A restituição das obras está por todo o lado

A restituição das obras está por todo o lado O facto deste assunto estar por todo o lado quer dizer que transbordou da esfera político-museológica para o espaço público e mediático, o que é bastante positivo, sobretudo se for acompanhado de intervenções e de debates esclarecedores. O processo, que não era simples à partida, tornou-se mais complexo importando novos problemas e, dada a heterogeneidade das posições dos Estados envolvidos, aumentou a sofisticação que era exigida para tratar deste assunto.

A ler

30.06.2019 | por António Pinto Ribeiro

'Partituras para ir', de Joana Braga

'Partituras para ir', de Joana Braga Partindo das formas existentes no percurso estabelecido e do imprevisto provocado pelos sujeitos, 'Partituras para ir' procurou instaurar relações de movimento e de repouso, de velocidade e de lentidão, através das quais se instaura o devir, um devir entendido enquanto processo de desejo.

Cidade

30.06.2019 | por Marta Rema

"Não posso escorregar na emoção fácil, que a saudade e a distância criam", entrevista a Ana Paula Tavares

"Não posso escorregar na emoção fácil, que a saudade e a distância criam", entrevista a Ana Paula Tavares A Angola que eu deixei em 1992 não tem rigorosamente nada a ver com a Angola actual, e acho bem que as coisas mudem. Não tenho saudades nenhumas do tempo colonial, que era um tempo de injustiça, mesmo eu que ia à escola e à universidade, e estava do lado privilegiado, sei muito bem que é um sistema para esquecer (ou para lembrar....). Como também está resolvido sem nostalgia esses tempos de envolvimento quase amoroso: a Independência, o nascer um país, criarmos os filhos, uma avalanche de coisas que nos estavam a acontecer e nós tínhamos 20 anos.

Cara a cara

24.06.2019 | por Marta Lança

Máscaras europeias

Máscaras europeias Por que é que a Europa tem (ainda) tanta dificuldade em mostrar uma atitude coerente perante os discursos legitimadores dos racismos e da xenofobia? Quais são essas máscaras que lhe impedem de aceitar o seu passado colonial e considerar, de uma vez por todas, as diásporas como parte integrante da riqueza do mapa cultural europeu? O “velho continente” será capaz de conciliar o seu glorioso legado cultural (incluindo o teatro grego, dentro do contexto histórico em que este se insere) com o seu – menos glorioso – passado colonial?

A ler

22.06.2019 | por Felipe Cammaert

Angola de dentro para fora nas “Actas da Maianga”. percursos de reflexão sobre as guerras e o político no pensamento de Ruy Duarte de Carvalho

Angola de dentro para fora nas “Actas da Maianga”.  percursos de reflexão sobre as guerras e o político no pensamento de Ruy Duarte de Carvalho RDC buscou desfazer a confusão comum entre a ética e a política, colocando-se contra a verdade oficial e a razão do Estado ao narrar os sofrimentos impostos à população no contexto da crise. A crise se instalou pela guerra, igualmente pelos diversos modelos ocidentalizantes que se tentaram aplicar, levando a uma permanente desestruturação, instabilidade e incerteza que forneciam argumentos aos dirigentes para manterem um estado de exceção que justificava a penúria dos angolanos.

Ruy Duarte de Carvalho

22.06.2019 | por Kelly Araújo

Historia de T.A

Historia de T.A Comecei a descer com o meu traje de mergulho, cabelo desarrumado... Andando desconfortavelmente, percebi que não havia motivo para pânico. Ninguém se incomodava. Na Turquia, as pessoas olhariam, tentando perceber quem era aquela pessoa e o que estava fazendo lá. Naquele momento, entendi ‘Estou na Europa mesmo’. Ninguém se incomoda. Eles são livres”.

A ler

16.06.2019 | por Sinem Taş

A recusa da guerra e o abismo colonial

A recusa da guerra e o abismo colonial a difícil assunção de uma guerra politicamente derrotada e o fecho traumático do ciclo imperial tenderam a produzir uma memória sobre a guerra colonial na qual – ainda que acentuando frequentemente a dimensão «trágica» ou «inútil» do acontecimento – sobressai uma leitura da participação no conflito como um gesto de dever e da figura do ex-combatente como alguém que fora vítima, ora dos «ventos da História», ora de uma guerra que fora obrigado a combater.

A ler

16.06.2019 | por Miguel Cardina

Cavando o tempo para trazer à superfície vidas que não são do nosso tempo

Cavando o tempo para trazer à superfície vidas que não são do nosso tempo Entrevista com Sangare Okapi e Amosse Mucavele ao escritor moçambicano Aurélio Furdela."Um bom verso nem sempre rima com bom-menino. Pior, é que nem se está à procura de bons meninos, mas de aduladores. A nossa intelectualidade gosta de ser bajulada, é uma espécie de importação da cultura do sistema político, quase uma tentativa de reprodução da hierarquia vinda da luta de libertação nacional, merecedora de uma certa glorificação, esses outros se querem Chipandes da literatura."

Cara a cara

16.06.2019 | por Aurélio Furdela

O gabinete de Coimbra. sobreposições sobre um espaço comum

O gabinete de Coimbra. sobreposições sobre um espaço comum O que sucedeu à relação das autoridades tradicionais com a chegada das independências e do Estado pós-colonial? Ora aqui a provocação é muito simples. Na construção do Estado dito pós-colonial em Moçambique, em especial a partir de 1994, vamos encontrar dimensões muito pouco pós-coloniais. Vamos descortinar uma relação com tanto ou mais continuidades significativas com o Estado colonial do que aquilo que seria expectável.

Ruy Duarte de Carvalho

14.06.2019 | por Fernando Florêncio

Edson Chagas. Oikonomos

Edson Chagas. Oikonomos Ao colocar os sacos na sua própria cabeça, Chagas inverte-os, dessa forma desacelerando e desnaturalizando a imediatez normalizadora com que, acriticamente, eles próprios e as suas mensagens circulam. Sem deixar de se implicar a si mesmo e, por extensão, a todos nós, o artista incita-nos a um questionamento essencial, enquanto ponto de partida para a procura conjunta de outros modos de vida.

Cara a cara

12.06.2019 | por Ana Balona de Oliveira

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar Sobre as condições políticas e histórico-geográficas da produção e controle do conhecimento, nos fala a exposição Lost Lover, com curadoria de Lara Koseff, originalmente apresentada no Rio de Janeiro, no exterior do espaço Lanchonete e presentemente no espaço Rampa, no Porto. Numa das salas, onze vídeos projectados em loop de artistas maioritariamente sul-africanos confrontam-nos com o abandono do medo, assim convocando questões habitual e estrategicamente silenciadas.

Vou lá visitar

12.06.2019 | por Eduarda Neves

O Direito de Fuga - PRÉ-PUBLICAÇÃO

O Direito de Fuga - PRÉ-PUBLICAÇÃO O que aqui definimos enquanto traços exemplares da condição e da experiência dos migrantes aparece sob uma luz efectivamente específica no nosso tempo, no tempo da globalização. Vale a pena avisar que o modo em que esta última é aqui considerada guarda significativa desconfiança face a todas as suas imagens excessivamente simples e lineares, habitualmente veiculadas pela insistente referência a fórmulas como «neoliberalismo» e «pensamento único».

Jogos Sem Fronteiras

11.06.2019 | por Sandro Mezzadra

Silêncios que viram arte

Silêncios que viram arte A partir do olhar pessoal dessas artistas sobre a história francesa, depreendem-se elementos que permitirão construir novas narrativas oficiais em que o imigrante não seja visto como ameaça, mas como parte da diversidade de uma nação. Ao incluir a história daqueles que ajudaram a reconstruir a Europa, a ideia mesma da Europa resulta fortalecida. Nas suas mais diversas formas, a arte destas mulheres permite a análise do contemporâneo e a construção de uma ideia de futuro. “A arte é a força que obriga a realidade a dizer o que ela não poderia dizer por seus próprios meios ou, em todo caso, o que ela arriscaria manter voluntariamente em silêncio” escreveu o autor congolês Sony Labou Tansi.

A ler

09.06.2019 | por Fernanda Vilar

O habitar cosmopolita de um território

O habitar cosmopolita de um território Organizado em 2015, decorridos cinco anos após a morte de Ruy Duarte de Carvalho (RDC), o ciclo Paisagens Efémeras foi pensado menos como homenagem do que como reflexão conjunta em torno do seu pensamento crítico. Convidando à releitura de uma obra que questionou fronteiras entre lugares, géneros, saberes e instituições, o Colóquio “Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho”, reuniu olhares e vozes diversas, ligando-se tanto à particularidade dos lugares que RDC habitou quanto à transumância constante que caracterizou a sua biografia e o seu trabalho. A partir da antropologia, literatura, cinema ou produção predominantemente teórica e ensaística, a obra de RDC foi revisitada em registos que entrelaçam o enfoque académico e a evocação pessoal.

Ruy Duarte de Carvalho

07.06.2019 | por vários

“Domésticas insubmissas”: práticas de resistência de mulheres em Nova Iorque

“Domésticas insubmissas”:  práticas de resistência de  mulheres em Nova Iorque Hartman oferece novas pistas metodológicas para a crítica literária que trabalham com arquivos e mostra-nos como os estudos literários podem usufruir do conhecimento de vidas de mulheres rebeldes como Esther Brown para ampliar o seu entendimento e interpretação das práticas criativas. Ler Hartman hoje recorda-nos a importância e o imperativo político que temos de interrogar no que diz respeito aos espaços e às estruturas de opressão, de aprisionamento e de conformismo a partir da perspetiva – especulativa se necessário – daqueles/as que neles resistem.

A ler

04.06.2019 | por Alexandra Reza

Língua portuguesa e colonização – caso da Guiné Bissau

Língua portuguesa e colonização  – caso da Guiné Bissau “Será a língua portuguesa um instrumento ideal a usar no processo de ensino-aprendizagem para a libertação do povo da Guiné?”. Tendo em conta que a língua portuguesa foi um dos instrumentos usados pelo colonialismo para a dominação do povo da Guiné, não seria normal o mesmo instrumento de opressão servir para um processo educativo que pretenda a libertação do mesmo povo da alienação colonial.

A ler

02.06.2019 | por Sumaila Jaló

We don't just tell the story we live it

We don't just tell the story we live it Depois de ouvir o leão rugir vezes sem conta, preciso de integrar este animal. Revejo a minha emergência e subsequente início do processo de diagnóstico de disforia de género e tratamento ou transição. O processo está em curso como uma maré que por vezes me deixa tranquilo e noutras se agita, sem de facto pedir muita licença para me solicitar atenção. Eu, apesar de tudo, ainda e cada vez mais lúcido, vou retirando do seu percurso os obstáculos que me impediram de integrar a minha identidade negada.

Corpo

01.06.2019 | por Adin Manuel