Revista Sintidus I Guiné Bissau

Informa-se a comunidade de investigadores, docentes, técnicos, estudantes e restante sociedade civil que o número 1 da Sintidus, Revista de Estudos Científicos e Interdisciplinares da Universidade Lusófona da Guiné, está agora disponível em suporte físico. Os exemplares podem ser adquiridos na sala da Sintidus (edifício Mavegro nas instalações da Universidade Lusófona da Guiné) por 5,000 XOF para não-estudantes e por 3,000 XOF para estudantes. Para quem estiver em Bissau, é possível fazer chegar o(s) exemplar(es) a local a combinar. Mais informações sobre esta possibilidade contactar sintidus.revista@gmail.com ou 955977108. Para quem estiver em Lisboa os exemplares podem ser adquiridos em mão em local a combinar ou enviados por correio em Dezembro próximo. Para quem estiver noutro país é possível enviar por correio internacional também em Dezembro. Não hesitem em contactar em qualquer dos casos.
Abaixo o índice do número 1.
O número 2 encontra-se neste momento em revisão e promete mais uma dose de bons artigos, comunicações curtas e ensaio fotográfico!

Índice

Nota editorial: Os sentidos do primeiro número

Comunicação curta

O olhar de Álvares d’Almada sobre os Rios da Guiné

Raul Mendes Fernandes

Artigo de investigação

Algumas considerações sobre o fim do Kaabu

e as relações de fulas com mandingas

Manuel Bívar e Sadjo Papis Mariama Turé

Recensão

Por uma práxis onírica e realista:

incursões pela poética de Rui Jorge Semedo

Jorge Otinta

Artigo de investigação

30º aniversário da grafia “oficial” do crioulo guineense

Luigi Scantamburlo

Artigo de investigação

Justiça estatal e justiça tradicional na Guiné-Bissau

Sara Guerreiro

Artigo de investigação

Indicadores das mudanças climáticas na zona leste da Guiné-Bissau

e estratégias de adaptação dos camponeses

Orlando Mendes

Ensaio Fotográfico

Onde mora Bissau? Nunde ki Bissau mora nel?

Guto Lopes Pereira e Ana Filipa Lacerda

Notas biográficas dos autores

Abstracts

Instruções para autores

01.11.2018 | por martalanca | revista, Sintidus

Responsabilidades Coloniais: legados e perspectivas

No dia 22 de novembro, pelas 19h00, no Goethe-Institut em Lisboa. Debate com dois especialistas em colonialismo, nomeadamente Andreas Eckert, da Universidade Humboldt (atualmente Universidade de Princeton) e António Sousa Ribeiro, da Universidade de Coimbra. O evento será moderado por Elsa Peralta, da Universidade de Lisboa.

Ethnologisches Museum/Martin FrankenEthnologisches Museum/Martin Franken

Frantz Fanon, precursor da descolonização, descreveu de modo contundente a Europa como “criação das colónias”. De fato, as ex-colónias e a Europa estão tão intimamente interligadas que o seu desenvolvimento histórico não pode ser considerado isoladamente. A expansão europeia mudou o mundo e, com ele, a Europa. Não apenas moldou as áreas conquistadas e colonizadas no Ultramar, mas também os próprios estados europeus. Os especialistas consideram, portanto, que o confronto social com o colonialismo é uma das questões futuras da Europa.

Esta revisão tornou-se um tópico virulento nos últimos anos, que está a ser debatido em muitos países europeus pela primeira vez também a nível político. Na Alemanha, em particular, o debate que se arrasta sobre o projetado “Fórum Humboldt” no reconstruído palácio da cidade no centro de Berlim levou a um debate social fundamental. Questões de restituição de artefactos roubados de África, Ásia e América Latina têm um papel tão importante quanto o futuro dos museus etnológicos, o manuseio do material de arquivo e os resíduos do período colonial nas cidades europeias. Em Portugal, por sua vez, a discussão sobre o planeado “Museu dos Descobrimentos” intensificou o debate, trazendo-o a público. Embora o conflito com o passado colonial na Alemanha e em Portugal tenha sido até agora lento, como em muitos países europeus, parece ganhar agora novo impulso e urgência.
O painel de discussão visa identificar os desafios enfrentados pelas ex-potências coloniais europeias no processo de revisão do legado colonial, tomando Portugal e a Alemanha como exemplos. O tema do debate é deliberadamente amplo: questões relativas à forma como lidar com artefatos etnológicos e artísticos saqueados serão refletidas, bem como a perceção do passado colonial “próprio” e o confronto sobre os lugares de memória colonial. Serão igualmente abordados o estado atual da investigação científica e das questões do “como” e da “autoria” deste confronto.

Andreas Eckert é historiador e investigador em Estudos Africanos. De 2000 a 2002, fez parte dos quadros científicos do Departamento de Estudos Africanos da Universidade Humboldt, em Berlim, onde concluiu o pós-doutoramento em 2002. Em 2006, foi Directeur d’Etudes da Maison Des Sciences De l’Homme, em Paris. De 2002 a 2007, lecionou na Universidade de Hamburgo como Professor de História Moderna, incidindo sobre a História de África. Em 2007, foi professor convidado da Universidade de Harvard. Desde outubro de 2008, é Diretor Executivo do Instituto de Estudos Asiáticos e Africanos da Universidade Humboldt de Berlim. Atualmente, leciona no Institute for Advanced Study de Princeton.

António Sousa Ribeiro é professor catedrático do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Germanísticos) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi, entre outros, Presidente do Conselho Consultivo Científico da Faculdade de Letras, Presidente do Conselho Científico do Centro de Estudos Sociais e Diretor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras. Publicou sobre Literatura Comparada, Teoria Literária, Estudos Culturais e Pós-colonialismo. Em 2016, publicou o livro “Geometrias da Memória: Atitudes Pós-coloniais”.

Elsa Peralta é doutorada em Antropologia e investigadora FCT do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O seu trabalho baseia-se em perspetivas cruzadas da antropologia, estudos de memória e estudos pós-coloniais e centra-se na intersecção entre os modos privados e públicos de recordação de eventos passados, nomeadamente dos passados coloniais. As suas obras incluem vários artigos e livros, com destaque para os volumes Heritage and Identity: Engagement and Demission in Contemporary Society, Routledge, 2009 e A​Cidade e Império: Dinâmicas coloniais e reconfigurações pós-coloniais, Edições 70, 2013.

30.10.2018 | por martalanca | debate, Goethe Institute Lisboa, legado colonial

Para além da idade das luzes: mudanças sísmicas, imagética urbana

31 OUT 2018 QUA 10:30–18:00 Pequeno Auditório Entrada gratuita*

Um simpósio de um dia para abordar a relação ativa entre a prática fotográfica e a forma como a história das cidades se exprime no seu urbanismo, que culmina com a apresentação do artista curdo-iraquiano Hiwa K ao fim do dia. Tendo como referência a cidade de Lisboa e as reverberações culturais e sociais que, ainda hoje, ecoam do terramoto de 1 de novembro de 1755 – um acontecimento que despertou a imaginação de filósofos, pensadores e artistas por toda a Europa – conta com a participação de fotógrafos, artistas e pensadores ligados à geografia, à história e a outras ciências sociais. Identidade, pós-colonialismo, circulação de imagens, pessoas e culturas, a visibilidade e invisibilidade das populações imigrantes no urbanismo e o quotidiano da cidade são os temas em debate. 

Este simpósio integra o programa Cities of Light organizado pela Urban Photographers Association (UPA) que se realiza em 2018 em várias cidades europeias.

PARTICIPANTES

Hiwa K, Victor Jeleniewski Seidler, Ana Cristina Araújo, Paul Halliday, David Kendall, Kiluanji Kia Henda, António Brito Guterres, Stefano Carnelli, Álvaro Domingues, Mónica de Miranda, Liliana Coutinho, Susana S. Martins, Carla de Utra Mendes, Ana Balona de Oliveira, Susana de Sousa Dias

Continuar a ler "Para além da idade das luzes: mudanças sísmicas, imagética urbana "

29.10.2018 | por martalanca | simpósio, urbanização

John Akomfrah: Purple

O Museu Coleção Berardo apresenta uma nova exposição do artista e realizador britânico John Akomfrah. Purple, o seu projeto mais ambicioso até à data, é uma imersiva instalação de vídeo em seis canais que mapeia as progressivas alterações climáticas em todo o planeta e os seus efeitos nas comunidades, na biodiversidade e na vida selvagem. Enquanto seguimento de Vertigo Sea (2015), obra de Akomfrah em destaque na 56.a Bienal de Veneza, Purple forma o segundo capítulo de uma tetralogia cinematográfica sobre a estética e a política da matéria. Sinfónico na sua escala, dividido em seis movimentos interligados, Akomfrah combina centenas de horas de filmes de arquivo com filmagens recentes e um som hipnótico para produzir a instalação de vídeo.

John Akomfrah, Purple, 2017. Instalação de vídeo HD a cores em 6 canais com som surround 15.1, 62' / 6-channel HD colour video installation with 15.1 surround sound, 62'John Akomfrah, Purple, 2017. Instalação de vídeo HD a cores em 6 canais com som surround 15.1, 62' / 6-channel HD colour video installation with 15.1 surround sound, 62'

Encenado numa variedade de paisagens ecológicas em perigo, desde o interior do Alasca à gelada e desolada Gronelândia ou às vulcânicas Ilhas Marselhas no Pacífico Sul, cada local incita o observador a meditar na complexa relação entre os seres humanos e o planeta. Numa altura em que, segundo as Nações Unidas, as emissões de gases de efeito de estufa decorrentes da atividade humana se encontram em máximos históricos e as populações experienciam o significativo impacto das alterações climáticas — incluindo a alteração dos padrões meteorológicos, a subida do nível do mar e eventos meteorológicos mais extremos —, Purple introduz uma multitude de ideias numa conversa que inclui a extinção de mamíferos, a memória do gelo, o plástico no oceano e o aquecimento global.

Os filmes de Akomfrah caracterizam-se pela riqueza do estilo visual, construído em diversas camadas, que combina frequentemente a política contemporânea com a história ou a ficção com a mitologia. Aqueles são tipificados pelas suas investigações em tópicos como a memória, a identidade, o pós-colonialismo, explorando também muitas vezes a experiência da diáspora africana na Europa e nos Estados Unidos. O seu primeiro filme, Handsworth Songs (1986), foca-se nos motins de Birmingham e Londres, através de filmagens de arquivo, fotografias documentais e noticiários. Do trabalho mais recente de Akomfrah, fazem parte Tropikos (2016) — instalação em três ecrãs em referência ao trabalho de Stanley Kubrick e de Theo Angelopolous —, Auto da Fé (2016) — filme de época que apresenta uma série de oito migrações históricas ao longo dos últimos 400 anos — e Airport (2016) — explorando a deslocação atlântica de milhões de africanos até à Grã-Bretanha num filme de época experimental passado no século XVI. Como um péan ao mar, a instalação de vídeo em três canais Vertigo Sea (2015) explora uma variedade de histórias, dos baleeiros e das migrações internacionais até ao comércio transatlântico e ao início da globalização.

Nascido em 1957 em Acra, no Gana, Akomfrah vive e trabalha em Londres. Membro fundador do influente Black Audio Film Collective (1982–1998), a sua obra é apresentada em museus e exposições por todo o mundo, incluindo a Bienal de Liverpool; a Documenta 11, Kassel; o Centro Pompidou, Paris; a Galeria Serpentine, Londres; o Tate Britain, Londres; o Centro Southbank, Londres; o Bildmuseet Umeå, Suécia; o Museu de Arte Eli e Edythe Broad, Michigan; e o Museu de Arte Moderna (MoMA), Nova Iorque. Uma grandiosa retrospetiva da obra galerística de Akomfrah com o Black Audio Film Collective inaugurou na FACT, Liverpool, e na Arnolfini, Bristol, em 2007. Os seus filmes figuraram em festivais internacionais como Cannes, Toronto e Sundance, entre outros. No início de 2017, John Akomfrah ganhou o mais importante prémio britânico para a arte contemporânea internacional, Artes Mundi 7.

de 8 de novembro de 2018 a 10 de março de 2019

Projeto comissionado pelo Barbican, Londres, e co-comissionado por: Bildmuseet Umeå, Suécia; TBA21-Academy; Instituto de Arte Contemporânea de Boston; Museu Coleção Berardo, Lisboa; e Museu GARAGE, Moscovo.

28.10.2018 | por martalanca | alterações climáticas, John Akomfrah

Filmes sobre o Brasil hoje no DocLisboa

Maria AuxiliadoraMaria Auxiliadora26.10, 21:30h Cinema São Jorge

Alma Clandestina, de José Barahona, é uma biografia de Maria Auxiliadora Lara Barcelos, uma mulher activista política contra a ditadura brasileira nos anos 60. Foi presa, torturada e banida do Brasil, acabando por se exilar e viver na clandestinidade em Berlim durante os anos 70. O realizador estará presente na sessão. Link do filme

sobre Maria Auxiliadora a Marta Mestre escreveu este ensaio no BUALA, Adjetivo esdrúxulo: Maria Auxiliadora.

26.10, 14h Culturgest 

No filme Maré, três mulheres quilombolas expressam a sua apreensão entre a incerteza do futuro e a força da ancestralidade. Uma crítica actual e pertinente da escravatura e da subsequente desigualdade sócio-económica-racial que estrutura e se perpetua no Brasil de hoje. A realizadora Amaranta Cesar e Erica Batista, uma das mulheres retratadas no filme, estão presentes na sessão. Link do filme 

26.10.2018 | por martalanca | Brasil, DocLisboa, filmes

John Akomfrah à conversa com Manuela Ribeiro Sanches

dia 9 de novembro, 18h30 no Hangar – Centro de Investigação Artística, Lisboa

Retrato de John Akomfrah @ Smoking Dogs Films. Cortesia Smoking Dogs Films.Retrato de John Akomfrah @ Smoking Dogs Films. Cortesia Smoking Dogs Films.John Akomfrah estará à conversa com Manuela Ribeiro Sanches, pela ocasião da sua exposição individual ‘Purple’ no Museu Coleção Berardo em Lisboa. Olhando tanto para obras anteriores como mais recentes, a conversa versará sobre o envolvimento estético e ético-político de várias décadas de Akomfrah com as histórias e as memórias da escravatura, do colonialismo e do anti-colonialismo; as formações diaspóricas pós-coloniais; e as intersecções do racismo, do capitalismo e da destruição ambiental.

John Akomfrah (1957, Acra, Gana) vive e trabalha em Londres. É um artista e cineasta enormemente respeitado, cujas obras se caracterizam pelas suas investigações sobre memória, pós-colonialismo, temporalidade e estética e, com frequência, exploram a experiência da diáspora africana na Europa e nos EUA. Akomfrah foi um membro fundador do influente Black Audio Film Collective, que surgiu em Londres em 1982, juntamente com os artistas David Lawson e Lina Gopaul, com quem ainda hoje colabora. O seu primeiro filme, ‘Handsworth Songs’ (1986), explorou os eventos em torno dos protestos de 1985 em Birmingham e Londres, através de uma combinação densa de material fílmico de arquivo, fotografias e notícias. O filme ganhou vários prémios internacionais e configurou um estilo visual multifacetado que se tornou paradigmático da prática de Akomfrah. Obras recentes incluem a instalação em três écrans ‘The Unfinished Conversation’ (2012), um retrato emotivo da vida e do trabalho do teórico cultural Stuart Hall; ‘Peripeteia’ (2012), um drama imaginado que visualiza as vidas dos indivíduos incluídos em dois retratos do século XVI de Albrecht Dürer; e ‘Mnemosyne’ (2010), que expõe a experiência dos migrantes no Reino Unido, questionando a noção de que a Grã-Bretanha é uma terra prometida ao revelar as realidades da dificuldade económica e do racismo casual. Em 2015, Akomfrah estreou a sua instalação em três écrans ‘Vertigo Sea’ (2015), que explora o que Ralph Waldo Emerson chama de ‘os mares sublimes’. Fundindo material de arquivo, leituras de fontes clássicas e imagens novas, a obra de Akomfrah foca-se na desordem e na crueldade da indústria baleeira, a que justapõe cenas das muitas gerações de migrantes que atravessaram epicamente o oceano em busca de uma vida melhor. Em 2017, Akomfrah mostrou ‘Purple’, uma imersiva instalação vídeo em seis canais, que aborda as alterações climáticas e os seus efeitos nas comunidades humanas, na biodiversidade e na natureza. Mais recentemente, Akomfrah estreou ‘Precarity’ na Prospect 4 New Orleans. Através de material de arquivo e de imagens novas, ‘Precarity’ segue a vida do esquecido cantor de jazz de Nova Orleães, Buddy Bolden.

Akomfrah teve inúmeras exposições individuais, incluindo: New Museum, Nova Iorque, EUA (2018); Bildmuseet, Umeå, Suécia (2018); Nasher Museum of Art na Duke University, Durham, NC, EUA (2018); SFMOMA, São Francisco, CA, EUA (2018); Museo Thyssen-Bornemisza, Madrid, Espanha (2018); Barbican, Londres, Reino Unido (2017); Whitworth Art Gallery, Manchester, Reino Unido (2017); University of New South Wales, Paddington, Austrália (2016); Turner Contemporary, Margate, Reino Unido (2016); The Exchange, Penzance, Reino Unido (2016); Nikolaj Kunsthal, Copenhaga, Dinamarca (2016); STUK Kunstcentrum, Lovaina, Bélgica (2016); Arnolfini, Bristol, Reino Unido (2016); Bildmuseet, Umeå, Suécia (2015); Eli and Edythe Broad Art Museum, Michigan, EUA (2014); Tate Britain, Londres, Reino Unido (2013-14); e uma série de projecções ao longo de uma semana no MoMA, Nova Iorque, EUA (2011). A sua participação em exposições colectivas inclui: ‘The 1980s: Today’s Beginnings?’, Van Abbemuseum, Eindhoven, Holanda (2016); ‘British Art Show 8’ (2015-17); ‘All the World’s Futures’, 56th Bienal de Veneza, Itália (2015); ‘History is Now: 7 Artists Take On Britain’, Hayward Gallery, Londres, Reino Unido (2015); ‘Africa Now: Political Patterns’, SeMA, Seul, Coreia do Sul (2014); Sharjah Biennial 11, Sharjah, Emirados Árabes Unidos (2013); Liverpool Biennial, Reino Unido (2012); e Taipei Biennial, Taiwan (2012). Também tem participado em vários festivais de cinema internacionais, incluindo o Sundance Film Festival, Utah, EUA (2013 and 2011) e o Toronto International Film Festival, Canadá (2012). Em 2017, ganhou o Artes Mundi Award.

Manuela Ribeiro Sanches é professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde ensinou entre 1981 e 2016. Tendo feito o seu doutoramento sobre o viajante e revolucionário Georg Forster, o seu interesse por literatura de viagens e tópicos relacionados, tais como os processos que sustentam a perceção e narração dos objetos descritos, levou-a a alargar a sua pesquisa ao campo da história da antropologia, em articulação com os estudos culturais, a partir de uma perspetiva pós-colonial. Tendo dedicado a sua atividade de docência e investigação a estudar os efeitos e repercussões, até ao presente, dos processos de (des)colonização a nível cultural e político, interessou-se, mais recentemente, pelos movimentos anticoloniais, nas suas vertentes nacionalista e transnacional. As suas áreas de interesse e investigação incluem ainda o cinema africano e questões ligadas às migrações e racismos na Europa numa perspetiva comparada. Publicações recentes: ‘Europe in Black and White: Immigration, Race, and Identity in the “Old Continent”’ (Intellect, 2011) e ‘Malhas que os impérios tecem. Textos anti-coloniais, contextos pós-coloniais’ (Edições 70, 2011). De momento, está a organizar um volume reunindo um conjunto de textos sobre Cabral, Césaire e Du Bois, a publicar em 2018.

Organização: Ana Balona de Oliveira (CEC-FLUL & IHA-FCSH-NOVA).

Evento integrado no ciclo de conversas e palestras ‘Pensando a Partir do Sul: Comparando Histórias Pós-Coloniais e Identidades Diaspóricas através de Práticas e Espaços Artísticos’.

Apoio: Centro de Estudos Comparatistas, Universidade de Lisboa; Instituto de História de Arte, Universidade Nova de Lisboa; Fundação para a Ciência e a Tecnologia; Direcção Geral das Artes.

Agradecimentos: David Rato (Museu Coleção Berardo, Lisboa).

Evento Facebook

Smoking Dogs Films. Cortesia Lisson Gallery.Smoking Dogs Films. Cortesia Lisson Gallery.

John Akomfrah in conversation with Manuela Ribeiro Sanches

6.30 pm, 9 November 2018

Hangar – Artistic Research Centre, Lisbon

John Akomfrah will be in conversation with Manuela Ribeiro Sanches, on the occasion of his solo show ‘Purple’ at Museu Coleção Berardo in Lisbon. By looking at both earlier and more recent works, the talk will address Akomfrah’s decade-long aesthetic and ethico-political engagement with histories and memories of slavery, colonialism and anti-colonialism; post-colonial diasporic formations; and the intersections of racism, capitalism and environmental destruction.

John Akomfrah (born 1957, Accra, Ghana) lives and works in London. He is a hugely respected artist and filmmaker, whose works are characterised by their investigations into memory, post-colonialism, temporality and aesthetics, and often explore the experience of the African diaspora in Europe and the USA. Akomfrah was a founding member of the influential Black Audio Film Collective, which started in London in 1982, alongside the artists David Lawson and Lina Gopaul, who he still collaborates with today. Their first film, ‘Handsworth Songs’ (1986), explored the events surrounding the 1985 riots in Birmingham and London through a charged combination of archive footage, still photos and newsreel. The film won several international prizes and established a multi-layered visual style that has become a recognisable motif of Akomfrah’s practice. Recent works include the three-screen installation ‘The Unfinished Conversation’ (2012), a moving portrait of the cultural theorist Stuart Hall’s life and work; ‘Peripeteia’ (2012), an imagined drama visualising the lives of individuals included in two 16th-century portraits by Albrecht Dürer; and ‘Mnemosyne’ (2010), which exposes the experience of migrants in the UK, questioning the notion of Britain as a promised land by revealing the realities of economic hardship and casual racism. In 2015, Akomfrah premiered his three-screen film installation ‘Vertigo Sea’ (2015) that explores what Ralph Waldo Emerson calls ‘the sublime seas’. Fusing archival material, readings from classical sources and newly-shot footage, Akomfrah’s piece focuses on the disorder and cruelty of the whaling industry and juxtaposes it with scenes of many generations of migrants making epic crossings of the ocean for a better life. In 2017, Akomfrah unveiled ‘Purple’, an immersive six-channel video installation addressing climate change and its effects on human communities, biodiversity and the wilderness. More recently, Akomfrah debuted ‘Precarity’ at Prospect 4 New Orleans. Through archival imagery and newly-shot footage, ‘Precarity’ follows the life of forgotten New Orleans jazz singer Buddy Bolden.

Akomfrah has had numerous solo exhibitions, including: New Museum, New York, USA (2018); Bildmuseet, Umeå, Sweden (2018); Nasher Museum of Art at Duke University, Durham, NC, USA (2018); SFMOMA, San Francisco, CA, USA (2018); Museo Thyssen-Bornemisza, Madrid, Spain (2018); Barbican, London, UK (2017); Whitworth Art Gallery, Manchester, UK (2017); University of New South Wales, Paddington, Australia (2016); Turner Contemporary, Margate, UK (2016); The Exchange, Penzance, UK (2016); Nikolaj Kunsthal, Copenhagen, Denmark (2016); STUK Kunstcentrum, Leuven, Belgium (2016); Arnolfini, Bristol, UK (2016); Bildmuseet, Umeå, Sweden (2015); Eli and Edythe Broad Art Museum, Michigan, USA (2014); Tate Britain, London, UK (2013-14); and a week-long series of screenings at MoMA, New York, USA (2011). His participation in group shows has included: ‘The 1980s: Today’s Beginnings?’, Van Abbemuseum, Eindhoven, The Netherlands (2016); ‘British Art Show 8’ (2015-17); ‘All the World’s Futures’, 56th Venice Biennale, Italy (2015); ‘History is Now: 7 Artists Take On Britain’, Hayward Gallery, London, UK (2015); ‘Africa Now: Political Patterns’, SeMA, Seoul, South Korea (2014); Sharjah Biennial 11, Sharjah, United Arab Emirates (2013); Liverpool Biennial, UK (2012); and Taipei Biennial, Taiwan (2012). He has also been featured in many international film festivals, including Sundance Film Festival, Utah, USA (2013 and 2011) and Toronto International Film Festival, Canada (2012). In 2007, he won the Artes Mundi Award.

Manuela Ribeiro Sanches taught at the Faculty of Arts and Humanities, University of Lisbon, from 1981 to 2016. Having obtained her PhD with a dissertation on the traveller and revolutionary Georg Forster, her interest in travel literature and related topics, such as the epistemologies that sustain the subjective processes of perceiving and narrating the described objects, led her to broaden her research to the field of the history of anthropology, which she articulated with a cultural studies approach from a postcolonial perspective. Having taught and researched on the effects, until the present, of the processes of (de)colonisation on a cultural and political level, and widely published on these issues, more recently, she became interested in the transnational processes that also marked nationalist anti-colonial movements. Her research interests also include African film, and questions of migration and racism in Europe from a comparative perspective. Recent publications: ‘Europe in Black and White: Immigration, Race, and Identity in the “Old Continent”’ (Intellect, 2011) and ‘Malhas que os impérios tecem. Textos anti-coloniais, contextos pós-coloniais’ (Edições 70, 2011). She is now editing a collection of essays on Cabral, Césaire and Du Bois due in 2018.

Organisation: Ana Balona de Oliveira (CEC-FLUL & IHA-FCSH-NOVA).

Part of the talk and lecture series ‘Thinking from the South: Comparing Post-Colonial Histories and Diasporic Identities through Artistic Practices and Spaces’.

Support: Centre for Comparative Studies, University of Lisbon; Institute for Art History, New University of Lisbon; Foundation for Science and Technology; Direcção Geral das Artes.

Acknowledgements: David Rato (Museu Coleção Berardo, Lisbon).

 

 

 

 

25.10.2018 | por martalanca | HANGAR, John Akomfrah, manuela ribeiro sanches

"DecliNações: questionando identidades nacionais, género e sexualidade"

Colóquio internacional, 29 e 30 de Outubro de 2018, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

As identidades nacionais têm-se revelado construções homogeneizadoras, orientadas para a obliteração das diferenças, não deixando, contudo, de ser relevantes a nível político (nacional e internacional), social, cultural, etc., apesar dos processos pós-nacionais internacionalizantes em vigor. Tais construções costumam identificar o nacional com certas imagens idealizadas do homem heterossexual em detrimento tanto das mulheres, quanto de outras identidades de género e orientações sexuais. Personagens de identificação nacional têm sido maioritariamente masculinas: soberanos, heróis de guerra, rebeldes que libertam a pátria de opressores, estrelas no desporto, música, pintura e outras artes, escritores e filósofos canônicos etc. Estas personagens masculinas, omnipresentes nas memórias das nações, costumam apresentar, além do mais, uma masculinidade hegemónica que exclui outras formas do masculino e legitima, até certo grau, a discriminação e a violência contra mulheres e os vários sujeitos do vasto leque da dissidência sexo-genérica.

A inclusão das mulheres nos discursos da identidade nacional tem muitas vezes traduzido, em várias e diversas latitudes, o desejo de domesticar a diferença e produzir um sujeito unitário com funções e caraterísticas definidas pelo patriarcado. Casos paradigmáticos são, por exemplo, a imagem generalizada da mulher africana decalcada do conceito de Mãe África, tornando-a guardiã das tradições, transmissora da ‘cultura’ e agente reprodutor, ou o recente enviesamento visível no Brasil, após o golpe de 2016, onde o recato e a domesticidade voltam a ser características enaltecedoras do sujeito mulher (como no caso da descrição da esposa do presidente Temer, pelos media, como “bela, recatada e do lar”).

Este colóquio propõe releituras críticas do nacional, em termos de género. No foco de interesse estarão países de língua oficial portuguesa – Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe – mas também as dinâmicas diaspóricas, regionais ou continentais nas quais estes países se inscrevem. Os feminismos, maioritariamente os do sul, constituem abordagens privilegiadas de análise, bem como os estudos queer, as epistemologias do sul ou a perspetiva decolonial.

CFP disponível aqui.

Equipa organizadora:
Doris Wieser (CEC, ULisboa)
Jessica Falconi (CEsA, ISEG, ULisboa)
Luciana Moreira (CES, UCoimbra)
Raquel Lima (CES, UCoimbra)
Simone Cavalcante (CEC, ULisboa)

Comissão científica:

Ana Paula Tavares (CLEPUL, ULisboa)
Catarina Martins (CES, UCoimbra)
Denilson Lopes (ECO, UFRJ)
Fernanda Gil Costa (CEC, ULisboa)
Inocência Mata (CEC, ULisboa)
Isabel Maria Casimiro (CEA, U Eduardo Mondlane)
Joacine Katar Moreira (ISCTE, IULisboa)
Luísa Afonso Soares (CEC, ULisboa)
M. Felisa Rodríguez Prado (U Santiago de Compostela)
Teresa Cunha (CES, UCoimbra)

Conferencistas e palestras confirmadas/os:

Ana Paula Tavares (CLEPUL, ULisboa), “Identidade e poesia. Construções, revisitas e tempo: Angola, discurso e pratica”
Catarina Martins (CES, UCoimbra), “Rompendo os corpus das literaturas nacionais africanas – corpos nus de mulheres negras”
Denilson Lopes (ECO, UFRJ), “Por uma historiografia queer das sensações”
Isabel Maria Casimiro (CEA, U Eduardo Mondlane), “‘Cinderelas do nosso Moçambique’: confrontando diálogos entre jovens feministas e veteranas da luta armada”
Joacine Katar Moreira (ISCTE, IULisboa), “Narrativas interseccionais negras em Portugal”
Teresa Cunha (CES, UCoimbra), “Podem as Sindarelas falar? DecliNações Feministas e pós-coloniais: Moçambique, Timor-Leste”

Esta atividade insere-se no âmbito dos projetos Feminismos e dissidência sexual e de género no Sul Global e Identidades nacionais em diálogo: construções de identidades políticas e literárias em Portugal, Angola e Moçambique (1961-presente), do grupo CITCOM do Centro de Estudos Comparatistas, FLUL.

Para mais informações sobre o evento, por favor seguir este link, ou o evento de facebook.

 

24.10.2018 | por martalanca | colóquio, género, identidades

Filmes africanos no Doclisboa 2018

Entre eu e Deus de Yara CostaMoçambique, 2018, 60’

Karen é uma mulher jovem e independente que defende a lei canónica muçulmana na Ilha de Moçambique, mas está cheia de dúvidas e contradições em relação à sua identidade e a comunidade multicultural em que vive, num local histórico de confluência de culturas. 
Link 28 Out (dom), 16h15, 60’

 

La Vie Sur Terre de Abderrahmane SissakoMali, Mauritânia, 1998, 61’Em vésperas do ano 2000, Abderrahmane Sissako, cineasta mauritano a viver em França, decide regressar a Sokolo, uma pequena aldeia do Mali, para se encontrar com o pai. Chega à aldeia, muda de roupa, monta numa bicicleta e vagueia pelas ruas e pelos campos. É então que se cruza com Nana, também ela de passagem. Estabelece-se algo de impalpável e lúdico entre eles, enquanto a vida na aldeia continua.
Link 21 Out (dom), 17h, Cinema São Jorge

La vie sur terre de Abderrahmane Sissako 1999La vie sur terre de Abderrahmane Sissako 1999
 

 


Fahavalo, Madagascar 1947 de Marie-Clémence, Andriamonta-PaesMadagáscar, Franca, 2018, 91’

Chamavam-lhes fahavalo (inimigos), porque se revoltaram contra as autoridades coloniais francesas em Madagáscar, em 1947. Hoje, a cineasta Marie-Clémence Andriamonta-Paes leva-nos ao local onde os acontecimentos tiveram lugar, numa viagem ao encontro das últimas testemunhas. Falam-nas da sua luta pela independência e dos longos meses de resistência na selva, armados apenas com lanças e talismãs.
Link 22 Out (seg), 19.00, Culturgest24 Out (qua), 14.00, Cinema São Jorge

O festival aceita reservas de grupos, ficando o bilhete a 1 euro por pessoa no caso do grupo perfazer 10 ou mais elementos.Só é necessária marcação para projecto.educativo@doclisboa.org ou através do número +351 910 951 160, ou até respondendo directamente a este email.  

17.10.2018 | por martalanca | cinema, DocLisboa

O Espaço Entre Nós: Um Relato Pessoal Sobre Um País Quase Pacífico

Exposição individual de Violeta dos Santos Moura

13 Outubro - 17 Novembro de 2018

Espaço Mira, Porto, entrada Livre 

Curadoria de Susana Gaudêncio.

 —>

 

O Espaço Entre Nós: Um Relato Pessoal Sobre Um País Quase Pacífico da fotojornalista Violeta dos Santos Moura, é um diário visual da sociedade portuguesa actual, não exaustivo e em contínua progressão, de como nos vamos tratando uns aos outros no terceiro país mais pacífico do mundo.

A fotógrafa apresenta trabalhos inéditos, registados entre 2012 e 2018, um pouco por todo o país, nomeadamente, Lisboa, Porto e Vila Real.

O relatório anual do Índice Global da Paz de 2017 coloca Portugal na terceira posição dos países mais pacíficos do mundo, atrás da Islândia e da Nova Zelândia, no entanto o país está longe de ser exemplar a nível social. 

Apesar de ser um dos destinos turísticos mais procurados actualmente, o Portugal das brochuras e do instagram convive com um país onde a discriminação é pessoal, a violência íntima e a distância entre as pessoas palpável, seja por divergências religiosas, económicas, políticas ou de género.

Portugal conta com legislação e instituições em consonância com a direção mais progressista no bloco da União Europeia, mas nas relações não mediadas institucionalmente a narrativa é diferente. No dia-a-dia, sente-se o contraste entre uma sociedade tecnologicamente avançada, mas também conservadora nos seus costumes — há mulheres agredidas por companheiros numa média de cem vítimas por semana; colocam-se sapos à entrada de lojas porque se crê que afastam ciganos; certos senhorios não alugam casas a cidadãos africanos, brasileiros ou outras minorias; idosos e famílias inteiras são despejados em prol do rentável negócio do alojamento local e temporário. 

Depois de anos a conviver com dissidentes políticos, elementos inesperados de mudança, guerras, conflitos e revoluções além fronteiras, Violeta dos Santos Moura reflecte sobre o seu país de origem, por vezes com um olhar crítico, por outras empático. 

A exposição estabelece um espaço público alternativo àqueles em que Violeta dos Santos Moura habitualmente publica. Trata-se de um documento de crítica social, um artigo visual de opinião, fazendo o registo das discordâncias que co-habitam no terceiro país mais pacífico do mundo.   

Violeta Santos Moura

Vila Real (1983). Fotojornalista e jornalista freelancer, nasceu em Vila Real de Trás-os-Montes. Depois de vários anos em Telavive e Jerusalém como correspondente freelancer para a Agência  LUSA e Radio France Internacional, Violeta enveredou pela reportagem visual sobre a forma do fotojornalismo. Desde então as suas reportagens fotográficas e escritas têm-na levado desde Portugal e Espanha, durante a crise económica europeia, até ao Médio Oriente, para cobrir o conflito  Israelo-Palestiniano e até Cachemira para retratar o domínio militar por parte da Índia sobre a população civil e o território de Caxemira 70 anos depois da chegada das tropas indianas ao território himalaio. Em 2017 Violeta foi distinguida pelos editores da revista TIME como uma de “34 mulheres fotógrafas a seguir” a nível mundial.

O seu trabalho tanto fotográfico como escrito tem sido publicado pela Al Jazeera, Foreign Affairs, Newsweek [Japão], Courrier International, Rhythms Monthly [Taiwan/Formosa], Profil [Áustria], Il Reportage [Itália], Informatìon [Dinamarca], El País [Espanha], The Week [EUA], The International Business Times, Sydney Morning Herald [Austrália], Aftenposten Innsikt [Noruega], Woz Die Wochenzeitung [Suíça], Haaretz [Israel], RFI — Radio France Internationale, Agência LUSA, La Vanguardia [Espanha], Diario ABC [Espanha], entre outros.

Susana Gaudêncio 

Lisboa (1977). Artista. Licenciada em Pintura (FBAUL). Mestre em Belas Artes (Hunter College. City University New York). Doutoranda (FBAUL) e membro do Centro de Investigação e de Estudos em Belas Artes (CIEBA) onde investiga sobre o tema “Máquinas de Imaginar: O Impulso Utópico na Arte Contemporânea”. 

Entende a produção artística como plataforma para encontrar novas possibilidades de problematização da utopia, enquanto dispositivo crítico do quotidiano, eminentemente político. Publicou, entre outros, o livro Época de estranheza em frente ao mundo (2012, DOIS DIAS ed.); Luz Perpétua (2014, seis fascículos desenvolvidos no âmbito de residência artística no arquivo da Fundação EDP); Repertório: histórias e estórias de cartazes (2016, publicação produzida no âmbito de “Your body is my body. Coleção de Cartazes de Ernesto de Sousa”, Museu Coleção Berardo, Lisboa). 

Comissariou a exposição “O princípio da Inércia” sobre o mote das revoluções coloridas, Pavilhão Branco, Lisboa (2012), “Viagens de livros. O livro de artista nos 25 anos da ESAD.CR”, MiMO, Leiria (2015), e a exposição “Páginas Inquietas: sobre documentos insubmissos”, Espaço Mira, Porto (2016). 

Exposições individuais e coletivas: Centro de Artes Visuais, Coimbra (2004); ISE Foundation, Nova Iorque (2009); Museu da Electricidade (2009, 2014); Museu Gulbenkian (2010, 2016); Museu do Chiado, Lisboa (2012); SESC Pinheiros, São Paulo (2015); Galerie der Kunstler, Munique (2016). É membro fundador do “Círculo de Leitoras Peripatéticas”, com Sofia Gonçalves e Susana Pomba e do colectivo Pessoa Colectiva com Mafalda Santos. Coordena o Programa Educativo da Casa da Arquitectura – Centro Português de Arquitectura. É docente no Mestrado de Artes Plásticas na ESAD, Caldas da Rainha. 

GALERIA

Direção do Espaço MIRA | Manuela Matos Monteiro e João Lafuente

Direção artística | José Maia

Assistente de Galeria e Press Officer | Patrícia Barbosa

Fotografia | Manuela Matos Monteiro, Patrícia Barbosa, Rui Apolinário e José Vaz Silva

Vídeo | João Lafuente, Patrícia Barbosa

Rua de Miraflor nº 159, Campanhã, Porto. 4300-334

929 145 191 // 929 113 431 // contacto@espacomira.net

www.facebook.com/espacomirafotografia

www.facebook.com/groups/espacomira

 —>

07.10.2018 | por martalanca | Susana Gaudêncio

O público vai ao teatro

29 e 30 de Outubro de 2018 - Sala Bernardo Sassetti, São Luiz Teatro Municipal  Encontros sobre políticas da recepção e desenvolvimento de públicos.

O PÚBLICO VAI AO TEATRO - Encontros sobre políticas da recepção e desenvolvimento de públicos no contexto das artes performativas procura reunir contributos de diferentes agentes do sector artístico, bem como de outras disciplinas, em torno da análise das relações entre criação, programação e recepção no âmbito das artes performativas, procurando problematizar os nexos entre estes três pólos e sistematizar políticas e estratégias de envolvimento.

Estes encontros realizam-se no âmbito do projecto “O Público vai ao Teatro”, um projecto de desenvolvimento de públicos, concebido e coordenado pelo teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser.

PROGRAMA
SEGUNDA, DIA 29
09:30 – 10:00 // Recepção dos participantes
10:00 – 10:30 // Sessão de Abertura
10:30 – 13:30 // PAINEL 1: (DES)ENVOLVER PÚBLICOS
Painel em torno da problematização e desenvolvimento conceptual da noção de ‘desenvolvimento de públicos’.
Moderação: Maria Vlachou (Directora Executiva/ Acesso Cultura)
Com Elisabete Paiva (Directora Artística/ Materiais Diversos), Mafalda Dâmaso (Investigadora), Aldara Bizarro (Coreógrafa), Isabel Branco (Professora e Investigadora em educação / Directora do Centro de Formação da ESTAL), Luís Sousa Ferreira (Director/ 23 Milhas), Vítor Paulo Ferreira (Presidente da Câmara Paredes Coura)
15:00 – 19:00 // OFICINA 1: MODOS DE FAZER – CASOS DE REFERÊNCIA
Esta oficina propõe a reflexão e estruturação de propostas de projectos de desenvolvimento de públicos em contextos hipotéticos de mediação, partindo da apresentação de alguns casos de referência.
Orientação: Samuel Guimarães (Coordenador Serviço Educativo/ Museu do Douro; Professor/ ESMAE) Convidados: “O Público Vai ao Teatro”, Teatro Meia Volta; “Programa Conhecimento”, Walk & Talk
21:00 – 23:00 // FILME + CONVERSA “O Espectador Espantado” de Edgar Pêra (2016, 70min)

TERÇA, DIA 30
10:00 – 13:00 // OFICINA 2: A INSTITUIÇÃO FUTURA
Esta oficina convoca os participantes a trabalhar, em grupo, em torno do perfil de uma instituição cultural, definindo a sua missão, valores, objectivos e estratégias na relação com os públicos.
Orientação: Rui Catarino (Gestor Cultural)
14:30 – 18:00 // PAINEL 2: RECEPÇÃO ARTÍSTICA – O PERCURSO DO ESPECTADOR
Este painel centra-se na experiência integrada da recepção artística na relação com a criação e a programação, procurando convocar o olhar dos vários agentes culturais implicados no percurso do espectador.
Moderação: Alfredo Martins (Artista Associado/ TMV)
Com Sandra Madeira (Técnica de Bilheteira/ TNDM II), Vera Santos (Coreógrafa e professora), Catarina Medina (Directora Comunicação/ Culturgest), Rui Campos Leitão (Musicólogo/ AMEC | Metropolitana), Francisco Frazão (Director Artístico/ Teatro do Bairro Alto), um espectador (participante do projecto PVT)
18:30 – 20:00 // REFLEXÕES FINAIS – O CAMINHO PARA O TEATRO
Apresentação de uma síntese dos Encontros e de questões para reflexão e debate.
Moderação: Teresa Fradique (Antropóloga/ ESAD.CR-IPL; CRIA-FCSH)

03.10.2018 | por martalanca | públicos, teatro

Trabalho e Felicidade? Reflexões sobre processos artísticos participativos

O projeto A Manual on Work and Happiness chega ao fim com uma conferência intitulada Trabalho e Felicidade? Reflexões sobre processos artísticos participativos, a decorrer nos dias 15 e 16 na Biblioteca de Marvila, em Lisboa.

Durante dois dias serão partilhadas experiências e apresentados os resultados deste projeto liderado pela Artemrede com o apoio do programa Europa Criativa. A conferência contará com a presença de todos os parceiros do projeto, para além de vários convidados internacionais, Sonja Soldo – Pogon (Croácia), Rarita Zbranca – Cluj Cultural Centre (Roménia), Angeliki Lamperi – Eleusis 2021 (Grécia) e outras presenças a confirmar. Vão debater questões relacionadas com o desenvolvimento de projetos artísticos participativos no contexto de periferias.

O espetáculo A Manual on Work and Happiness foi apresentado em Patras (Grécia), em Pergine (Itália), no Montijo, em Alcobaça e, por fim, chega agora a Lisboa (12 e 13 de outubro) durante o festival Os Dias de Marvila. Em cada uma destas cinco cidades, o elenco foi composto por membros das comunidades locais que participaram numa residência artística de três semanas coordenada pela mala voadora.

Do programa da conferência consta ainda a exibição do documentário A Manual on Work and Happiness, corealizado por Elena Goatelli e Ángel Esteban e produzido por Roberto Cavallini (Altrove Films).

A conferência tem entrada livre mediante inscrição até ao dia 10 de outubro para o email artemrede@artemrede.pt
Línguas: Inglês com interpretação simultânea em Português (dia 15 de outubro)

Mais informações: https://bit.ly/2OCnHwqPrograma da Conferência: https://bit.ly/2OLzFnK

03.10.2018 | por martalanca | Trabalho e Felicidade

Exposições do artista Kiluanji Kia Henda na Europa e no Brasil

PROJETO VENCEDOR DO PRÉMIO FRIEZE NA SUÉCIA 

'Under the Silent Eye of Lenin' will be part of the exhibition 'Memory Matters' 'Under the Silent Eye of Lenin' will be part of the exhibition 'Memory Matters' Sob o Olhar Silencioso de Lenine, projeto de Kiluanji Kia Henda premiado pelo Prémio Frieze em 2017 em Londres (entre candidatos de mais de 82 países) viaja para a Suécia. A instalação insinua um paralelo entre as práticas de feitiçaria e as narrativas de ficção científica instrumentalizadas pelas potências da Guerra Fria - União Soviética e os EUA. A exposição Memory Matters, na qual a obra será apresentada, incide nos temas da historiografia e memória, partilhando memórias coletivas. Em diálogo com acontecimentos sociais e políticos contemporâneos e os seus contextos, os artistas trabalham desde a pós ditadura no Uruguai ao tempo soviético na Lituânia, passando por questões do poder na África do Sul. Transformando e reinterpretando elementos da memória material, como estátuas e memoriais, problematizam a história oficial, opondo-se ao esquecimento, repressão ou apagamento.

DUAS EXPOSIÇÕES COLETIVAS EM INGLATERRA 

Em Plymouth, integrada no Projeto Atlântico com curadoria de Tom Trevor, apresenta a instalação arquitectónica After the Future na base do Centro Cívico, projectado pelo arquiteto Hector Stirling com a sua visão “utópica”. Interessado na ideia de reconstrução das cidades no pós-guerra, e pelo estilo modernista internacional que Stirling desenhou para o Centro Cívico, o artista relacionou-o com as experiências arquitetónicas em Luanda, e a perspectiva soviética sobre o futuro em Angola que nunca se concretizou. Fundem-se as narrativas de um novo mundo que projeta e idealiza, mas que não chega a acontecer.

A outra exposição coletiva que tem lugar em Bradford, também em Inglaterra, intitula-se Africa State of Mind e os curadores são Ekow Eshun e NAE. Nela fotógrafos de todo o continente africano interrogam ideias de ‘africanidade’ através de representações subjectivas da vida e da identidade africana enquanto enquanto estado mental e lugar físico, trazendo a complexidade da vida atual em África no combate às visões limitadas sobre o continente. O artista angolano apresenta a série intitulada A última viagem do ditador Mussunda N’Zombo antes da grande extinção. Esta série data de 2017 e teve a colaboração do performer Miguel Prince.

DA TRAGÉDIA À UTOPIA NO BRASIL  

Na cidade de Santos, integrado nas Oficinas do Festival de Imagem do Valongo, que decorre em novembro no bairro histórico homónimo, Kia Henda apresenta a exposição individual Sem título, sem pele – Da tragédia a utopia, que reúne três séries importantes da trajetória do artista: “Homem Novo” (2009-2012), “O destino de Otelo” (2013),  e “ A Última Viagem do Ditador Mussunda N’Zombo Antes da Grande Extinção” (2017). Refletindo sobre processos de curadoria engajados na discussão decolonial a curadoria Diane Lima refere que a intenção de mostrar esta exposição “centra-se num modo de leitura perfomativo a nível da linguagem que a própria narrativa das obras oferece” de um artista cujas obras, nas palavras de Lima, “nos arejam com novas formas de pensar e modos de fazer trazendo para o centro do debate as discussões em torno da forma da política e da política da forma.”  Salienta-se o pendor ficcional e irónico da obra de Henda, em combinações de mundos e léxicos, que revisita a História e as suas estruturas de poder inscrevendo nela novos protagonistas. 

Memory Matters [4 out 2018 – 17 fev 2019] 

Skissernas Museum, Lund (Suécia)

https://www.skissernasmuseum.se/en/exhibitions/memory-matters/

After the Future  [28 set - 21 out  2018] 

The Arts Institute, University of Plymouth (UK)

https://www.theatlantic.org/kiluanji-kia-henda

Africa State of Mind [29 set 2018 - 16 dez 2018] 

Centro de arte New Art Exchange, Nottingham (UK) 

http://www.nae.org.uk/exhibition/africa-state-of-mind/143

Oficinas do Valongo Festival Internacional da Imagem [12 a 14 de outubro 2018] 

Valongo, Santos (Br)

https://www.valongo.com/oficinas

Continuar a ler "Exposições do artista Kiluanji Kia Henda na Europa e no Brasil"

03.10.2018 | por martalanca | kiluanji kia henda

Nô pintcha tabanka Tabtô

Evento de Musica e imagem, de cariz solidário no espaço Bleza dia 11 de out. Entrada 10 € a reverter p a escola de música de Tabatô.
Tabatô é uma aldeia (tabanka) única de linhagem griot/djidiu perto de Bafatá, Guiné-Bissau, onde há séculos se passa, de geração em geração, a tradição da música Mandinga que triunfou por completo a partir dos anos 90 com a explosão da World Music a partir de Paris. Hoje, o balafon e a korá são instrumentos universais que chamaram a si o interesse de todo o ocidente, resultado directo de gravações primorosas de centenas de mestres mandinga na costa ocidental africana, e vendas de discos pelo mundo inteiro. Hoje também, um dos locais mais emblemáticos de origem de toda esta cultura, a Escola de Música de Tabatô, está de tal forma degrada que se perderam as condições para lá se aprender música. Esta noite de música e imagem no B.leza pretende angariar fundos para que a reactivação da escola seja uma realidade.Programação:  projecção filme ” A batalha de Tabatô” de João Viana, as 21,30H, 22, 30H musica ambiente c DJ e selektors, 23, 30H concerto c os musicos : Mamadu Baio,Mario Coopé, Braima Galisa, Guto pires, Bubacar Diabaté,DJs Orka Selektor, Fininhu Selektor, Jondifogo Selektor, c projecção de imagens de viagem a tabatô e Guiné Bissau por João Barbosa e Francisco sousa

03.10.2018 | por martalanca | Nô pintcha tabanka Tabtô

3.ª edição da Djass Arte - Mostra de Criadoras/es Africanas/os e Afrodescendentes

Esta iniciativa da Djass - Associação de Afrodescendentes tem como objetivos principais contribuir para a promoção e valorização das culturas africanas e afrodescendentes, dar visibilidade aos trabalhos das/os criadoras/es participantes, promover um espaço de encontro e troca de experiências e fomentar o debate em torno de questões ligadas à criação artística e cultural, à afrodescendência, ao racismo, ao colonialismo e outros temas relacionados.
O programa inclui uma exposição coletiva de artes plásticas e visuais, uma mostra de cinema, conferências e debates, música, dança, teatro, atividades para crianças e ainda bancas de venda de livros, artesanato, vestuário e acessórios. Todas as atividades são de entrada livre.
Está a decorrer uma campanha de crowdfunding para apoiar a realização deste evento. Podem dar a vossa contribuição (a partir de 5 euros) no endereço https://ppl.com.pt/prj/djass e divulgar a campanha juntos dos vossos contactos.

PROGRAMA (em atualização) 

Mercado de Culturas (Mercado do Forno do Tijolo), na freguesia de Arroios
SEXTA, 12 DE OUTUBRO
18:30- 18:45 Inauguração e boas vindas
19:00- 20:30 Conferência sobre o jornalista e escritor Mário Domingues, com José Luís Garcia (ICS-UL) e moderação de Inocência Mata (FLUL)
21:00- 22:00 Espectáculo (a confirmar)
22:00 Encerramento
SÁBADO, 13 DE OUTUBRO
11h00: Abertura
11:30-13:00 Djass Arte Júnior – atividades para crianças
14:30-15h30: “Nos tempos de Gungunhana” (teatro), com Klemente Tsamba
16:00- 18:30 Mostra de Cinema Afrodescendente: Sessão 1 (curtas-metragens)
- “a CiDaDe e o aMoR”, de Maíra Zenun
- “Heaven or Hell”, de Filipe Henriques 
- “Homestay”, de Lolo Arziki
- “Kankuran”, de Marinho de Pina
- “Manti firmi mana”, de João Garrinhas e Mário Monteiro
Conversa com realizadoras/es, moderada por Maíra Zenun
19:00-20:00 Roda de artistas: conversa com artistas que participam na exposição coletiva
21:00-22:00 Espectáculo (a confirmar)
DOMINGO, 14 DE OUTUBRO
11:30 Abertura
12:00-13:00 Djass Arte Júnior – atividades para crianças
15:00-15:45 Workshop de kizomba com Noé João
16:30-18:30 Mostra de Cinema Afrodescendente: Sessão 2
“Serviçais, das memórias à identidade”, de Nilton Medeiros, seguida de conversa.
19:00-19:45 Concerto de César Burago
20:00 Encerramento
DURANTE TODO O EVENTO
# Exposição de artes plásticas e visuais
> Darsy Fernandes (ilustração)
> Gisele Casimiro | “Museu pessoal” (fotografia/montagem)
> Maíra Zenun | “ballet das águas rosas” (fotografia, a partir de performance de Luzia Gomes)
> Maycon Alexsander (fotografia)
> Rodrigo Ribeiro | “Pele Ontológica” (pintura)
> Sandra Martins | “Ser” (fotografia)
> Sofia Yala Rodrigues (fotografia)
# Bancas de venda
> Literaturas Afrikanas (literatura africana e afrodescendente)
> Macalongo - Capulana (manualidades e acessórios)
> Moms Amade (vestuário e acessórios)
> Neith tecelagem (acessórios)
> Nina Manualidades (bonecas e acessórios)

02.10.2018 | por martalanca | Djass Arte

MEMOIRS _ JORNAL

 

Justice 22 Now | 2017 | Francisco VidalJustice 22 Now | 2017 | Francisco VidalRecentemente, e a partir da sua investigação, o projeto Memoirs produziu um jornal que reflete sobre o que significa ser europeu num momento em que a Europa se questiona a partir das suas identidades nacionais.

Público | 15 set 2018Edição | António Pinto Ribeiro
Coordenação editorial | António Pinto Ribeiro e Margarida Calafate Ribeiro
Autores | Adel Abdessemed, António Pinto Ribeiro, António Sousa Ribeiro, Ariana Furtado, Amzat Boukari-Yabara, Bruno de Terwangne, Délio Jasse, Fátima Rodrigues, Felipe Cammaert, Fernanda Vilar, Francisco Vidal, Hubert Ripoll, Joaquim Arena, Lizette Lombé, Margarida Calafate Ribeiro, Nuno Nunes-Ferreira, Paulo de Medeiros, Roberto Vecchi, Vítor Belanciano e Zia Soares.

Clique aqui para descarregar o jornal. Boa leitura!Clique aqui para descarregar o jornal 

 

 

02.10.2018 | por martalanca | memoirs

Mesmo Sol Outro

Com imagens que conectam as culturas negras e a condição pós-colonial do Brasil, de Angola e da África do Sul, o livro digital Mesmo Sol Outro, projeto selecionado pelo programa Rumos 2015-2016, agora está disponível na internet para o acesso do público. Criado pelos artistas visuais e pesquisadores Carolina Cerqueira e Tálisson Melo, o trabalho é resultado da busca empreendida pela dupla por conexões entre os três territórios, procura que teve como norte o questionamento: “Qual é o mesmo que me aproxima do outro?”.

Todo o material reunido foi coletado pelos dois durante viagens que fizeram pelos três países entre 2016 e 2017 – um processo não linear iniciado em Juiz de Fora (MG) e finalizado em Luanda, capital de Angola, envolvendo passagens pelo Rio de Janeiro (RJ); por Salvador, Cachoeira e São Félix (BA); Colônia do Paiol, comunidade quilombola remanescente em Bias Fortes (MG); e Johannesburgo, na África do Sul. São fotografias, montagens, colagens, desenhos e documentos históricos de elementos da cultura visual e do patrimônio de cada lugar, que em conjunto materializam as diversas camadas experimentadas pelos artistas durante o percurso e apontam para a complexidade das relações sociais e raciais com a qual se depararam.

Para Carolina, o livro convida o leitor a se questionar sobre o modo com que as relações raciais entre pessoas negras e brancas são pensadas no Brasil. “Nosso objetivo é contribuir com nossas experiências no debate sobre as desigualdades raciais. É conteúdo que quebra nossa tradição unilateral de entendimento do mundo”, pontua. Tálisson chama a atenção ainda para o fato de eles pretenderem indicar a existência de relações tão complexas, e não de reduzi-las a um livro. “São muitas nuances, muitas dimensões e camadas de leitura da experiência que tivemos”, destaca.

Em entrevista, os dois falam sobre a organização do livro e seu processo de produção, a escolha pelo formato digital e suas expectativas em relação à disponibilização do material na internet.

Em uma matéria publicada em nosso site no ano que passou, li que o livro seria dividido em quatro capítulos. Essa divisão se manteve? Poderiam comentar um pouco como o livro está organizado?
Carolina Cerqueira: Sim, o livro é dividido em quatro capítulos. Iniciamos com a introdução, em que nos apresentamos, indicando o ponto de vista sob o qual o projeto se organiza, os trajetos que fizemos, as formas que utilizamos para registrar esses trajetos e os três principais locais: Luanda, Salvador e Colônia do Paiol. O segundo capítulo trata do patrimônio material e imaterial. O terceiro se refere à desigualdade, e nós finalizamos com o apêndice: notas sobre a “branquitude”, suas narrativas, estratégias e seu legado. Essa divisão que estabelecemos era para nortear a seleção de imagens e alguma narrativa; depois que tudo foi tomando corpo, essas partes se interpenetram, não sei se fica nítida uma divisão. Isso só fizemos questão de marcar para o apêndice.

Como ocorreu o processo de produção do livro em si?
CC: Como Tálisson e eu estávamos geograficamente distantes durante todo o processo de produção do livro, organizamos uma agenda de reuniões semanais para discutir o andamento do projeto e dividir tarefas. A primeira etapa foi criar um storyboard da publicação, e em seguida começamos a produzir as imagens. O processo de criação do livro envolveu edição e montagens digitais, colagens feitas à mão e intervenções em arquivos históricos. Foi tudo muito intenso, produzimos mesmo milhares de imagens, tudo foi testado digital e manualmente, recortamos muito papel e depois fomos aplicando algumas coisas digitalmente, outras ficaram mais bem resolvidas à mão e deixamos. As imagens que selecionamos para o livro correspondem a um quinto de tudo o que fizemos, geramos um arquivo enorme de registros do processo.

Tálisson Melo: Sem falar nos fichamentos de pesquisa, nas entrevistas que fizemos, cadernos de viagem escritos, fotografias, pequenos vídeos, mapas, diagramas conceituais, que não entraram nesse livro. Tanto porque trabalhávamos com um prazo quanto porque o livro precisava ficar pronto um dia e ir para o mundo.

Na matéria que mencionei anteriormente, vemos que houve algumas mudanças ao longo do processo – como o fato de vocês terem trocado a câmera digital pela analógica –, ao passo que a ideia de fazer um livro digital foi mantida. Por que a escolha desse formato?
CC: Nós propusemos uma publicação digital pensando no custo e no alcance. No contato com os quilombolas da Colônia já vimos que isso não era bem assim, porque nesse contexto tão caro ao projeto as pessoas não têm acesso fácil à internet.

TM: Nós vamos trabalhar mais para a frente para fazer uma impressão desse material. Com o financiamento do Rumos nos restringimos ao digital.

Na visão de vocês, o que Mesmo Sol Outro revela sobre relações sociais e raciais no Brasil, em Angola e na África do Sul? Pensando na questão que norteou o trabalho, qual é o mesmoque os aproximou do outro?
CC: Estamos ansiosos por saber que tipo de “leitura” ou experiência as pessoas terão ao passar essas imagens, pois nós mesmos, cada vez que as olhamos, descobrimos novas relações entre elas e seus contextos, os trajetos e os deslocamentos que fizemos; é uma relação mesmo processual que temos com as questões que envolvem esse trabalho, não se Mesmo Sol Outro revela alguma coisa. Eu acredito que o mesmo que me aproxima do outro é o desejo de compreender nossas hierarquias sociais para de alguma maneira desestruturá-las.

TM: Na verdade esse objeto é de esconde-mostra. Acho que há muitos elementos evidentes nas relações com o espaço urbano, com elementos patrimoniais e tradicionais e dinâmicas culturais que são negligenciados, enquanto outros são exaltados. Às vezes acho que a gente propõe alguns ruídos sobre isso, e não se há algo revelado. São muitas linhas narrativas possíveis, e no que podem convergir todas elas é algo que realmente queremos saber, à medida que as pessoas se manifestarem sobre sua relação com essa proposição nossa.

E vale dizer que não é da vivência de negros que tratamos, mas da relação entre as pessoas, negras e brancas. Se você olhar atentamente o livro, vai ver que há um direcionamento do olhar para essas relações, e não para um grupo específico, já que acreditamos que um “eu” ou “nós” só se configura como está porque o outro está ali também, é a relação que constrói.

Por fim, o que vocês esperam com a disponibilização on-line do projeto?
CC: Eu espero sinceramente que o livro alcance muitas pessoas.

TM: É isso, queremos que muita gente veja, porque nossa vontade é contribuir com uma perspectiva sobre como as pessoas se relacionam. Para quem quiser conversar com a gente sobre isso, é só entrar em contato, queremos ouvir o que essas pessoas vão sentir e pensar a partir do que propusemos.

26.09.2018 | por martalanca | Bias Fortes, Cachoeira e São Félix, capital de Angola, Colônia do Paiol, envolvendo passagens pelo Rio de Janeiro (RJ); por Salvador, Joanesburgo, Juiz de Fora (MG) e finalizado em Luanda, Mesmo Sol Outro, projeto

15ª edição do OUT.FEST - festival internacional de música exploratória do Barreiro

 

PROGRAMA  

 5 OUTUBRO   EDIFÍCIO A4. 16H30                                 UNEARTHING THE MUSIC apresenta:

O projecto UNEARTHING THE MUSIC desenvolve uma investigação que se propõe dar visibilidade às músicas experimentais criadas nos regimes não-democráticos europeus na segunda metade do séc. XX, com particular ênfase nos países situados para além da chamada ‘Cortina de Ferro’ no Leste Europeu. O projecto tem a autoria da OUT.RA – Associação Cultural, conta com parceiros formais na Letónia, Hungria, Roménia e Sérvia, e é financiado pelo Programa Europa Criativa da União Europeia. 

No ano em que se celebra o Ano Europeu do Património Cultural, o OUT.FEST apresenta esta secção especial composta por performances de dois artistas intimamente ligados às músicas de vanguarda no leste Europeu, antes e imediatamente após a queda do Muro de Berlim e o desmoronamento do ‘Bloco de Leste’.

Mais informações sobre o projecto em www.unearthingthemusic.eu  

instalação multimédia / concerto

ANTON NIKKILÄ (Finlândia)

Anton Nikkilä é um músico e compositor finlandês cujo trabalho desenvolvido desde o início da década de 1990 tem tido os mais vários pontos de contacto com as músicas underground da Europa de Leste, e em particular com o período pós-soviético: colaborou durante mais de 10 anos com o russo Alexei Borisov, uma das figuras fundamentais da comunidade experimental de Moscovo, especializando-se enquanto investigador e promotor da música industrial desenvolvida entre 1980 e 2000 na cidade-coração da URSS.

‘Literal Translations’, a nova obra audiovisual que apresentará no Barreiro, é um filme-sem-filme, montada num sistema quadrafónico ‘vertical’ e ‘anti-imersivo’, cuja matéria-prima conceptual é a sua interpretação histórica do vanguardismo artístico soviético.

VLADIMIR TARASOV (Rússia/Lituânia)

Nascido em Archangelsk (Rússia), mas de nacionalidade lituana, Vladimir Tarasov é uma das figuras-maiores do jazz para além da ‘Cortina de Ferro’; percussionista extraordinário, fez parte durante década e meia do superlativo GTC / The Ganelin Trio, com o qual, juntamente com Viatcheslav Ganelin e Vladimir Chekasin, ajudou a fazer a história do free jazz europeu construíndo pontes fundamentais entre regimes, geografias e políticas.

Editou, em cerca de quatro décadas, mais de 100 discos, divididos entre o trio, orquestras, álbuns a solo e colaborações com figuras míticas ocidentais como Andrew Cyrille, Anthony Braxton ou o Rova Saxophone Quartet, bem como pares incontornáveis do leste europeu como Gyorgy Szabados ou o recentemente falecido Thomas Stanko. 

‘Thinking of Khlebnikov’, a peça para percussão solo que apresentará no Barreiro, é um diálogo imaginado entre Tarasov e o icónico poeta e dramaturgo Velimir Khlebnikov, actor central no movimento Futurista russo do início do séc. XX.

 5 OUTUBRO   ADAO – ASSOCIAÇÃO DESENVOLVIMENTO ARTES OFÍCIOS. 21H30                   concertos

TODA MATÉRIA (Portugal)

Joana da Conceição (artista plástica e sonora que faz parte da história do OUT.FEST desde a sua 1ª edição e através das subsequentes actuações enquanto parte do duo Tropa Macaca) convidou, no início deste ano e como forma de celebrar a sua exposição individual ‘Cores em Silêncio’ na Galeria Lehman + Silva, no Porto, várias cúmplices de diferentes disciplinas artísticas para um momento performativo singular, experiência que adaptou aos palcos, subsequentemente, para uma actuação na Galeria ZDB a propósito de um especial da Resident Advisor em Lisboa. 

Para o OUT.FEST 2018, Joana da Conceição, Maria Reis, Mariana Pita, Sara Graça, e Sara Zita Correia voltam a formar TODA MATÉRIA. Esta roda de cinco promete avaliar os contornos de energia, examinar a influência dos elementos e descobrir vazios, bem como áreas de energia acelerada, em colisão ou estagnada, afim de curvarem o tempo e abrir o espaço no que será um espectáculo multidisciplinar que cruza dança, música, luz e pintura.

JOÃO PAIS FILIPE (Portugal)

Baterista, percussionista e escultor sonoro do Porto. O seu percurso enquanto músico tem sido caracterizado pela imersão numa amplitude de estilos e linguagens, em bandas como os Sektor 304, HHY & The Macumbas,  Montanha Magnética, entre outros, ao mesmo tempo que mantém uma actividade regular no universo da música improvisada, tocando com nomes como os de Evan Parker, Carlos “Zíngaro” ou Rafael Toral. João Pais Filipe tem desenvolvido também um trabalho de construção de gongos, pratos e outros instrumentos percussivos de metal, através do qual explora tanto as propriedades acústicas destes objectos como a sua potencial dimensão escultórica e imagética. Irá editar o seu primeiro album de percussão solo em Setembro e o OUT.FEST será uma das datas de apresentação do mesmo.

TELECTU (Portugal)

Um dos tomos dos saudosos Telectu de Jorge Lima Barreto e Vítor Rua, que agora é repescado pela recentíssima Holuzam, selo nacional com sede nos soldados por detrás da Flur, que decidiram - para já - pegar em relíquias da música electrónica nacional da década de 1980. ‘Belzebu’ foi o segundo disco dos Telectu, um projecto realmente valente na história das vanguardas (no sentido “antigo” da coisa) nacionais ligadas à música, cruzando vários campos relativos à composição contemporânea, à transição da modernidade para a pós, à utilização de sintetizadores, escalas não-ocidentais, à improvisação, a formas ligadas ao jazz, ao rock, a uma pop depois de Warhol. 

Estes Telectu são Rua e António Duarte, amigo do duo icónico, e crucial arquivista do material artístico do conjunto, que estreou esta celebração do 35º aniversário de ‘Belzebu’ no Teatro Maria Matos há uns quantos meses, já em 2018. Material quase bíblico na cronologia da exploração sonora e musical em Portugal a reactualizar-se ao vivo, para que a fonte não pare de jorrar.

GROUP A (Japão)

Duo feminino japonês transgressor de ortodoxias estilísticas, logísticas e económicas, condutoras de um minimalismo não-onda, caravana da imaginação, denotando lições e inspirações do Dada, arte performativa e demais campos de fronteira, confronto e síntese quer a nível visual, quer musical dos que aprendem por si atirando-se no informe. Formadas em 2012, estão há dois anos baseadas em Berlim onde são peça nuclear na Mannequin Records, e encontram-se actualmente a trabalhar no seu próximo disco e numa peça de teatro com o encenador e coreógrafo de Montréal, Dana Gingras.

NÍDIA (Portugal)

Psicadélica, pioneira, confiançuda, multicolor, impiedosa, ‘Nídia é Má, Nídia é Fudida’. Produtora de música electrónica completamente fora do baralho e a dar mais cartas que quase quem quer que seja no mundo hoje em dia, nasceu na Margem Sul e prosseguiu no fim da adolescência para Bordéus. Já gracejou as páginas de algumas das publicações mais importantes do mundo, que se curvaram perante o poderio em questão, mas no fundo o que fica é a música - e que maravilha ela é. 

O seu tempo em França deu-lhe maior familiaridade com o zouk e o decalé, que, acrescidos à familiaridade que já tinha com batida, kuduro, tarraxo e demais vocábulos da grande Lisboa negra, e à sua imaginação tão fantasiosa quanto construtiva, deu um caminho daqueles bons. Súmula riquíssima e depurada de pop e de várias formas de música de dança comunitária, destiladas num novo e individualizado vocabulário pessoal, que, no fundo, é de todos. Sem medo. Ponto adicional de interesse é o facto de a sua actuação no OUT.FEST ser preparada ao longo de um mês em residência artística no Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira – um espectáculo que será, portanto, uma estreia absoluta.

6 OUTUBRO   SEDE DO F.C. BARREIRENSE. 16h00          concertos

OPUS PISTORUM (Portugal)

Heterónimo da jovem promessa barreirense Hélder Menor aka Tiny Montgomery, que sendo roceiro e adorando os Felt (dizemos nós), fez um raio de uma construção pop dançável, cancionetista, de feira popular metafísica, onde todos os tipos de confronto, fontes e vocabulários estilísticos têm que se degladiar pela oportunidade de fazer parte destes objectos sonoros. Fontes bem simples e frugais mas com brio e acabamento. A pica aqui é feita de sonho e das insondáveis capacidades analíticas dos artesãos da Margem Sul. Parte do colectivo Linha Amarela, que começa, ao seu jeito pioneirista, a encontrar o seu tipo de lugar no estranho e anímico “panorama” da música independente nacional actual.

IMPÉRIO PACÍFICO (Portugal)

Duo de Luan Bellussi e Pedro Tavares, ligado essencialmente à música electrónica mas permanentemente aberto a todas as formas e meios cativantes de experimentação. Fazem no OUT.FEST uma das suas primeiras datas fora de Setúbal e Lisboa, num dos arranques mais interessantes da música independente portuguesa dos últimos anos. Depois de uma série de EPs digitais e físicos pela Alienação e Rotten \ Fresh, dois expoentes pertinentes da actividade da Grande Lisboa e subúrbios dos últimos anos, lançaram recentemente ‘Racing Team’, jogada representativa do seu movimento cada vez mais numa direcção inovadora das novas músicas de dança. Têm noções de estrutura, acabamento, narrativa, composição, pertinência pop, estranheza dialéctica, cruzando várias referências dos últimos 20 anos (Boards of Canada, Oneohtrix Point Never, James Ferraro, Mouse On Mars, mas tantas outras coisas). Gente com a cabeça a funcionar bem e rápido, mas com claras noções éticas e filosóficas do domínio da macronarrativa. Enfim, conversa cara para dizer que valem a pena.

ODETE (Portugal)

Odete é uma Dj, produtora e artista plástica lisboeta numa missão de criação catártica e libertadora; igualmente à vontade nos meandros do techno industrial ou do noise, mas também do reggaeton e do dancefloor em geral, todo o seu trabalho se conecta intimamente com a sua história pessoal e a sua jornada enquanto mulher trans, deixando sonicamente patentes o contacto com fronteiras, emoções, equívocos e processos de empowerment. É uma das vozes mais activas e fortes da cada vez mais celebrada e saudavelmente heterogénea cena da música electrónica na capital.

KEROX (Portugal)

Kerox é António Queiroz, um dos produtores do portefólio da editora Xita Records, um entusiasmante selo lisboeta que tem dado cartas nos últimos anos com novos valores dos mais diversos campos estéticos.

‘Sarna’, disco editado no início deste ano, é uma longa viagem em dois actos por uma electrónica transviada e cheia de ângulos inesperados, dançável de igual modo pelo corpo e pela cabeça.

 6 OUTUBRO   BIBLIOTECA MUNICIPAL DO BARREIRO. 16h30                             

concertos
CÂNDIDO LIMA apresenta ‘Oceanos’ (Portugal)

Compositor nascido em 1939 em Viana do Castelo, completamente fora do baralho mediaticamente digerível nas últimas décadas, que estudou com Xenakis no pico. ‘Oceanos’ é uma peça realizada em 1979, concebida para produzir um efeito como se de “uma hecatombe numa sala” se tratasse. Com trabalho lumínico, de projecções, e da especialização de som afecta à “sua” electroacústica para a tornar na experiência total da não só saudosa, como cada vez mais necessária experiência do final do modernismo.

É pioneiro de inúmeras formas técnicas e tecnológicas na música portuguesa no campo da composição contemporânea, tendo tido todo o tipo de oportunidades e conquistas académicas - entrevistas a Boulez e Ligeti; estágio na Sorbonne; bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura.

No meio destas poeiras, a música é bonita e tem uma raiva interior que vem… da água. ‘Oceanos’ fica então no panteão desta fase mais abstraccionista, nas suas várias facetas, do PREC, que agora é revisitada em tempo útil, para que melhor se entendam as tramas da história do vanguardismo musical português do último meio século.

RAFAEL TORAL SPACE COLLECTIVE 3 plays ‘Moon Field’ (Portugal / Itália)

Pioneiro da música exploratória em Portugal, do final dos anos 80 até hoje, e reiteradamente - e com o maior orgulho –  repetente no OUT.FEST, Rafael Toral apresenta-se num trio lançado pela Room 40, etiqueta do tropa Lawrence English, que tem mantido a batalha acesa pelos cromos mais raros nos últimos anos largos.

Toral apresenta-se nesta formação num território entre um jazz modal atomizado, e as suas pesquisas acerca de como a electricidade pura pode frasear num novo vernáculo, livre e solto como os passarinhos, entre acordes, silêncios e pausas. Um transporte para uma nova realidade onde tudo o que de natural, analógico e digital se funde, livremente.

Cada vez mais uma figura essencial das grandes evoluções da música electrónica mundial no último quarto de século, que neste ano viu a reedição do seu maravilhoso ‘Wavefield’, é com o maior orgulho que vemos as novas vistas que tem para nos mostrar – literalmente, uma vez que o concerto será acompanhado pela projecção dos maravilhosos desenhos de Rui Toscano que ilustram o disco ‘Moon Field’ -, agora que virou o eremita mais produtivo da comunidade experimental portuguesa.

RICARDO ROCHA (Portugal)

Nome incontornável do repertório da guitarra portuguesa e da composição contemporânea nacional. Agraciado já por duas vezes com o Prémio Carlos Paredes, assim como recipiente do Prémio Revelação Ribeiro da Fonte para Jovens Compositores e Troféu Amália Rodrigues para Melhor Guitarra Portuguesa, diz sempre ter distinguido e vivido “com muita disciplina os dois mundos: a guitarra e o mundo do fado, e depois poderia criar-se outro mundo paralelo ao do fado”. Ou como a editora Mbari propunha em 2010 pelo lançamento do seu segundo álbum “Luminismo”, apelando a entendê-lo para além da técnica fenomenal evidenciada, Ricardo Rocha “assemelha-se mais a um cirurgião, extraíndo o tumor ‘Fado’ de um instrumento que raramente conheceu vida própria, para além da inscrita nessa tradição de Lisboa”.

6 OUTUBRO   ESCOLA DE JAZZ DO BARREIRO / LADO B. 16h30

concertos
LEA BERTUCCI (Estados Unidos)

Compositora e performer norte-americana emergente cujo trabalho se debruça sobre as relações entre os fenómenos de acústica e a ressonância biológica. Para além da sua técnica e prática instrumental em alto saxofone e clarinete baixo, as suas apresentações tendem a integrar difusão multi-canal nos sistemas de som, feedback electro-acústico, trabalho de colagem em fita, entre outros processos de experimentação em música e som, sem pruridos pelas expectativas musicais com que o público e a crítica a ela têm chegado.

KAJA DRAKSLER (Eslovénia)

Nascida nos subúrbios de Ljubljana, Eslovénia, em 1987, Kaja Draksler tem formação superior em piano jazz (foi aluna de Vijay Iyer e Jason Moran) e em composição clássica, em Amesterdão, onde fixou residência e tem vindo a contribuir firmemente para a cena do jazz criativo e da música improvisada na Holanda.

Tem tocado regularmente um pouco por toda a Europa, em duo com a trompetista lusa Susana Santos Silva, com o seu próprio octeto (uma das formações mais notáveis e originais do actual panorama do jazz europeu) ou a solo, formato em que se apresenta no OUT.FEST 2018.

CLOTHILDE (Portugal)

Álias de Sofia Mestre, colorista, fotógrafa, desenhadora e não só, que se encontrou enquanto música na viragem para os 40. Trabalha a partir da herança de pós-minimalistas, improvisadoras e compositoras de mente aberta, como Pauline Oliveros, Maryanne Amacher, Daphne Oram, Eliane Radigue ou Delia Derbyshire, para criar a partir de bases electrónicas modulares - tecnologia feita pelo seu companheiro Zé, aka HOBO -, novas paisagens e realidades emocionais e estéticas.

Pelo facto de ter chegado relativamente tarde à criação musical, tem qualidades frontais punk que cruza com uma experiência de vida já assinalável, e é essa intersecção, entre a clareza e fluidez do seu raciocínio e estruturação musicais, que a destaca da/os demais. Tudo o que está no seu disco de estreia ‘Twitcher’, lançado pela Labareda, tem o pulso vivo daqueles que querem sentir. Álbum que vale a pena ouvir, das mais entusiasmantes artistas lisboetas a desenvolver trabalho neste 2018.

6 OUTUBRO   LARGO DO MERCADO 1º MAIO. 17h30  

concertos

JIMI TENOR (Finlândia)

Espírito realmente curioso e arrojado, Jimi Tenor é cidadão finlandês faz agora 53 anos. Está no nascimento da crucial Säkhö, que com amigos como Mika Vainio redesenhou o que seria o underground neo-futurista de Helsínquia. Anda nisto há muito, entre esse seu selo, a Kitty-Yo ou a Warp, e ajudou a derreter fronteiras de vocabulário musical e social.

Trabalha em canção ocidental pop, ritmos africanos, electrónica e acústica, canção e paisagem abstracta, mas no fundo fica a ideia que ele é um frontman de olhos postos no que pode ser. Trabalhou com Tony Allen (esse mesmo, o baterista de Fela Kuti) e variadíssimos outros, e já este ano edita um disco completamente pirata, ‘Order of Nothingness’, em que mistura sopros transcontinentais com polirritmias vindas de todos os cantos do globo. Um passarinho existencialista, com muitas faces, mas que dá a cara pelo que der e vier sempre em procura de uma coisa nova que lhe dê pica.

HHY & THE MACUMBAS (Portugal)

Unidade sediada no Porto, reunida e liderada por Jonathan Uliel Saldanha (HHY), membro co-fundador do colectivo Soopa e músico que o Barreiro tem ainda fresco na memória após a sua inesquecível apresentação com o Coral TAB e Be Voice na Igreja de Santa Maria na edição de 2017. São das mais consistentes, fascinantes e únicas propostas na música nacional ao longo da última década. Música ritualista com o seu próprio conjunto de hábitos e referências, cruzando variadíssimas culturas ritmistas, fontes acústicas, eléctricas e electrónicas, onde basicamente vale tudo o que beneficie a hipnose colectiva - dos músicos e do público, que invariavelmente vira dançarino; seja em corpo ou em mente. A cada show vêm com uma ideia nova, seja um objecto, roupas, luzes, imagem, novas dicas de instrumentação. No seu elenco está um verdadeiro conjunto all-star de guerrilheiros nortenhos, que têm feito do Porto uma cidade com trincheiras artísticas e cívicas onde se pode ter fé. Gente que trabalha no campo a nível de composição, actuação, edição, promoção de eventos, desde o início deste século, e que se mantém, sempre a progredir. Para a frente, que é para onde interessa. Das grandes bandas de festa metafísica deste nosso país.

 6 OUTUBRO   SIRB “OS PENICHEIROS”. 21h30           concertos

YEK: BURNT FRIEDMAN & MOHAMMAD REZA MORTAZAVI (Alemanha / Irão)

Burnt Friedman é um nome histórico da música electrónica alemã e europeia; a sua carreira, que se aproxima já das quatro décadas, inclui colaborações com gente como David Sylvian, AtomTM 

ou o saudoso Jaki Liebezeit (baterista dos Can que tivemos oportunidade de apresentar no OUT.FEST 2016, poucos meses antes do seu sentido falecimento), com o qual e durante 17 anos desenvolveu o projecto ‘Secret Rythms’, ainda hoje uma preciosidade absoluta, com o seu cruzamento da música electrónica e da percussão orgânica num material sonoro alheio às fórmulas e referências de composição do Ocidente e de todo o Hemisfério Norte.

É precisamente essa longa colaboração com Jaki Liebezeit que primeiro é evocada no disco lançado no final de 2017 em duo com Mohammad Reza Mortazavi, mago iraniano da percussão que através do seu tombak (instrumento tradicional do Irão) desenvolve técnicas e trilhos que vão muito para além da tradição musical persa.YEK (nome dado ao projecto que une estes idiossincráticos criadores) é uma maravilha percussiva e simultaneamente ambient, na qual as fontes sonoras electrónicas e acústicas se completam e dissimulam em temas circulares e pequenas narrativas sónicas. Um trabalho de dois singulares mestres.

LOTIC (Estados Unidos)

Dj e produtor J’Kerian Morgan de seu nome, crescido em Houston, Texas, onde fez estudos superiores em composição eletrónica e saxofone até se mudar para Berlim em 2012. Aí ajudou a nascer o influente colectivo Janus e afirmou-se como uma das vozes mais assertivas da frente avançada da club music europeia. O seu disco “Hererocetera” de 2015 na Tri Angle Records é um compêndio de electrónica experimental vertendo melodias sintéticas espectrais em soluções de batidas niilistas mileniais. O seu longa duração de estreia “Power” foi editado em Julho, conceptualmente alicerçado na paixão do autor pelas marching bands do Texas e o livro “Between The World And Me” de Ta-Nehisi Coates.

LINN DA QUEBRADA (Brasil)

Linna Pereira, mais conhecida como Linn da Quebrada, é uma actriz, cantora, compositora e ativista transexual, artista fundamental do Brasil e de São Paulo para o avanço artístico, humano e civilizacional na música brasileira no geral, e no funk em particular. Atravessa todas as barreiras cruciais a nível de género, classe, história, para que todos nós tenhamos menos medo e mais confiança naquilo que devemos fazer quando confrontamos. Em disco, fez o fantástico ‘Pajubá’, tudo pura produção e execução independente. Em palco, é absolutamente possuída pela fúria da verdade, pontuada com a classe e a serenidade natural de quem sabe absolutamente que o que está a fazer é precioso e deve ser bem tratado. Vem com toda a sua turma - Jup do Bairro na segunda voz, uma DJ, outro DJ, Domi na percussão, para show completo que tem feito explodir palcos por todo o Brasil e Europa. Um funk paulista não só sem medo do mundo, como absolutamente certo que vai na direcção que vale a pena. “Bicha, trans, preta e periférica. Nem ator, nem atriz, atroz. Performer e terrorista de género”. Puro fogo, totalmente necessário, de uma das artistas mais importantes a sair do Brasil este século, para um dos picos da nossa noite de sábado.

FRET aka MICK HARRIS (Reino Unido)

Lorde original dos blast beats como baterista nos Napalm Death, Extreme Noise Terror e Godflesh, com uma participação mítica também no trio Painkiller (junto a John Zorn e Bill Laswell), é porventura o seu trabalho com o pseudónimo Scorn que mais influenciou uma diversidade de criativos musicais a operar sob a égide transgressora do encontro entre a linhagem Industrial e a cultura Dub. Depois de um hiato de vários anos, está de regresso como Fret, proposta vencedora do escuro tecnóide como só ele aprimorou realizar, com o seu característico peso colossal de graves e insigne densidade textural.

6 OUTUBRO   EDIFÍCIO A4. 02h30                      

 concertos / dj sets

JOHN T. GAST (Reino Unido)

Figura britânica vagamente misteriosa, inicialmente a surgir no horizonte como parte da milícia abstracta ligada aos Hype Williams e a Dean Blunt. Entretanto consta que tem estado por zonas litorais do sul nacional, entre ondas e terra, onde continua o seu trabalho de encriptação, iconografia de despiste e outras técnicas de desreferencialização (inventámos agora). Trabalha com várias fontes de gravação, músicos ao vivo que aparecem assim meio impromptu consoante os aliados que estão no terreno no tempo da actuação, e tornou-se importante também por fazer questão de ser tão vaporoso numa época obsessiva com vários tipos de processo de sobreposição. A cada vez que surge em gravações ou em palco, oferece visões onde o tempo e o local parecem sumir-se enquanto realidades claras, para tentar criar mundos e sensações paralelas. Cromo total, claro, e é por isso que faz parte do cardápio.

DJ LYCOX (Portugal)

Prodígio do Portugal negro, actualmente a viver em Paris, é das figuras mais proeminentes da revolucionária movida da editora Príncipe. De todas as figuras provenientes da vida, cultura e expressão dessa recente portugalidade pancontinental, é dos mais talentosos do ponto de vista da pertinência e sensibilidade de ouro para uma grande melodia e para o poder pop que uma boa canção, mesmo que - quase sempre - instrumental pode ter. Por cima disso, é absolutamente diabólico a trabalhar as quebras rítmicas dos vários vocabulários em que manobra (estar em França deu-lhe informação disponível mais correntemente do que nos bairros de Lisboa e Margem Sul a nível de cultura globalista), rematando tudo com a sua própria visão de como calibrar as nossas tendências de compressão sonora da pop black norte-americana, mesmo que as raízes venham “do Congo”. Na sua última aparição nacional, na Galeria Zé dos Bois, mostrou o quão profícuo e magnético virou enquanto DJ, com sequências imparáveis de cores, ritmos e pura energia, que só não levou a um novo 25 de Abril porque não havia nem cravos nem AK’s na mão. Craque que encerra o OUT.FEST 2018 na mais alta das notas.

25.09.2018 | por martalanca | Barreiro, festival de música, OUT.FEST

MÓNICA DE MIRANDA | TOMORROW IS ANOTHER DAY

Exposição individual comissariada por Solo show curated by Cristiana Tejo

Inauguração Qua 26/09 17h - 20h  Opening Wed 09/26 5-8pm Galeria Carlos Carvalho  


Tomorrow is another day é uma expressão que indica um lugar presente que se posiciona com um olhar expectante para o futuro sobre as memórias do passado. No contexto africano, traz para o discurso as falhas e as ausências da história e da política e reivindica a independência de pensamento e acção na construção de espaços e territórios pós-coloniais pela via da apropriação de dogmas de formas de poder, de cânones de beleza e da estética helenística.
Tomorrow is another day é composta de séries de fotografias e de um vídeo desenvolvidos recentemente em alguns países da África, como o Congo e Moçambique, pela artista Mónica de Miranda. 

 SEM TÍTULO, (DA SÉRIE SEM TÍTULO, (DA SÉRIE

Tomorrow is another day is an expression that indicates a present consciousness on the memory of the past looking to an expectant future. In the African context, it brings to the discourse the failures and absences of history and politics and claims for an independence of thought and action in the construction of postcolonial spaces and territories by appropriating the dogmas of forms of power, canons of beauty and Hellenistic aesthetics.Tomorrow is another day is composed by a series of photographs and a video captured very recently by the artist Mónica de Miranda. 

 

Portfólio do artist | Artist portfolio

24.09.2018 | por martalanca | Monica de Miranda

OS NEGROS, de Jean Genet, com encenação de Rogério de Carvalho, Teatro GRIOT

Co-produzido por Teatro GRIOTSão Luiz Teatro Municipal, estreado em Lisboa em Outubro de 2017 na Sala Luís Miguel Cintra do São Luiz, OS NEGROS apresenta-se agora no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, dia 4 de Outubro pelas 21h30.

fotografia de Sofia Berberan e Mário Césarfotografia de Sofia Berberan e Mário César

OS NEGROS 

O espectáculo delineia uma configuração topológica, constituída por três patamares, dispostos verticalmente: o espaço onde se situa a corte e a Rainha, que representa o espelho do domínio do colonizador; o espaço onde se situa a Felicidade, uma negra imponente; e a plataforma de base, que representa os colonizados, ocupada pelas restantes personagens. Esta estrutura topológica define as relações de poder entre as personagens e é nela que se constrói o espaço do drama, onde as vozes, os coros e os risos orquestrados dos negros, conferem ao espectáculo o grotesco, atingindo as fronteiras da paródia. 

Uma urdidura complexa, que se compõe numa atmosfera de ritual, de cerimónia. Uma espécie de liturgia paródica.  

ficha artística 

texto Jean Genet - tradução Armando Silva Carvalho - encenação Rogério de Carvalho - actores Angelo Torres, Binete Undonque, Daniel Martinho, Gio Lourenço, Júlio Mesquita, Laurinda Chiungue, Matamba Joaquim, Miguel Sermão, Odete Mosso, Orlando Sérgio, Renée Vidal, Sandra Hung, Zia Soares - cenografia José Manuel Castanheira; assistente de cenografia: Pedro Silva; assistentes estagiários de cenografia: Ana Sofia Lacerda, Inês Carrilho, Filipe Alexandre Fernandes - luz Jorge Ribeiro - figurinos Catarina Graça com execução de Aldina Jesus - adereços Mónica de Miranda - desenho de som Chullage - voz e elocução Luis Madureira - coreografia Rose Mara da Silva - fotografia Sofia Berberan e Mário César – vídeo teaser David Cardoso - produção executiva Urshi Cardoso - co-produção Teatro GRIOT e São Luiz Teatro Municipal

M/14

Duração (aprox.): 2h30 c/intervalo

Local: Teatro Constantino Nery

Morada: Av. Serpa Pinto 242, 4450-263 Matosinhos

Data: 4 de Outubro (apresentação única) 

Horário: 21h30 

Reservas: 229392320 (10h - 18h) 

Bilhetes: normal, 7,50€; c/desconto, 5€

Jean Genet, autor 

Volto a repetir: esta peça, escrita por um Branco, destina-se a um público de Brancos. Mas se por um acaso muito estranho for representada para um público de Negros, será necessário, em cada sessão, convidar um Branco - homem ou mulher. O produtor do espectáculo deverá recebê-lo com a maior solenidade, fazer com que se vista de cerimónia e conduzi-lo ao seu lugar, de preferência na primeira fila da plateia. Os actores irão representar só para ele. E durante todo o espectáculo um projector incidirá sobre este Branco simbólico.

E se nenhum Branco estiver disposto a isso? Então distribuam à entrada máscaras de Brancos ao público negro. Se os Negros recusarem as máscaras dos Brancos, usem um manequim.

Rogério de Carvalho, encenador 

Uma situação de choque, turbulência através de uma representação alegórica, a ironia de um ritual que termina em massacre. O espectáculo abre, para os negros, ao nível da consciência, a busca de uma identidade que não seja a imagem que o branco tem do negro. O negro quer libertar-se dessa mácula, o que lhe daria liberdade. É nessa ilusão que a peça encontra o tema da negritude. O horror do espectáculo está em tratá-lo de uma forma irónica, atingindo as fronteiras da paródia. 

Nunca se deixa de ter a percepção de que a verdade do palco significa jogo por parte dos actores. Vive-se o ritual. Trata-se de um espectáculo cerimonioso, de momentos ritualísticos. Basta dizer que a representação é ritual? Que fronteira entre a representação teatral e a ritualização? Que papel conferimos aos espectadores sejam eles brancos ou negros? É necessário que a cena seja legível, em que termos para cada uma das cores? O que é ser negro quando não se vive num país negro?

 

24.09.2018 | por martalanca | Jean Genet, os Negros, teatro griot

Gaye Su Akyol (Turquia) I LISBOA

Numa época em que é difícil - e raro - apresentar em Lisboa músicos e autores pouco conhecidos e que “não tenham deuses nem donos”, a vinda ao Teatro da Trindade de Gaye Su Akyol é um acontecimento! Além do mais é uma mulher que luta sem medo pela liberdade, numa Turquia onde por exemplo os direitos dos curdos, os direitos das mulheres e a liberdade de imprensa são constantemente violados e se faz uso da tortura.

Dans un pays difficile comme la Turquie, bordant le Proche-Orient, la Russie et l’Europe, dans une atmosphère de plus en plus conservatrice et un monde qui contribue à sa propre obscurité avec son chaos et ses luttes de pouvoir, je crois qu’il faut défier le mal organisé et la réalité horrible qu’il engendre, et l’option la plus forte reste le « rêve cohérent ». En outre la vision matérialiste du monde attribue des significations et des valeurs suprêmes à ce qu’elle appelle « réel » tout en ignorant l’énorme puissance, la nature incroyable et la valeur des rêves. Comme tous les enfants, petite mon super-pouvoir était de rêver. Je l’ai presque oublié pendant un moment, mais j’ai fini par m’en souvenir. Il n’y a rien de plus beau et spectaculaire qu’un esprit libre. (Les rêves libérateurs de Gaye Su Akyol)

mais info

concerto dia 25/09/2018 no INATEL

As influências de Gaye Su Akyol confundem-se com as da sua cidade de nascimento, a magnifica Istambul. Antropóloga de formação, Gaye afirma essa influência “É um clichê, mas a cidade é uma ponte que combina culturas, e isso é muito verdadeiro na música, especialmente na influência grega”. A música tradicional foi muito importante para o inicio do percurso de Gaye que se foi definindo com o seu crescimento, com a descoberta de rock em especial do grunge de Seattle e mais tarde do rock psicadélico dos anos 70’. De voz envolvente e hipnótica que pode ser muito doce mas muito sombria ao mesmo tempo, leva-nos em viagens onde podemos sentir todas estas tão diferentes fontes e experiências que Gaye viveu.  O seu segundo e último álbum “Hologram Imparatorlugu”, lançado em Novembro de 2016, foi um marco na cena musical underground de Instambul num contexto político cada vez mais difícil e mais severo para com artistas como Gaye.  

 

As influências de Gaye Su Akyol confundem-se com as da sua cidade de nascimento, a magnifica Istambul. Antropóloga de formação, Gaye afirma essa influência “É um clichê, mas a cidade é uma ponte que combina culturas, e isso é muito verdadeiro na música, especialmente na influência grega”. A música tradicional foi muito importante para o inicio do percurso de Gaye que se foi definindo com o seu crescimento, com a descoberta de rock em especial do grunge de Seattle e mais tarde do rock psicadélico dos anos 70’. De voz envolvente e hipnótica que pode ser muito doce mas muito sombria ao mesmo tempo, leva-nos em viagens onde podemos sentir todas estas tão diferentes fontes e experiências que Gaye viveu.  O seu segundo e último álbum “Hologram Imparatorlugu”, lançado em Novembro de 2016, foi um marco na cena musical underground de Instambul num contexto político cada vez mais difícil e mais severo para com artistas como Gaye.  
As influências de Gaye Su Akyol confundem-se com as da sua cidade de nascimento, a magnifica Istambul. Antropóloga de formação, Gaye afirma essa influência “É um clichê, mas a cidade é uma ponte que combina culturas, e isso é muito verdadeiro na música, especialmente na influência grega”. A música tradicional foi muito importante para o inicio do percurso de Gaye que se foi definindo com o seu crescimento, com a descoberta de rock em especial do grunge de Seattle e mais tarde do rock psicadélico dos anos 70’. De voz envolvente e hipnótica que pode ser muito doce mas muito sombria ao mesmo tempo, leva-nos em viagens onde podemos sentir todas estas tão diferentes fontes e experiências que Gaye viveu.  O seu segundo e último álbum “Hologram Imparatorlugu”, lançado em Novembro de 2016, foi um marco na cena musical underground de Instambul num contexto político cada vez mais difícil e mais severo para com artistas como Gaye.  

 

21.09.2018 | por martalanca | Gaye Su Akyol