Angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos - os afogados
A rota de migração ilegal de africanos que parte do Equador para os Estados Unidos e Canadá segue de Quito para o Caribe colombiano. No extremo norte do país, o mar é cemitério. Os migrantes angolanos Luzia, Ana e João passam agora por águas e praias onde, há precisamente um ano, crianças angolanas afogaram-se ao tentar cruzar num barco ilegal para o Panamá.
Naquela manhã de luz forte e branca, o corpo inchado de uma mulher grávida flutua, de barriga para baixo, nas ondas suaves do Caribe. É africana. E está morta. É 28 de Janeiro de 2019 em Sapzurro, a poucos quilómetros da fronteira da Colômbia com o Panamá. Os restos desta mulher assinalam o lugar onde naufragou um barco com migrantes ilegais na madrugada anterior. O sol tropical aquece a praia deserta encravada em morros suaves. Cobertos pela selva densa, são verde-profundo.
Nos dias seguintes, homens metidos em enormes fatos protetores brancos recolhem na areia clara os cadáveres de nove adultos e de dez bebés e crianças. Metem-nos em sacos de plástico preto e atiram-nos para carroças de madeira puxadas por cavalos ou burros.
No total, 23 migrantes ilegais morreram neste naufrágio. Quase todos vinham da República Democrática do Congo (RDC). Pelo menos dois angolanos, crianças de 11 e 4 anos, perderam a vida, segundo os testemunhos validados pelas autoridades colombianas. Dezanove corpos foram resgatados. Quatro continuam perdidos. O barco onde viajavam nunca foi encontrado.
Há precisamente um ano, a tragédia de Sapzurro foi um golpe no estômago e na consciência da Colômbia. O naufrágio expôs a história de milhares de africanos, mas também de asiáticos, cubanos e haitianos que arriscam a vida no extremo norte do país para chegar ao Panamá. É uma das etapas mais perigosas desta rota de migração para os Estados Unidos e Canadá. O destino de cada migrante começa a desenhar-se 100 km a sul do lugar do desastre, na pequena cidade colombiana de Turbo.
O ponto de reunião
Em Julho de 2018, depois de cinco autocarros e uma viagem de quase mil e 500 quilómetros a partir de Quito, a angolana Luzia Banzuzi finalmente chegou a Turbo. Neste lugar “no fim da Colômbia”, como descreve, alojou-se num hotel previamente indicado pelo “moço do Congo” (o elo de uma cadeia de tráfico de migrantes) que lhe indicou o caminho para sair do Equador a troco de 20 dólares. “Turbo é um porto pequeno. Quando abri a janela, de manhã, vi um grande rio com barcos pequenos de madeira”, descreve.
Este “rio” de que Luzia fala é, na verdade, um braço de mar, o chamado Golfo de Urabá. Turbo é uma das principais cidades desta região na província de Antioquía, no extremo norte da Colômbia. Até ao ano passado, quando Luzia por aqui passou, era o principal lugar de reunião dos migrantes africanos que chegavam a este país, vindos do Equador. Seguiam uma rota que, conta-nos Benjamín Acevedo, director do jornal local “Urabá Notícias”, se remonta aos anos 80, quando “Turbo se converteu num ponto intermédio na emigração da América do Sul para os Estados Unidos”. “Primeiro foram os peruanos, depois os equatorianos. De há uns seis anos para cá, começaram a chegar muitos cubanos, haitianos e africanos, sobretudo de Angola, [República Democrática do] Congo, Camarões e Costa do Marfim”. Segundo o órgão estatal Migração Colômbia, em 2018 cerca de 5.700 africanos passaram pelo país nesta travessia com escala no Golfo de Urabá. No entanto, em 2019, tal como no vizinho Equador e no México, o número deu um salto enorme. Até Abril, tinham chegado já oito mil africanos, segundo as últimas contas que o director da instituição, Christian Krüger, divulgou à imprensa colombiana.
Dos breves pontões do porto de Turbo saem diariamente lanchas rápidas azuis e brancas para Capurganá, a comuna-fronteira com o Panamá, 100 km a norte. “A viagem pode chegar aos 50 dólares por pessoa. Há um barco que sai daqui às 8 da manhã e demora umas três horas e meia a atravessar o golfo até Capurganá”, explica-nos Paola Ruiz, coordenadora do Ponto de Atendimento à População Refugiada e Migrante (PAO) de Turbo.
A procura há muito superou a oferta. No documentário “Odisseia sem Regresso”, da emissora colombiana Caracol TV, o porto de Turbo é uma correria de dezenas de africanos com mochilas de campismo às costas à espera de encontrar lugar nos barcos azul-candongueiro. “A espera pode ser de dias”, confirma Paola Ruiz. A administração do embarcadouro de Turbo estima que, em 2018, saíram daqui 17 mil migrantes africanos e asiáticos. Nos primeiros quatro meses do ano passado, eram já quase 4 mil.
Enquanto esperam a sua vez, os migrantes agitam uma economia local que se adaptou aos visitantes com dólares. A reportagem de Caracol TV mostra pensões repletas de famílias migrantes. Fora e dentro deste molhe rodeado de mangais e imerso num mar cinzento, os comerciantes inventaram o chamado “kit do viajante”, um conjunto de pequenas bolsas de plástico para proteger telemóveis ou passaportes e sacos que cobrem as mochilas. Por 20 dólares mais, os viajantes podem também começar a preparar-se para a selva que vão ter de cruzar no Panamá. O “pacote” especial inclui botas de borracha impermeáveis, uma lanterna e uma gabardine de plástico para aguentar as chuvas tropicais.
Apesar da azáfama, o jornalista Benjamín Acevedo diz-nos que “Turbo está a perder protagonismo para Necoclí”, uma pequena vila de pescadores também nas margens do Golfo de Urabá, 50 km a nordeste. “Não é um mero acaso”, garante-nos Paola Ruiz. A directora do PAO descreve Necoclí como “um lugar remoto e pequeno sem controlo migratório”, ao contrário de Turbo, e onde por isso mesmo “os migrantes podem fintar as autoridades.” “Como muitos não trazem documentos, é mais fácil seguir viagem de forma irregular por aí”.
Foi precisamente por Necoclí que os migrantes angolanos Ana e João, que o NJ encontrou já no México, cruzaram o golfo até à fronteira com o Panamá. Garantem que tinham os “papéis legais”, mas deixaram-se seguir pelas “indicações dos amigos”. João conta: “Saímos nos barcos normais, nos serviços de carreira que todas as pessoas usam. A viagem durou mais ou menos uma hora e meia. Chegámos depois a uma praia que se chama Sapzurro, perto de Capurganá”.
A travessia de Luzia
Quando Luzia Banzuzi abriu as janelas do quarto do hotel, em Turbo, gostou do que viu. “Estávamos mesmo ao lado de uma praça onde vendiam peixe fresco e seco”, relembra esta antiga vendedora de pescado no Mercado dos Kwanzas, em Luanda. Com as amigas angolanas com quem viajava, saiu à rua para conhecer o lugar. Não andou muito. “Estávamos na porta do hotel quando apareceu uma senhora mulata que nos disse: ‘Mandaram-me vir para recebê-las’. Perguntei-lhe: ‘E quem te mandou?’ Ela não disse nada. Só nos mostrou o telemóvel com uma fotografia com as nossas caras”. A surpresa foi grande. “Soube nesse momento que estávamos metidas numa rede que nos andava a seguir e que tínhamos de seguir as instruções”, conta-nos.
Durante três dias foram proibidas de sair do hotel. Até que numa noite, tudo se precipitou. “Veio a tal Milena, ou Milene, não me lembro como se chama, e levou-nos para um lugar à beira-mar já meio escondido, ao lado de umas casas que vendiam bebida e que tinham muito mau aspecto”. Luzia e outros migrantes – “crianças, mulheres grávidas e mais-velhos” – subiram então em “cinco barcos velhos de madeira.” “Por volta da meia-noite” zarparam clandestinamente de Turbo rumo a Capurganá. “Se soubesse o que ia acontecer nunca teria subido”, lamenta a angolana de 41 anos.
Foram horas de terror. “A partir de uma altura, o barco começou a acelerar muito. Chovia cada vez mais e as ondas eram bem altas. A ponta do barco subia um, dois metros e ‘puummm!’, caía no mar com força. As crianças gritavam e eu chorava muito. Aí era só Deus. Nem coletes salva-vidas tínhamos. Vi a morte à frente dos olhos.”.
“Quatro ou cinco horas” depois surgiram umas luzes à distância no meio do mar. O pânico tomou conta dos barqueiros. “Começaram a gritar ‘Saiam, saiam, corram e escondam-se!’”. Aproximaram-se da margem, empurraram os migrantes para fora do barco e atiraram malas e mochilas.
Com o peso da gravidez, Luzia atirou-se à água. Os pés enterravam-se na areia, avançou a custo. Já na linha da praia, correu o mais que pôde pelo meio da vegetação costeira, não queria ser apanhada pela migração. “Tentei fugir na mata, mas na escuridão caí num buraco grande e fiquei com o pé preso. Não podia gritar, porque ouvia como a polícia estava a apanhar todo o mundo”, relembra. Passou ali a noite, sozinha. Ao amanhecer, os agentes encontraram-na empapada em lama e chuva. Levaram-na para a vila de Capurganá e reuniram-na com o resto do grupo. Deram-lhes 24 horas para ir embora da Colômbia.
Com as amigas angolanas, caminharam pela vila. Procuravam um hotel para descansar. Poucos passos depois, foram interceptadas por “um grupo de três moços”. Em silêncio, mostraram-lhes as fotografias das suas caras. A ameaça era evidente. “Já nem me surpreendi”, diz. Levaram-nas para um lugar fora da cidade. Uma semana (e 400 dólares por pessoa) depois, Luzia preparou-se para “cruzar água” pela segunda vez, agora para chegar ao Panamá.
Vidas angolanas cruzadas no tempo
É aqui, a ponto de sair de Capurganá em barcos ilegais, que a história da angolana Luzia se cruza com a dos africanos que naufragariam na praia de Sapzurro meio ano depois. O começo é igual nos mais mínimos detalhes. É noite, uma da manhã. O mar está agitado. Cinco lanchas rápidas aproximam-se de um areal deserto escondido entre a vegetação densa dos mangais de Capurganá. Trinta pessoas sobem às pressas. São africanos, na maioria.
Não usam coletes salva-vidas. Os refletores poderiam denunciá-los e alertar a Armada colombiana, que tenta acabar com as viagens ilegais de migrantes africanos nestes mares. O peso excede os limites aconselháveis.
A viagem de Luzia Banzuzi durou 3 horas. A dos náufragos, há um ano, nem dez minutos. Era uma e um quarto da manhã quando o fatídico barco zarpou para o mar alto. A bordo estava “Mifi” e os seus quatro filhos. As autoridades colombianas identificaram-nos como angolanos. Estão trinta pessoas a bordo. Os dois “coyotes” [traficantes de migrantes] ao leme do barco clandestino estão bêbados e fazem manobras bruscas. Com o mar picado e na mais absoluta escuridão, andam pouco mais de quatro quilómetros até passar por um rochedo-ilha em frente à praia de Sapzurro.
O resto da história conta-a “Mifi” dias depois aos jornalistas locais, num pranto convulso. “O mar estava muito agitado. De repente, veio uma onda muito alta e o barco virou… agarrei-me a um dos motores e consegui manter-me à tona. Ouvi a voz do meu filho a gritar ‘Mãe, estou aqui!’ Depois disso, não me lembro de mais nada”. Enterra a cabeça nos braços e lança um grito.
Três dos quatro filhos de Mifi morreram nessa noite. “Dois eram naturais de Luanda”, conta Aurélio Moncada, o pároco de Capurganá que acompanhou o percurso da angolana. As crianças tinham 11 e 4 anos. O outro, de apenas 15 meses, nascera já em São Paulo, no Brasil, para onde Mifi e o marido emigraram há três anos. Apenas Manasés, de seis anos, também ele “natural da capital angolana”, sobreviveu.
No mesmo barco, e também vinda do Brasil, Grace Mumpé foi outra das vítimas do naufrágio de 28 de Janeiro de 2019. Nessa madrugada, esta mulher natural da RDC lutava para encontrar no mar picado as duas filhas – Aisha, de 3 anos, e Soraya, com apenas 3 meses. Enquanto Grace desaparecia nas ondas, longe, muito longe dali, em São Paulo, Brasil, o seu marido e pai das meninas, o angolano William Mendes, estava com o coração nas mãos. Sabia que a viagem era ilegal e perigosa e esperava notícias da chegada da família ao Panamá. Na manhã seguinte, quando o telefone o acordou, a mensagem foi muito diferente do que esperava: “A tua família está morta’”. Na reportagem “Odisseia sem Regresso”, relata como “um amigo que estava lá, um sobrevivente” lhe descreveu que, enquanto o barco virava, Grace gritava em desespero “As minhas filhas!” Foram as últimas palavras da jovem congolesa. Um só grito. Depois, o silêncio. As filhas de Grace e do angolano William, as pequenitas Aisha e Soraya, estão entre os quatro corpos que nunca apareceram.
A comoção que o naufrágio causou na Colômbia obrigou as autoridades a agir rapidamente. Em pouco tempo, a Polícia prendeu sete traficantes de pessoas, incluindo a líder da quadrilha, uma mulher que cinicamente se fazia chamar “Mamã África.” Os pormenores começaram a vir à tona. Soube-se, então, que naquela noite, os “lancheros” que conduziam o barco abandonaram os migrantes no mar alto sem sequer tentar socorrê-los. “Para os coyotes, os migrantes não são pessoas, são mercadoria”, diria Christian Krüger, diretor de Migração Colômbia à jornalista Laura Hincapié na reportagem de Caracol TV.
Alheia a tudo, uma semana depois do naufrágio, Mifi bateu à porta da igreja de Capurganá. Recebeu-a o Padre Aurélio Moncada. “Vinha com o único filho sobrevivente, o Manasés. Contou-nos que depois do acidente continuou o caminho para o Panamá, agora por terra. Acabou por desorientar-se na selva e voltou para a cidade. Ficou vários dias numa pensão até ficar sem dinheiro.” O Padre Aurélio divulgou então a história da migrante. A angolana foi destaque nas televisões nacionais. “O governo colombiano prometeu levá-la até ao Panamá ou Estados Unidos, mas nunca cumpriu”, lamenta o pároco ao NJ. Entretanto, o marido de Mifi, que vivia em São Paulo, chegou a Bogotá para seguir viagem com a mulher e o filho. Agora, um ano depois do pesadelo, estão já no Canadá, o destino final.
Este jornal tentou falar com Mifi, com a intermediação do pároco de Capurganá, mas a migrante angolana não quis falar. Por mensagem, confirmou unicamente que morava em Luanda antes de emigrar para o Brasil e partir América acima. “Ela está realmente num grande sofrimento”, explicou-nos o religioso. Não insistimos.
O cemitério das cruzes de pau
A pouco menos de quinze quilómetros a sul de Capurganá, a cidade de Acandí virou santuário para os sobreviventes desta tragédia. No pequeno cemitério branco-empoeirado, breves montículos de terra castanha-amarela assinalam o lugar onde se enterraram os corpos resgatados do naufrágio de Sapzurro. Cruzes de madeira contam-nos, um a um, com números em tinta preta: “1”, “2”, “3”, “4”, “5”, “6”, “7”, “8”, “9”, “10”, “11”, “12”, “13”, “14”, “15”, “16”, “17”, “18”, “19”. “Mifi pediu-nos que a levássemos ali para ver onde estavam enterrados os filhos e cumprimos a sua vontade”, relembra o Padre Aurélio.
Também o cemitério de Turbo é um baú de histórias tristes. Ali, treze gavetões de cimento com a marca “N.N.” encerram os restos de pessoas sem nome, sem memória nem histórias para recordar. “Todos são africanos. Não sabemos como morreram, se afogados ou assassinados. Sou a única pessoa que reza um pai-nosso por eles”. Rugas vincadas do coveiro Evelio Cortéz à reportagem de Caracol TV.
O risco das viagens ilegais por mar para o Panamá é alto, mas há um motivo muito concreto pelo qual os migrantes jogam a vida: querem contornar a selva que os embrulha em lama e vegetação densa desde a saída de Capurganá até à fronteira com o Panamá, o terceiro país da rota. Nesta zona não há uma via estabelecida, muito menos transporte. São dez quilómetros até ao controlo fronteiriço, na aldeia panamiana de La Miel. Um posto militar discreto com uma porta encapsulada numa cerca de metal assinala a divisão. É fácil abri-la, mas cruzá-la ilegalmente é impossível. Os migrantes evitam o lugar. Rodeiam-no pela montanha até cruzar linhas imaginárias entre os dois países. “Fazer esse caminho a pé levou-nos quatro horas”, conta o angolano João.
O caminho para a fronteira é curto, mas enganoso. “Perdes-te com muita facilidade”, assegura-nos o Padre Aurélio. Sabendo disso, em Capurganá “os guias e coyotes organizaram-se em dois grupos de 63 indivíduos”. “Alternam cada semana e cobram entre 115 e 165 dólares por pessoa para levá-las até à fronteira e para carregar as malas e pertenças.” O negócio é tão lucrativo que, testemunha o pároco, “há jovens e crianças que deixaram de ir à escola para seguir os migrantes”.
E há então o tal corta-mato pelo mar. Quem decide embarcar em lanchas velhas e nocturnas para evitar os controlos por terra chega muito mais a norte da fronteira, às praias panamianas de Puerto Obaldía ou de Anachucuna. Luzia Banzuzi não sabe onde a deixaram os coyotes. Só se lembra do medo. “Depois de horas nesse barco que passou o mar na escuridão, saímos na areia e vimos muitas lanternas. Pensávamos que era outra vez a polícia e começámos a correr, mas gritaram-nos em espanhol ‘Não fujam!’ Eu estava muito assustada. Eram homens cheios de tatuagens, via-se que eram bandidos mesmo.”
Como sombras na noite densa, três guias empunhavam “armas grandes e catanas”. Cortaram umas bananeiras e esconderam o grupo entre as árvores da selva que parte do areal terra-adentro. A conversa foi curta e grossa: “Vamos-vos mostrar o caminho na floresta, mas cada um tem que pagar 50 dólares por dia”. “Olhei só na minha amiga com quem viajava, eu só tinha 280 dólares, mas ela me disse ‘Vamos só, eu te meti nisto, vou-te ajudar.’”
As cerca de “oitenta pessoas” que ali desembarcaram sentaram-se então no chão, debaixo da chuva. Esperaram horas sem conta certa. Sem saber, a vida de Luzia estava por um fio. Estava na boca da selva do Tampão do Darién, o lugar mais temido da viagem. “É um inferno na terra”, descreve a migrante angolana Ana. Um monstro que engole os corpos de africanos em putrefação.
A reportagem foi originalmente publicada no Novo Jornal (Angola), a 31 de janeiro de 2020.