Em São Tomé e Príncipe há um grave défice de liderança

Em São Tomé e Príncipe há um grave défice de liderança O programa mais visto da televisão de São Tomé e Príncipe foi suspenso por decisão do Governo. Conceição Lima, jornalista, poeta e responsável pelo programa, considera ter sido alvo de "saneamento" e teme que o episódio possa ser um mau sinal para o futuro da democracia no seu país. Este mês chega às livrarias portuguesas o seu novo livro de poemas, "O País de Akendenguê".

10.01.2011 | por Jorge Marmelo

Malangatana, nosso Colorido Marinheiro

Malangatana, nosso Colorido Marinheiro Apenas mais tarde se soube, de um país haver percorrido o Mundo para embarcar o seu pintador enfeitiçado da vida, que, agora, naquela enorme nave, voltava para vivê-la na consanguinidade moçambicana das suas telas. Desse homem, nosso colorido marinheiro do mundo e de seu nome MALANGATANA, só mesmo elas, justa e merecidamente, poderão falar.

06.01.2011 | por Eduardo White

Viagens (entre)cruzadas

Viagens (entre)cruzadas Interpretar o viajante, na actualidade, decorre de um pensamento multilateral ampliado pela situação geográfica e cultural que existe entre o ponto de partida e o ponto de chegada. A latitude humana que se encontra nas distâncias percorridas entre princípio e fim de um percurso é, para muitos, um agente provocador que resulta num campo de experimentação artística e intelectual, onde a força de espaços inócuos nos leva a partilhas e à construção de conceitos.

02.01.2011 | por Jorge Rocha

“Acusam-me de fazer objectos pouco esculpidos, pouco africanos”, entrevista com Balthazar Faye

“Acusam-me de fazer objectos pouco esculpidos, pouco africanos”, entrevista com Balthazar Faye Alguns países, em África, não possuem ferramentas que permitam a execução de um mesmo objecto indefinidamente. Para ultrapassar esta carência tecnológica, seria preciso integrar conceitos de execução como, por exemplo, a peça única em série. Efectivamente, porque não valorizar as pequenas diferenças entre os objectos que se inspiram no mesmo padrão? Porque não jogar com a exploração destes “futuros erros” de produção em vez de ficar à espera da implantação de uma tecnologia normalizada?

13.12.2010 | por Thierry William Koudedji e Lucie Touya

Mário Pinto de Andrade: a lucidez é um sorriso triste

Mário Pinto de Andrade: a lucidez é um sorriso triste Mário Pinto de Andrade foi o primeiro presidente do MPLA e um dos principais ideólogos da luta de libertação nacional. Aqui mostramos o homem, por quem o conheceu de perto.

10.12.2010 | por Pedro Cardoso

Na cidade somos quase predadores

Na cidade somos quase predadores Longas barbas brancas e cabelo também ele branco e solto. Cara queimada pelo sol e um amor enorme pelo deserto do Namibe, região onde viveu a infância e se encantou pela areia das dunas que lhe pareciam então montanhas de ouro a brilhar ao longe. Samuel Aço é o principal impulsionador do Centro de Estudos do Deserto, associação que, no interior da província do Namibe, sul de Angola, quer descobrir os segredos de uma das mais inóspitas regiões do país.

08.12.2010 | por Pedro Cardoso

Richard Kapuschinski, um jornalismo ao serviço do mundo

Richard Kapuschinski, um jornalismo ao serviço do mundo Richard Kapuschinski tornou-se uma lenda viva de um tipo de jornalismo literário, envolvido, subjectivo mas sem ceder à parcialidade. A sua disponibilidade e o olhar de viajante atento permitiram ver muito além dos factos e, sobretudo, foi relevante a focalização em lugares negligenciados na arena da política internacional. O jornalista polaco deixou o testemunho de histórias e realidades para muitos só acessíveis através deste registo. Sensibilidade que, a partir da década de 50, o impeliu a viajar pelo mundo (Ásia, Médio Oriente, América Latina, Europa e África). Como jornalista da Polish Press cobriu guerras, golpes de Estado e revoluções que marcavam o fim da era colonial. Faleceu em Varsóvia em 2007.

02.12.2010 | por Marta Lança

Meirinho Mendes, um actor do excesso

Meirinho Mendes, um actor do excesso Meirinho tem convicção na voz, um olhar forte, um corpo seco que se impõe e uma impetuosidade às vezes provocadora. Não atura o que não gosta. É um actor com muita vitalidade: a sua energia, transbordante, tem de ser trabalhada em sintonia, às vezes difícil, com a disciplina que o teatro exige. Porque Meirinho é uma pessoa do excesso. Mas isso, canalizado para o teatro, pode ser algo genial.

29.11.2010 | por Marta Lança

João Carlos Silva, o cozinhador

 João Carlos Silva, o cozinhador Para João Carlos Silva, o famoso apresentador dos programas de televisão Na Roça com os Tachos e Sal na Língua, a cozinha é uma forma de arte e um pretexto para se falar de história, cultura ou património. Saboreie a sua deliciosa história de vida.

28.11.2010 | por Jaime Fidalgo

“Não entrego a ninguém o sonho da dignidade humana”, entrevista a Carlos Moore

“Não entrego a ninguém o sonho da dignidade humana”, entrevista a Carlos Moore  Carlos Moore, etnólogo e cientista político cubano, rompeu com o regime de Fidel e lutou pela emancipação de África. Trabalhou com Savimbi, viveu de perto o calvário de Viriato da Cruz, privou com Mário de Andrade e foi angolano por um ano. Na voz e no olhar, preserva o idealismo a que chamam utopia.

27.11.2010 | por Pedro Cardoso

A Beleza da Arquitectura Elusiva –exposição de António Ole “Na pele da cidade”

A Beleza da Arquitectura Elusiva –exposição de António Ole “Na pele da cidade” A exposição "Na pele da cidade", de António Ole, fala sobre espaço. É a sua cidade natal Luanda, mas poderia ser sobre qualquer outra cidade, um local onde ele parou, numa das suas muitas viagens, para absorver as suas particularidades; para absorvê-las e permitir que se entranhem na sua própria pele.

26.11.2010 | por Nadine Siegert

Carlos Cardoso foi morto há dez anos

Carlos Cardoso foi morto há dez anos A 22 de Novembro de 2000, o jornalista Carlos Cardoso foi assassinado a tiro numa rua de Maputo quando seguia para casa após um dia de trabalho. Moçambique perdeu um jornalista sem medo, comprometido com a verdade e a justiça. Tinha 48 anos.

22.11.2010 | por Nuno Milagre

A arte da felicidade é uma soma de cores noctívagas - sobre Roberto Chichorro

A arte da felicidade é uma soma de cores noctívagas - sobre Roberto Chichorro Destes quadros soltam-se notas de jazz e marrabenta; ouvem-se timbilas de Zavala por detrás de um certo cantar de “blues”; Jamelão, o velho e amado sambista brasileiro (ou será Martinho da Vila, ali naquela esquina?), mascara-se de Arlequim para nocturnas serenatas, jorrando pássaros − pássaros-garimpeiros de luas antigas e dos segredos do seu ouro esvoaçado e límpido − sobre a «Espera em noite dourada» ou sobre a «Janela com gato e mulher de vermelho», nesse «Fim de Carnaval para jantar de peixe frito». E eis o tom de voz e o dom desta pintura − que é pura música fluindo das suas cores e formas −, onde a felicidade assenta, faz morada, e pelo olhar se nos vem sentar à mesa dos sentidos.

20.11.2010 | por Zetho Cunha Gonçalves

O uso da morte na política é a morte da política, entrevista a Homi Babha

O uso da morte na política é a morte da política, entrevista a Homi Babha A civilização africana opunha-se à civilização cristã ocidental? Não. Não havia choque até haver uma política de colonização. E o mesmo se pode dizer de outras situações. 
O que cria antagonismos culturais é uma rede muito complexa de circunstâncias e escolhas, e para compreender isso é necessário ver as relações políticas, históricas, sociais e morais. Tem muito mais a ver com a forma como evoluíram as relações entre essa culturas - o que é uma discussão histórica - do que com a natureza da cultura ou da civilização, em si.

14.11.2010 | por Alexandra Lucas Coelho

“A oralidade é meu culto”, entrevista a Ana Paula Tavares

“A oralidade é meu culto”, entrevista a Ana Paula Tavares Nasci na Huíla, no meio de uma sociedade colonial injusta. Os pastores estavam ali. À sociedade Nyaneka eu devo a poesia, a música, o sentido do cheiro, a orientação a sul. O contacto era-nos (a quem estava em processo de assimilação) interdito. E, também por isso, o desejo era mais forte. Conhecer, saber quem eram e quem éramos deu um sentido à vida. A escrita, em português, ficou para sempre ligada ao paradigma da oralidade, da chama do lugar, do acompanhamento dos ciclos, do respeito pela diferença, do horror à injustiça.

07.11.2010 | por Pedro Cardoso

Mauro Pinto

Mauro Pinto Mauro Pinto é um fotógrafo comprometido com um olhar de alerta do seu tempo. Representa a resistência de um contexto periférico e a coragem da inevitável afirmação de um olhar original em circuitos regionais e inter-continentais, afirmando-se como um fotógrafo de contrastes e de forte dinamismo social tem no seu trabalho uma boa base para o entendimento de diferenças e semelhanças entre várias culturas.

04.11.2010 | por António Vergílio

Zumbipenetrações

Zumbipenetrações Tenho para mim que Jorge Dias é uma dessas crianças perdidas de Hamelin que voltou para nos atazanar o espírito e a mente. Não lhe regateemos o zumbido, a sua leve coloração demoníaca. Coisas que deve ter aprendido com o Mestre Hamelin.

04.11.2010 | por António Cabrita

Mário Bastos, temos novo realizador em Angola!

Mário Bastos, temos novo realizador em Angola! Para o jovem realizador as prioridades para estimular a produção audiovisual nacional são a lei do cinema e a prática do mecenato cultural. Considera a formação uma peça-chave para consolidar referências cinematográficas: “fala-se muito nas novas tendências no audiovisual angolano, deve-se apoiar, claro, mas não lhes podemos chamar cinema”.

03.11.2010 | por Marta Lança

Jorge Dias: olhar o passado de soslaio, abraçar avidamente o presente

Jorge Dias: olhar o passado de soslaio, abraçar avidamente o presente Para além da contestação dos que continuam a pensar e a olhar a arte com ‘outros olhos’, fazem-se, às vezes, sobre o trabalho de Jorge Dias, e de outros artistas do nosso tempo, comentários do tipo: “Isto é arte europeia, arte ocidental, não tem nada de africano ou de asiático ou de latino-americano”. No caso de Jorge Dias, este tipo de comentários, feitos por africanos e não-africanos, têm por base uma noção de ‘africanidade’ essencial(ista) que deixa de lado a coexistência e o confronto de realidades diferentes e a criação permanente de novas formas de relações culturais.

03.11.2010 | por Alda Costa

Mário Macilau - foto-relatos da contemporaneidade moçambicana

Mário Macilau - foto-relatos da contemporaneidade moçambicana Mário Macilau, fotógrafo moçambicano, finalista do concurso BesPhoto 2011. Macilau seguiu continuamente, e de perto, o quotidiano do Xiquelene com a sua lente. Retratou o amanhecer do mercado, o montar das bancas, a criação do espaço para fazer o negócio, a compaixão exercitada entre vendedores, a partilha do almoço, a solidariedade para com aqueles que num dia menos lucrativo não têm dinheiro para voltar a casa, a extrapolação da rede de amizade para lá das linhas do mercado nas casas de cada um, nas festas de família. Macilau fotografou nos tempos de chuva, quando debaixo de condições inóspitas as pessoas continuavam a ir trabalhar. Fotografou quando “o Governo decidiu destruir o mercado de uma forma muito injusta”.

27.10.2010 | por Joana Simões Piedade