Mundo. Arte contemporânea no tempo da pós-memória (2021), Peut-on décoloniser les musées? (2019) e África os quatro rios - A representação de África através da literatura de viagens europeia e norteamericana (2017).
António Sousa Ribeiro é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e professor catedrático aposentado do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Germanísticos) da Faculdade de Letras da mesma universidade. Os seus interesses de investigação centram-se nas áreas das literaturas e culturas de expressão alemã, dos estudos sobre a violência, dos estudos de memória, dos estudos pós-coloniais e dos estudos culturais comparados. Tem publicado extensamente em áreas muito diversas. Destaque-se Representações da Violência (2013), Geometrias da memória: configurações pós-coloniais(2016);Einschnitte. Signaturen der Gewalt in textorientierten Medien (2016). Dedica-se também à tradução literária, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Nacional de Tradução, 2017.
Fátima da Cruz Rodrigues é investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, no âmbito do projeto Memoirs e MAPS. Doutorou-se em Sociologia pela Universidade de Coimbra (2013) com a tese Antigos combatentes africanos das Forças Armadas Portuguesas: a Guerra Colonial como território de (re)conciliação, vencedora do Prémio Fernão Mendes Pinto 2014. É docente da Universidade Lusíada do Porto e da Faculdade de Direito da Universidade do Porto. É “vice-chair” da Ação COST: CA18228 - Global Atrocity Justice Constellations. Os seus principais interesses de pesquisa giram em torno de diversas problemáticas relacionadas com as guerras coloniais/guerras de libertação, memória e pós-memória e crimes cometidos em contextos de guerras.
Fernando Cabral é diretor geral da Sistemas do Futuro − Multimédia, Gestão e Arte, Lda., empresa dedicada ao desenvolvimento de software na área da gestão do património cultural e natural desde 1995. É investigador do OCES – Observatório da Ciência e do Ensino Superior de Portugal e membro do Comité Internacional para a Documentação (CIDOC) do International Council of Museums (ICOM) e desenvolve projetos internacionais. Tem colaborado com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra em projetos de investigação envolvendo as humanidades digitais, como o projeto MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-memórias Europeias (ERC) e MAPS - Pós-memórias europeias uma cartografia pós-colonial (FCT).
Graça dos Santos é professora catedrática da Universidade Paris-Nanterre, onde é investigadora e diretora do CRILUS (Centre de recherches interdisciplinaires sur le monde lusophone) e do doutoramento em Línguas, Literaturas e Civilizações românicas: Português. É também encenadora, atriz e professora de teatro. É cofundadora da companhia “Cá e Lá” (Compagnie bilingue français/portugais) e diretora de “Parfums de Lisbonne” – Festival d’urbanités croisées entre Lisbonne et Paris. Os seus trabalhos dedicam-se em particular a ditadura salazarista e à censura ao teatro. Tem publicado sobre as noções de corpo físico / corpo social, sobre as representações cénicas do corpo e do povo, a história do espetáculo português e europeu. Entre as suas atuais áreas de interesse, destacam-se os estudos culturais, os estudos pós-coloniais e os estudos sobre migrações.
Guido Gryssels é o diretor-geral do Museu Real da África Central-AfricaMuseum em Tervuren, na Bélgica. O RMCA é um museu e uma instituição científica federal de investigação e disseminação do conhecimento científico nos campos da biologia, ciências da terra, antropologia, história, agricultura e floresta da África Central. Guido Gryssels é doutorado em Ciências Agrícolas, desempenhou vários cargos direção na FAO, Nações Unidas. É membro do Conselho de Administração da Política Federal de Ciência, do Fundo Flamengo para Pesquisa Científica e do Fundo Holandês para Pesquisa Científica. É Presidente do Comité do Programa de Pesquisa em Alimentos e Negócios em Países em Desenvolvimento. É presidente do Consórcio Internacional da Biodiversidade do Congo, presidente do júri do prémio internacional Louis Malassis para a Alimentação e Agricultura e membro do júri do Prémio Internacional do Desenvolvimento Rei Balduíno.
Hélia Santos é investigadora e coordenadora do gabinete de gestão de projetos do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES). Tem mestrado em Sociologia, pelo Programa em “Pós-Colonialismos e Cidadania Global”, CES/Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra. Integra a equipa do projeto MEMOIRS na qualidade de estudante de doutoramento, com uma tese intitulada Paradoxos Coloniais: memória, pós-memória e esquecimento em narrativas de segunda geração. Tem vindo a publicar vários artigos sobre este tópico.
Liliana Coutinho é curadora e programadora de Debates e Conferências da Culturgest. Doutora em Estética e Ciências da Arte pela Universidade Paris 1, é investigadora do Instituto de História Contemporânea, da Universidade Nova de Lisboa. Escreve com regularidade, tendo coeditado o livro Paisagens Imprevistas (2020), e publicado, entre outros, “O delicado fio do comum”, in André Guedes, Ensaios para uma antológica (2016); “On the utility of a universal’s fiction”, in Gimme Shelter, Global Discourses In Aesthetics (2013). É Professora convidada na Pós-Graduação em Curadoria de Arte, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.
Sandra Inês Cruz é licenciada em Jornalismo pela Escola Superior de Jornalismo do Porto. Integrou a redação da RTP Porto entre 1993 e 2000, e a da TVI entre 2000 e 2003, tendo, a partir daí, trabalhado como freelance na coordenação, apresentação e realização de vários programas de televisão e como autora de vários documentários. Foi docente de Televisão (ESJ - Porto) e de Teorias da Comunicação (Escola Superior Artística do Porto). Fez uma pós-graduação em Direito da Comunicação pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1999), é mestre em Literaturas e Culturas Africanas e da diáspora pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (2010) e, atualmente, é estudante de doutoramento em “Pós-Colonialismos e Cidadania Global”, no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. É autora de vários livros de ficção.
Katia Kameli é artista visual e curadora. As visitas à Argélia durante a infância e o contacto com a família do pai marcaram-na profundamente. É diplomada pela Escola Nacional de Belas Artes de Bourges e tem uma pós-graduação “Le Collège-Invisible”, na Escola Superior de Artes de Marselha. O seu trabalho encontra visibilidade e reconhecimento na cena artística e cinematográfica internacional, bem como em exposições individuais e coletivas. Expressa-se de forma interdisciplinar através do desenho, fotografia, instalação e cinema. Em obras como Nouba (2000) Bledi a possible scenario (2004), Le Roman Algérien (2016), Stream of Stories (2016-2020) a artista explora conceitos como hibridismo e uma identidade construída entre lugares, a revisitação e reescritura, e o cruzamento entre passado colonial e presente pós-colonial. Vive e trabalha em Paris.
Jean-François Chougnet é Presidente do Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo (MUCEM) em Marselha. É licenciado pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris. Após os seus estudos na École Nationale d’Administration, foi nomeado para o Ministério da Cultura e, desde então, dedicou a sua carreira às políticas culturais. Foi diretor-geral do Parc et de la grande Halle de la Villette (Paris) de 2001 a 2006. De 2007 a 2011, foi diretor da Fundação Berardo, em Lisboa. Em 2011, tornou-se diretor-geral da Associação Marseille-Provence 2013, coordenando os eventos que promoveram a candidatura da cidade de Marselha a Capital Europeia da Cultura em 2013. Em 2014, foi nomeado Presidente do MUCEM, um museu dedicado à preservação, estudo, apresentação e mediação do património antropológico relacionado com a área europeia e mediterrânica.
Margarida Calafate Ribeiro é investigadora-coordenadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e responsável da Cátedra Eduardo Lourenço da Universidade de Bolonha/ Instituto Camões (com Roberto Vecchi). É doutorada pelo King ́s College, Universidade de Londres. Coordena os projetos de investigação MEMOIRS - Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias do Conselho Europeu de Investigação e MAPS – Pós-Memórias europeias uma cartografia pós-colonial (FCT). Das suas diversas publicações destaque-se: Uma história de regressos: Império, Guerra Colonial e pós-colonialismo (2004), e a co-organização de Geometrias da memória: Configurações pós-coloniais (2016), com António Sousa Ribeiro e Heranças pós-coloniais
Michael Rothberg é professor catedrático de Inglês e Literatura Comparada no Departamento Literatura Comparada na Universidade da Califórnia, Los Angeles. Coordena a Cátedra de Literatura Comparada e a Cátedra 1939 Society Samuel Goetz em Estudos do Holocausto, na mesma universidade. Os seus interesses de investigação passam pelos direitos humanos, estudos culturais, estudos do Holocausto, estudos de memória e trauma, literatura contemporânea e teoria crítica. Entre as suas publicações destacam-se The Implicated Subject: Beyond Victims and Perpetrators (2019), Multidirectional Memory: Remembering the Holocaust in the Age of Decolonization (2009) e Traumatic Realism: The Demands of Holocaust Representation(2000). Co-organizou diversas publicações como The Holocaust: Theoretical Readings (2003), e números especiais de revistas como Trump and the “Jewish Question”(Studies in American Jewish Literature), Noeuds de Mémoire: Multidirectional Memory in Postwar French and Francophone Culture (Yale French Studies), Between Subalternity and Indigeneity: Critical Categories for Postcolonial Studies(Interventions),States of Welfare(Occasion) eTranscultural Negotiations of Holocaust Memory (Criticism). O seu trabalho está traduzido em diversas línguas e publicado em algumas das mais conceituadas revistas científicas.
Miguel Magalhães é Diretor do Programa Gulbenkian Cultura desde 2021. Esteva na Delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em França entre 2011 e 2021, assumindo as funções de diretor a partir de 2017. Licenciado em Direito (Universidade Católica Portuguesa), fez um Master em Arts Management (City University, Londres) e integrou o Advanced Management Program na escola de negócios INSEAD (Fontainebleau, França). Foi membro da comissão de mecenato da Fondation nationale des arts graphiques et plastiques (França) durante o biénio 2016-2017, sendo atualmente membro do Conselho de Administração da Fondation Mattei Dogan (França). Foi professor convidado em diferentes universidades em Portugal e integrou a equipa docente do Curso de Gestão/Produção das Artes do Espetáculo do Fórum Dança (Lisboa).
Paulo Faria é escritor e tradutor literário. Licenciado em Biologia, dedica-se à tradução literária de autores como George Orwell, Jack Kerouac, James Joyce, Don DeLillo e Cormac McCarthy. Venceu, em 2015, o Grande Prémio de Tradução APT/SPA, com História em duas cidades, de Charles Dickens. Autor de crónicas publicadas no Público, revista Ler e Newsletter Memoirs, estreia-se no romance com Estranha guerra de uso comum (2016) um romance que constitui um exercício de resgate do passado paterno no conflito colonial em África. Esta busca continua, com uma viagem a Moçambique, no segundo romance, Gente acenando para alguém que foge (2020). Publicou recentemente Em todas as ruas te encontro (2021).
Vítor Belanciano é jornalista cultural, crítico de música e cronista. Está no jornal Público há mais de vinte anos. Tem formação em Antropologia e Sociologia. Viveu parte da infância em Niza, cresceu no Barreiro, vive em Lisboa, sente-se do Alentejo. Foi sendo, ao longo dos anos, ator, DJ, cientista social ou professor. Tem estado mais no jornalismo, mas não pratica imparcialidade e neutralidade. Acredita, isso sim, em escolhas, no rigor, na transparência, em expor pluralidade, na análise, no questionamento e na possibilidade de, através da cultura, misturar assuntos, atravessar linguagens, seja política, economia, sociedade, música, arte e ideias. É daí que nasce Não dá para ficar parado. Música afro-portuguesa − celebração, conflito e esperança (2020), onde tanto é observador distanciado como ator ciente. A música é o ponto de partida.
Zia Soares é atriz, encenadora e diretora artística do Teatro GRIOT. Foi uma das atrizes fundadoras do Teatro Praga, onde trabalhou de 1994 a 2000, como diretora, encenadora e atriz. Trabalha regularmente em Portugal, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. O seu percurso artístico passou pelo ballet e pela percussão com a Companhia Nacional de Ballet da Guiné-Bissau, pelas artes circenses, com a Amsterdam Balloon Company, e pelo teatro, com a Companhia de Teatro “Os Sátyros”, de São Paulo, Brasil. Em 2018 e 2019, criou e dirigiu as primeiras performances produzidas e interpretadas por mulheres negras em Portugal − “Gestuário I”, produção INMUNE (Instituto da Mulher Negra em Portugal), e “Gestuário II”, coprodução INMUNE/BoCA-Biennial of Contemporary Arts, as peças Luminoso Afogado e O Riso dosNecrófagos, e a performance MachimGang. Em cinema, trabalhou com João Botelho, Pedro Filipe Marques, Pocas Pascoal, Romano Casselis e Uli Decker. Colabora em projetos dos artistas visuais Kiluanji Kia Henda, Mónica de Miranda e Sofia Berberan.
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CURADORIA: Projeto MEMOIRS — Filhos do Império e Pós-memórias Europeias e MAPS - Pós-memórias Europeias: uma cartografia pós-colonial Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra
MEMOIRS é financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) no âmbito do Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação Horizonte 2020 da União Europeia (n.o 648624); MAPS é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT - PTDC/LLTOUT/7036/2020). Os projetos estão sediados no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
This panel discussion & exchange brings together refugee artists’ advocacy networks to discuss new models for resilient creative networks.
About this event
What are the strategies and challenges faced by refugee artists today? How can networks foster systemic change? How can we develop new frameworks driven by artistic vision created by refugee artists?
This panel discussion & exchange will bring together refugee artists’ advocacy networks to discuss new models for resilient creative networks, featuring grassroots organisations from the UK, France, Germany and Portugal.
This is an event for artists, scholars, cultural workers and policymakers, aiming to increase visibility and opportunities for refugee artists and groups, to share experiences and practices across geographic and cultural settings. The hybrid event will facilitate an open conversation on the role of networks in advocating change on various artistic and institutional levels, aiming to build alliances across research and the creative sector within and outside the UK.
This event is FREE to attend, and we welcome everyone who is interested in refugeedom and performing arts! Tickets are available to attend either in-person or online. Space for social distancing will be created for the live event. For those who attend in person, the event will end with a reception and networking opportunity lasting until 18:00. For those who choose to join us online, the link and details of how to join will be sent to you on the morning of the event(02/11/2021)
As conferências fazem parte das actividades realizadas no âmbito do projecto de investigação “Narrativa afroeuropeia no Portugal e na Itália pós-imperiais: a descolonização dos ‘colonialismos inocentes’ em Djaimilia Pereira de Almeida e Igiaba Scego”, desenvolvido por Alice Girotto na Universidade Ca’ Foscari de Veneza (Itália), que visa examinar, através da análise de dois pares de obras das duas escritoras, como a ficção afroeuropeia contribui para a descolonização do imaginário de Portugal e Itália, duas nações que são ao mesmo tempo marginais no campo dos estudos pós-coloniais e cuja auto-representação como antigas metrópoles benevolentes impede uma verdadeira reelaboração do passado colonial.
As três conferências enriquecem este tema com três olhares complementares sobre Portugal contemporâneo. Em particular, Patrícia Martinho Ferreira irá ligar a prosa poética da escritora contemporânea Djaimilia Pereira de Almeida à literatura africana anti-colonial da primeira metade do século XX. Enrique Rodrigues-Moura, por outro lado, centrará a sua atenção na construção da democracia portuguesa entre retornados, comemoração dos descobrimentos e lusofonia. Finalmente, Marta Lança irá oferecer uma perspectiva interessante sobre questões pós-coloniais no contexto artístico contemporâneo, problematizando alguns exemplos nos campos das artes visuais, artes performativas e cinema na última década.
Dias 21, 22, 23, 28,29, 30 de Outubro, às 19 horas, no Elinga Teatro. E dias 4, 5, 10, 11, 18, 19 de Novembro, às 19 horas.
Sinopse
Esta peça situa-se numa época de transição política e social, logo após a Independência de Angola, num quintal da zona antiga, dos primórdios da colonização da cidade de Benguela. São protagonistas algumas mulheres unidas por laços de família alargada tradicional. Celebram o regresso de um filho há muito exilado e confrontam-se com dramas individuais e colectivos de seres humanos expostos, na sua fragilidade, à inexorabilidade histórica.
Autora
ANA ANDRADE. Nasceu em Benguela e viveu a maior parte da vida em Luanda, onde actualmente reside. Estudou História, , trabalhou no Arquivo Histórico de Angola e em outras áreas do Ministério da Cultura como produtora cultural. No teatro trabalhou como atriz no Grupos de Teatro Tchingange, Teatro Xilenga, Teatro del Disgelo e Elinga Teatro de que é membro fundador. Fez adaptação de textos teatrais e realização para teatro radiofónico para a Rádio Nacional de Angola, traduções literárias e produção cultural para várias instituições. A sua obra “Largo da Peça” foi premiada pelo Concurso de Textos de Dramaturgia, do Projecto “Leituras Assistidas” do Centro Cultural do Brasil em Angola em parceria com o Clube de Leitura da Mediateca do Cazenga, em 2021.
Coordenação e produção
ORLANDO SÉRGIO. Nasceu em Malange. Estudou teatro no Conservatório de Lisboa e participou como actor em variadas peças teatrais de grandes companhias e em muitos filmes portugueses e angolanos. Em 2001 retoma a atividade teatral no Elinga Teatro de que é membro fundador e em outras associações, trabalha teambém em cinema e televisão como actor. Entre os seus trabalhos mais significativos como actor estão: “Othelo” de William Shakespeare como protagonista, Dir. de Joaquim Benite; Woza Albert”; “Disputa”—Marivaux ,Teatro Trindade Dir. João Perry; “A Missão” de Heiner Müller, Teatro Cornucópia Dir. Luís Miguel Cintra; “Quem me dera ser Onda”—M. Rui Monteiro, Elinga Teatro, Dir. Cândido Ferreira, Premio melhor peça do ano e melhor actor; as séries Conversas No Quintal, “Minha Terra
Minha Mãe” TPA; “Caminhos Cruzados” Óscar Gil Produções. No cinema, “O Herói”, de Zezé Gamboa; “Corte de Cabelo”, de Joaquim Sapinho. Para além de actor, Orlando Sérgio é também produtor.
Encenação
JOSÉ MENA ABRANTES. José Mena Abrantes nasceu em Malanje. Estudou Filologia Germânica em Lisboa, e em 1967 começou a fazer teatro com o luso-brasileiro Luís de Lima, o português Fernando Gusmão e o argentino Adolfo Gutkin. Com este último fez na Fundação Gulbenkian, em 1969, Cursos de Actuação e Direcção Teatral. Em Frankfurt/Main, dirigiu em 1973 o grupo La Busca, e foi assistente convidado do argentino Augusto Fernandez.
De regresso a Angola, foi co-fundador do Tchinganje, primeiro grupo a apresentar uma obra de teatro na Angola independente (28/11/75), e do grupo Xilenga (1976-1980). Criou em 21/5/1988 o grupo Elinga-Teatro, que dirige até hoje. Publicou vinte peças de teatro (uma delas em co-autoria com o português Rui Zink, o cabo-verdiano Abraão Vicente e o brasileiro Ivam Cabral), três livros de ficção, três de poesia e vários estudos sobre o teatro e o cinema em Angola. Membro da UEA e membro fundador da Academia Angolana de Letras. Vencedor do Prémio Sonangol de Literatura de 1986, 1990 e 1994. Vencedor ‘ex-aequo’ do 1o Prémio de Poesia da Associação Chá de Caxinde e do 2o lugar do Prémio PALOP’99 do Livro em Língua Portuguesa (2000). Recebeu em 2006 o Diploma de Mérito do Ministério da Cultura de Angola pela sua “significativa contribuição ao desenvolvimento da dramaturgia em Angola”. Prémio Nacional de Cultura e Artes em 2012, na categoria de Literatura.
ELENCO:
Personagens
Mãe Tai Michiko
Teresa Bombo
Filho
Cabral
Tropa 1
Tropa 2
Actores
Yolanda Viegas Luzolo Amor de Fátima
Luz Feliz Bernardete Mukinda
João Paulo Eleveny
Toke Esse Madaleno da Fonseca
Honório Santos
Equipa técnica:
Encenação e cenografia - José Mena Abrantes
Produção e Direcção de Actores - Orlando Sérgio
Iluminação e som- Paulo Cochat
Figurinos e maquilhagem - Anacleta Pereira
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Texto de Filipe Correia de Sá sobre a peça
Filipe Correia de Sá é escritor e jornalista e autor do livro “Tala Mungongo”, 1995, adaptado ao teatro pelo escritor e dramaturgo José Mena Abrantes e levada à cena pelo Elinga Teatro.
A propósito de “Largo da Peça”, de Ana Andrade….
O Largo da Peça é referido com tendo sido a primeira praça da cidade de Benguela. Para ali convergiam as caravanas dos negociantes de cera, marfim e borracha provenientes de zonas tão distantes como o Bié. Bordejada por casas comerciais e de habitação de considerado prestígio, centro comercial por excelência, foi também ponto crucial na defesa da cidade com a instalação, no século XIX, do canhão crismado de peça no local que depois virou jardim, já no século XX .
A tudo quanto sabemos sobre este Largo junta-se agora esta peça em 3 Actos de autoria de Ana Andrade. Benguelense, ela própria.
Aqui já dá para entender a fluidez deste trabalho literário, porque só alguém que tenha vivido profundamente imersa na realidade desta urbe podia colocar, assim, nas luzes da ribalta, um microcosmos que desfila perante nós uma época, que faz pressentir outras, e suas gentes, usando os ingredientes mais comuns do quotidiano, incluindo a multidimensionalidade das personagens que dão corpo a esta história. Fora de um tempo histórico, mas aflorando- o, definitivamente emergindo das águas profundas da arte da escrita.
Esta peça, subtraindo-se à história, vive do “garimpo” da prodigiosa memória da Ana Andrade, aliada a um evidente talento literário.
O termo “garimpo” tomei-o emprestado a Luandino Vieira que, numa entrevista ao jornal O Globo (17.11.2017) afirmava: “tenho as minhas memórias para garimpar”. A professora universitária e investigadora brasileira Adriana Mello Guimarães, que o cita, define Luandino como uma “espécie de mineiro do tempo interno da consciência”. Atrevo-me a tomar de empréstimo este conceito e a aplicá-lo a Ana Andrade.
“A vivência da infância só se tornou tema literário com a modernidade”. Foi Proust quem o celebrizou na sua monumental obra “Em busca do tempo perdido”. E, como recomenda a professora Adriana Mello Guimarães, no seu ensaio “ Luandino Vieira: O Mineiro Angolano da Memória” (Ensaios – União dos Escritores Angolanos) “cumpre entender como Agostinho e outros filósofos depois dele, e a exemplo de Bergson e de Husserl, que o tempo da consciência é um fluxo contínuo, uma correnteza em que pulsam, simultaneamente, o que foi, o que é e o que está vindo a ser. Daí o sentido da memória como modo de presença do que não mais existe, de coisas e factos vividos que, embora pertencentes ao passado, fazem parte (tanto quanto as coisas e factos previstos, sonhados, planeados ou apenas imaginados e que ainda não existem) do mundo real que experimentamos actualmente”.
Muita gente irá reconhecer o quintal desta peça, as personagens que nela figuram e recordará o manancial de histórias que a Ana vem contando aos amigos, quase como ensaio, pré-escrita do que temos aqui e agora. Gente que testemunhará que estas vivências vêm da infância e (a) foram seguindo ao longo da vida, se foram acumulando, e a foram construindo, transformando-se na longa mina onde a Ana Andrade foi garimpar para se transformar na autora desta obra literária.
E ao decidir transpor esse material para o papel depois de garimpado e lapidado, dele extraindo as partes mais preciosas ou adequadas à sua escrita, várias coisas aconteceram, entre as quais:
1. O Largo da Peça é de novo convocado ao campo da consciência, de forma inédita, e, com subtileza, devolvido ao tempo histórico, com a preciosa ajuda de um roteiro musical que nos devolve vozes como a de Milá Melo ou de Belita Palma, Artur Nunes e até Nelson Ned. E para mostrar como esse tempo histórico é respeitado, neste quadro de invocação de uma época, a palavra à autora:
“É comum, é quase obrigatório, que nos quintais de Benguela, esteja desde manhãzinha um rádio a tocar. Liga-se o rádio assim que se começa a regar o jardim, às 6 da manhã…
Então, haverá um rádio no quintal da peça que transmite o emissor provincial de Benguela, em 1976. Há a voz do locutor que apresenta o programa, que pode talvez ser de “discos pedidos” e passa a música que elas ouviam naquele tempo. (O estranho é que ainda agora ouvem quase as mesmas músicas… Benguela onde o tempo parou…). A emissão da rádio faz-se mais, ou menos audível ao longo da acção da peça. Há momentos em que é a protagonista principal.” Disse tudo.
2. Do Largo da Peça é extraída uma parte da sua geografia, um espaço que é também o mundo onde habitam os nossos fantasmas, não os que aterrorizam mas os que acalentam, avisam, aconselham, segredam ao ouvido, lá no fundo, queridos fantasmas, os seres que amámos e que povoam a nossa memória, com carinho e, às vezes, até, com revolta, porque nos abandonaram ou nos foram retirados, pela vida, pelo tempo.
3. As personagens deste quintal são cada uma delas um pouco de muitos dos muitos que tantos passos deram aqui, tantas histórias ouviram e contaram, tantas gargalhadas lançaram sob os ramos das árvores frondosas que davam sombra e frescura aos convívios, que tantas lágrimas secaram e engoliram, tantos olhares cruzaram, cúmplices, enamorados ou fugazes.
4. E este espaço e estas gentes, se atentarmos bem, são fibra de Benguela. Uma cidade aberta ao mundo, como nos sugerem de forma positiva os nomes de Tai e de Mishiko, a evocar lonjuras orientais e, de forma negativa, a ausência de Cabral geograficamente longe mas emocionalmente demasiado perto. Aliás, esta peça, para quem quiser garimpá- la, é rica em homenagens, que a autora também dedica sem dúvida a todos aqueles, e muitos serão, que com ela conviveram, e a quem desafia a entrar no jogo de descobrir o que está escondido ou à vista de todos, por exemplo, no nome de Mishiko ou no de Teresa Bombo. Se juntarmos todos os quintais como este do Largo da Peça, como num puzzle, reconstruiremos a cidade e, também, as nossas próprias memórias.
5. E muita atenção ao choque, à mudança, aos novos tempos, que levaram ao golpe de asa da autora, no final da peça, num desfecho a que ela dá corpo e segura com a firmeza da sua escrita, porque é inevitável, mesmo que parte de si possa parecer desmoronar com o muro do quintal ou assistir impotente ao desespero que se pressente na morte de Tai e no turbilhão dos ventos dos novos tempos que arrastam Aloísio, Camenino e arrebatam Mishiko.
Nesta peça, o tempo é o presente, embora este espaço já não exista, acabou porque assim tinha que ser, mas também porque talvez tenha deixado de haver quem pudesse cuidar dele. Mas esta dúvida esvai-se porquanto este quintal, com tudo o que implica, humana e sociologicamente falando, persiste em ser presente porque a arte lhe dá corpo e alguém, afinal, decidiu cuidar dele, pela memória que a escrita garimpa.
O que passo a concluir é de minha lavra porque me aproprio do labor da autora:
- O “Largo da Peça em 3 Actos” é um aviso para que cuidemos do que amanhã vai ser passado, porque nada existe só no presente e porque o passado se torna por vezes tão presente que até dói.
- É uma homenagem de grande quilate à cidade onde nasceu e que a viu crescer.
- É uma magistral demonstração de que uma cidade, um largo, uma praça, um quintal e suas gentes que de tal modo inspiram alguém, como a Ana Andrade, merecem como gratidão, serem invocados pelo talento de quem cresceu no seu seio, como é o caso.
- À Ana Andrade toda a nossa gratidão por nos permitir perpetuar memórias, assim, através da literatura, mesmo quando as implacáveis mudanças inevitáveis parecem ameaçar a existência desses imensos espaços e tempos para garimpar.”
Filipe Correia de Sá Luanda, 1 de setembro de 2021
2e Conférence internationale des africanistes de l'Ouest, 1947, Bissau. @ Collection de photographies IICT, INV. ULISBOA-IICT-MAEG31921
Le projet de recherche Photo Impulse invite à participar à une série de webinaires débattant des cultures visuelles coloniales et post coloniales.
Prochain webinar 27 Octobre 14:30 Session en français
Ombres et images-écrans de la colonisation
Par Joseph Tonda
Mercredi, 27 Octobre 14: 30
Le professeur Joseph Tonda nous parlera sur la « rencontre coloniale » qui n’eut pas lieu entre humains. Ce sont des ombres et des images-écrans qui se retrouvèrent sur un non-lieu, une chimère connue sous le nom de « continent noir ». Car sur ce continent de nulle part, ombres et images-écrans furent des monstres dont l’activité contre-nature prit le nom de civilisation et de progrès.
Joseph Tonda est professeur de sociologie et d’anthropologie à l’Université Omar Bongo de Libreville, au Gabon. Il est notamment l’auteur de Le Souverain Moderne: Le corps du pouvoir en Afrique centrale (Congo, Gabon) [Karthala 2005] et L’Impérialisme Postcolonial – Critique de la Société des Éblouissements [Karthala 2015]. Il est également écrivain littéraire et a publié Chiens de Foudre (ODEM, Libreville 2013, épuisé) et Tuée-tuée Mon Amour (LA DOXA éditions, Paris, 2017).
Photo Impulse est un projet de recherche développé à ICNOVA - Instituto de Comunicação da Nova, de NOVA FCSH, Lisbonne, Portugal.
Dom, 24 out, 11:00-16:30, Teatro São Luiz, Entrada gratuita
No próximo domingo, o Teatro São Luiz e a EGEAC juntam-se à iniciativa PARTIS da Fundação Calouste Gulbenkian para promover um dia de conversas em torno da Arte Participativa. Diferentes agentes da comunidade artística – programadores, público, jornalistas, artistas profissionais e artistas não-profissionais – são convidados a debater as oportunidades, os desafios e os riscos que nos traz esta forma de arte partilhada.
Estas conversas acontecem a par da apresentação do espetáculo Meio no Meio de Victor Hugo Pontes, no Teatro São Luiz, que resulta de um projeto desenvolvido durante os últimos três anos com o apoio da iniciativa PARTIS.
A sessão terá interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
A entrada é gratuita mediante levantamento de bilhete na bilheteira do Teatro São Luiz no próprio dia, a partir das 10:00 (até 2 por pessoa) ou online, na véspera, em bol.pt.
Programa
11:00 – 13:00 Novas vanguardas artísticas e sociais
Com Barbara Pollastri, Carla Flores, Madalena Victorino, Marco Martins, Mavá José, Victor Hugo Pontes / Moderação: Cláudia Galhós
14:30 – 16:30 Que lugar para a arte participativa na programação cultural?
Com Fátima Alçada, John Romão, Gonçalo Frota, Marta Lança, Marta Martins, Sara Ferreira / Moderação: Hugo Cruz
Ancorada no projeto da história atlântica, essa apresentação visa construir novas hipóteses a respeito da chegada à África de uma preparação indígena americana de milho chamada “chicha”, destacando o possível papel da diáspora africana na difusão desse conhecimento.
A chicha é um preparo usado na América Central e do Sul, feito a partir da fermentação dos grãos frescos de “maíz” americano. É uma bebida muito popular pelos benefícios nutricionais que possui e, em estados de alta fermentação, é usada para cerimónias como coroações ou funerais de reis.
De acordo com achados arqueológicos, o uso ritual da chicha na Bacia do Titicaca, Peru, data de 800-250 a.C. Dois mil anos depois, cronistas espanhóis do século XVI como Pedro Cieza de León, descreveram o uso vigoroso da chicha em rituais fúnebres em Nova Granada, Quito, Peru e Bolívia. Prontamente, os africanos, afrodescendentes e mestiços incorporaram essa bebida nas suas práticas cerimoniais, conforme demonstrado por vários julgamentos da Inquisição de Cartagena. Por exemplo, em 1647, a Inquisição acusou Anton Angola em Ocaña, Nova Granada (atual Colômbia), de adorar um crucifixo e oferecê-lo a uma chicha que bebia, enquanto dançava e cantava na sua língua angolana.
Curiosamente, do outro lado do Atlântico, na Ilha de São Tomé, uma narrativa de 1665 descreveu que os africanos produziam um vinho chamado chicha a partir do tipo de “milho” chegado das chamadas Índias Ocidentais. Mais intrigante é saber que a reconstrução genética do “maíz” de São Tomé, Togo, Benin e Angola feita em 2013, o ligou diretamente às variedades do norte da América do Sul e em particular a variedades colombianas.
Considerando que a Inquisição de Cartagena condenou muitos africanos a remar em galés que certamente voltaram aos portos africanos, a apresentação indaga como a diáspora africana retornada teria influenciado a difusão desta bebida, especialmente durante os séculos XVI e XVII, quando os navios escravistas privilegiaram a rota de São Tomé para Cartagena.
Nota biográfica da conferencista
Paola Vargas realiza o pós-doutoramento Newton da Academia Britânica no King’s College do Londres. A sua investigação concentra-se em compreender as resistências contra a escravidão e as contribuições culturais das mulheres e homens africanos e afrodescendentes nas minas de ouro de Antioquia, em Nova Granada (atual Colômbia), nos séculos XVI e XVII. É colaboradora do projeto Freedom Narratives (https://freedomnarratives.org/) dedicado a disponibilizar na internet as biografias das pessoas africanas que cruzaram o Atlântico durante o período do tráfico. Fez doutorado em História Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro com um ano de pesquisa no Centro de História da Universidade de Lisboa, e mestrado em Estudos Africanos no Colégio de México.