A restituição das obras: um passo decisivo no processo de descolonização

A restituição das obras: um passo decisivo no processo de descolonização Nas duas últimas décadas têm vindo a irromper no campo artístico obras e discursos que vêm sinalizando a urgência de questionar a presença do património artístico e cultural dos africanos, asiáticos e latino-americanos na Europa, problematizando e apelando para o fim deste “exílio forçado” como o designou um historiador senegalês, que representava o Ministro da Cultura do Senegal, Abdou Latif Coulibaly, no colóquio “Sharing Past and Future – Strengthening African-European Connections”, realizado no passado mês de Setembro, em Bruxelas, e organizado pelo AfricaMuseum e pelo Egmont – Royal Institute for International Relations.

A ler

23.12.2018 | por António Pinto Ribeiro e Margarida Calafate Ribeiro

Uma implosiva geografia exílica

Uma implosiva geografia exílica O que escreve Djaimilia Pereira de Almeida pode entender-se como poderosa ferramenta de transformação da visão da paisagem humana portuguesa, não se rasurando - antes reunindo-os um curativa convivência - os fragmentos dolorosos de uma história feita de frustrações e desilusões , de fracturas e distanciamentos e de ambíguos sentimentos.

A ler

21.12.2018 | por Inocência Mata

Os (re)usos do passado

Os (re)usos do passado uma necessária reflexão sobre os modos de absorção coletiva de fatos históricos traumáticos e de como revisões, inclusive bastante deformantes, podem acontecer através de releituras. Um reuso é uma reinscrição de uma imagem do passado na moldura de uma determinada, provavelmente outra, ideologia que tem interesse em evocar determinado passado para criar a sua contra imagem com pretensões hegemónicas e de impacto na opinião pública.

A ler

19.12.2018 | por Roberto Vecchi

“África é a última fronteira do capitalismo”, entrevista a Achille Mbembe

“África é a última fronteira do capitalismo”, entrevista a Achille Mbembe Atravessar fronteiras físicas e disciplinares é uma vocação de Achille Mbembe. A temática da passagem e do movimento é, aliás, uma chave para a sua compreensão da história e da cultura africanas. A sua perspectiva sobre o passado, o presente e o futuro de África implica ao mesmo tempo traçar uma genealogia da modernidade europeia, das categorias do pensamento que ela construiu, da racionalidade e da historicidade da figura do negro.

Cara a cara

19.12.2018 | por António Guerreiro

A urgência de uma política linguística africana contra colonial. Leitura de “Descolonizar o Espírito” de Ngũgĩ Wa Thiong'o

A urgência de uma política linguística africana contra colonial. Leitura de “Descolonizar o Espírito” de Ngũgĩ Wa Thiong'o E porque nenhuma luta, nenhuma descolonização, nenhum processo de libertação, nenhuma catarse será eficaz enquanto teorizarmos, produzirmos e arquivarmos conhecimentos e instrumentos de combate preterindo as nossas línguas-mãe, temos que ler e reler 'Descolonizar o Espírito', de Ngũgĩ wa Thiong'o.

A ler

17.12.2018 | por Apolo de Carvalho

Angola quer as suas bonecas de volta

Angola quer as suas bonecas de volta A discussão sobre a devolução de obras etnográficas, de valor artístico ou documental e até de despojos humanos aos países de origem não é nova, mas ganhou força redobrada há duas semanas com o anúncio da decisão de Emmanuel Macron de devolver ao Benim uma coleção de bronzes, retirados do país no final do século XIX no âmbito de uma expedição militar punitiva contra os reinos da África Ocidental.

A ler

13.12.2018 | por vários

AFROTELA na Casa Mocambo

AFROTELA na Casa Mocambo Um projeto da Afrolis - Associação Cultural que olha para afrodescendentes na tela e discute as representações disponíveis das nossas comunidades. Para a temporada de 2019 , a Afrolis convida o ator e realizador Welket Bungué a retomar o projeto fazendo a curadoria das sessões cinematográficas que serão feitas em ambiente intimista com uma regularidade mensal na Casa Mocambo.

Afroscreen

13.12.2018 | por vários

Estamos todos em perigo: razões e perspectivas da vitória eleitoral autoritária no Brasil

Estamos todos em perigo: razões e perspectivas da vitória eleitoral autoritária no Brasil Marchas, grupos, associações, festas, hortas, ocupações, ações e criações mil constituem a irrupção singular de novas subjetividades preta, LGBTQ+, trabalhadora, periférica, feminista, indígena, múltiplas que desperta medo (todos os levantes brasileiros foram seguidos de uma brutal repressão – a revolta do malês de 1835 como um dos inúmeros exemplos). O golpe (que segue) como uma peculiar contra-revolução, desencadeada pelo temor da exuberância vital dos corpos livres, insubmissos, descolonizados, não domesticados. Daí as reações identitárias (branca, masculina, heteronormativa) que pululam e os ataques constantes às principais esferas de atuação (cultura e educação) dessas emergências.

A ler

12.12.2018 | por Jean Tible

Formiga rouba diamante de uma ourivesaria na Índia - PRÉ-PUBLICAÇÃO de 'Lampreia Alerta'

Formiga rouba diamante de uma ourivesaria na Índia - PRÉ-PUBLICAÇÃO de 'Lampreia Alerta' Excerto de 'Lampreia Alerta', livro de contos da autoria de Ermelinda Freitas, com textos e desenhos baseados em notícias provenientes de vários media, mais ou menos recentes e insólitas, que envolvem animais ou falam da sua presença no espaço ocupado (também) por humanos. Inspirado no género fábula, Ermelinda traz-nos uma prosa diversa, concisa, leve e irónica, acompanhada por ilustrações fulgorosas.

Mukanda

12.12.2018 | por Ermelinda Freitas

Um lugar à mesa, por favor!

Um lugar à mesa, por favor! Proponho-vos um feminismo onde a palavra solidariedade não seja um ponto de comunhão das nossas semelhanças, mas sim um ponto de entendimento das nossas diferenças. Tal como nos propõe Awino Oktech no livro Queer African Reader, quando discute solidariedade como substituto de irmandade.

Corpo

11.12.2018 | por Paula Sebastião

O que vale uma estátua? Memória e descolonização mental em Moçambique.

O que vale uma estátua? Memória e descolonização mental em Moçambique. A memória é uma espécie de consciência seletiva do tempo, não se opondo ao esquecimento. A memória é uma interação entre a supressão e a conservação, sendo que restituição integral do passado é impossível uma vez que memória implica sempre uma seleção. O historiador Fernando Bouza cita mesmo um ditado africano que sintetiza o que foi referido sobre o modus operandi da memória: A memória vai ao bosque e trás de lá a lenha que quer.

Cidade

10.12.2018 | por Vítor de Sousa

Sim, europeus e afro-descendentes

Sim, europeus e afro-descendentes Salvo exceções de pioneirismo, só nos últimos anos se começa a ouvir e ler o prefixo “afro” nos diferentes fóruns europeus, com uma conotação positiva: das artes à academia, do associativismo e ativismo aos média e às redes sociais, das associações locais comunitárias às políticas europeias.

A ler

10.12.2018 | por Mónica V. Silva

A Vénus hotentote, o seu público e a ciência

A Vénus hotentote, o seu público e a ciência Chamar-lhe Vénus era já uma das muitas distorções que o mundo do espetáculo e a ciência da época tinham aplicado a Sarah. E acrescentar hotentote mostrava também como o europeu via o resto da Humanidade em função de si próprio: aquela palavra é uma onomatopeia que designa uma espécie de gaguez, porque os nativos africanos assim designados pareceram, aos primeiros colonizadores, ser gagos; ou talvez seja a fixação de alguns sons comuns da sua língua, que soavam como “hot on tot”. Desde que a Europa fez por se desalojar da posição que tinha concedido a si própria, a de centro do mundo, chamamos khoikhoi ao grupo étnico de que Sarah Baartman fazia parte, porque este próprio assim se designa, e khoisan à sua língua, porque é esse o nome que os khoikhoi lhe dão. Já não são gagos, ou melhor, nunca o foram. Numa era pós-colonial, dizer khoikhoi implica começar a ver os elementos desta população como eles se veem a si próprios.

A ler

10.12.2018 | por Vasco Luís Curado

Our Madness, de João Viana, em sala

Our Madness, de João Viana, em sala Lucy está internada num hospício em Moçambique. Sonha com o seu filho Zacaria e o marido Pak, soldado numa zona de guerra ao norte do país. Lucy toca um instrumento musical curioso: a própria cama. Aquela virtuosidade musical atrai a atenção das enfermeiras. Um dia a música passa num programa da Rádio Moçambique e Rosa Mário, pastora evangélica, vai ao hospital para conhecer a intérprete da canção.

Afroscreen

04.12.2018 | por vários

“Para nós, por nós”: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate

“Para nós, por nós”: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate Entre 2005 e 2018 podemos observar que o interesse pela criatividade do continente africano e das diásporas negras se ampliou bastante, a avaliar pelo número de iniciativas que, desde Lisboa, a fomentam. Este evento pretende fazer o balanço sobre o que realmente mudou em termos de criação, reflexão e acolhimento, seguindo processos singulares de afirmação de subjectividades. Queremos indagar como estamos no que toca à produção cultural afrodiaspórica desde Lisboa, debatendo as perspectivas de quem a protagoniza, e considerando as limitações do debate incipiente da sociedade portuguesa sobre o racismo.

Cidade

04.12.2018 | por vários

Uma raiva tão surda

Uma raiva tão surda "No Intenso Agora" João Moreira Salles questiona a memória, seja ela pessoal ou coletiva, e fá-lo a partir da perspectiva da pós-memória. Uma das principais questões do filme é a busca do narrador para entender como sua mãe foi feliz e viveu intensamente num dado momento de sua vida, quando viajou para a China em 1966 integrada numa delegação variada, para testemunhar transformações produzidas pela Revolução Cultural. Em vez de constituir um "interlúdio", pode-se dizer que o foco naquela viagem e as filmagens que sua mãe trouxe consigo poderiam ser uma, ou a, parte central de todo o filme. Mas isso também seria impor uma estrutura que o filme recusa.

A ler

01.12.2018 | por Paulo de Medeiros