Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto

Abre as portas ao público no dia 24 de Maio de 2019 a primeira exposição do espaço RAMPA: espaço expositivo de 240 m2 numa semi-cave do Pátio do Bolhão, em plena baixa do Porto, é programado pela associação RAMPA 125, cujos membros são artistas, designers, curadores, investigadores e arquitetos com vínculos à cidade do Porto. Tem como o objetivo desenvolver uma programação cultural centrada nas artes visuais, performativas e de pensamento, com a missão de ativar a sua diáspora e as conexões entre o contexto local e o internacional.

LOST LOVER, com curadoria da sul-africana Lara Koseff, reúne 12 artistas contemporâneos de origem africana.

Nas ruas de Joanesburgo, em postes elétricos e paredes foram afixados cartazes onde simplesmente se lê “Lost Lover” (Amor Perdido) em letras garrafais a vermelho ou azul. São estranhamente belos devido à sua simplicidade, mas também pela complexidade das histórias que evocam. Assim deixam um rasto de poesia pelas ruas da cidade agreste, sugerindo que entre as nossas necessidades primárias vive o desejo do regresso a um amor em tempos perdido ou roubado. Falam-nos também, numa voz simples, daquilo que nos torna humanos, desse desejo por uma realidade diferente. Inicialmente apresentado no Rio de Janeiro, no espaço alternativo Lanchonete<>Lanchonete, é um programa de vídeo que explora alegorias de desejo de uma nova realidade, seja romântica, política ou social. A exposição emerge agora no Porto, num contexto diferente, mas historicamente ligado. Excetuando o consagradíssimo William Kentridge, esta exposição representa a primeira apresentação em Portugal de todos os artistas incluídos: Ghada Amer & Reza Farkhondeh • Simnikiwe Buhlungu • Dan Halter • Lungiswa Gqunta • William Kentridge • Malebona Maphutse • Thenjiwe Niki Nkosi • Lunga Ntila • Nkiruka Oparah • Athi-Patra Ruga • Jonah Sack.

Em paralelo ao programa original, a RAMPA apresenta em estreia no Porto a instalação de Grada Kilomba intitulada Illusions Vol. II, Oedipus (2018), que foi originalmente encomendada pela décima Bienal de Berlim e apropria o mito de Édipo para analisar a natureza cíclica e predestinada da opressão. A artista portuguesa, a residir presentemente em Berlim, mostrou recentemente o seu trabalho na Power Plant de Toronto, na Art Basel, no MAAT de Lisboa e na galeria Alexander & Bonin em Nova Iorque. A curadora Lara Koseff estará no Porto de 22 a 27 de Maio. A exposição fica até 16.06.2019.

Illusions Vol. II, Oedipus, 2018
Instalação vídeo de dois canais, 30‘38
Illusions Vol. II, Oedipus, 2018
Instalação vídeo de dois canais, 30‘38
[Guião, direção, e montagem de Grada Kilomba. Produção de Moses Leo. Performance de Martha Fessehatzion, Moses Leo, Errol Trotman Harewood, Sara-Hiruth Zewde, Zé de Paiva, Grada Kilomba, Kalaf Epalanga. Música composta por Neo Muyanga. Direção de fotografia de Zé de Paiva. Assistência à câmara Tito Casal e Kathleen Kunath.  Engenharia de som de Gabriel do Val. Cortesia de Grada Kilomba + Goodman Gallery]

 

Athi-Patra Ruga República Sul Africana. O seu trabalho usa a fábula e a mito como resposta contemporânea à era do pós-apartheid. Para analisar e criticar o status quo social e político, Ruga cria e personifica identidades alternativas, usando essa utupia como uma lente para processar a conturbada história do passado colonial, e para responder criticamente ao presente, propondo uma visão utópica para o futuro. Da lista das suas exposições recentes destacamos:  Art Afrique, Fundation Louis Vuitton; Women’s Work, IZIKO National Gallery of South Africa, Cidade do Cabo; Queer Threads: Crafting Identity and Community, Boston Centre for the Arts; Imaginary Fact at the South, Pavilhão da República Sul Africana na 55ª Bienal de Veneza; Public Intimacy no SFMOMA; The Film Will Always Be You: South African Artists on Screen na Tate Modern; e Making Africa no Guggenheim de Bilbao.

Athi-Patra Ruga The Purge, 2013, Vídeo, um canal, 2,29' Cortesia de Athi-Patra Ruga + WHATIFTHEWORLDAthi-Patra Ruga The Purge, 2013, Vídeo, um canal, 2,29' Cortesia de Athi-Patra Ruga + WHATIFTHEWORLD

Dan Halter A prática artística de Dan Halter centra-se na sua posição de cidadão do Zimbabué a viver na África do Sul. Usando materiais comuns nos dois países Halter usa linguagens típicas de curandeiros e  mágicos como estratégia visual para articular os seus temas no contexto das artes visuais.  Halter participou em ineumeroas exposições em instituiçnoes como a South African National Gallery, Zeitgenössiche Fotokunst aus Südafrika at the Neuer Berliner Kunstverein (NBK), Havana Biennale e Earth Matters no Smithsonian National Museum of African Art in Washington DC.

Dan Halter Untitled (Zimbabwean Queen of Rave), 2005 Vídeo, um canal, 3,33' Cortesia de Dan Halter+ WHATIFTHEWORLDDan Halter Untitled (Zimbabwean Queen of Rave), 2005 Vídeo, um canal, 3,33' Cortesia de Dan Halter+ WHATIFTHEWORLD

Grada Kilomba Portugal. Escritora e artista multi-disciplinar nascida em Lisboa e a trabalhar em Berlim. A sua pesquisa debruça-se sobre temas como memória, raça, género e a descolonização do conhecimento: “Quem tem a palavra? Do que podemos falar e o que acontece quando falamos?” são três questões persistentes no seu trabalho. O seu trabalho cria espaços híbridos entre a linguagem académica e a linguagem artística, com a narrativa como ferramenta central das suas práticas descolonizadoras. Kilomba tem obtido reconhecimento pelo uso subversivo e pouco convencional de linguagens artísticas, em que ela dá corpo, voz e imagem às suas criações literárias. A sua prática, a que chama “Performing Knowledge” (Performance do Conhecimento), serve-se de uma variedade de formatos tais como a publicação, performance, leituras teatrais, filme, colagem de texto, instalação de vídeo e som. O seu trabalho foi apresentado na 10ª Bienal de Berlim, Documenta 14, Power Plant Toronto, Bienal de S. Paulo, MAAT, entre outras. 

Ghada Amer e Reza Farkhondeh Egipto / Irão. Ghada Amer nasceu no Cairo in 1963. Em 1974, os seus pais emigraram para França onde Amer pode iniciar os seus estudos artísticos, 10 anos mais tarde, na Villa Arson em Nice. Vive e trabalha agora em Nova Iorque, tendo exposto as suas obras na Bienal de Veneza, na Bienal whitney e no Brooklyn Museum. Reza Farkhondeh nasceu no Irão e licenciou-se na Universidade de Teerão em 1980. Mais tarde concluiu estudos artísticos na École Nationale Supérieure d’Art de Dijon (BFA) e Villa Arson em Nice in (MFA, 1991). Estudou também no Institute des Hautes Etudes en Arts Plastiques, em Paris. Farkhondeh e Amer colaboram há 19 anos.

Jonah Sack República Sul Africana. Reside na Cidade do Cabo, República Sul Africana. Nasceu em Joanesburgo em 1978, e estudou belas-artes na University of the Witwatersrand e na Glasgow School of Art. O seu trabalho foi objeto de várias exposições individuais em Joanesburgo e na Cidade do Cabo.  Sack teve também a oportunidade de participar em exposições no Reino Unido, Dinamarca, Israel e Japão. Trabalha primeiramente com desenho, para explorar a paisagem Sul Africana, e para contar histórias de intimidade e violência. 

Lunga Ntila República Sul Africana. Artista e designer que usa a colagem digital e o vídeo como plataforma para as suas diretas e ponderosas ideias feministas. “O meu feminismo é liberdade, é opinativo e sem remorços”, diz-nos. Ntila confronta o desmembramento crítico da patriarquia branca, enquanto sublinha a necessidade de conquistar uma identidade repetidamente fragmentada por séculos de opressão. 

Lunga Ntila, Vídeo, um canal, ode to my lover, 2018, 0,15 minutos, Cortesia de Lunga NtilaLunga Ntila, Vídeo, um canal, ode to my lover, 2018, 0,15 minutos, Cortesia de Lunga Ntila

Lungiswa Gqunta Artista que vive na Cidade do Cabo, República Sul Africana. Licenciou-se pela Nelson Mandela Metropolitan University (2012) e completou um mestrado na Michaelis School of Fine Arts (2017), ambas na Cidade do Cabo. Através do seu trabalho Gqunta tenta compreender as complexidades da paisagem política e social da República Sul Africana na era pos-apartheid. O foco centra-se na criação de experiências multi-sensoriais que refletem e tentam organizar os desequilíbrios sociais que persistem como uma herança do colonialismo e da sociedade patriarcal. Gqunta é um dos membros fundadores do grupo iQhiya, com quem participou na Documenta 14 e na exposição Glasgow International. Gqunta expôs no Zeitz Museum of Contemporary African Art, na Joanesburgo Art Gallery, e teve duas exposições individuais com a galeria WHATIFTHEWORLD: “Qwitha” em 2018, e “Qokobe” em 2016. As coleções da Nelson Mandela Metropolitan University, da University of Cape Town e do Zeitz MOCAA adquiriram obras suas. Gqunta participou recentemente na 12ª Bienal Manifesta e na 15ª Bienal de Istambul.

Malebona Maphutse, Mamoloyi Revival, 2017,Vídeo, um canal, 3,28', Cortesia de Malebona MaphutseMalebona Maphutse, Mamoloyi Revival, 2017,Vídeo, um canal, 3,28', Cortesia de Malebona Maphutse

Malebona Maphutse República Sul Africana Como artista independente e também como membro do coletivo Title in Transgression juntamente com Simnikiwe Buhlungu, Dineo Diphofa, e Boitumelo Motau, Malebona Maphutse reclama para si as palavras da autora e artista Grada Kilomba quando diz que “a transgressão está em tudo, e eu acho que a rebelião é parte de um processo em que nos envolvemos para tentar descolonizar as artes, descolonizar o cubo-branco e, muito especialmente, descolonizar o conhecimento.  Nas suas colagens digitais e instalações, Maphtuse apropria-se da linguagem visual de anúncios de rua, explorando a dívida histórica derivada da opressão sistemática. No seu trabalho colaborativo com Title in Transgression, Maphtuse procura igualmente abordar de forma criativa as frustrações do dia-a-dia causadas pelo status quo. A coletivo participou recentemente na Bienal de Berlim, no programa “I’m Not Who You Think I’m Not” em colaboração com TransAction Study Group de Estocolmo, abordando temas como resistência política, historiografia, e ajuda internacional. 

Nkiruka Oparah Artista, curadora e autora norte-americana filha de pais nigerianos, nascida na California e criada em Atlanta, na Georgia. No seu trabalho, Nkiruka emprega a costura, colagem, vídeo experimental e assemblage. Oparah constrói retratos multimédia a partir de objetos encontrados, imagens pessoais e familiares, e materiais reciclados para investigar a sua memória cultural nigeriana, e identidade negra. Oparah é um dos membros fundadores do coletivo 5/5, que se dedica a explorar “negritude” como ideia, consciência, referência, e experiência corporal através de espaço, linguagem, e cultura visual. Nkiruka Oparah licenciou-se em Psicologia pela University of Georgia  e completou um mestrado no California College of the Arts. O seu trabalho foi exposto na Land and Sea Gallery, Oakland, CA, Nook Gallery, Oakland, CA, Minnesota Street Project, San Francisco, CA e California College of the Arts, San Francisco, CA.

Simnikiwe Buhlungu Joanesburgo, República Sul Africana.  Licenciou-se recentemente na University of the Witwatersrand, da sua cidade natal. O seu trabalho existe numa variedade de formas numa diversidade de contextos expositivos. Através de materiais impressos e tipográficos, por vezes produzindo experiências sensoriais, instalações de vídeo, a sua prática de navegar experiências pessoais e narrativas histórico-sociais, materializa-se numa uma teia complexa de encontros re-imaginados. A análise crítica da forma como estes encontros se inscrevem na linguagem, no conhecimento, e na produção cultural, imergindo camuflados e tornando-se impercetíveis. O trabalho criativo desenvolve-se em diálogos entre perguntas que se põe - que não levam necessariamente a respostas – e as ideias que se debatem. Buhlungu é membro do coletivo Title in Transgression, que recentemente participou na 10ª Bienal de Berlim. 

Thenjiwe Niki Nkosi USA. Nasceu em Nova Iorque e foi criada na sua cidade natal e em Joanesburgo. Estudou na Harvard Unversity (BA) e na School of Visual Arts (MFA). Como artista, divide o seu tempo entre a prática individual de atelier e navegando o campo da arte como prática social. O seu trabalho investiga o poder e as suas estruturas, políticas, sociais, e arquitetónicas. No seu estudo destas estruturas, está implícita um constante questionar das formas invisíveis que aas criam, e o imaginar e alternativas.  O seu trabalho foi apresentado na Standard Bank Gallery em Joanesburgo, na Ifa Gallery em Berlim, na South London Gallery e na Tate Modern em Londres, no Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro e na Fundation Louis Vuitton em Paris, entre outras instituições. 

William Kentridge  Joanesburgo, República Sul Africana em 1955. Kentridge é globalmente reconhecido pelos seus desenhos, films, teatro, e produções operáticas. A sua prática artística nasce da polonização cruzada entre media e géneros. A obra reage e analiza a heranca do colonalismo e do apartheid no contexto socio-politico da África do Sul. As criações de Kentridge foram mostradas em museus e galerias pelo mundo fora, incluindo a Documenta de Kassel, o Museum of Modern Art em Nova Iorque, to Albertina Museum em Viena, o Musée du Louvre em Paris, a Whitechapel Gallery em Londores, o Louisiana Museum em Copenhaga e o Museu Reina Sofia em Madrid. As produções de ópera Opera foram apresentadas em salas como a Metropolitan Opera em Nova Iorque, La Scala em Milão, English National Opera em Londres, Ópera de Lyon, Ópera de Amsterdão, Festival de Salzburgo, entre outras. A sua última produção - The Head &amp; the Load – com música dos compositores Philip Miller e Thuthuka Sibisi, junta dança, projeção, teatro de sombras e escultura. Estreou-se com extraordinária receção crítica na Tate Turbine Hall em Julho sendo apresentada em Dezembro do mesmo ano no Park Avenue Amory em Nova Iorque. Kentridge recebeu título de doutor honorário por diversas universidades e numerosos prémios institucionais.

curadoria Lara Koseff coordenação executiva Noémia Herdade Gomes revisão editorial Nuno de Campos e Alexandra Balona design atelier d’alves eventos paralelos Alexandra Balona.

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Vou lá visitar | 20 Maio 2019 | arte contemporânea, Athi-Patra Ruga, Dan Halter, Ghada Amer, Jonah Sack, Lost Lover, Lunga Ntila, Lungiswa Gqunta, Malebona Maphutse, Nkiruka Oparah, Rampa, Reza Farkhondeh, Simnikiwe Buhlungu, Thenjiwe Niki Nkosi, William Kentridge