“Hoje em dia o meu bairro é um local turístico. Antigamente era um local problemático, um local que ninguém queria pisar”, diz Yuri G entre freestyles de rap. Mas a beleza da street art, continua ele, não pode servir de ornamento para disfarçar as condições degradadas que permanecem no bairro.
03.11.2021 | por Otávio Raposo
"Afro-Amazônia" é um projeto visual, idealizado e dirigido por Miguel Pinheiro, que dá visibilidade à cultura preta quilombola. É uma pauta cultural que destaca a diversidade cultural do povo preto que vive na maior floresta tropical do mundo. Pouco se sabe sobre comunidades quilombolas que vivem na Amazônia, porém existem e resistem.
Esta é uma pequena série multimídia, que combina o audiovisual com a fotografia, viaja na procura de depoimentos e cantigas e conta a história preta ao longo dos anos.
29.10.2021 | por Miguel Pinheiro
Os quatro dias dedicados ao cinema experimental, em Arcos de Valdevez, ofereceram-nos uma panorâmica de diferentes práticas e realidades, vindas de distintas geografias, resultado de deslocamentos ou da diáspora individual das suas autoras. Este cruzamento de culturas foi ampliado pelos debates. De filme em filme, foi-se construindo o puzzle das convergências possíveis com O movimento das coisas, que também era o título do seminário. Manuela Serra manifestou uma grande satisfação ao ver o trabalho das cineastas convidadas. Destacou “o recurso ao formato em 16mm um modo de construir uma nova linguagem, onde está incluído o silêncio - ressaltando a sua importância - o que permite que a sensibilidade venha ao de cima. Temos que nos entender pela sensibilidade e não pela imposição da palavra.”
27.10.2021 | por Anabela Roque
Yuri G tá na casa e a poesia é em crioulo. “Disseram para eu esquecer a minha cultura sem nenhuma razão”. Sem medo da igualdade, ele aponta o dedo ao racismo. É a resistência no gueto. O rap é a arma.
26.10.2021 | por Otávio Raposo
Festa no Mocho - A festa é o momento de confraternização por excelência, quando diferentes gerações se juntam para comer, dançar e celebrar.
20.10.2021 | por Otávio Raposo
A Quinta do Mocho tornou-se um bairro cool para os visitantes que buscam experiências alternativas ao turismo de massa.
14.10.2021 | por Otávio Raposo
Está anunciada a programação da 19ª edição do Doclisboa, que decorre entre 21 e 31 de Outubro, nas salas habituais do festival – Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema e Cinema Ideal, às que se juntam ainda o Cinema City Campo Pequeno, Museu do Oriente e Museu do Aljube.
07.10.2021 | por vários
A Quinta do Mocho é conhecida não apenas por ser uma das maiores galerias de arte urbana da Europa, mas também pela simpatia dos seus habitantes. Tia Ducha é um dos “rostos” do bairro, vendendo no restaurante “Mulambeira”, improvisado numa das esquinas, deliciosos quitutes.
05.10.2021 | por Otávio Raposo
Kally e Ema percorrem as ruas da Quinta do Mocho para mostrar aos visitantes as obras que inauguram o neo-renascimento do bairro.
28.09.2021 | por Otávio Raposo
Este seriado de 27 episódios dá a conhecer os habitantes, os artistas e a história da Quinta do Mocho. São micro-documentários etnográficos realizados pelo antropólogo e sociólogo Otávio Raposo, editados pelo antropólogo Filipe Ferraz, e com conceção gráfica e comunicação da antropóloga Gabriela Leal.
Esta série está integrada no projeto de investigação ArtCitizenship, que pesquisa “territórios não-institucionais de construção da cidadania e de participação na esfera pública”, procurando compreender os elos entre arte, criatividade e agência política.
22.09.2021 | por Otávio Raposo
Alimentando a fé e congregando os fiéis em grupos de seguidores, surgiram no Sertão todo o género de líderes que, com frequência, se transmutavam no processo: de conselheiros a pregadores, de padres a messias, de beatos a santos, todas as combinações eram possíveis. Quando as congregações assumiam dimensões políticas contestatárias, rapidamente passavam a ser consideradas uma ameaça à ordem estabelecida. Para as autoridades e representantes do catolicismo oficial, o líder religioso passava então à qualidade de impostor, revolucionário ou bandido. A polícia ou o exército ocupavam-se de reduzir os rebeldes - líder e seguidores.
16.09.2021 | por Anabela Roque
O cinema pode ser uma ferramenta privilegiada para combater e romper com esses modelos hegemônicos de ver, pensar e representar o outro dentro de uma lógica de opressão. Ver-se em outra perspectiva, imaginar-se, descrever-se e reinventar-se pelo cinema é uma forma de descolonizar imaginários, interrogar as matrizes de representação opressoras e criar estratégias para a construção de outras, que em vez de reduzir, multiplicam as possibilidades de existência na ideia de diversidade.
15.09.2021 | por Fernanda Polacow
Esta é uma retrospetiva praticamente integral da obra de Sarah Maldoror (1929-2020), realizadora conhecida sobretudo pela dimensão mais militante do seu cinema associada às lutas contra o colonialismo, e autora de uma obra multifacetada determinante para a afirmação de uma cultura negra, que, permanecendo em grande parte invisível, assume particular relevância no contexto português pela sua ligação ao nosso passado colonial.
18.08.2021 | por Joana Ascensão
A compreensão da cosmologia bantú é algo a que os portugueses não podiam aceder. O filme reflecte muito sobre a impossibilidade de tradução das culturas. Diria que a loucura das minhas personagens é gerada pela impossibilidade de compreensão do outro. Esses delírios são também os delírios provocados pela amnésia portuguesa auto-infligida, amnésia da inquisição nos trópicos, da escravatura, da violência sobre o outro.
10.08.2021 | por Amarílis Borges
Timbuktu nunca escolhe a via da esquematização ou do maniqueísmo e tratando da violência armada, da humilhação de um povo ocupado pela brutalidade de uma milícia, observa sobretudo as questões transculturais das paixões, da justiça e da morte; a linhagem de sangue, o direito à terra, a propriedade, os limites da lei e a dignidade cultural; numa meditação sobre o espaço de vida que resta entre o discernimento e a selvajaria. Assim, o imã explica aos jihadistas que, na mesquita, devemos descalçar-nos e usar a cabeça; Samita lembra a Kidane que usava uma arma antes de ter uma filha; Kidane, encarcerado, quer compreender as razões do amigo de infância entretanto radicalizado, a quem reconhece pelo olhar.
05.07.2021 | por João Sousa Cardoso
Este é um filme de restituição. Um dos legados de António Ferro e da sua “política do espírito” foi a estetização e aportuguesamento do mundo rural – dos gestos, dos modos de vestir e de habitar e mesmo da paisagem, com uma tentativa de definição estrita da “casa portuguesa”. O modelo, nacionalista, eliminou a crónica da pobreza, abstraiu-se dos caminhos de mau piso, alagados; escondeu o estrume e as lenhas, escamoteou que pessoas e animais partilhavam espaços.
16.06.2021 | por Maria do Carmo Piçarra
De 1 a 6 de junho, no Cinema São Jorge, em Lisboa, o Arquiteturas Film Festival reafirmou a importância de uma plataforma para a disseminação da cultura arquitetónica. Celebrou também o cinema produzido em Angola, país convidado. Para além do programa de filmes, o tema do festival foi explorado através de exposições e de um ciclo de debates abordando questões culturais, territoriais e sócio-económicas próximas da comunidade angolana e afrodescendente em Lisboa.
09.06.2021 | por vários
Este documentário valoriza os dançarinos enquanto pessoas e profissionais e reconhece-lhes o devido valor, e das coreógrafas e toda a equipa, enfatizando as dificuldades pelas quais passam para que o seu trabalho seja reconhecido e os esforços que fazem para continuarem a trabalhar na sua paixão. É também um alerta e uma crítica subliminar à falta de apoio aos artistas e ao não investimento no setor cultural.
02.06.2021 | por Alícia Gaspar
Este tipo de elaboração é em grande parte viabilizada pelo trabalho desenvolvido no âmbito do projeto Vídeo nas Aldeias. A abrangência destas ações atua em vários sentidos: não só permite pensar o universo indígena através da sua auto-representação, como igualmente promove uma inversão do olhar que nos oferece a possibilidade de percebermos como, nós, brancos, somos vistos na perspetiva ameríndia. Coloca-nos ao espelho e mostra-nos o que muitas vezes evitamos ver.
30.05.2021 | por Anabela Roque
Como é que as mulheres olharam as lutas de libertação nas ex-colónias portuguesas? Como é que os seus olhares foram integrados ou não na imaginação do colonialismo? Houve um olhar específico das mulheres sobre a libertação do colonialismo português? Que saber e consciência temos de/sobre esses olhares? E como é que esses olhares se cruzam com os das realizadoras, artistas, curadoras e académicas que hoje questionam os arquivos, públicos e privados, interrogam e recriam visualmente as suas memórias e re-imaginam o colonialismo? Que acção é que a investigação académica, as políticas de conservação de arquivos, os gestos de programação e curadoria podem ter no questionamento ou, pelo contrário, no prolongamento das “políticas (oficiais) da memória”?
22.05.2021 | por Ana Cristina Pereira (AKA Kitty Furtado), Inês Beleza Barreiros e Maria do Carmo Piçarra