O hotel traz consigo a simbologia da viagem, dos trânsitos diaspóricos, é um dos elementos arquitectónicos recorrentes nas explorações da artista. Em Hotel Globo (2015), obra que tem como ponto de partida o hotel construído na década de 50 na Baixa de Luanda, o edifício adquire um estatuto de quase resistência às mudanças aceleradas em seu redor; Panorama materializa a decadência, é um navio naufragado, resignado à própria sorte.
Cidade
29.11.2018 | por Paula Nascimento
Odiaria fazer qualquer discurso pós-colonial ou adotar qualquer outra estratégia para dar lugar de consolo a um troço qualquer, pois o que teríamos que aceitar aqui é uma evidência desconhecida apenas pela própria ignorância dos livros; sabe-se lá quais são as tantas razões que há. Prefiro não pensar no quanto nos tornamos preguiçosos e nos desvencilhamos da análise de fontes primárias, neste conforto teorizante de citar livros para provar aquilo que os novos livros querem escrever e buscam atualizar da historieta toda. Nada disso vem ao caso pois no achado do artista só vale entender a sua potência própria.
Vou lá visitar
07.11.2018 | por Afonso Luz
Todas as obras presentes na exposição possuem conotações alegóricas, míticas, intuitivas e se utilizam de símbolos para emanar novas ideias e propostas de existência e relação, ativando tanto cosmologias ancestrais quanto situações históricas de resistência, luta e ativismo.
Vou lá visitar
21.10.2018 | por Catarina Duncan
Ao questionar a história, Durham questiona a própria ideia de passado, e traz a tarefa de tratarmos de nossos traumas no presente. Ele não faz comentários sobre a arte brasileira especificamente, muito menos sobre nossa antropofagia cultural. O artista está interessado nas características e consequências da mentalidade colonial da sociedade brasileira.
Cara a cara
18.10.2018 | por Maíra das Neves
O projeto “A Ilha de Vénus” além de ser um questionamento sobre a legitimação de uma história que exclui o “outro”, é também uma reflexão sobre uma das maiores tragédias da humanidade no presente, que começa na busca de um sonho que somente é realizado cruzando o Mediterrâneo. A realização deste sonho muitas vezes termina num pesadelo.
Mukanda
09.06.2018 | por Kiluanji Kia Henda
Numa altura em que o discurso pós-colonial começa a complexificar-se, pela luta conjunta de pessoas e iniciativas em várias áreas, a visão ignorante e eurocêntrica que atravessa este festival não devia passar incólume. Apelo a que se celebre África, no dia 25 de maio e todos os dias, claro, mas em eventos e contextos inclusivos, onde se considere o pensamento contemporâneo africano, com ética, respeito e conteúdo.
Mukanda
24.05.2018 | por Marta Lança
De uma viagem recente a Luanda, destaco uma exposição colectiva e três individuais: Being Her(e), comissariada por Paula Nascimento (Angola) e Violet Nantume (Uganda); 50 Anos Vivendo, Criando, de António Ole (Angola); Luvuvamo + Nzola | Paz + Amor, de Paulo Kapela (Angola); e Senhores do Vento, de Thó Simões (Angola). Em Lisboa, assinalo Fuck It’s Too Late!, a primeira individual de Binelde Hyrcan (Angola) em Portugal, com curadoria de Ana Cristina Cachola (Portugal).
Vou lá visitar
27.02.2018 | por Ana Balona de Oliveira
De 1 a 6 de Fevereiro decorreu, na baixa de Luanda, a 4ª edição do Fuckin’ Globo. As propostas do colectivo artístico foram, como habitualmente, variadas. O tom e a crítica social e política apresentam-se cada vez mais contundentes. Revisitemos os quartos e a fachada do Hotel Globo, na rua Rainha Ginga.
Vou lá visitar
21.02.2018 | por vários
Este texto identifica alguns nexos históricos que ainda passam à margem das narrativas institucionalizadas sobre a produção artística da América Latina. Partindo dos anos 70, analisa diferentes momentos da aproximação de Portugal à arte da América Latina, desde a retórica do “multiculturalismo” até à necessidade, no presente, em estabelecer uma revisão pós-colonial dos acervos e da curadoria em Portugal.
Vou lá visitar
16.01.2018 | por Marta Mestre
A política das alianças brancas no mundo da arte tem implicado a manutenção de um sistema desigual de distribuição de recursos, que permite que pessoas brancas “esclarecidas” controlem as agendas do debate racial nesses campos, irrigando os imaginários coletivamente produzidos por meio do sistema de arte com base na sua ótica e ética estreitadas pela adesão sempre parcial, e algo oportunista, ao projeto de abolição do mundo como conhecemos.
Mukanda
07.11.2017 | por Jota Mombaça
Borrando fronteiras entre arte e ciência, elas nos levam em uma viagem à origem da história, das sociedades e da Terra. Reverberam o estudo da vida, da evolução do universo, das dinâmicas sociais ao longo da história, da invenção de novas formas de fazer política. Ao permitir uma leitura integrada de arte, cultura, astronomia, biologia, história e geografia, o corpo dessas investigações artísticas traduz a ideia de que somente um alargamento de nossas concepções será capaz de restituir liberdade à imaginação humana e expandir saberes atados aos modelos e mecanismos ocidentais de produção e legitimação da verdade.
Vou lá visitar
10.10.2017 | por vários
Diversas narrativas literárias e artísticas da época colonial refletem o trabalho do colonialista que coleta informações na floresta e as depõe em vitrinas de museus. O esforço para realizar um Museu de História Natural torna-se simétrico à narrativa hostil do olhar forasteiro, que coloniza mantendo-se à distância, remetendo um continente inteiro a Lugar das Trevas. A paisagem concebida pelo homem torna-se aqui ponto de partida para uma visão crítica que, para além de levantar questões sobre a narrativa histórica, rebate o discurso político que tem enorme impacto na construção de identidades modernas em África.
Mukanda
20.03.2017 | por Kiluanji Kia Henda e Lucas Parente
“Fuckin Globo III” não é uma exposição ao uso: situada à margem das instituições, privilegiando o papel criador e produtor dos artistas, revalorizando um espaço que foi nobre no tempo colonial mas passou a ser decadente no pós-independência e, sobretudo, visando um público sensível e conhecedor, marca uma reviravolta ainda maior no universo das profundas transformações culturais de Angola.
Vou lá visitar
21.02.2017 | por Adriano Mixinge
O ritmo com que a arte, a literatura e, em geral, a cultura angolana se transfigurou na primeira década de paz em Angola poderá abrandar devido à atual crise económica, política e social, mas o certo é que percebemos que, apesar dos constrangimentos, há uma revolução cultural em curso, cujas características, dimensão e profundidade precisam ainda de ser avaliadas.
Mukanda
07.07.2016 | por Adriano Mixinge
A riqueza desta, agora premiada, trajetória de vida ganha forma em uma produção extremamente original e plasticamente epifânica, mas também em um método de ensino elaborado ao longo dos anos de docência, e cujas orientações podem ser resumidas como segue: busque inspiração na sua história pessoal; olhe o ambiente ao seu entorno em busca de materiais; viaje e traga todas essas experiências para seu trabalho...
Cara a cara
27.04.2015 | por Icaro Ferraz Vidal Junior
A situação atual diz-nos de que forma devemos criar empatia com as imagens do mundo. Ou como as imagens do mundo são elas próprias empatia, compreensão. Um sistema económico abstrato que copia o caos natural de forma obsessiva. Distribuição, ou relação. Ato de transposição e de conflito eterno e permanente.
Mukanda
27.04.2015 | por Pedro Barateiro
Angola é uma fabricação colonial, e que hoje convém que exista, pois vivemos num mundo em que somos regidos pela ideia de Estado-nação, soberano e controlando as suas fronteiras. Fora desse registo, estamos a falar de um território imenso onde coabitam várias culturas e grupos étnicos. Essa diversidade por certo daria origem a várias escolas de belas artes, com conceitos distintos de uma beleza rara e única. Essa diversidade e a interacção cultural vai além do conceito de nação. Ela também é parte da contaminação permanente de culturas estrangeiras, própria de um mundo globalizado.
Cara a cara
08.02.2015 | por Miguel Gomes
A exposição individual Monuments in Reverse reúne pela primeira vez um conjunto de obras de Ângela Ferreira, realizadas entre 2008 e 2012, que partiram de processos investigativos comuns, dando origem, porém, a instalações distintas cujas relações íntimas tendem a manter-se inexploradas do ponto de vista curatorial. Tendo como objectivo a abertura de um espaço de visibilidade para os interstícios conceptuais e formais que sustentam a sua prática em geral e estas obras em particular, a exposição tem uma natureza assumidamente documental e processual. Pretende-se dar a conhecer percursos de reflexão mais do que pontos de chegada, através da possibilidade de novas relações, ou da visibilidade de relações que se encontravam veladas, da forte componente gráfica e videográfica, e do diálogo com obras de outros autores que constituíram ponto de partida ou inspiração.
A ler
07.01.2015 | por Ana Balona de Oliveira
A City Called Mirage é o título da exposição individual do artista angolano KILUANJI KIA HENDA (Luanda, 1979). Inaugura no dia 18 de Setembro, quinta-feira, às 21h30, poderá ser visitada, na Galeria Filomena Soares, em Lisboa, até dia 29 de Novembro de 2014. É uma exposição complexa que traça vias originais sobre um tema recorrente nos últimos tempos: o das cidades entre a virtualidade e a desertificação. Kiluanji aposta na ficção (científica e mitológica) e na ironia como formas de transcender o pessimismo da hipercrítica e a estética da ruína. Através do humor adquire-se consciência do quão efémeras são as maiores construções humanas: todas as cidades voltarão a ser matéria-prima, tal como os metais retirados do subsolo voltarão a fundir-se na terra.
Cidade
11.09.2014 | por Lucas Parente
Texto sobre a série Debret, de Vasco Araújo, exposta na Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre 16 de março e 25 de agosto de 2013.
Não nos enganemos com esses objetos e as mesas que os suportam, com suas elegantes retas, curvas, círculos e ovais, com a calidez de suas cores e o dourado, luminosamente discretos. Não nos enganemos, pois, como indicam as cenas breves compostas pelos insólitos bibelôs, Debret, a série de Vasco Araújo, fala do sujo, do podre, do baixo.
Vou lá visitar
01.11.2013 | por Roberto Conduru