Faz escuro: saudades do tejo

Faz escuro: saudades do tejo sinto-a chegar – a saudade de estar perdido sem saber de que lado veio a brisa, feita segredo, dizer-me que o fim do dia está perto ainda há luz de brilho para olhar a tarde deitada sobre o rio, o seu corpo extenso a praticar pássaros feridos entre as barcas, travessias de gente triste que faz da vida ponte e pressa para o lado desconhecido da chegada inadiável – voz colectiva de um rumor à espera dos olhos da multidão que se agita, se agride mas já não olha este rio também meu, o seu nome é tejo – e há mil sotaques no corpo do seu dizer

A ler

07.02.2011 | por Ondjaki

O jazz não é uma música snobe, entrevista a Jerónimo Belo

O jazz não é uma música snobe, entrevista a Jerónimo Belo Depois de largos anos levando o jazz consigo como uma “segunda” opção profissional, Jerónimo Belo pode dizer-se que deixou o que fazia para trabalhar o e com o jazz. Gegé Belo, como carinhosamente é tratado pelos seus próximos, assume-se como a voz e o rosto mais conhecido no sentido da sua divulgação em Angola, onde vê crescer, com notável agrado, o número de seguidores.

Palcos

06.02.2011 | por Adebayo Vunge

Terra prometida, as dores da perda do império

Terra prometida, as dores da perda do império O livro revela a embriaguez de Luanda no final do colonialismo, como símbolo da decadência de um sistema que nem consegue ver a mudança a acontecer: “surda à guerra, bate pé ao destino, diverte-se como se a festa ainda não tivesse acabado”. Depois a relação destas pessoas com a metrópole, onde todos contam que se sentiram estrangeiros: “isto era um atraso, no Fundão, só por a minha mulher fumar, trataram-na como se fosse uma vadia.”

A ler

18.01.2011 | por Marta Lança

Cinema dos tempos que já lá vão...

Cinema dos tempos que já lá vão... As casas de cinema em Angola são referências das cidades que as acolhem. E são muitas, já que aquele tipo de infra-estruturas está espalhado um pouco por todo o país, tendo surgido muito antes ainda da independência do país, o que permitia às autoridades coloniais portuguesas levar entretenimento, mas sobretudo propaganda do regime, às diferentes regiões. Da história ficam os marcos arquitectónicos, o gosto pelo espectáculo e as salas multi-usos.

Cidade

13.12.2010 | por Miguel Gomes

Memória do tráfico de escravos em Angola

Memória do tráfico de escravos em Angola Apesar da sua abolição oficial em 1836, razão pela qual passa a designar-se “tráfico ilegal”, o comércio por parte dos traficantes de escravos aumentou de intensidade.

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29.11.2010 | por Aurora da Fonseca Ferreira

Cine-Teatro Monumental - Palco de memórias

Cine-Teatro Monumental - Palco de memórias Durante largos anos, o Monumental é o único cinema a funcionar em Benguela. Só mais tarde surgem o Cine-Benguela e o Kalunga. Na altura da independência, passa a ser propriedade do Estado e após décadas a marcar gerações, entra em decadência durante a guerra. Em 2004 volta a abrir as portas. O primeiro filme projectado, em DVD, é “Matrix”. A casa enche com bilhetes a 50 kz, mas o preço é incomportável e a afluência diminui.

Afroscreen

25.11.2010 | por Maria João Falé

É Dreda Ser Angolano

É Dreda Ser Angolano "É dreda ser angolano" é um mambo tipo documentário inspirado no disco Ngonguenhação do Conjunto Ngonguenha. É mais uma produção da Família Fazuma. Aqui fica uma entrevistaemail com o Pedro Coquenão sobre o Mambo (o filme), a Família (a Fazuma) e a Banda (Luanda).

Afroscreen

17.11.2010 | por Francisca Bagulho

Namibe vasto

Namibe vasto Namibe vasto é um belo livro de fotografias de Jorge Ferreira “sobre paisagens, gentes, animais e plantas da província do Namibe”, com texto e legendas de Cristina U. Rodrigues e design gráfico do João Ribeiro Soares.

Ruy Duarte de Carvalho

17.11.2010 | por Cristina Salvador

Heroínas sem nome

Heroínas sem nome O "Livro da Paz da Mulher Angolana, as Heroínas sem Nome", é uma obra inspiradora contra o esquecimento que ilumina uma comunidade de mulheres sobreviventes a lutar pela paz sim, mas sobretudo pela paz social, por uma cidadania mais igualitária, por uma maior virtude cívica, por mais oportunidades, por uma renovação social, utilizando as armas da emancipação feminina, do empreendedorismo, do associativismo, do empoderamento e da solidariedade. Estas mulheres, através das suas práticas e dos seus discursos, dizem que não aceitam ser secundarizadas nessa grande narrativa colectiva que é a construção da nação. Nesta óptica, este livro de memórias é um livro político.

A ler

29.10.2010 | por Margarida Paredes

Luanda e Salvador rediscutem seus laços por meio da arte

Luanda e Salvador rediscutem seus laços por meio da arte Salvador, na Bahia, e Luanda, em Angola, são cidades primas. Mas são como primas distantes: elas têm uma forte ligação familiar, mas perderam o contato uma com a outra com o passar dos anos. Por meio dessa imagem, o artista plástico e curador angolano Fernando Alvim sintetiza sua visão sobre as relações entre a capital de Angola e a capital da Bahia, o estado com maior presença negra no Brasil.

Cidade

09.08.2010 | por Juliana Borges

Identidades, causas e efeitos

Identidades, causas e efeitos A obra de Délio Jasse pode ser lida sob o prisma algo complexo da teoria dos discursos pós-coloniais na medida que as suas imagens imanam uma identidade da figura de alteridade. Contudo, esta simplificação pode ser redutora se entrar em dissonância com o discurso artístico onde as suas imagens, obviamente, se inserem.

Cara a cara

08.07.2010 | por Hugo Dinis

Cinema e antropologia para além do filme etnográfico

Cinema e antropologia para além do filme etnográfico Do exposto se infere qual é a nossa posição relativamente ao cinema que escolhemos fazer. O profissional de cinema tem plena consciência de que para fazer um trabalho de acordo com a realidade nacional deve munir-se de instrumentos de reflexão que lhe permitam escolher o que deve filmar e como fazê-lo. Ele sente-se autoconduzido à escolha de temas que legitimem o emprego do seu tempo de trabalho, e do da sua equipa, numa actividade não directamente produtiva e numa conjuntura em que a reabilitação da economia e da organização se impõe a todos como tarefa prioritária.

Ruy Duarte de Carvalho

02.07.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho

Pode um homem angolano, militar das forças armadas, herói da batalha do Cuito Cuanavale, ser feminista?

 Pode um homem angolano, militar das forças armadas, herói da batalha do Cuito Cuanavale, ser feminista? “Em Angola a mulher participou lado a lado com o homem na tarefa de luta pela independência nacional com a mesma coragem e passando pelos mesmos sacrifícios que os seus companheiros homens. (...) fardada com rigor militar, a cumprir as mais diversas missões, mesmo a mais arriscadas."

A ler

22.06.2010 | por Margarida Paredes

Peças para uma sombra iniciada e outros rituais mais ou menos

Peças para uma sombra iniciada e outros rituais mais ou menos Sobre a insegurança da infância e a rebeldia da adolescência existe a mão do saber que nos afaga e alenta, muitas vezes sem sucesso, perante a imagem da máscara que, ao ultrapassar o domínio da matéria, pretende transcender o humano. Revelando uma outra identidade, esta “sombra” viva exige e testemunha o respeito pelos seus poderes e pelos rituais em que desafiamos os nossos temores, correndo os riscos que nos são impostos.

Palcos

20.06.2010 | por Ana Clara Guerra Marques

Um fim do mundo africano – entrevista com Pepetela

Um fim do mundo africano – entrevista com Pepetela No fundo é uma pergunta: que raio de pessoas são essas para começar uma humanidade? Ora, a nossa humanidade atual, como é que começa? Com um irmão a matar o outro, Caim a matar Abel. E essa nova humanidade começaria da mesma maneira como a outra acabou. Não há aí muita inovação, não é? Enfim, a idéia era jogar com isso tudo, mas de fato o que ficam são as relações entre as pessoas.

Cara a cara

11.06.2010 | por Cláudia Fabiana

A desmedida de Kiluanji Kia Henda - da Trienal de Guangzu à Experimenta Design: dois projectos

A desmedida de Kiluanji Kia Henda - da Trienal de Guangzu à Experimenta Design: dois projectos Kiluanji Kia Henda tem vindo a expor internacionalmente – de Guangzhou à Cidade do Cabo, de Nairobi a Veneza - o que desvincula o seu trabalho de uma legitimação que passaria exclusivamente pelas capitais da arte contemporânea do Ocidente. Outro dos traços singulares do seu percurso é que até agora, a apresentação do seu trabalho não tem passado pela legitimação no “pequeno” mundo da “ex-metrópole”, Lisboa. Enquanto artista de nacionalidade angolana, e portanto, de um país hoje independente, o seu art world’s tem estado alheio a um conjunto de políticas culturais que têm a língua portuguesa como ligação, e que insistem em mostrar a arte e respectivos artistas em circuito fechado, itinerando pelas ex-colónias e a ex-metrópole.

Cara a cara

23.05.2010 | por Marta Mestre

Dar a ver o que tem andado a dar a ler, Ruy Duarte de Carvalho

Dar a ver o que tem andado a dar a ler, Ruy Duarte de Carvalho O ciclo dedicado a Ruy Duarte de Carvalho, em Fevereiro de 2008, tornou mais visível o caso raro de “um grande escritor de língua portuguesa, cuja obra se distribui por diversos campos de actividade – permitindo uma abordagem multidisciplinar ao seu universo.”, como referiu Mega Ferreira, seu impulsionador.

Ruy Duarte de Carvalho

18.05.2010 | por Marta Lança

Norte-americana reedita romance sobre a Rainha Nzinga em Paris

Norte-americana reedita romance sobre a Rainha Nzinga em Paris No livro ficamos a conhecer detalhes sobre vários aspectos da vida da Rainha Nzinga adolescente: a relação com o seu pai Kiluanji e com os outros membros da família, a sua sede de saber, a sua formação no domínio dos provérbios, a aprendizagem para ajustar flechas, o conhecimento sobre plantas curativas, as consultas de previsão ao seu futuro político, as primeiras preferências amorosas, a sua concepção da resistência e a atenção acordada com a defesa militar do Ndongo.

A ler

16.04.2010 | por Simão Souindoula

Wash and Go

Wash and Go O trabalho de Yonamine que aqui se apresenta organiza-se a partir da evidência da rasura. Yonamine é oriundo de um país rasurado, Angola. Um país em que a história em vez de funcionar como um palimpsesto, como um texto sobre o qual se iam produzindo múltiplas escritas que iam deixando transparecer a escrita anterior, funcionou quase sempre como um processo de apagamento. A história foi sendo rasurada em nome de um interesse maior. O passado colonial português, que Yonamine evoca com subtil ironia no título da exposição e na série dos maços de tabaco “Português Suave”, foi rasurado pela descolonização precipitada, que por sua vez foi rasurada pela guerra, que é agora rasurada pela paz.

Cara a cara

14.04.2010 | por Paulo Cunha e Silva

Yonamine

Yonamine Para um crítico brasileiro não deixa de ser interessante visitar a exposição de um angolano – Yonamine – na galeria 3 + 1 arte contemporânea em Lisboa. Vislumbram-se afinidades poéticas pouco exploradas e recalcadas historicamente. Soma-se a isto, o nome do artista que lembra uma das principais etnias ameríndias que ainda sobrevive no Brasil: a Yanomami. Em um mundo globalizado, onde circulam livremente o capital e as ideias, mas se constrange impiedosamente fluxos migratórios, o contacto entre diferenças culturais se torna um fato político por excelência. Por um lado, há uma tendência a homogeneização, que mede todas as produções artísticas e todas as formações culturais a partir de um mesmo metro poético e social. Em um sentido inverso, na ânsia de se preservar o Outro, acaba-se inviabilizando a tensão das diferenças na defesa de um multiculturalismo sem conflitos e sem trocas. O importante, a contrapelo do politicamente correcto, é fazer com que o heterogéneo se afirme nas suas dissonâncias, revelando o quanto há de convivência e antagonismo neste refluxo pós-colonial da Europa contemporânea.

Cara a cara

12.04.2010 | por Luiz Camillo Osório