Ver como um lobo
Lá vai lobo, lá vai lobo!
Nã leva nada na boca;
Nã basta a fome ser munta,
Senão a roupa ser pouca.
Quadra da Mexilhoeira Grande, Algarve.
Os territórios onde os lobos se estabelecem encontram-se em disputa por projetos energéticos e de mineração. O Barroso, em particular, viu os cumes das suas serras serem tomados por parques eólicos que, ao estabelecerem-se, cortam os topos de serra, antes inacessíveis, com vias de acesso aos geradores. Decorrem, entretanto, trabalhos de prospeção para a mineração de lítio, alguns deles em terrenos de baldios comunitários, contra a vontade das populações.
As últimas décadas assistiram a um regresso dos lobos às serras portuguesas, onde o trabalho da conservação vai tomando o lugar de uma oposição ancestral, ao mesmo tempo material e simbólica. Com conceção e direção artística de Bruno Caracol, Ver como um lobo parte da relação entre corpos de lobos e corpos humanos, dos usos dados pela medicina popular a órgãos de lobos (goelas, olhos, ossos) conservados, das imagens das caçadas, aos modelos de previsão de comportamento e de gestão de população usados pela Biologia. Este é um projeto de recolha e reprodução de relíquias de lobos, manipulação de imagens de caçadas, recolha de mapas dos movimentos das populações lupinas e a construção de uma paisagem sonora, que resultará numa instalação multimédia.
O projeto vai ter o seu primeiro encontro com o público e testar a relação dos objetos no Festival PreOcupada, no Convento de São Francisco, em Montemor-o-Novo, sede da Associação Cultural Oficinas do Convento, onde parte da pesquisa para a materialização dos objetos foi realizada.
Preparam-se quatro momentos de apresentação em 2024:
#1. Festival PreOcupada, Montemor-o-Novo - 28 e 29 de junho às 21h30 //
#2. Túnel, Porto - 21 e 22 de setembro //
#3. Academia de Artes de Chaves, Chaves - 26 e 27 de outubro //
#4. Ecomuseu do Barroso, Montalegre - 6 e 7 de fevereiro (datas em confirmação)
Bruno Caracol estudou Artes Plásticas na FBAUL e Ciências da Comunicação na FCSH-NOVA. Tem dedicado os últimos anos a trabalhar a partir de objetos ressonantes, de futuros ficcionais e da relação com o mundo não-humano.
Coordenação: Bruno Caracol
Fotografia: Odair Monteiro
Composição peça sonora: Laura Marques e Bruno Caracol
Sopros: Quinteto Transmonta Brass
Assobios, vozes, sons: Aurízia Dias, Carles Mas e Maria Carvalho
Comunicação: Marta Rema
Produção e gestão financeira: Ricardo BatistaParceiros: Ecomuseu do Barroso, CIBIO, Oficinas do Convento, Academia de Artes de Chaves, Redsky/ Brass, coffeepaste, Buala.
Organização: efabula
Apoio financeiro: DGArtes - República Portuguesa, Câmara Municipal de Montalegre
Agradecimentos: Francisco Álvares, João Cardoso, Marcelo Almeida, Otelo Rodrigues, Luísa Queirós, Tânia Pereira, Aurízia, Maria Carvalho
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