Carnaval, Procissões e Paradas - Entrevista a Claire Tancons

Carnaval, Procissões e Paradas - Entrevista a Claire Tancons ...desconfio dos apelos feitos em nome de uma população, particularmente em locais culturalmente não emancipados e economicamente empobrecidos como Nova Orleães ou o Haiti. Também acho que existem preocupações legítimas em torno da natureza neo-colonial desta tendência mundial das Bienais, que se inclina para a imposição de um modelo cultural ocidental, como o mais popular e triunfante, em localidades não-ocidentais, cujas práticas artísticas e herança cultural muitas vezes desmentem a noção de que a arte contemporânea é um valor cultural partilhado por todo o mundo.

Cara a cara

27.07.2010 | por Claire Tancons

“Os pedaços de madeira de Deus" de Ousmane Sembene

“Os pedaços de madeira de Deus" de Ousmane Sembene Cinco meses de dúvidas, de miséria, mas cinco meses de partilha e de luta. Luta contra o mundo colonial, brutal e completamente ultrapassado pelo formidável espaço de democracia que se cria diante dele, ultrapassado pelo entusiasmo popular pela luta e cuja única resposta, antes de admitir por fim a sua derrota, será a recusa de negociar e a violência. Mas se o texto é tão forte, é porque ele ultrapassa o âmbito espácio-temporal da África e nos mostra o que o homem é capaz de fazer, de criar por um ideal, pelo que ele considera justo para a sua família, para si próprio e para as gerações futuras.

A ler

27.07.2010 | por Pierre Gomel

Fronteiras, migrações e cidadania

Fronteiras, migrações e cidadania A proliferação de confins, a sua prismática decomposição e recomposição, constitui o outro lado da globalização. E acrescentaram: o sonho de um espaço totalmente fluído e transitável é talvez a última utopia do século XX. A suavidade característica do espaço contemporâneo dissolve-se, porém, mediante um olhar mais próximo. Um dos resultados mais imediatos dos movimentos e das interligações globais, parece ser a proliferação de confins, sistemas de segurança, checkpoints, fronteiras físicas e virtuais. É um fenómeno visível, quer a nível microscópico, nos territórios em que nos movimentamos no dia-a-dia, quer a nível macroscópico, nos fluxos globais: os confins estão, de facto, por todo o lado.

Jogos Sem Fronteiras

26.07.2010 | por Sandro Mezzadra

A vida é um palco sem fim, percurso de Raúl Rosário

A vida é um palco sem fim, percurso de Raúl Rosário As histórias nunca se esgotam perto dele, exercendo um encantamento que não nos deixa arredar pé. À boa maneira angolana, a excitação de viver, a variedade de perspectivas, a teatralidade, o riso em vez do choro, convergem para a singularidade de Raul Rosário.

Cara a cara

25.07.2010 | por Marta Lança

Kalaf Ângelo, quanto mais caminho percorres mais a sorte é tua aliada

Kalaf Ângelo, quanto mais caminho percorres mais a sorte é tua aliada O percurso do músico e poeta angolano que cativou os europeus tem muita determinação. Soube evidenciar em Lisboa o que ainda não estava à vista: a riqueza cultural de origens africanas em forma de novos sons. Pegar naquilo que traz e lhe vem de Angola e sintonizar com os tempos que correm nas cidades europeias, falar das novas tendências e ser um cidadão do mundo, são alguns dos segredos da sua singularidade.

Cara a cara

22.07.2010 | por Marta Lança

E se amanhã o medo - ONDJAKI

E se amanhã o medo - ONDJAKI Foi depois da libélula que reparou na mulher encostada ao seu portão, de olhos fechados, pareceu-lhe, a ouvir a música de Adriana: “tenho por princípios nunca fechar portas, mas como mantê-las abertas o tempo todo...”.

Mukanda

22.07.2010 | por Ondjaki

Pacto com o diabo no bairro Buenavista

Pacto com o diabo no bairro Buenavista A Regla Conga é uma prática tribal e animista, e uma das religiões secretas que se praticam em Cuba. Guiada por um dos tatas mais respeitados do bairro Buenavista, Carla Isidoro viveu a experiência da religião maldita, também conhecida por Palo Monte.

Vou lá visitar

19.07.2010 | por Carla Isidoro

Sara Chaves - As chaves dos seus cantos

Sara Chaves - As chaves dos seus cantos O reconhecimento efectivo do seu talento chega em 1966, ano em que ganha o prémio de interpretação no Festival da Canção de Luanda, com a famosa “Maria Provocação”, de Ana Maria de Mascarenhas e Adelino Tavares da Silva. As recordações são ainda intensas: “Nessa noite de Setembro de 1966, no cinema Aviz, ouviu-se música tipicamente angolana. O sucesso foi estrondoso, assim como estrondosa foi a decepção quando anunciaram que ‘Maria Provocação’ não podia ser considerada concorrente ao festival, porque a organização não autorizava que os instrumentos típicos do Ngola Ritmos fossem integrados na orquestra.

Palcos

18.07.2010 | por Mário Rui Silva

Ciudad Sur de Pablo Brugnoli

Ciudad Sur de Pablo Brugnoli Reflexões em torno da entrevista e da conferência CIUDAD SUR apresentada por Pablo Brugnoli no Próximo Futuro. Conforme então afirmou, CIUDAD SUR é a revisão de ideias, práticas e projectos de colectivos de arquitectos e artistas, com trabalhos recentes de reinterpretação de cidades do cone sul da América (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai) que apostam na valorização da reconstrução comunitária, tanto nos processos como nas dinâmicas sociais e culturais.

Cidade

12.07.2010 | por Cristina Salvador

Ana Maria de Mascarenhas sem máscara

Ana Maria de Mascarenhas sem máscara Ainda que as suas composições já fossem conhecidas num ciclo restrito, foi com o Festival da Canção de Luanda que as suas obras se tornaram públicas. Nos anos 60 formou uma dupla com o jornalista português Adelino Tavares da Silva, que tinha chegado a Angola havia pouco tempo. Quatro ou cinco composições em conjunto e logo se inscrevem na SPA, Sociedade Portuguesa de Autores, ele como autor e Ana Maria como compositora. Pode dizer-se que foi a dupla que revolucionou o Festival da Canção, quando Maria Provocação foi defendida por Sara Chaves e Mulata é a Noite por Concha de Mascarenhas, ambas acompanhadas pelo Ngola Ritmos, conjunto de ritmos angolanos.

Palcos

08.07.2010 | por Mário Rui Silva

Centro de Dia

Centro de Dia Toda a audiência expectante e especada à espera do início do espectáculo. Penso na tarde que passei. Convidam-nos para uma selva evocando, estereofonicamente, Tarzan. A selva da vida, pensa-se; o imaginário colonialista, evoca-se. Os actores reais espreitam na porta depois das funcionárias ultra-reais darem o mote do início do espectáculo. Bebo o meu último gole de água, da garrafa de um dia muito quente. Entramos com a mostragem de uma placa a sinalizar o capítulo: “todos os dias”.

Palcos

08.07.2010 | por Ricardo Seiça Salgado

Estrelas congolesas Staff Benda Bilili lideram presença africana no FMM Sines 2010

Estrelas congolesas Staff Benda Bilili lideram presença africana no FMM Sines 2010 O Congo envia as suas estrelas mais brilhantes, mas o Mali é o país africano com mais representantes no FMM Sines 2010: Tinariwen, Cheick Tidiane Seck feat. Mamani Keita e Founé Diarra Trio (neste caso, juntamente com o quarteto do bretão Jacky Molard).

Palcos

08.07.2010 | por Câmara Municipal de Sines

Identidades, causas e efeitos

Identidades, causas e efeitos A obra de Délio Jasse pode ser lida sob o prisma algo complexo da teoria dos discursos pós-coloniais na medida que as suas imagens imanam uma identidade da figura de alteridade. Contudo, esta simplificação pode ser redutora se entrar em dissonância com o discurso artístico onde as suas imagens, obviamente, se inserem.

Cara a cara

08.07.2010 | por Hugo Dinis

Literaturas emergentes, identidades e cânone

Literaturas emergentes, identidades e cânone O conceito de literaturas emergentes surgiu nas últimas décadas como consequência das chamadas teorias pós-coloniais e alargou-se, por influência da poderosa academia norte-americana, tanto às denominadas literaturas de minorias (étnicas, de género, de orientação sexual), como às literaturas formadas no interior dos processos de colonização e descolonização, independentemente das características destes.

A ler

06.07.2010 | por Fátima Mendonça

O último voo do flamingo, de João Ribeiro

O último voo do flamingo, de João Ribeiro Será, pois, necessário ter tempo para se tornar um país. É uma tarefa longa, mas outros flamingos virão. São tão numerosos como naquele primeiro plano do filme. Eles guiam os vivos. Na região de Tizangara, os pescadores chamam-lhes “salva-vida”: basta seguir a sua voz para alcançar a terra quando se está perdido. A doce e bela música de Omar Sosa convida a dar tempo ao tempo.

Afroscreen

06.07.2010 | por Olivier Barlet

Ação cultural, instrumento para igualdade, conversa com CHICO CÉSAR

Ação cultural, instrumento para igualdade, conversa com CHICO CÉSAR No Brasil, a gente vive um momento em que se colocam objetivos para serem alcançados e a sociedade vai caminhando. Não acho exagerado optar por políticas de afirmação, através de cotas.(...) Existe um desgaste imenso da democracia representativa no Brasil. Temos democracia ativa nas comunidades, nas organizações, e os negros estão ligados a estes movimentos, às associações de moradores, culturais, comunidades de candomblé, agremiações religiosas, grupos de música. Acho que cada vez mais as ONGs, as associações de bairro e de moradores, têm peso.

Cara a cara

05.07.2010 | por Ariel de Bigault

Os Monstros, quando a qualidade supera barreiras raciais

Os Monstros, quando a qualidade supera barreiras raciais Os Monstros tiveram um impacto bastante grande entre a juventude negra a nível das mentes. A sua auto-estima e os seus índices de confiança melhoraram bastante, pois, ao cantar Soul Music, música do negro norte-americano, estes passavam a mensagem de luta dado que aqueles eram conhecidos pelo uso da música como instrumento de luta, de denúncia e contestação ao sistema. Isto era feito de uma forma tão subtil e com uso de linguagem metafórica, que o poder colonial não se sentiu em nenhum momento confrontado, daí que o grupo tenha sido largamente aceite pelo establishment.

Palcos

05.07.2010 | por Rui Guerra Laranjeira

Papel dos festivais na recepção e divulgação dos cinemas africanos

Papel dos festivais na recepção e divulgação dos cinemas africanos Toda a ambiguidade da ajuda ocidental às cinematografias africanas decorre do fato de que ela carrega boa parte das contradições que cercam as relações do ocidente com o Outro e com as culturas do Outro. (...) O cinema africano continua sendo feito com grande dificuldade, mas festivais dedicados exclusivamente a filmes africanos se multiplicam nos quatro cantos do mundo. Estes festivais internacionais, que poderiam alavancar o lançamento comercial dos filmes realizados por cineastas africanos, acabam funcionando apenas como única oportunidade de exibição pública.

Afroscreen

04.07.2010 | por Mahomed Bamba

Residências artísticas em debate: a rede "Triangle Arts Trust"

Residências artísticas em debate: a rede "Triangle Arts Trust" Com uma larga e continuada experiência de apoio a projectos de residência em todo o mundo, a “Triangle Art Trust” é um projecto voltado para os artistas que trabalham no local, para as suas necessidades, e encoraja a mobilidade, a troca e o “fresh thinking”, com ênfase no processo e no desenvolvimento. Uma rede em contínua expansão e mutação, com mais de 3000 artistas participantes nos últimos 25 anos.

Cara a cara

02.07.2010 | por Marta Mestre

Cinema e antropologia para além do filme etnográfico

Cinema e antropologia para além do filme etnográfico Do exposto se infere qual é a nossa posição relativamente ao cinema que escolhemos fazer. O profissional de cinema tem plena consciência de que para fazer um trabalho de acordo com a realidade nacional deve munir-se de instrumentos de reflexão que lhe permitam escolher o que deve filmar e como fazê-lo. Ele sente-se autoconduzido à escolha de temas que legitimem o emprego do seu tempo de trabalho, e do da sua equipa, numa actividade não directamente produtiva e numa conjuntura em que a reabilitação da economia e da organização se impõe a todos como tarefa prioritária.

Ruy Duarte de Carvalho

02.07.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho

Incipiente, amadorístico e negligenciado mas com muito potencial, entrevista a Mena Abrantes

Incipiente, amadorístico e negligenciado mas com muito potencial, entrevista a Mena Abrantes "Acho que a única coisa que realmente existe é a vontade de o fazer, visível na grande adesão da juventude a essa prática artística." José Mena Abrantes dirige o Elinga Teatro e já faz teatro há trinta anos, conversámos sobre o grupo, fazendo o ponto da situação do teatro em Angola.

Cara a cara

02.07.2010 | por Marta Lança

As Formigas, a guerra, o actor e a experiência, peça de Rogério de Carvalho

As Formigas, a guerra, o actor e a experiência, peça de Rogério de Carvalho Imagine-se Boris Vian em português e em mucubal, língua de uma etnia do sul de Angola que vive entre o deserto do Namibe e do Kalahari. Além da experiência semântico-linguística, que convoca o espectador para duas culturas com significados diferentes, o diálogo em conflito e as sonoridades e tradução das duas línguas constroem o próprio material dramático da peça. A complexidade começa logo aí. As Formigas que o encenador Rogério de Carvalho e os actores Meirinho Mendes e Dulce Baptista apresentam no Festival de Almada, não faz nem uma ilustração do texto nem particulariza o acontecimento da guerra.

Palcos

01.07.2010 | por Marta Lança