Escravatura ou liberdade, homogeneidade cultural europeia e diversidade africana, desequilíbrios de género, criação de grupos intermediários são, pois, determinantes. Para Mintz e Price, o conceito de “crioulização” surgiu como um útil substituto de “aculturação” e “assimilação”, pois descreve uma expressão sincrética que leva ao surgimento de novas formas culturais, tal como no passado aconteceu na Europa.
A ler
06.05.2011 | por Miguel Vale de Almeida
Corpo, consumo, sexualidade, expressividade, festividade, colectividade, informalidade e ilegalidade serão assim analisados como os lugares centrais dos novos desafios, negociações, inovações e afirmações dos jovens contemporâneos de Cabo Verde, das suas formas de estar no mundo.
A ler
30.04.2011 | por Filipe Martins
A biblioteca da sala era composta por cinco livros: “Eva e a África” (?), “Portugal Amordaçado” (Mário Soares) , “O Barão Trepador” (Italo Calvino), “Lady L” (Romain Gary) e a Bíblia Sagrada. À direita ficavam os três álbuns de família; no lado esquerdo os pisa-papéis de água, com a Ópera de Sidney dentro, e as fotografias da família nas molduras e nos fundos da faiança, mandada gravar em Yokohama, por familiares embarcados, sinal de que haviam tocado um porto japonês (o Japão e o golfo Pérsico como última fronteira para os marinheiros crioulos).
Mukanda
12.04.2011 | por Joaquim Arena
Na música, o que faz sucesso no Brasil também faz em Cabo Verde. Basta entrar num autocarro na cidade da Praia para comprovar que, não fosse o zouk, a hegemonia seria verde-amarela, em várias rádios crioulas. Das letras melodramáticas do que no Brasil se chama “brega” (irmão do “pimba” português), aos alegres pagodes cariocas e axés baianos, jamais esquecendo “o rei” Roberto Carlos nem os temas da novela do momento, música brasileira é o que não falta.
Palcos
05.04.2011 | por Gláucia Nogueira
João Vário (João Manuel Varela, 1937-2007), poeta caboverdiano. Em toda a poesia deste autor encontramos o mesmo imenso obstáculo à decifração – perseverança na opacidade, que se gera pela reflexão que hesita e pela atenção ao que vem, o nascer do mundo, na sua irreconhecível e demasiado próxima escrita. Estamos perante uma afirmação da poesia como enigma desencadeador de enigmas, isto é, como pensamento inspirador de pensamento.
A ler
31.03.2011 | por Silvina Rodrigues Lopes
“O povo das ilhas quer um poema diferente
para o povo das ilhas:
um poema sem homens que percam a graça do mar
E a fantasia dos pontos cardeais”
Onésimo Silveira
Vou lá visitar
19.03.2011 | por Mário Alves
A sonoridade única da banda continua enraizada no intercâmbio musical de fusão histórica entre Cabo Verde e Senegal e na exploração de novos horizontes, com um som cada vez mais influenciado pelo afro-jazz, por vezes prestando homenagem à mazurka caboverdiana, mas ancorado nos ritmos quentes do Senegal e na tradição griot. Cantando em wolof e crioulo, numa voz peculiar, Mamadou dá cor à música acústica de fusão com letras que contam histórias, como um griot canta o passado. Como dizia a avó N’Gom, “uma canção que não conta uma história, que não transmite conhecimento e amor não é uma canção, é uma brincadeira”.
Palcos
18.03.2011 | por P.J. Marcellino
Explosões dos sentidos, êxtase do verbo. Tais sensações encontram-se após a travessia instigante, surpreendente e prazerosa pelos cinquenta e três poemas do livro de poesia de Filinto Elísio, com o etílico e sugestivo nome Li Cores & Ad Vinhos. Este é o seu quinto título em poesia; constata-se, comparando ao anterior “Das Frutas Serenadas”, o aprofundamento metafórico e a semântica concupiscente das palavras buscando novos significados que vão além dos sentidos inertes impostos pelo discurso estabelecido.
A ler
21.02.2011 | por Ricardo Riso
Desde o comércio à cultura, Cabo Verde sempre foi encruzilhada de um conhecimento global. Um bom exemplo desta mistura é a capital cultural, Mindelo. Como segunda maior cidade, com cerca de 70 mil habitantes, Mindelo vive de costas voltadas para a sua periferia. Estigmatizadas pelo desemprego crónico, estas recentes comunidades periféricas convivem diariamente com um universo de drogas, violência, carência, exploração laboral e abandono social.
Surpreendentemente, nada parece roubar o sorriso de esperança dos seus rostos, nem a sua vontade de celebrar a vida.
Afroscreen
04.01.2011 | por Miguel Pinheiro
“52 histórias” é um livro ilustrado evocando uma agenda perpétua onde, ao longo de 52 semanas, sucedem-se 52 histórias, rostos, direitos, geografias de coragem, dignidade, mas também de privação e de injustiça. “52 histórias” integra a colecção “Arquipélago” da ACEP, que procura novas abordagens de comunicação com a sociedade portuguesa para combater estereótipos e desocultar pessoas e iniciativas que geram mudanças no mundo de que somos parte.
Palcos
16.11.2010 | por Rita Vaz da Silva
Jorge Barbosa jamais foi ao Brasil; Ribeiro Couto jamais pôs os pés em Cabo Verde. "Eu gosto de você, Brasil, porque você é parecido com a minha terra. Eu bem sei que você é um mundão e que a minha terra são dez ilhas perdidas no Atlântico (...)"
Mukanda
17.08.2010 | por Jorge Barbosa e Ribeiro Couto
Prémio Camões 2009. Cabo-verdiano. Conde. Arménio Vieira no seu laboratório de criação: Pracinha do Liceu, Cidade da Praia. O que se segue não é um discurso milimetricamente estruturado e óbvio. É, antes, um desenrolar de frases, pensamentos e memórias às vezes desconexos e non sense na aparência, que evidenciam, nesse jeito irónico e mordaz, a dimensão humana e artística do poeta e ficcionista.
Cara a cara
12.08.2010 | por Pedro Cardoso
Desenvolver políticas de valorização do artista para evitar que um jovem pintor tenha que vender seus quadros para poder comprar tintas e pincéis para pintar novo quadro. Outro ciclo vicioso a ser quebrado é o do jovem talentoso que não consegue fazer uma exposição por não ser conhecido e não ser reconhecido por não fazer exibições.
A ler
22.06.2010 | por Odair Varela
Descoberta em 1462 por Diogo Gomes, S.Vicente manteve-se praticamente deserta até princípios do séc. XIX, apesar de várias tentativas de colonização, realizadas durante o séc. XVIII. Tentativas frustradas pelas secas que, numa ilha tão escassa em água potável, tornavam a sobrevivência praticamente impossível. Assim é que, em 1813, a população de S. Vicente, estava reduzida a um punhado de “aventureiros, pastores de rebanhos alheios, prostitutas e degregados”.
Cidade
17.06.2010 | por Ana Cordeiro
Gosto de me ligar à palavra e à música como fontes de inspiração. Histórias contadas por mulheres de Santo Antão sobre mulheres-gatos-feiticeiras e parteiras de sereias que vão ao fundo do mar, ao palácio dos “encantados” prestar os seus serviços recebendo três pedrinhas que se transformarão em ouro. Gosto imenso deste universo e aproveito para criar personagens para a minha arte.
Cara a cara
15.06.2010 | por Marta Lança
Aquilo que verdadeiramente lhe interessa é ter uma estória e alguém a quem a contar. A forma só lhe importa na medida em que serve o conteúdo e os recursos estilísticos ou linguísticos que utiliza estão submetidos às necessidades do enredo que é, de facto, a sua prioridade. Ele pertence à geração que teve o privilégio de entrar no mundo da ficção pelas palavras ouvidas e não pelas palavras escritas, e por isso não é de estranhar que essa marca da oralidade esteja tão claramente presente nas suas obras.
Cara a cara
15.06.2010 | por Ana Cordeiro
A jornalista paulista Gláucia Nogueira escreveu "O Tempo de B.Léza – Documentos e Memórias", um trabalho de pesquisa de documentos, discografia, entrevistas e episódios da vida do trovador e compositor B.Léza. O professor caboverdiano Brito Semedo comenta o livro.
Nós confirmamos: meio século depois, B.Léza, continua a encantar com as suas mornas e serenatas.
A ler
14.06.2010 | por Brito Semedo
Em qualquer lado onde se busque a influência política constata-se um vazio ideológico que castra ou mesmo mantém o país aquém do nosso verdadeiro potencial. Qualquer debate nesse sentido é permeado por falsas questões, negação e verdadeiros "braços de ferro" onde todos perdem. A questão do crioulo é um desses tabus que estamos a criar e que remetem para a questão África vs Europa e da identidade. Falsa questão!
A ler
02.06.2010 | por Amílcar Aristides Monteiro
Os Crioulos são línguas plenas, com um grau de complexidade, de dinamismo e de eficácia que em nada as distingue das restantes línguas naturais, como o Português, Inglês, Japonês ou outra, cujos recursos infinitos garantem a total satisfação das necessidades de comunicação dos seus falantes.
Apesar disso, ainda vão existindo demasiados equívocos quanto à competência destas línguas, nascidas há poucas centenas de anos do contacto entre línguas europeias e africanas.
A ler
28.05.2010 | por Fernanda Pratas
O Festival Mindelact, todos os Setembro em S. Vicente, é a época alta da temporada teatral cabo-verdiana. Em duas semanas, pode ver tantos espectáculos como nos restantes meses, e das 9 ilhas habitadas do arquipélago! Os grupos em actividade, sendo já conhecidos e tendo conquistado um público adepto, são cada vez exigentes. Mindelo, é, pois, o centro catalizador do teatro em Cabo Verde, ponto de encontro e confronto de diferentes caminhos traçados por uma paixão comum.
Palcos
20.05.2010 | por João Branco