Embora defenda sempre a necessidade de distinguir o pessoal do profissional, percebo que essa distinção hoje mostra-se impossível para mim. Não há como não me sentir, nesse momento, misturada ao tentar falar desse notável Desmedida, que ficou como um dos últimos legados deixados pelo Ruy Duarte. E dos mais valiosos para nós brasileiros. Porque a emoção é indisfarçável, eu antecipo o meu pedido de desculpas por não conseguir a dose de rigor que foi sempre uma das marcas essenciais do autor desse e de outros livros fundamentais.
Ruy Duarte de Carvalho
12.10.2010 | por Rita Chaves
Com a nova lei, os conteúdos curriculares devem abordar a História da África e dos Africanos, considerando a luta dos negros no Brasil, a cultura negra e o(a) negro(a) na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição que deram para o desenvolvimento e crescimento das áreas social, econômica e política, tendo em vista uma educação que articule a garantia dos direitos sociais e o respeito aos direitos humanos.
A ler
12.10.2010 | por Shirlei C. Victorino
A diferença é que o negro no Brasil sente-se brasileiro e em Portugal sente-se imigrante, fazem-nos sentir assim. O governo português diz que está a promover a integração, mas de que forma, se somos excluídos de todos os sectores da sociedade? Mas há também o reverso da moeda: o que é que os actores negros fazem para contrapor esta situação? - reflecte o actor angolano, sediado em Portugal.
Cara a cara
11.10.2010 | por Marta Lança
O papel de mediação do etnógrafo, o sujeito “ocidental”, o viajante, colocado entre os mundos de partida e as culturas de contacto, apresenta uma flagrante afinidade com o perfil itinerante dos autores de ficções africanas, em diferentes momentos da História recente. De formas distintas, muitos destes autores preocuparam-se em transmitir imagens e conteúdos representativos das culturas a que estavam expostos, tanto a partir de universos de localização regional como de contextos marcados pela experiência urbana, em boa medida cosmopolita.
Ruy Duarte de Carvalho
08.10.2010 | por Ana Maria Mão-de-Ferro Martinho
Na tentativa de estetizar o banal e de pintar aquelas que ele denomina de “superfícies menos convencionais”, o artista apropria-se de um conjunto de “acessórios” que são necessários para que os “novos heróis urbanos” evitem as agruras da vida do dia-a-dia, em Luanda: o banco da kinguila, a caixa do engraxador e o carro do roboteiro são (re)decorados à sua maneira, alterando as suas funções de origem
Cara a cara
08.10.2010 | por Adriano Mixinge
René Tavares traduz em traços, linhas e manchas uma síntese pessoal da sua própria identidade, sempre em processo (“inacabado”), posicionando-se em constante movimento entre referências passadas e presentes.
A última exposição do artista santomense na Galeria Bozart (Lisboa).
Cara a cara
07.10.2010 | por Lúcia Marques
1998
a cidade de Bissau
gritou sem socorro
enquanto os homens lhe batiam,
Bissau continuou gritando
a sua dor e maldizer...
os filhos refugiaram-se
no regaço da morte
nos destinos incertos
esperanças frustradas
Mukanda
07.10.2010 | por Eliseu Ié
Entrevista a Admas Habteslasie a propósito do seu apaixonante “Limbo”: um trabalho fotográfico de grande fôlego que explora as paisagens e certos aspectos da história recente da Eritreia através de três capítulos sucessivos: Passado, Futuro e Presente. Na tradição da fotografia documental, Habteslasie constrói uma obra sensível e vigorosa sobre um país mal conhecido.
Cara a cara
07.10.2010 | por Marian Nur Goni
Ao primeiro dia de Setembro deste ano, a população dos subúrbios de Maputo, maioritariamente jovem, saiu à rua para protestar. O aumento do preço dos bens essenciais impostos pelo Governo moçambicano serviu de mote. No rescaldo de violentos e mortais confrontos com a polícia, um mês após a “greve”, estes são alguns ecos daquilo que os jovens de Maputo estão a dizer.
Cidade
06.10.2010 | por Joana Simões Piedade
Entrevista ao realizador Joaquim Lopes Barbosa, autor de "Deixem-me ao menos subir às palmeiras…", filme rodado em Moçambique, proibido antes do 25 de Abril de 1974, que nunca teve estreia comercial, só raramente foi projectado, permanecendo quase desconhecido e pouco referenciado em termos de história do cinema. Um cineasta para quem “o cinema deve ser uma frente de guerrilha, actuando o mais positivamente possível, contra os tabus, as morais duvidosas e os lugares-comuns bafientos e anacrónicos”.
Afroscreen
03.10.2010 | por Maria do Carmo Piçarra
Os “sobrados” são as últimas casas que datam do tempo da escravatura. “O soalho destas casas era feito com a madeira com a qual se enchiam os porões dos navios de escravos que voltavam vazios do Brasil”, conta Ângela Mingas. “E as paredes eram em adobe (uma técnica à base de terra crua), fabricados com uma mistura de terra e de conchas apanhadas pelos pescadores da Ilha. São características que já não se encontram …” e cujos últimos vestígios estão em vias de desaparecer: “Em três anos, metade dos sobrados que restavam em Luanda foram destruídos. Hoje só restam 14…”
Cidade
01.10.2010 | por Cécile de Comarmond
A música, na Angola colonial, era escrita na dor, em privado, e torná-la pública era torná-la colectiva. O som e talvez até o processo, atraíam os brancos e no ínicio dos anos 70, num revirar irónico da narrativa lusotropicalista, muitos foram até aos musseques para ouvir os Ngola Ritmos e outras bandas populares. Afinal, era a música angolana e os africanos que produziam a cultura, tãp cosmopolita como africana, que atraía as audiências europeias.
Palcos
30.09.2010 | por Marissa Moorman
Guerra Manuel foi um dos primeiros jornalistas negros em Moçambique. Entrevistou Malagantana, Ricardo Chibanga e Lindo Lhongo na década de 60. Todos eles jovens no início das carreiras. Ao entrevistar estes jovens pretendia dar a conhecer ao mundo o talento e a capacidade artística dos moçambicanos, numa época em que estes não eram valorizados e nem havia espaço na imprensa colonial.
Cara a cara
30.09.2010 | por Rui Guerra Laranjeira
Em Bab Sebta, o campo surge não só como um lugar vazio de sentido, de passado ou de história, mas também como um lugar onde os refugiados se insurgem com actos de fuga permanentes, dando lugar à afirmação individual e à afirmação enquanto seres humanos dignos de potência. O corpo é, contudo, a única arma de resistência, uma vez tiradas quaisquer outras possibilidades de acção ou reacção.
Afroscreen
29.09.2010 | por Rui Manuel Vieira
Muitas das razões do êxodo reverberam aliás nas próprias palavras e na experiência pessoal dos indivíduos que se nos dirigem em Bab Sebta: a história de colonialismo e as relações privilegiadas que os antigos territórios administrados mantêm com as respectivas potências administrantes, frequentemente sobre a forma de neo-colonialismo; o carácter corrupto de muitos regimes de nações africanas e a perfeita indistinção entre economia e política que neles vigora; a força geradora das redes sociais mantidas entre emigrantes e co-nacionais nos seus territórios de origem; ou a ascendência cultural e a socialização prévia aos países industriais do Norte a que são submetidos potenciais emigrantes, por força das já-não-tão-novas-como-isso tecnologias de comunicação.
Afroscreen
29.09.2010 | por Frederico Ágoas
Terminou mais um Mindelact, festival internacional de teatro do Mindelo, a 16ª edição. Na memória fica uma avalanche de emoções e momentos únicos. Para sempre fica também a experiência humana e artística. O festival oferece uma variedade tonificante de espectáculos e registos, alguns menos conseguidos, mas sempre de grande entrega, outros sumptuosos acontecimentos de arte:
Palcos
28.09.2010 | por César Shofield Cardoso
Em 1961, com todas as "leis" segregacionistas no sul dos E.U.A. que, entre outras barbaridades, não permitiam que negros e brancos dividissem do banco do ônibus aos bebedouros e assentos em bares e restaurantes (relacionamento amoroso nem pensar), um grupo de negros e brancos, homens e mulheres, ingressam em ônibus de turismo para chegar a Nova Orleans passando pelos Estados mais racistas da América.
Afroscreen
27.09.2010 | por Clementino Junior
Dados à estampa em 2010 e referindo-se ao ano de 2008, os Cahiers de Littérature Orale dedicam os seus números 63 e 64 a estas questões: performance, memória, multimédia e internet. Coordenados por Brunhilde Biebuyck, Sandra Bonard e Cécile Leguy e dirigidos por Geneviève Calame-Griaule, estes cadernos têm-se afirmado como uma das mais importantes revistas dentro do panorama da literatura oral, convidando especialistas de várias áreas, com especial ênfase para a literatura, a linguística e a antropologia, com o objectivo de reflectir sobre os desafios que esta disciplina em geral tem vindo a enfrentar.
A ler
27.09.2010 | por Cátia Miriam Costa
Pelo quinto ano consecutivo o Festival do Filme Documentário, Dockanema 2010, realizou-se em Maputo para continuar a trazer às sala de cinema moçambicanas realidades do mundo que, de outra forma, correm o risco de ficar no esquecimento. Em relação às nossas estórias e à nossa História, como sociedade, temos a obrigação de exercer constantemente esse dever de memória. Somos a nossa memória, sem memória passamos a não saber para onde caminhamos, sem rumo, como zombies”, defende Pedro Pimenta.
Vou lá visitar
27.09.2010 | por Joana Simões Piedade
A vida e obra de Mestre Paulo Kapela têm um lugar de excepção no contexto artístico no boom da capital de Angola. O artista é um fugitivo no seu próprio país, um Mukongo do Uige que veio para Luanda em 1996. Tornou-se um mestre artístico e espiritual para a nova geração de artistas, apesar de mal falar português, expressando-se mais em francês. É um personagem carismático pelo seu modo pouco ortodoxo de viver e o seu universo muito pessoal.
Cara a cara
24.09.2010 | por Nadine Siegert