Através do trabalho de Louise Narbo podemos interrogar esta relação de quem herda o olhar de um passado através de um outro. Ela sugere que o olhar do outro, que comporta em si certas capacidades, interfere na visão de quem o herda; que esse olhar, diminuído ou amplificado, pode nublar, embaciar, deformar a visão de quem o recebe; mas pode ao mesmo tempo constituir o motivo pelo qual o herdeiro desse olhar se interroga sobre essa visão que não é exclusivamente a sua, mas que também já não pertence exclusivamente àquele que lhe transferiu o seu olhar.
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23.03.2019 | por Fátima da Cruz Rodrigues
A imagem parece preservar a subjetividade e individualidade das pessoas fotografadas, a mulher e a criança. Mas o texto manuscrito vem perturbar a imagem, transformando esta mulher, num“tipo”,representativode“todas” as mulheres do norte de Angola em relação às quais o “Vitor” faz um comentário racista. Muitas destas imagens foram feitas em contexto de grande desigualdade – étnica, social, sexual. Mas a dignidade humana e o olhar da mulher sem nome, e da filha ou filho que leva ao colo, desafiam as palavras manuscritas que carrega às costas.
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07.02.2019 | por Filipa Lowndes Vicente
Antes de quaisquer pretensões estéticas, no entanto, interessa ao fotógrafo sobretudo agir com sinceridade e ser frontal – criar espelho. Por isso, aposta em tornar visível o que lhes reconhece: um “equilíbrio entre [a] dignidade, [a] autoridade e [a] vulnerabilidade”.
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08.10.2018 | por Madalena Dornellas Galvão
Estas fotografias permitem visualizar um período da história que moldou, profunda e permanentemente, a nossa contemporaneidade, e que sentimos grande relutância em abordar. Embora representem uma época na qual a fotografia era exclusiva de uma classe dominante, dádiva a que poucos acediam, no processo criativo de Jasse estes retratos são um importante legado. Para além da sua estética apelativa, permite-nos reunir os estilhaços da história hostil de um país, onde os sucessivos episódios traumáticos causaram um apagamento irreversível da memória.
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06.09.2018 | por Kiluanji Kia Henda
Uma visão antológica do trabalho do fotógrafo moçambicano, apresentado em dois núcleos diferenciados, explorando os seus temas de eleição e o itinerário dos lugares que percorreu e onde vive. Dão-se a conhecer peças de referência do percurso de Cabral mas também imagens esquecidas, direcções experimentais ou fotografias inéditas.
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21.04.2018 | por Alexandre Pomar
A exposição é organizada em seções, separadas por cor e classe, mostrando um mapa da África do Sul. O olhar é frontal, “eu te vejo e você me vê”. E nas fotos não há diferença de tratamento: branco ou negro, todos são (re)tratados da mesma maneira. Cada série de fotos do passado, feitas em preto e branco, é confrontada com um olhar a cores atual.
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05.04.2018 | por Fernanda Vilar
Inspirado na história e nas práticas da fotografia africana, o projeto Estúdio África promove uma série de ações voltadas para uma experiência estética original em Salvador. Ao longo do século XX, os africanos se apropriaram da técnica da fotografia e criaram uma estética própria, atualmente exposta nos mais importantes museus do mundo. A ideia é recriar estes espaços de experiência fotográfica como forma de aproximar os baianos da cultura do continente através da arte, simulando uma espécie de estúdio ao ar livre.
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06.10.2017 | por Goli Guerreiro
O Arquivo Fotográfico mostra Visão Yanomami, exposição no âmbito da Lisboa Capital Ibero Americana da Cultura 2017 que revela o quão intensa foi a ligação entre a fotógrafa brasileira e os ameríndios yanomami. É um namoro que já dura há mais de 40 anos.
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13.04.2017 | por Sérgio B. Gomes
A expansão da Literatura para o meio digital, porém, representa um processo diferente, no qual decorre a mecanização e alteração de objeto e não necessariamente de percepção. O cinema e a fotografia, cada qual a seu modo,possuem tempos diferentes que, para serem compreendidos, necessitam de percepções diferentes.Será o livro digital apenas uma alteração de formato ou também de significado?
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11.04.2017 | por Maria Isabel Machado
Diversas narrativas literárias e artísticas da época colonial refletem o trabalho do colonialista que coleta informações na floresta e as depõe em vitrinas de museus. O esforço para realizar um Museu de História Natural torna-se simétrico à narrativa hostil do olhar forasteiro, que coloniza mantendo-se à distância, remetendo um continente inteiro a Lugar das Trevas. A paisagem concebida pelo homem torna-se aqui ponto de partida para uma visão crítica que, para além de levantar questões sobre a narrativa histórica, rebate o discurso político que tem enorme impacto na construção de identidades modernas em África.
Mukanda
20.03.2017 | por Kiluanji Kia Henda e Lucas Parente
Ainda que desde o seu surgimento a fotografia tenha sido considerada uma forma de se guardar a realidade, está hoje claro que esta se aproxima do real tanto quanto qualquer outra modalidade artística. No texto, somos capazes de sentir a cumplicidade da criação, assim como na fotografia: nem tudo está dado à partida. Nos é permitida a colaboração criativa por meio da imaginação e da subjetividade; da sensibilidade que cabe à cada um, e que nos permite enxergar um mundo (ou vários) pertencente a um outro alguém, mas que ajudamos a construir. Por isso a construção da memória da metrópole e a industrialização possuem um retrato tão forte para a mente humana, pois encontramos registros em diferentes tipos de arte que influenciam umas às outras.
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20.10.2016 | por Maria Isabel Machado
Este é o Lugar / This Must Be the Place é a primeira retrospetiva do fotógrafo sul-africano Pieter Hugo (Joanesburgo, 1976), que desde 2003 retrata a vida quotidiana na África do Sul, bem como na África subsaariana, dois territórios que ele conhece particularmente bem.
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18.03.2014 | por vários
Com a proposta de se vislumbrar a materialidade dos “encantados” nos Pajés de Negro, religião praticada na Baixada Ocidental, borda oeste do Maranhão, nordeste do Brasil, este projeto retratou parte da vida material de entidades espirituais conhecidas sobretudo pelas práticas de cura. Tais práticas, ao contrário de outras manifestações religiosas, como o Candomblé, possuem um panteão de divindades (encantados), de origem “cabocla” (da mata, das águas doce ou salgada).
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28.07.2012 | por Ana Stela Cunha e Márcio Vasconcelos
A produtora de que faz parte, a enérgica Geração 80, nasce numa ótima altura: “o mundo está em crise, o dinheiro cada dia mais difícil para alguns, e a tecnologia cada dia mais acessível a todos.” Não depender de investimentos milionários para poder trabalhar na área, ser possível filmar com uma máquina fotográfica são vantagens dos nossos dias que descomplicam. Sérgio Afonso empenha-se em trazer novas imagens do seu país, nascido na vontade de criar uma nova Angola.
Cara a cara
15.06.2012 | por Marta Lança
Os corpos que Pierre Verger retratou são peitos, troncos e bundas enrijecidas pela história e pela vida dura. São homens açoitados pela escravidão numa Bahia que é graça, prazer, leveza, mas também luta. Após a idade de 30 anos, depois de perder a família, Verger assumiu a carreira de fotógrafo, usando uma máquina Rolleiflex.
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18.01.2012 | por António Nahud Júnior
Rostos fechados, tensos, encerrados no poço da sua feroz melancolia, presos nas malhas de uma profunda e reservada gravidade. Sob o véu da tristeza não há sorrisos cúmplices, olhares trocados, sinais de subterrânea alegria - cada um deles traz às costas o seu infortúnio pessoal, carrega a sua memória a arder, é o centro de uma dor intransmissível.
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04.12.2011 | por Paulo Ramalho
Actualmente é notório, em várias sociedades, o preconceito no que diz respeito ao cabelo natural dos negros. Na sociedade angolana, à semelhança de várias outras, o preconceito e a pressão exercida sobre quem usa o cabelo natural é gritante há vários anos e tende a ser cada vez maior.
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10.10.2011 | por Hindhyra Mateta
Desde 20 de Setembro de 2011 que uma certa febre amarela e vermelha tomou conta da rede social Facebook. Várias pessoas de várias idades e nacionalidades, maioritariamente cidadãos moçambicanos partilham a mesma fotografia de perfil: Um flyer amarelo e vermelho com um gigantesco número 30 em destaque.
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23.09.2011 | por Hindhyra Mateta
Quis mostrar uma visão de fora sobre os angolanos que nunca são vistos nas notícias, nas capas dos jornais, ou na imprensa cor de rosa. Não pertencem ao Jet Set, nem vivem na miséria que se pensa. São pessoas comuns, em várias situações do seu dia a dia, algumas pousando, outras entrando no momento certo no enquadramento ideal, e outras ainda a meio do seu trabalho ou lazer.
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18.08.2011 | por Joost De Raeymaeker
As obras de Seydou Keïta, Jean Depara, J.D. 'Okhai Ojeikere, Malick Sidibé e Ambroise Ngaimoko, presentes na coleção Gilberto Chateaubriand, constituem um recorte intrigante da ‘era de ouro’ da fotografia africana. As obras expressam projetos estéticos de qualidade que consolidam um olhar sobre a mentalidade e cultura africanas. Entretanto, é preciso compreender que a coesão das obras resulta, sobretudo, de condições semelhantes de produção. Nesse sentido, o título indica a necessidade de posicionar-se emotiva e criticamente, pondo em questão o mito da unidade do continente africano a partir da ambiguidade que caracteriza a fotografia: arte e ciência.
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04.05.2011 | por Cezar Bartholomeu