Para as mulheres, a poesia não é, pois, um luxo. É uma necessidade vital da nossa existência. Forma a qualidade da luz pela qual manifestamos as nossas esperanças e sonhos no sentido da sobrevivência e da mudança, tornando‐os primeiro linguagem, depois ideia, e depois acção mais tangível. A poesia é o modo como nomeamos o inominado para que possa ser pensado. Os horizontes mais longínquos das nossas esperanças e medos são calcetados pelos nossos poemas, esculpidos na experiência rochosa do nosso quotidiano.
Mukanda
08.11.2023 | por Audre Lorde
Lola & Mami - Um Fragmento de amor é a sua primeira curta-metragem. Nela explora as masculinidades tóxicas que habitam a cidade de Luanda, esses homens que tudo dizem poder e fazer, simultaneamente com uma auto-estima de rastos. Com guião e produção promovidos nas residências do Atelier Mutamba, pelo Kino Yetu (em português “nosso cinema”), teve a participação de vários realizadores como Gegé M'bakudi e Irene A’Mosi.
Afroscreen
08.11.2023 | por André Soares
Cumprida a função da poesia que em seu empenhamento político foi um modo de consciencialização, de resistência contra o colonialismo, e de luta pela independência de Marrocos, uma nova expressão poética, com o advento da independência, começa a tomar forma, criando o seu próprio espaço no panorama da poesia árabe. É neste contexto que se inserem as poetas que aqui se dão a ler, em pé de igualdade com a poesia escrita por homens, a qual, desde há séculos, detém uma preponderância incomensuravelmente maior.
Mukanda
08.11.2023 | por Zetho Cunha Gonçalves
"O objectivo desta reflexão é discutir os termos de (auto)identificação e de pertença em Portugal, através da localização da escrita de autoria afrodescendente no sistema literário português, cujo contexto é claramente português, sendo os seus autores sujeitos conscientes do deslocamento geográfico e psico-cultural, porém com um sentido de pertença claramente europeu – razão por que vêm sendo designados afropeus a sua escrita afropeia, evidenciando particularidades de uma diversa cenografia literária nacional que, em certa medida, desafia a visão hegemónica do “cânone literário” português." Inocência Mata
Vou lá visitar
06.11.2023 | por vários
Esta moda existirá há duas décadas em alguns países europeus, mas a outra perversão que resulta do conceito de Taye Selasi é a que permite que se exclua deste grupo de afropolitanos todos os africanos que não obtêm os vistos necessários para acederem às capitais europeias, todos aqueles que estão afastados dos circuitos do poder e da possibilidade de serem tomados como um novo exotismo.
A ler
03.11.2023 | por António Pinto Ribeiro
Esta noite, os mortos regressam à nossa dimensão. Dançam com os vivos. Lambuzam-se com as comidas preferidas e embriagam-se com tequila e mezcal. Na sua incorporalidade, chegam desde o inframundo, guiados pelo aroma das flores de cempasúchil, pelo fumo do copal e pela luz das velas dos altares e campas. Nos espelhos e nas fotografias reconhecem-se; nos objetos pessoais, materializam-se. Esta noite, a vida e a morte fundem-se num abraço nostálgico e espectral.
Vou lá visitar
01.11.2023 | por Pedro Cardoso
Tratando-se de um colonialismo moderno, iniciado em 1948, num período em que começou também o processo que poria fim a colónias, a tática da desumanização foi reproduzida pelo novo Israel. O Outro, neste caso o povo autóctone palestiniano, é, tal como foram os povos africanos ou os povos indígenas nos vários continentes, caracterizado como “animal”, como “verme”, e por outros nomes que tentam quebrar a tal “igualdade” a que nos convida a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ainda hoje, o uso destas catalogações inumanas do Outro serve para justificar a forma como é tratado, a violência que é exercida sobre ele, a humilhação lenta, a tortura, o assassínio – como se acabar com um animal fosse mais fácil ou justificado.
Jogos Sem Fronteiras
31.10.2023 | por Alix Didier Sarrouy
Tanto pode resultar, da leitura de um texto, a decisão de nunca mais voltar a ler nenhum, como a constatação de que o desespero e a dor que nos afligem, ou a revolta e o amor que nos entusiasmam, por não serem propriedade nossa, podem muito bem ser a afinação do encontro com os outros. E nesse encontro, subtraído à economia da produtividade, talvez se possa encontrar os leitores para lá dos clientes.
A ler
30.10.2023 | por Fernando Ramalho
Duramente atingida pela austeridade, radicalmente transformada pelo turismo, subitamente suspensa pela crise sanitária, a cidade de Lisboa sofreu profundas transformações durante a última década. Fruto de políticas que popularizaram a sua imagem enquanto cidade cosmopolita e de lazer, a turistificação e financeirização do espaço público e privado transformaram as formas de ver e viver Lisboa.
Cidade
24.10.2023 | por Catarina Botelho e David-Alexandre Guéniot
Ao aprofundarmos a reflexão sobre as lógicas coloniais ainda presentes em nosso cotidiano, revelamos a complexidade da verdade e a urgência de agirmos em consequência disso. Isso implica em abandonar posturas arraigadas e abrir mão dos privilégios associados à branquitude e à Europa. Essa renúncia pode ser o ponto de partida de negociação da realidade.
Corpo
24.10.2023 | por Marcela Pedersen
Não bastou o Estado ter demorado mais de 40 anos – mais do que a idade da maioria das vítimas – para tentar assegurar às vítimas o direito à identidade?Objetivamente, aquilo a que assistimos foi um exercício de crueldade, em que se reavivaram gratuitamente sentimentos de perda, de dor e de mágoa, com objetivos que nada têm de nobre.E se nenhum dos restos examinados corresponde às pessoas a quem se disse pertencerem, o que se passará com os restos mortais já entregues às famílias e enterrados sem exames prévios?
Mukanda
20.10.2023 | por vários
A gravidade do problema, como a ciência do Sistema Terra há tempos alerta, é de simples entendimento: as atividades predatórias, em vetores múltiplos de atuação na região amazônica – com forte influência do capital em demandas que transcendem as fronteiras – impactam no processo de ruptura deste complexo sistema, levando a uma irreparável destruição da Amazônia, com impactos sentidos à escala planetária.
Mukanda
16.10.2023 | por vários
Sendo a criação poética um acto visceral de questionamento da linguagem transcendendo-a pela própria linguagem em seu caudal multímodo – num trabalho minucioso de artesão implacável, através dos temas e motivos cujos ritmo e plasticidade musical se impõem ao Poema na sua irradiante carga metafórica –, o Poeta outra coisa não faz que não seja a recuperação absoluta e original do dizer primevo que na sua Obra afirma em estado de voz própria, pessoalíssima – porém, voz de dádiva à Humanidade sem nada pedir em troca, e de comunhão com cada Ser nos seus anseios, nas suas angústias, nas suas paixões, nos seus alumbramentos.
A ler
16.10.2023 | por Zetho Cunha Gonçalves
Fica uma sensação de lugar, como outros carregado de histórias, este um tanto à margem da narrativa política estatal. Sensação essa sublimada pela cuidada sonoplastia, na quietude como nos ritmos musicais que ali coabitam – dos cânticos kyangyang e pentecostais à broska e ao reggae, do funk
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11.10.2023 | por Inês Galvão
Todos nós éramos / todos nós fomos / excursionistas ocasionais / esporádicos caminhantes / das ruas sobreviventes / da mítica Cidade Velha
A ler
11.10.2023 | por José Luís Hopffer Almada
Os/as signatários/as expressam a sua solidariedade com o movimento curdo composto por crianças, jovens, mulheres, diversas identidades e o povo curdo em luta pelos seus direitos à autonomia e autodeterminação. E, através da nossa voz pessoal e coletiva, queremos que o mundo saiba o que está a acontecer no território curdo neste momento.
A ler
08.10.2023 | por várias
Exigimos que o Estado português, designadamente, o sistema de justiça, reconheça a motivação racial desta agressão. Exigimos que, de uma vez por todas, abandone um entendimento legal “minimalista” sobre o que se entende por racismo. Exigimos que rompa com o padrão de negação do racismo que tanto prejudica a vida das nossas crianças e jovens e a vida democrática deste país.
Mukanda
04.10.2023 | por vários
Uýra - A Retomada da Floresta, realizado por Juliana Curi, é a primeira longa-metragem brasileira documental sobre uma artista trans indígena amazónica e é uma obra que contribui para superar imaginários preponderantes e para o reconhecimento da diversidade das identidades amazónicas.
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02.10.2023 | por Anabela Roque
Os nossos relatos, ainda incompletos, resultam desse esforço enorme para recuperar memórias difíceis, organizá-las e narrá-las no pouco tempo que tivemos, enquanto equilibrávamos as várias dimensões da nossa vida (compromissos profissionais, pessoais e familiares; danos na nossa saúde mental e processos de cura; recomposição das relações quebradas entre nós em resultado do ambiente tóxico vivido; participação no debate público, que precisava ter a nossa voz; gestão do medo).
Mukanda
02.10.2023 | por várias
O cinema experimental e o cinema etnográfico foram historicamente considerados como práticas autónomas. Em Experimental "Ethnography: The Work of Film in the Age of Video", Catherine Russell debruça-se sobre os seus cruzamentos e examina a função da etnografia na “renovação” do cinema experimental. O ciclo de projecções e conversas Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo explora, nessa linha, os cruzamentos entre o cinema experimental e a etnografia através de uma cartografia de práticas e gestos cinematográficos desenvolvidos histórica e contemporaneamente na América Latina.
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25.09.2023 | por Raquel Schefer