Amina Mama: sobre feminismos africanos

Amina Mama: sobre feminismos africanos O feminismo continua a ser um termo positivo, baseado no movimento, e eu estou feliz por ser identificada com ele. Indica uma rejeição da opressão, a luta pela libertação da mulher de todas as formas de opressão, interna, externa, psicológica e emocional, sócio-económica, política e filosófica. Gosto do termo porque me identifica com uma comunidade de mulheres radicais e auto-confiantes, muitas das quais admiro, tanto como indivíduos como pelo que contribuíram para o seu desenvolvimento. Estas referências são mulheres africanas, asiáticas, latino-americanas, do Médio Oriente, europeias e norte-americanas de todas as cores e tendências, passadas e presentes.

Cara a cara

27.07.2021 | por Elaine Salo

“O cinema para uma luta anti-racista”, entrevista a Joseph da Silva

“O cinema para uma luta anti-racista”, entrevista a Joseph da Silva O cinema militante tem precisamente o objetivo de, através da força das imagens, mostrar a realidade sem a suavizar para que se tenha em conta a real dimensão dos problemas e a partir daí suscitar o espírito crítico, em última instância para procurar soluções, mas em primeira instância para possibilitar abrir portas à consciencialização da existência desse problema. O cinema tem esse papel e tem essa importância de, através da força das suas imagens, da força da sua linguagem, retratar realidades, retratar personagens que dão a dimensão que nos falta no nosso dia a dia para entendermos o real problema que as comunidades marginalizadas enfrentam diariamente.

Cara a cara

19.07.2021 | por Alícia Gaspar

A afasia colonial e as encruzilhadas da memória

A afasia colonial e as encruzilhadas da memória A descolonização, iniciada com a resistência dos povos colonizados, teve no 25 de Abril uma data marcante. O golpe feito revolução resulta diretamente da derrota política na guerra. A ele se sucedeu o fim do império em África e um processo revolucionário do qual a democracia portuguesa é herdeira. Neste sentido, uma boa ocasião para debater e estimular novas políticas públicas da memória sobre o passado colonial será, certamente, o próximo ciclo comemorativo do 25 de Abril.

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19.07.2021 | por Miguel Cardina

Novo Arquivo para a História das Lutas de Libertação em África

Novo Arquivo para a História das Lutas de Libertação em África A partir do dia 14 de Julho está aberto ao público o portal da Associação Tchiweka de Documentação (ATD) colocando online uma grande parte do arquivo que, desde 2006, o seu Centro de Documentação tem vindo a gerir, organizar e ampliar.

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13.07.2021 | por Associação Tchiweka de Documentação

Ka Ta Kusta Nada: oficina hip-hop Xalabas e a indigenização do rap

Ka Ta Kusta Nada: oficina hip-hop Xalabas e a indigenização do rap O rap é hoje uma das expressões culturais e juvenis mais poderosas em África, por onde as velhas identidades africanas têm sido desconstruídas e reconstruídas, consolidando-se na voz de mudança e representação de um futuro de esperança. Charry afirma que o rap surgido em África na segunda metade dos anos de 1980, não veio de nenhuma tradição africana, mas de uma imitação direta do rap norte-americano. A sua indigenização deu-se efetivamente apenas na terceira geração dos rappers africanos, através de uma conexão orgânica com as tradições locais.

Palcos

04.06.2021 | por Redy Wilson Lima

Restituição e Reparação na identidade pós-conflito

Restituição e Reparação na identidade pós-conflito Com base em estudos de caso e debates, a Associação Cultural Mbenga, em conjunto com a Oficina de História (Moçambique), pretendem reintroduzir conceitos de "restituição" e "reparação" no contexto contemporâneo da nossa história. Observando como estes conceitos emergem hoje em dia na cultura literária e artística, bem como na nossa investigação jornalística e académica, será desenvolvido um conjunto de temas em diversos formatos, tais como webinars, exposições e filmes. Com o objectivo de depurar a importância destes conceitos para uma identidade pós-conflito em Moçambique.

Mukanda

02.06.2021 | por vários

Cabo Delgado: "É preciso parar a guerra"

Cabo Delgado: "É preciso parar a guerra" Quando me falavam em genocídio, eu perguntava-lhes porque utilizavam essa palavra, já que não estavam a ser mortos. Uma senhora olhou para mim e perguntou-me se há pior morte do que estar vivo e não poder viver onde se quer. “Era melhor que nos dessem um tiro, porque aí não sofríamos tanto. As árvores onde eu ia fazer os meus ritos e as minhas orações estão lá. Os sítios onde enterrei as placentas quando os meus filhos nasceram ficaram ali. Os meus mortos, os meus ancestrais ficaram lá”, dizia-me.

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30.05.2021 | por Mariana Carneiro

“Uma breve revisitação do cinema angolano” para ver, em junho, no Arquiteturas Film Festival

“Uma breve revisitação do cinema angolano” para ver, em junho, no Arquiteturas Film Festival O Arquiteturas Film Festival vai levar até ao Cinema São Jorge, em Lisboa, uma seleção de onze filmes produzidos em Angola, o país convidado desta oitava edição do festival, que se realiza entre os dias 1 e 6 de junho. Para além da programação cinematográfica, o café do Cinema São Jorge receberá um ciclo de debates intitulado “África Habitat”, bem como as instalações dos angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira. Os cineteatros de Angola estarão também em destaque numa exposição organizada por Afonso Quintã, a partir de material do Cine-estúdio do Namibe, do arquiteto José Botelho Pereira.

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27.05.2021 | por Flávia Brito

“O perigo de uma história única”: a construção da identidade africana negra no romance Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie

“O perigo de uma história única”: a construção da identidade africana negra no romance Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie Durante muitos anos, ouvimos histórias sobre o continente africano -as suas guerras, catástrofes, doenças e fomes- que se tornaram a única verdade sobre África. É importante sabermos que cada história tem dois lados, e nunca podemos ouvir apenas uma das versões.

Mukanda

25.05.2021 | por Neusa Sousa

Octopus e Miopia, de Ilídio Candja Candja

Octopus e Miopia, de Ilídio Candja Candja Face a uma degradação progressiva que representa a evolução das atitudes actuais mascaradas da globalização relativamente às culturas e, consequentemente, relativamente às religiões africanas e outras não europeias, tal culminou na negação absoluta da religiosidade das populações dessas imensas regiões ou no reconhecimento dessa religiosidade, embora seja um reconhecimento tímido, mesmo nos nossos dias.

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06.05.2021 | por Rafael Mouzinho

Negros na URSS: as crianças da África Soviética procuram a sua própria identidade

Negros na URSS: as crianças da África Soviética procuram a sua própria identidade “Quanto sabemos sobre a nossa herança africana varia de indivíduo para indivíduo,” diz Johnson Artur. O que têm em comum, contudo, é a história de luta contra a resistência deparada face à presença de pessoas negras na Rússia. “Aqueles que cresceram e vivem na Rússia ainda têm de justificar no dia-a-dia o facto de eles também serem russos.” Johnson Artur espera que seu projeto contribua para conectar e tornar visível a geração de negras russas que cresceram chamando o país de casa.

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23.03.2021 | por Red Africa

Art Melody: hip hop rural e combativo

Art Melody: hip hop rural e combativo O hip hop africano, como no resto do mundo, tira referências e imita sons da cena americana. Uma vez que é o berço do estilo e onde a sua produção está centrada, é lógico que seja este o caso. E embora o rasto do hip hop americano seja demasiado longo, há artistas do estilo que tentam seguir o seu próprio caminho e adaptá-lo ao seu próprio contexto. Art Melody, um nativo do Burkina Faso, é um caso paradigmático. A sua carreira, que começou depois de uma viagem sem sucesso e truncada à Europa por terra como imigrante ilegal.

Palcos

25.02.2021 | por Javier Mantecón

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 5)

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 5) Os amigos tugas dos chefes dos tugas estão a despedir muitos tugas, coitados, e quando isso acontece sempre mandam os tugas coitados emigrar. Por exemplo, há não muitos anos, um chefe tuga chamado Caço Coelhos também fez o mesmo, deu muito dinheiro aos seus amigos tugas donos dos bancos e despediram os tugas coitados e mandaram-nos emigrar. “Vá!, todos para o Norte, emigrem para a Europa, saiam da Tugalândia.”

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21.02.2021 | por Marinho de Pina

N’gamabô

N’gamabô É costume ver-se inúmeras pessoas agrupadas na rua durante qualquer horário do dia e da noite simplesmente a falar, trocando ideias ou jogando jogos de mesa. Crianças de todas as idades a praticar desporto durante várias horas seguidas. Crianças construíam bicicletas da madeira desde raiz. Inacreditável. Crianças a brincar com fisgas. Lembro-me de pensar, esta felicidade não tem comparação. Algumas destas diferenças culturais provinham certamente da minha subconsciente postura etnocêntrica, muito forte na adolescência. A viagem ajudou-me a ser mais humilde comigo próprio e com os outros e, além disso, a perceber as diferenças entre seres humanos idênticos mas diferentes em tanta coisa.

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10.02.2021 | por Álvaro Amado

(Des)controlo em Luanda: urbanismo, polícia e lazer nos musseques do Império

(Des)controlo em Luanda:  urbanismo, polícia e lazer nos musseques do Império O racismo entre as duas comunidades dividia, de cima a baixo, a sociedade luandense, do poder judicial ao comércio que se fazia no interior dos musseques. A retórica usada pelo procurador, ao tentar abanar os alicerces sociopolíticos dessa justiça racial e ao pôr a descoberto a hipocrisia, o subjetivismo e a parcialidade dos juízes, invocava três imagens sobre o mesmo espaço: o recorrente dualismo entre a cidade branca e a cidade negra; um roteiro da modernidade urbanística conspurcada pelo terrorismo e a geografia punitiva do império.

Cidade

04.01.2021 | por Bernardo Pinto da Cruz, Nuno Domingos, Diogo Ramada Curto, Juliana Bosslet, Marcelo Bittencourt e Pedro David Gomes

África: negligência e demolição

África: negligência e demolição Nas últimas décadas, o conflito na África subsariana não só devastou as aldeias e criou campos de refugiados em lugares dispersos, como também transformou as cidades e vilas onde agricultores aterrorizados procuravam segurança e oportunidade. Apesar dos subúrbios desordenados – fruto de um crescimento urbano não planeado – não escaparem à visão dos gabinetes das autoridades do Estado e das instituições de apoio internacional, estas organizações não têm abordado a relação entre conflito e urbanização. Tal negligência compromete a reconstrução pós-conflito, desperdiça oportunidades para o desenvolvimento e arrisca-se a quebrar uma paz muito débil.

Cidade

02.01.2021 | por Simone Haysom

Um abraço em escuta

Um abraço em escuta Os angolanos e angolanas têm-se construído socialmente também fora de Angola e em diálogo com o mundo. Nessas partidas e chegadas levam uma bagagem do intangível, o imaterial: a intuição, a fé, a dança e o olhar triste e profundo da permanente incerteza. E o sorriso como resistência última de se esconder a tristeza, os infortúnios da vida. Talvez à chegada e na partida não seja preciso falar muito. Talvez seja preciso escutar em silêncio e num abraço. Um abraço em escuta.

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21.12.2020 | por André Castro Soares

Construir uma parceria UE-África entre iguais

Construir uma parceria UE-África entre iguais A construção de uma parceria mais forte e mais estratégica com África também obrigará os países da UE a abandonarem a sua obsessão com a “ameaça” das migrações e a reconhecerem a importância estratégica do continente. Um debate sincero sobre a expansão das vias judiciais para garantir a mobilidade, nomeadamente as migrações circulares, seria benéfico.

Jogos Sem Fronteiras

17.12.2020 | por Carlos Lopes

Arte e cultura: aprendizagens informais na Afro-Lisboa

Arte e cultura: aprendizagens informais na Afro-Lisboa A forma como as práticas artísticas estimulam aprendizagens informais entre os jovens da periferia de Lisboa é a principal preocupação deste artigo. A partir de três bairros “racializados” – Arrentela, Cova da Moura e Quinta do Mocho –, enquadramos algumas das mais inovadoras produções artístico-culturais para debater a escola, o racismo, as desigualdades e os engajamentos político-cidadão. Numa Afro-Lisboa que tarda em assumir a agência das populações afrodescendentes, arte e cultura se tornam instrumentos privilegiados para reconfigurar o papel da “raça” nas questões relacionadas à cidadania, marginalidade e educação no Portugal pós-colonial.

Cidade

10.12.2020 | por Otávio Raposo

Fomos para África, só que agora cá dentro

Fomos para África, só que agora cá dentro Em 1998, Portugal ainda era a ex-metrópole naïve que festejava os Descobrimentos na inconsciência de que haveria uma ressaca do dia seguinte, e de que até o Padre António Vieira se tornaria tóxico. Vinte anos, algum pós-colonialismo e muito kuduro depois, África tornou-se um sujeito e um objecto recorrente nas práticas artísticas que irradiaram de Lisboa para o resto do país — ou, nalguns casos, do resto do mundo.

Jogos Sem Fronteiras

10.12.2020 | por Inês Nadais