Será essencial para o desenvolvimento dos países africanos, a afirmação do crioulo enquanto língua oficial? Sim! Mas para isso, é necessário dar ao conceito de desenvolvimento um novo entendimento (dentro de uma perspectiva da ciência económica ocidental, e que já esta incorporado noutras ciências sociais), encarando-o simplesmente como o processo em que as pessoas ganham controlo sobre as suas próprias vidas.
02.08.2012 | por Catarina Laranjeiro e Jorge Filipe
Com a proposta de se vislumbrar a materialidade dos “encantados” nos Pajés de Negro, religião praticada na Baixada Ocidental, borda oeste do Maranhão, nordeste do Brasil, este projeto retratou parte da vida material de entidades espirituais conhecidas sobretudo pelas práticas de cura. Tais práticas, ao contrário de outras manifestações religiosas, como o Candomblé, possuem um panteão de divindades (encantados), de origem “cabocla” (da mata, das águas doce ou salgada).
28.07.2012 | por Ana Stela Cunha e Márcio Vasconcelos
Há mais para além da tríade “sexo, palmeiras e regime” quando se fala de literatura em Cuba. E os escritores só querem fugir desses clichés.
22.06.2012 | por Raquel Ribeiro
Onde é que se encontra a literatura? Se atendermos a essa palavra num sentido mágico, etimologicamente, ou seja, a de ter uma qualquer capacidade para fazer alguma coisa, a de encerrar em si mesma um poder transformativo (mas sem a querer reduzir a “funções”), onde a encontrar? Em qualquer texto escrito que respeite as leis genéricas e expectáveis de uma circulação cultural (necessária e obrigatoriamente entrosadas nas de um circuito igualmente económico, político, mediático)? Ou de uma forma mais elitista, conservadora, mas a nosso ver necessária, reservada a certas configurações das suas matérias próprias?
15.06.2012 | por Pedro Moura
O cronista a que se chama Gato Preto/ Nascido em Ilhéus, no centro do gueto/ Pele escura, olhos vermelhos, cabelos crespos/ Antepassado africano, descendente negro/ Pane extremamente, salve do gueto/ Todos descendentes do mesmo povo preto.
(Altino Gato Preto – Baiha que Gil e Caetano não cantaram)
08.06.2012 | por Luca Fazzini
O debate de McKinney emprega, portanto, vários instrumentos e dedica-se a várias frentes de atenção, desde os veículos de circulação das bandas desenhadas estudadas até aos complementos autorais possíveis de coligir, sem jamais esquecer a contextualização histórica, em todas as suas dimensões. Estando o foco ancorado nessas obras mais antigas, compreende-se a genealogia estabelecida, mesmo que o autor precise que muitos outros títulos poderiam ser citados e estudados (nos Anexos críticos, encontramos alguns dos instrumentos de identificação e cômputo dos elementos pertinentes). Este é, portanto, um contributo de uma importância extrema, não apenas no que diz respeito ao próprio território da banda desenhada mas até mesmo para o que compõe o tecido social das nossas sociedades contemporâneas. É um gesto que contribui para “um alinhamento com os desenvolvimentos da pesquisa académica, a publicação, e uma intervenção no debate público sobre como perspectivar a história colonial e como tratar as minorias pós-coloniais” (120). Lição a qual deveria ter reverberação em Portugal.
05.06.2012 | por Pedro Moura
Publicamos aqui excertos dos textos do livro "Imigração e Racismo em Portugal" do Le Monde Diplomatique, organização de Nuno Dias e Bruno Dias Peixe
02.06.2012 | por Bruno Peixe Dias e Nuno Dias
Trata-se tão somente de uma revisitação, em modo crítico, de alguns dos principais temas que fizeram a agenda política, mediática e social-científica da imigração em Portugal nos últimos anos. Crítica no sentido que são os próprios limites das categorias usadas para fazer sentido dos fenómenos assim identificados que são expostos, procurando, desse modo, desnaturalizar conceitos que, pela repetição com que foram empregues, acabaram por se apresentar como transparentes, como reflexos da realidade que são supostos espelhar, quando, muitas vezes, são eles que comandam uma certa intervenção na realidade.
01.06.2012 | por Bruno Peixe Dias e Nuno Dias
Está claro que ninguém pretende que se deixem de noticiar factos como o recente golpe de Estado no Mali, todavia, há outros aspectos da realidade que também merecem dignidade noticiosa, nomeadamente os avanços de alguns países no combate à fome e à pobreza, a luta contra o analfabetismo, a industrialização de algumas cidades, a edificação de novas urbes, entre outros.
25.05.2012 | por Emanuel João
À primeira vista este trabalho é sobre futebol e o modo como era praticado em Lourenço Marques – a maior cidade e centro administrativo da colónia portuguesa de Moçambique – na primeira metade do século XX. O trabalho interpreta o desenvolvimento do jogo, desde a fundação dos primeiros clubes formados por expatriados ingleses, passando pela organização em Moçambique de filiais de clubes metropolitanos como o Sporting e o Benfica, até à abertura deste clubes a membros de uma elite Africana, a maior parte deles mestiços, e à criação da Associação de Futebol Africana, com jogadores, na sua maioria, provenientes das classes trabalhadoras africanas que viviam na periferia pobre da cidade onde estes jogos decorriam.
12.05.2012 | por Harry G. West
A presença do humor no jogo suburbano, considerava José Craveirinha, distinguia esta actividade desportiva de outras concepções de práticas físicas: «esses agregados de côr inebriam-se com a prática do desporto mas não como uma actividade de revigoramento físico; abstraem-se até desse conceito restritivo» (ibidem). Historicamente, o projecto de transformação do desporto num mecanismo de «revigoramento físico» desenvolvera-se na Europa pela tentativa de institucionalização estatal de uma dinâmica de contornos mais largos, típica das sociedades industrializadas e urbanas onde se expandiram novas práticas de lazer.
12.05.2012 | por Nuno Domingos
Existem hoje vários estudos críticos em torno da imagética europeia sobre os trópicos. Parafraseando a expressão camoniana «pretidão de amor», e analisando a literatura, a fotografia ou a pintura, por exemplo, alguns estudos ressaltam o olhar de homens europeus, como também de africanos, sobre as mulheres negras, que, exaltando a sua beleza, “apesar” do seu tom da pele (“é pretinha mas bonitinha”), não deixam de as reduzir a uma vertente carnal, sem densidade psicológica. E é assim que a sensualidade, o exotismo e o erotismo ganham centralidade numa certa imaginação literária, fotográfica e pictórica. Vejamos alguns exemplos de ideias veiculadas a propósito das «crioulas» de Cabo Verde.
10.05.2012 | por Eurídice Monteiro
Achará aqui o relato de uma série de viagens que iniciei em agosto de 2010. Encontrará, porém, na leitura e nos desenhos de Logo Depois Da Vírgula , outras viagens anteriores e posteriores, não condicionadas por essa atualidade, que irão satelizar e “des-temporalizar” o seu rumo central.
04.05.2012 | por Mattia Denisse
Os escravos não eram contudo apenas elementos de ostentação ou serviçais da casa do senhor. A maior parte das vezes, constituíam ainda uma fonte de rendimento ao desempenharem tarefas remuneradas; eram os chamados «escravos de ganho». Havia proprietários que, propositadamente, lhes faziam aprender um ofício para alugarem os seus serviços. Neste caso, o escravo recebia um salário como o trabalhador livre, com a diferença de que revertia na íntegra ou na maior parte para o senhor. Podiam encontrar‑se nos trabalhos domésticos, mas era, sobretudo, nas oficinas artesanais, nas embarcações ou nos serviços públicos que se utilizavam.
23.03.2012 | por Maria do Rosário Pimentel
Reflexão em torno da recente decisão do tribunal belga em relação ao processo instado pelo cidadão congolês Bienvenue Mbutu Mondondo em relação à edição de Tintin no Congo.
15.03.2012 | por Pedro Moura
Parece-me que estamos cada vez mais longe da compreensão do alcance revolucionário das reivindicações que o povo tunisino, egípcio, sírio e outros nos têm demonstrado a cada dia que passa. Afinal a revolução também é isso… uma transgressão à norma, o pisar de uma fronteira. Tal e qual como um taxista em Tunes me explicou quando não parou num sinal vermelho.
10.03.2012 | por Inês Espírito Santo
Constituem os textos que ora se publicam a segunda parte de um longo ensaio de José Luís Hopffer C. Almada intitulado Das tragédias históricas do povo caboverdiano e da saga da sua constituição e da sua consolidação como nação crioula soberana. Uma versão muito abreviada da primeira parte do mesmo ensaio e referente ao período colonial foi integrada como “Notas preliminares” na “Introdução” ao livro O Ano Mágico de 2006 - Olhares Retrospectivos sobre a História e a Cultura Caboverdianas.
Pretendem os presentes subsídios ser um modesto contributo para as, felizmente, cada vez mais frequentes e aprofundadas reflexões sobre a história política recente de Cabo Verde e, em especial, sobre as vicissitudes relativas à implantação do regime de partido único e da democracia plena no nosso país.
17.02.2012 | por José Luís Hopffer Almada
Os que se viram implicados nas lutas pelas independências, mesmo os que não se integraram aos movimentos de luta armada, têm que lidar com as relações entre literatura e política, inevitavelmente, como também com uma idéia de nação, que podem querer formar ou questionar. Nesse sentido, a relação com as sociedades tradicionais e suas produções culturais se torna decisiva. As gerações que se viram, como no caso de Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, assoladas por guerras civis se vêem demandadas a lidar com seus escombros. Bem, posso dizer que, pelo que tenho lido, a denúncia da desigualdade social e da corrupção dos governos tem se tornado muito presente nessas literaturas africanas, desde os finais dos anos 1980.
09.02.2012 | por Cláudio Fortuna
No norte do Níger, mais precisamente nas cidades mineiras de Arlit e Akokan, o urânio é explorado pelas sociedades SOMAIR e COMINAK, ambas filiais da multinacional AREVA, o 2º maior produtor de urânio a nível mundial,cuja produção maioritária vem do Níger onde o grupo está estabelecido há mais de 40 anos.
07.02.2012 | por Rita Damásio
Globalmente, Eneida Nelly colocava uma forte expressão sentimental na sua poética, tanto quanto à memória colectiva e à natureza ainda que agreste, como quanto ao tema do amor
26.01.2012 | por Eurídice Monteiro