“Jamaica, Jamaica, veio só mostrar
que a situação está bem malaica,
depois de anos na miséria,
foi preciso surra da bofia para nos levarem à séria.
Racismo no café, no MNE e no SME
Não não casos isolados como dizem os deputados
que vetam fazer um censo racial
para mostrar em números reais o que está mal,
Discriminação, habitação e violência policial”
23.01.2019 | por Sílvia Norte
A memória é uma espécie de consciência seletiva do tempo, não se opondo ao esquecimento. A memória é uma interação entre a supressão e a conservação, sendo que restituição integral do passado é impossível uma vez que memória implica sempre uma seleção. O historiador Fernando Bouza cita mesmo um ditado africano que sintetiza o que foi referido sobre o modus operandi da memória: A memória vai ao bosque e trás de lá a lenha que quer.
10.12.2018 | por Vítor de Sousa
Entre 2005 e 2018 podemos observar que o interesse pela criatividade do continente africano e das diásporas negras se ampliou bastante, a avaliar pelo número de iniciativas que, desde Lisboa, a fomentam. Este evento pretende fazer o balanço sobre o que realmente mudou em termos de criação, reflexão e acolhimento, seguindo processos singulares de afirmação de subjectividades. Queremos indagar como estamos no que toca à produção cultural afrodiaspórica desde Lisboa, debatendo as perspectivas de quem a protagoniza, e considerando as limitações do debate incipiente da sociedade portuguesa sobre o racismo.
04.12.2018 | por vários
O hotel traz consigo a simbologia da viagem, dos trânsitos diaspóricos, é um dos elementos arquitectónicos recorrentes nas explorações da artista. Em Hotel Globo (2015), obra que tem como ponto de partida o hotel construído na década de 50 na Baixa de Luanda, o edifício adquire um estatuto de quase resistência às mudanças aceleradas em seu redor; Panorama materializa a decadência, é um navio naufragado, resignado à própria sorte.
29.11.2018 | por Paula Nascimento
Este esforço, todavia, só pouco a pouco vai conseguindo trazer o tema à memória pública, no que, sem dúvida, a relutância das instâncias oficiais em tematizar adequadamente este capítulo da história alemã tem uma boa quota-parte de responsabilidade. Em 2016, uma iniciativa parlamentar tendente ao reconhecimento oficial da responsabilidade pelo genocídio dos Herero e Nama, foi rejeitada pela maioria dos deputados. O relatório elaborado pelos “Serviços Científicos” do Bundestag, um órgão com funções de assessoria e emissão de pareceres sobre matérias levadas ao debate parlamentar, concluía, baseando-se numa perspectiva estreitamente jurídica, do ponto de vista da qual apenas são aplicáveis as normas vigentes à época, que as acções do exército alemão não violaram o direito internacional
03.07.2018 | por António Sousa Ribeiro
Ao fim e ao cabo, a questão da descolonização na cidade de Bruxelas, e por extensão na Bélgica, possui uma componente geracional inegável. Enquanto as lutas pelo reconhecimento de um outro discurso, afastado da dinâmica paternalista das gestas do rei Leopoldo II e dos benefícios da colonização, provêm essencialmente de homens e mulheres (congoleses e belgo-congoleses) das segundas e terceiras gerações, as reivindicações de quem se recusa a reconhecer a figura de Lumumba como um actor legítimo da história da descolonização são maioritariamente feitas por pessoas que viveram “em carne e osso” a experiência colonial.
03.07.2018 | por Felipe Cammaert
analisar várias instâncias pelas quais são construídas e reproduzidas “imagens” de memória associadas à história imperial de Portugal, entendida este enquanto eixo articulador fundamental da identidade nacional portuguesa. O foco está, portanto, dirigido a uma “memória-imagem”, ou a uma memória-representação, chancelada pelo Estado, pelas corporações e pelas instituições de cultura pública,
20.06.2018 | por Elsa Peralta
A palavra quilombo significa: sociedade formada por jovens guerreiros que pertenciam a grupo étnicos desenraizados de suas comunidades. O Território Remanescente de Comunidade Quilombola é uma concretização das conquistas da comunidade afro descendente no Brasil, fruto das várias e heróicas resistências ao modelo esclavagista e opressor instaurado no Brasil colônia e do reconhecimento dessa injustiça histórica.
07.03.2018 | por Marcos Lamoreux
Com vasta programação e intenso debate, integrantes do MALOCA reforçaram seus laços, ampliaram suas parcerias e definiram a agenda do grupo para o próximo triênio, que segue fortemente focada no debate étnico-racial em arquitetura e urbanismo e nas questões de ensino na área, o papel social dos arquitetos e urbanistas no Brasil e na América Latina.
11.12.2017 | por Andréia Moassab e Gabriel Cunha
O planeta divide-se em duas zonas: uma civilizada, onde há um modo de vida do mundo livre a preservar, e outra selvagem, habitada por criaturas que podem ser abatidas para seu próprio bem. Esta estrutura replica-se, numa escala proporcional, nas nossas próprias zonas civilizadas: as cidades têm zonas de gente de bem e bairros suburbanos para imigrantes, pobres, negros e, portanto, criminosos. A guerra sem fim ao terrorismo justifica que vivamos numa espécie de estado de exceção permanente em que os direitos, liberdades e garantias podem ser suspensos para preservar a nossa segurança.
28.11.2017 | por Nuno Ramos de Almeida
No país da história golpeada, estamos vivendo os nefastos desdobramentos da sua mais recente reedição, ocorrida em 2016, que reverbera em variadas esferas. Todas as conquistas e aspirações dos de baixo estão sendo questionadas: proteção social, educação pública de qualidade, saúde para todos, combate às desigualdades sociais e raciais, políticas culturais, o limitado voto... Nessa encruzilhada, estamos: sabe(re)mos resistir (o que significa, para a esquerda, re-existir)? É este o contexto da nova ofensiva contra o Teatro Oficina Uzyna Uzona, ativo há quase seis décadas na cidade de São Paulo, no bairro do Bixiga.
18.11.2017 | por Jean Tible
Disciplinar aqueles que vivem nos bairros e controlar um exército de indesejáveis, muitas vezes produzindo a própria desordem, é uma das funções do poder soberano nas sociedades capitalistas. Nos bairros negros as leis podem ser transgredidas, como fica evidente na praxis da polícia na Cova da Moura, dada a lógica de exceção prevalecer nesses territórios.
23.10.2017 | por Otávio Raposo e Pedro Varela
Este artigo debate a relação entre concepções arquitetônicas e modelos educacionais para o ensino superior no século XXI. Para este fim analisaremos o caso da instalação da Universidade de Cabo Verde. É possível vislumbrarmos um projeto arquitetônico com melhor capacidade de atender a uma universidade localizada no continente africano no início do século XXI? Esta discussão será capaz de apontar novos caminhos para arquitetura e ensino superior ou estará refém de paradigmas anteriores, produzidos pelo norte global?
22.05.2017 | por Andréia Moassab
Numa cidade aparentemente especialista na monumentalização e memorialização, o passado colonial da Alemanha, e por extensão a história por detrás do Quarteirão Africano, esteve até recentemente ausente da consciência pública.
11.04.2017 | por Ana Naomi de Sousa
Reconhecer o protagonismo de mulheres e homens negras/os é inadiável para descolonizar a memória, chave para o empoderamento e a emancipação coletivos. Construtoras/es de cidades e de cidadania, suas histórias desconstroem a versão embranquecida de um 13 de maio que pretendeu, durante muito tempo, reiterar a subalternização e o apassivamento. Ao contrário de comemorativa, esta é uma data de luta contra as marcas da violência colonial arraigadas nas estruturas e nos territórios brasileiros.
05.07.2016 | por Andréia Moassab, Joice Berth e Thiago Hoshino
Um grupo informal de habitantes da cidade de Lisboa juntou-se à volta de uma preocupação comum: a percepção de uma abrupta alteração das dinâmicas da cidade e sobretudo da grande subida do preço da habitação. Começaram por conversar casualmente sobre o que os preocupava. Essas conversas tornaram-se mais regulares. As inquietações comuns tornaram-se mote para a organização de um debate à volta do tema. Das conversas e de alguma pesquisa foi escrito, a várias mãos, este texto. Qual é o problema do preço da habitação subir em Lisboa?
13.06.2016 | por vários
Nestas comunidades de afrodescendentes há uma ansiedade de mudança. Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo, reconhece que, após mais de duas décadas de luta pelos direitos das minorias, “ficou muito por fazer. Não se entende porque, no século XXI, nós ainda, por exemplo, estejamos a discutir se a lei da nacionalidade, em Portugal, tinha de ser na base do direito de sangue ou no direito de solo”, afirma.
19.04.2016 | por Carla Fernandes
Cozinhada num caldeirão onde a utopia neoliberal constitui actualmente o dispositivo mais poderoso na construção da sua narrativa urbana, onde a sociedade indiana (ainda estratificada e dividida), o seu meio amniótico e os traumas pós-coloniais a sua atmosfera favorita, Delhi (como outras grandes metrópoles globais) constitui o espelho mais próximo do que pode ser considerado o fruto anárquico do urbanismo especulativo. Cresce desvairadamente fugindo ao controlo do plano, superando a própria realidade, numa odisseia que parece ter sido imaginada por Homero, Fritz Lang e Calvino em simultâneo.
04.04.2016 | por Sebastião Santos
Nô t nekemim, em crioulo estamos a caminho, centra-se num estudo partilhado sobre uma metodologia de actuação em assentamentos informais na cidade do Mindelo, Cabo Verde, nomeadamente no Alto de Bomba e suas áreas anexas, elaborada com os alunos do primeiro ano das disciplinas de Antropologia do Espaço e Teoria Geral de Organização do Espaço dos cursos de Design, Artes Visuais e Arquitectura do M_EIA – Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura. Após um trabalho de cartografia crítica, previamente elaborado na Ilha da Madeira - outra área da cidade - onde se consolidou uma base teórica sobre o tema, ampliou-se o campo de actuação ao recorrer-se a uma estrutura educativa aberta e experimental, que se propõe a desafiar as gerações mais jovens a construir um pensamento divergente do “main stream” e a perseguir novas utopias.
23.02.2016 | por Nuno Flores e Manoel Ribeiro
A influência portuguesa é assim um espaço que extravasou na geografia e no tempo os limites formais das sucessivas configurações geopolíticas do antigo Império, produzindo transculturalidades intensas e difusas, celebradas e ocultas, ostensivas e sensíveis, que o pós-colonialismo vai fragmentadamente absorvendo.
15.09.2015 | por Margarida Calafate Ribeiro e Walter Rossa