Os carnavais brasileiros em Lisboa têm conhecido um aumento exponencial de adesão popular, e essa tendência vai permanecer. Trata-se de um movimento de caráter comunitário e associativo, realizado pela principal comunidade imigrante de Portugal, que representa cerca de 10% da população da cidade e constitui uma parcela significativa da população economicamente ativa. O objetivo da União dos Blocos é justamente garantir que esta celebração cultural possa acontecer da melhor maneira possível, com segurança, conforto e previsibilidade, trazendo assim inúmeros benefícios não só para a comunidade brasileira, mas para toda a cidade de Lisboa.
Cidade
07.02.2024 | por várias
Vemos, na atual situação mundial, que a literatura pode ser usada como muito bem entendem os poderes públicos e privados, num sistema capitalista e global, em que ela circula segundo as regras da indústria e do comércio, como qualquer elemento de lucro e capitalização, concorrendo com a salsicha. Não tenhamos ilusões, que a palavra pode matar ou perder o sujeito nos labirintos da subvida.
A ler
07.02.2024 | por José Luis Pires Laranjeira
Des/Codificar Belém é um projecto de cidadania activa do colectivo FACA que problematiza as narrativas e dissensões no espaço público, colocando em diálogo artistas e jovens de corpos outros, tomando Belém como espaço para reflectir a herança colonial através de ações artísticas em co-criação. Os artistas convidados trabalharam em residência artística com jovens, das quais resultaram a criação de objectos artísticos, realizados e apresentados no espaço público.
Cidade
06.02.2024 | por ColectivoFACA
Aprofundando ainda mais tensões já existentes entre povos que muitas vezes tinham sido inimigas e que agora eram obrigadas a conviver como compatriotas em territórios forçados sobre eles por forças externas, os colonizadores passaram a dar melhor tratamento aos que fossem “assimilados” e, melhor ainda, aos que fossem mais claros e tivessem traços “finos”.
A ler
06.02.2024 | por Aoaní d'Alva
Pela primeira vez na história da Argentina deu-se uma greve geral no primeiro mês de um governo novo. Na manhã de 24 de janeiro, Javier Milei foi confrontado com mobilizações de milhares de pessoas por todo o país, exigindo o fim da Lei Omnibus e do pacote de Decreto Nacional de Urgência. As ruas centrais de Buenos Aires encheram-se de forma organizada através de blocos de diferentes sindicatos e de grupos laborais. Da Praça de Maio ao Congresso (dez quarteirões) era impossível andar, de tal modo as pessoas estavam encavalitadas, gritando e empunhando cartazes contra o novo presidente.
Vou lá visitar
01.02.2024 | por Francisca Duarte
Nascida em 1980 em Luanda, a artista visual vive e trabalha com fotografia entre Londres e Lisboa. Nesta conversa falámos sobre alguns dos seus projetos relacionados com a cultura do cabelo, a maternidade, as tecnologias de controlo, os rituais fúnebres, e ficámos a conhecer o seu percurso e modo de estar na arte e na vida.
Cara a cara
30.01.2024 | por Marta Lança
Nos 30 anos da insurgência, o Exército Zapatista de Libertação Nacional aconselhou os companheiros de luta a não viajarem a Chiapas. Às décadas de militarização da região, de megaprojetos extractivistas, de despojo de terras e de violência paramilitar alentada pelo Estado, soma-se agora uma guerra sangrenta entre carteis de droga que arrasa a região. O governo mexicano diz que as denúncias e pedidos de ajuda são mera propaganda opositora. Os milhares de deslocados, as dezenas de mortos e o terror diário contam uma história muito diferente.
Jogos Sem Fronteiras
29.01.2024 | por Pedro Cardoso
Para além do aspecto humanitário de uma irmandade que une os povos sul-africano e palestiniano – este é provavelmente o maior significado desta ação legal: desmascarar a ausência de conteúdo concreto de uma série de normas internacionais; questionar a aplicação de diferentes standards quando se trata de proteger cidadãos de diferentes áreas geopolíticas – observações que a guerra na Ucrânia já tinha suscitado; denunciar a impunidade garantida, culposamente, a Israel pela comunidade internacional.
Jogos Sem Fronteiras
28.01.2024 | por Laura Burocco
“Numa terra de profetas, é difícil ser profeta”, dizia Amos Oz, mas é muito possível, vamos acreditar, que o espelho que daqui resulta – o massacre odioso do Hamas, o mundo devastado de Gaza deixado pelas retaliações do exército israelita – faça todos recuar de horror e permita abrir uma janela para a única solução que ainda se vislumbra e que Oz há muito antevira.
A ler
26.01.2024 | por José Lima
Daí que, em todas as suas modulações, seja incandescente o percurso de José Luiz Tavares, sem receio da polémica e do sarcasmo quando é preciso, mas também generoso e de uma grande justeza ética. E lembremos aqui a advertência de Wallace Stevens: «a nobreza da poesia “é uma violência interior que nos protege da violência exterior”». E mais não se peça a José Luiz Tavares, porque é daqueles que transporta o fogo e isso, a prazo, é o que dá conforto e fertilidade à morada dos homens. O resto é o gosto fátuo das farófias.
A ler
26.01.2024 | por António Cabrita
Queremos dar um sinal inequívoco e público de que atos e organizações sociais, políticas e partidárias racistas e xenófobas são inaceitáveis e queremos demonstrar a nossa solidariedade para com as vítimas de todos os ataques de ódio em Portugal. A negação e inércia sistemáticas são o terreno fértil para a impunidade do racismo e da xenofobia, que têm vindo a escalar e devem ser absolutamente inaceitáveis em qualquer democracia. O silêncio das instituições é cúmplice. Não o acompanharemos nem o legitimaremos.
Mukanda
25.01.2024 | por vários
Abro pela primeira vez os arquivos que ele me deixou, sem saber o que vou encontrar e aquilo que talvez tenha perdido todos esses anos. A ideia é descobrir, a cada crónica, um pouco mais sobre a vida deste que foi provavelmente o projecionista angolano que conheceu mais cabines de cinema a nível internacional que, em 1981, fez uma viagem com a delegação angolana à Alemanha de Leste e desapareceu.
Afroscreen
24.01.2024 | por Fradique
Este artigo debruça-se sobre a tentativa da unificação de Cabo Verde e Guiné-Bissau entre os anos de 1975 e de 1980. Apresento uma breve explicação sobre a concepção do PAIGC no domínio da unidade Guiné-Bissau-Cabo Verde. Demonstro como a declaração da independência da Guiné-Bissau (1973) e Cabo Verde (1975) vai determinar a estrutura do PAIGC e, por conseguinte, as figuras para liderarem os dois novos estados soberanos. Falo do percurso da unidade e do golpe de estado de novembro de 1980 (Guiné) e da criação de Partido Africano para Independência de Cabo Verde (PAICV). Evidencio algumas lições para a construção da unidade africana atualmente.
A ler
24.01.2024 | por Lumumba H. Shabaka
Assim como o destas pessoas de Bantu, onde sete bailarinos, três moçambicanos e quatro portugueses, cinco homens e duas mulheres, quatro negros e três brancos, se juntaram para entrar em jogo. Vinham com as suas marcas, as suas histórias, os seus ritmos nos pés e na mente. Juntos experimentaram frases rítmicas, improvisaram muito, trocaram de papéis, desconstruíram o que achavam saber, impulsionaram a expressão de cada um e a de um coletivo que se reconfigura entre solos e gestos gregários. Tateando-se, libertando-se, individual e socialmente, os corpos brancos e negros contrastam mas afagam-se.
Palcos
22.01.2024 | por Marta Lança
As letras encapsulam as viagens da palavra:
experimental, preliminar,
que rompem o expectável,
que cobrem o fumo,
onde as palavras em jeito de humor,
sem pudor,
abrem novos caminhos do amar
e do ser amado
Mukanda
19.01.2024 | por Alice Neto de Sousa
Com quantas balas se apaga a trajetória e história de uma ou várias pessoas? Com quantas bombas se apaga a história de comunidades inteiras de centenas ou milhares de pessoas? Com quantos disparos se silenciam vozes que podiam contribuir para o nosso mundo de diversas formas? Saberá alguém quantificar o peso simbólico, psicológico, emocional, cultural da destruição?
A ler
19.01.2024 | por Leopoldina Fekayamãle
Na rua, a vender, tudo se partilhava. O que era de uma estava sob cuidado de todas as outras no mesmo espaço. Havia relações de confiança entre minha mãe e suas companheiras que chegaram a transcender o espaço da rua e perduram por anos. Essas mulheres emprestavam o pouco que tinham quando uma ou outra precisasse de ajuda, praticavam o Ubuntu mesmo sem conhecer a palavra: uma era porque as outras eram. Existiam em coletivo. A solidariedade entre essas mulheres não deixava de ser um ato político na medida em que, juntas, resistiam a um contexto sócio-histórico e político hostil, encontrando ferramentas conjuntas para a sua sobrevivência e das suas famílias.
Corpo
17.01.2024 | por Leopoldina Fekayamãle
Mas vão dizer isso aos habitantes de Marco de Canaveses que mudaram o nome do estádio do Avelino. Ou aos novos países africanos que atiraram para os museus as memórias do passado colonial que renegam. Ou vão dizê-lo aos australianos que criaram uma Comissão destinada a “descolonizar” a nomenclatura topográfica e urbanística racialmente ofensiva. E que já se puseram ao trabalho! É um trabalho pesado? Pois é. E mudar o nome (colonial) de um país mais pesado é. Mas faz-se. Mais pesado ainda seria ter de suportar pelos tempos fora a memória de um passado que oprime.
Cidade
12.01.2024 | por José Lima
A acção do livro é contemporânea ou quase, decorrendo durante o primeiro, e implora-se que último, mandato do Trump, enquanto presidente dos EUA. Em Money, no Mississipi começam a aparecer homens brancos linchados, acompanhados do cadáver de um homem negro, extremamente parecido com Emmett Till, que lhe segura os testículos arrancados. Não é apenas a extrema violência que marca os crimes. O homem negro, visível e comprovadamente morto, tende a desaparecer de uma cena do crime e a aparecer noutra.
A ler
12.01.2024 | por Pedro Goulão
O livro de Margarida Medeiros, ao propor o ensaio como método para uma ciência pública; ao forjar um léxico conceptual para análise do cinema e da fotografia, resgatando a arte como modo de conhecer (e não ilustração de teoria); e sobretudo ao defender implicitamente o animismo como ontologia reparadora, é um livro de uma actualidade pungente. É luto e é luta!
A ler
11.01.2024 | por Inês Beleza Barreiros