Djidiu é, portanto, um livro atravessado por “recordações e movimentos” de poetas e escritores(as) negros(as) que ecoam as suas vozes num território português, marcado por profundas desigualdades raciais, onde já não se pode fugir de um debate sério sobre o racismo, consequência das ações dos movimentos negros cada vez mais atuantes no país.
27.01.2018 | por Francy Silva
No debate actual sobre racismos em português, analisadas de perto, as relações e interações observadas entre portugueses e angolanos em Angola aparecerem ainda imbuídas de preconceitos enraizados que derivam e se legitimam em mitos perenes sobre a história colonial portuguesa.
18.01.2018 | por Carolina Valente Cardoso
Nas democracias liberais, o “desejo de apartheid” e o “desejo de uma comunidade sem estrangeiro” parecem encontrar conforto moral no seu passado colonial e esclavagista.O demónio colonial reconfigura-se a nível planetário numa exacerbação da clausura entre um “nós” originário e os “outros”. A histeria identitária e o “desejo de fascismo” estimulado pelos populismos, assim como a pulsão autoritária, presentes um pouco por toda a parte, representam um perigo para qualquer projeto de liberdade
16.01.2018 | por Mamadou Ba
Assiste-se à afirmação social, cultural, política e mediática do associativismo afrodescendente em Portugal, em matérias que afetam as suas vidas e as suas expectativas sociais e nas mais diversificadas formas de luta: desde a valorização das suas características fenotípicas e da sua herança cultural africana com iniciativas diversas nas diferentes expressões culturais, à organização de abaixo-assinados, conferências e manifestações de pressão política para alteração de leis que condicionam a sua cidadania, como a Lei da Nacionalidade, ao debate académico sobre o racismo, a cidadania, feminismo negro e a identidade social.
31.12.2017 | por Joacine Katar Moreira
Reduzido ao seu traje de cerimónia, Portugal vem embrulhado em publicidade eletrizada, postais deslumbrantes ou comovidas lembranças das glórias nacionais; visto mais de perto, temos um país com um tecido mais intricado e mais denso. Enfim: um padrão desenhado com mulheres e homens de verdade. Representados em momentos que vivenciaram, estas mulheres e estes homens são os protagonistas desta obra.
23.11.2017 | por vários
Os Guilherme Valente deste mundo pensam que a sua indiferença em relação aos problemas dos outros bem como a sua falta de respeito pelo outro são valores centrais à cultura “ocidental”. Não percebem que essa cultura se renova constantemente através do sentido crítico e do compromisso com a realização do seu potencial ético. A popularidade da direita nacionalista hoje traz ao de cima a vulnerabilidade da Europa à esclerose normativa.
21.11.2017 | por Elísio Macamo
Tudo isso junto é presente e futuro, é dignificação dos retirados da história, é tributo aos netos dos escravizados, é política aqui e agora, relevante para todos os que vivem juntos, de todas as cores e tons. Dará força a quem está vivo hoje, sobretudo aos que diariamente são alvo de indignidades, discriminação.
19.11.2017 | por Alexandra Lucas Coelho
A fronteira ela mesma entre eu e outro fica burlada na burla que é a antropofagia como jogo e possibilidade de afecção. A antropofagia é da ordem da aliança e do devir através da guerra. A guerra que empodera o inimigo ao predá-lo, porque mais que empoderar o eu, afirma simultaneamente o outro. A guerra antropofágica torna o estranho algo nomeável, produz corpos e pessoas, gente como a gente, permuta de perspectivas, afinidades.
08.11.2017 | por Leonardo Bertolossi
É necessário que o mundo literário abra as suas portas ao escritores negros, pois através da escrita se cria laços de compaixão. Especialmente neste momento em que as pessoas negras são violentamente assaltadas por um sistema racista em várias partes do mundo. Pude observar este fenómeno de compaixão em Birmigham quando li a minha história numa audiência que nada sabia da Guiné-Bissau
29.10.2017 | por Yovanka Paquete Perdigão
Politizar o Antropoceno implica resignificar a noção de humano e fazer uma reflexão mais abrangente sobre as relações entre humanidade e poder, humanidade e natureza, ecologia e política. Implica mudar as palavras. E começar a reflexão a partir de uma escuta de posições não vistas.
22.10.2017 | por Ritó aka Rita Natálio
Os ativistas anti-racistas, como no passado os líderes dos movimentos de libertação, reivindicam a construção de uma outra realidade social. Assumindo perspetivas de rutura com o pensamento arcaico que tece a matriz colonial, desejam restaurar a dignidade do negro enquanto sujeito político e garantir a cidadania plena e a igualdade. Libertam-se do colonialismo que aprisiona as suas mentes e reclamam o direito a ter direitos.
22.10.2017 | por Beatriz Gomes Dias
É entendendo que a guerra foi uma guerra, mas foi também o desfecho sangrento de um processo historicamente mais amplo, que em Portugal se poderá avançar no questionamento das imagens reconfortantes sobre o seu passado colonizador.
18.10.2017 | por Miguel Cardina
A resistência no Antropoceno não consiste numa negação absoluta da cidade como lugar de realização da barbárie capitalista, mas sim na criação de interstícios capazes de abrigar novos modos de existência, novas formas de vida e de vinculação com a terra. É da conexão jamais unificante entre diferentes modos de reativar, retomar o que foi ou o que está sendo ameaçado que uma criatividade política mais potente poderá emergir.
17.10.2017 | por Renato Sztutman
Falta a certos discursos uma compreensão histórica do papel que a raça desempenha na construção da modernidade ocidental capitalista, de sua promíscua indissociabilidade. W. E. B. Du Bois foi talvez um dos primeiros pensadores afroamericanos a revelar, com bastante argúcia, as cumplicidades entre modernidade e terror.
06.09.2017 | por Marcos de Jesus
A partir da escultórico-performatividade de Hilário Nhatugueja abre-se um espaço de negociação de significados e mnemónicas associadas aos objectos da Guerra Civil, fazendo emergir contra-memórias coadas pela experiência traumática dos artistas que procuram provocar o dissenso tendo em vista a resistência e agência cultural.
05.09.2017 | por Sílvia Raposo
Por que os conservadores querem destruir a Unila e Unilab, voltadas à integração latinoamericana e com a África Negra. O que isso revela sobre um déficit da esquerda.(...) A luta contra o capital é indissociável da luta contra o racismo, contra o patriarcado e contra tantas outras formas de dominação e de opressão.
02.08.2017 | por Andréia Moassab e Marcos de Jesus
“Mas se a história for o arco, o narrador será o arqueiro que liga os mortos aos vivos. Os índios sabem que os mortos dão flor e fruto, e a sombra deles vai longe no horizonte.” Da chegada dos navegadores portugueses e da insistência historiográfica em falar de descoberta (esquecendo a invasão, a mortandade, a exploração, a colonização) às manifestações contra a Copa do Mundo, de Machado de Assis a Caetano Veloso, da prosa mais arrumada ao estilhaçar de géneros literários, com imagens, recortes e tudo, dos emigrantes que ajudaram a definir o Rio de Janeiro às UPP que instauram o estado policial nas favelas, quase nada do que é, foi ou será o Brasil que conhecemos ou queríamos conhecer é estranho a este livro e, mais importante, nada surge aqui por acaso ou vontade de fazer bonito numa qualquer caracterização arrumada do que é ou não esse Brasil.
05.07.2017 | por Sara Figueiredo Costa
Enquanto não se reorganizarem convenientemente (com profissionais e tecnologia adequada) os Serviços Florestais e não se efetuar o devido ordenamento do território, vamos continuar a ter "piroverões", noticiados de modo inqualificável pelas televisões, por continuarmos a ter governantes incapazes, que não estão para ter trabalho e aborrecimentos. Assim, a consequência final será realmente a desertificação, com as nossas montanhas cobertas de rocha nua, pois sem vegetação o solo é completamente arrastado pelas águas pluviais.
19.06.2017 | por Jorge Paiva
O que muda significativamente não é de facto a diferença da categoria violência, real e simbólica, sobre a qual se fundam estes espaços africanos, mas a da visibilidade que essa violência adquire quando falamos da pós-colónia, fazendo emergir uma possível leitura sobre as duas orfandades de África – por um lado, a da colonização e, por outro, a da Guerra Fria, que geraram sistemas de representação diferentes, mas unidos pela desapropriação, a violência e o extrativismo. De que tipos de continuidades e descontinuidades estamos então a falar nestas narrativas?
19.06.2017 | por Margarida Calafate Ribeiro
Tratando-se de um paradigma que tem sido amplamente discutido em várias áreas disciplinares, procurar-se-á analisar de que forma algumas instituições portugueses se têm posicionado (deliberadamente ou não) perante as ideias principais que informam o paradigma pós-colonial e de que forma essas ideias se manifestam nas práticas dessas instituições. Serão analisados em detalhe dois projetos: o programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian e o projeto do Centro Cultural Africa.cont. Estes dois projetos foram escolhidos por se considerar que são os projetos que mais diretamente abordaram a temática pós-colonial em Portugal e as suas questões fundamentais.
17.06.2017 | por Maria Manuela Restivo